Céline Dion vai se apresentar na abertura dos Jogos Olímpicos de Paris nesta sexta, 26, pela primeira vez após ser diagnosticada com a Síndrome da Pessoa Rígida. A apresentação promete ser marcante: Céline esteve afastada do palco durante dois anos devido à condição.
Início das dores
A cantora canadense descobriu a síndrome em 2022, mas desde 2008 suspeitava que havia algo de errado. Os primeiros sinais foram espasmos musculares.
“Eu disse aos meus assistentes: ‘Não sei se posso fazer o show. Não sei o que está acontecendo”, lembrou em entrevista à NBC, no início deste ano.
“Eu estava com muito, muito, muito medo. E então você entra em pânico, e quanto mais você entra em pânico, mais você tem espasmos.”, disse. “Eu não sabia, honestamente, que isso poderia me matar. Eu tomava 20 miligramas de Valium e caminhava para o backstage. O problema é que meu corpo se acostumou.”
Diagnóstico
Os médicos de Céline só descobriram a doença neurológica em 2022. Incapacitada, a irmã de Céline, Claudette Dion, se tornou uma espécie de porta-voz da cantora durante o período e pediu ao público para “rezar por um milagre”. Consequentemente, todos os shows de 2023 e 2024 foram cancelados.
“Sabemos pouco sobre a doença, que provoca espasmos impossíveis de controle. Sabe quando você dá um pulo à noite, na cama, por causa de uma cãibra na perna ou panturrilha? É tipo isso, mas em todos os músculos”, afirmou Claudette a jornais canadenses.
“Ela trabalha muito, mas não tem controle dos músculos. O que me dói é que ela sempre foi disciplinada. Ela sempre trabalhou duro. Nos nossos sonhos e nos dela, a ideia é voltar aos palcos. Em qual estado? Não sei. As cordas vocais são músculos e o coração também é um músculo. Isso é o que me pega”, acrescentou.
O que é a Síndrome da Pessoa Rígida?
A Síndrome de Stiff-person, ou Síndrome da Pessoa Rígida, é uma doença neurológica rara e autoimune que afeta, principalmente, mulheres na faixa dos 45 anos. Apesar de ter sido descrita na década de 50, ainda não há cura ou medicação específica. A taxa de incidência é de 1 pessoa em 1 milhão no mundo.
Os espasmos e dores, em especial na região do tronco e nas articulações, também afetam a laringe e a faringe, dificultando a alimentação. Por conta da rigidez, também pode provocar quedas.
Como no caso de Céline, o diagnóstico pode demorar: os primeiros sintomas são semelhantes ao mal de Parkinson e esclerose múltipa. Como não há uma medicação específica, a Síndrome costuma ser tratada com relaxantes musculares e analgésicos.
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Retorno à vida pública
Em 2023, em entrevista à People, Céline afirmou que era motivada a lutar contra a doença para estar com os filhos. Em 2016, o marido dela, o artista René Angélil, morreu vítima de um câncer de garganta.
“Mal conseguia andar em um ponto e estava perdendo muito da vida. Meus filhos começaram a perceber [...] e expliquei para eles: ‘Vocês perderam o pai, mas a sua mãe tem uma condição neurológica, é diferente’. Não vou morrer, é algo com o qual vou ter que aprender a viver.”
O retorno público só se deu no final de 2023, quando a intérprete de My Heart Will Go On, trilha sonora de Titanic, reapareceu em um jogo de hóquei na companhia dos filhos.
No início deste ano, Céline também fez uma aparição surpresa no Grammy para apresentar o prêmio de Álbum do Ano, concedido a Taylor Swift, em uma das raras aparições públicas após revelar que sofria de SPR.
Documentário e Olimpíadas
Em janeiro, a Amazon anunciou o lançamento do documentário I Am: Céline Dion, lançado em junho deste ano, para narrar o enfrentamento à rara doença.
O documentário captura a vida íntima nunca antes vista da diva pop, de bastidores de turnê ao seu guarda-roupas de alta costura, passando pelos dramas vividos após compartilhar com o público sobre a doença. Trata-se de “uma carta de amor emocional, enérgica e poética à música”, segundo a plataforma.
“Não estou morta”, brincou Céline, famosa pelo bom humor, em entrevista à AFP, em junho.
Assisa ao trailer
Hoje, o tratamento é feito com relaxantes musculares, analgésicos e fisioterapia para ajudá-la a retornar aos palcos de forma triunfal durante a abertura dos Jogos Olimpícos de Paris
Aos 56 anos, Céline, canadense falante de francês, deve interpretar o clássico Hymen A L’Amour, de Édith Piaf.