Crianças, adolescentes e jovens adultos do Brasil que não ouviram Photograph, How You Remind Me ou Far Away no início dos anos 2000 que atirem a primeira pedra. O sucesso nas paradas do País faziam com que as músicas e os clipes da banda canadense Nickelback fossem figurinhas carimbadas na MTV Hits e nas principais rádios.
Chad Kroeger, vocalista do grupo, experienciou a paixão dos brasileiros de perto pela primeira vez no Rock in Rio de 2013, mas parece que o show para cerca de 100 mil pessoas foi marcante o suficiente para nunca mais esquecer. Do estúdio de sua casa em Vancouver, no Canadá, ele contou ao Estadão que o earpiece, aparelho usado por músicos para monitoração de palco, não dava conta de abafar o som da plateia do festival.
“Nunca vivi nada parecido na minha vida. Não sabia o que esperar. A gente entrou no palco e a galera foi à loucura a ponto de ser possível escutar a multidão mesmo com o earpiece, que são grandes e tampam a orelha inteira. O aparelho não funcionava porque a plateia gritava tanto que o palco chegava a tremer. E sabe, eram quatro pessoas contra 100 mil... Eu pensava: ‘O que a gente vai fazer?’ (risos)”, relembrou.
Eles retornaram em 2019, também no Rock In Rio, para o último show antes da pandemia da covid-19. O grupo só se apresentou novamente depois do lançamento do décimo disco da banda, Get Rollin’, em 2022. Apesar dos mais de 20 anos de carreira, Kroeger ficou ansioso com a volta dos concertos.
“Nós ensaiamos e, tudo certo com os ensaios, não tem nenhum problema grande e nem nada, mas quando você sobe no palco e encontra aquele monte de gente lá... E de repente, tem que lidar com tudo aquilo que estávamos acostumados a lidar [mas não estamos mais]... Mesmo assim, é muito divertido. Sentimos muita falta”, entregou.
Os planos da próxima turnê de Nickelback devem envolver o Brasil. Kroeger, no entanto, afirma não saber desses detalhes por não ser o responsável pela organização dos shows. Apesar disso, ele garante que, se depender dele, o banda volta ao País “o mais rápido possível”.
Relembre a apresentação no Rock in Rio de 2019:
Por que demorou tanto tempo para lançar um disco?
Desde o lançamento do último disco, Feed The Machine, o hiato de cinco anos do Nickelback parece que não teve uma razão bem definida. Ao ser questionado o motivo da demora para lançar um novo projeto, Kroeger ri antes mesmo de responder.
“Porque somos preguiçosos (risos)”, brincou. Ele até relembrou de quando via artistas lançando dois discos por ano durante o isolamento social - como foi o caso de Taylor Swift, que divulgou Evermore e Folklore em 2020.
“Começamos a ter umas ideias aqui e ali, mas não tínhamos pressa de nada porque não sabíamos por quanto tempo ficaríamos no isolamento social. Foi muito bom e prazeroso não ter a gravadora ou o empresário te pressionando para lançar algo”, contou.
Orgulhosos de Get Rollin’, algumas canções do disco são muito similares aos hits antigos de Nickelback. O single Those Days, principalmente, relembra o passado, assim como em Photograph ou Never Gonna Be Alone, ao cantar:
“Lembra quando as luzes da rua acenderam/ E a gente tinha que estar em casa?/ Lembra quando lançou A Hora do Pesadelo?/ Não conseguíamos assistir sozinhos.”
O ponto alto da entrevista, inclusive, acontece quando, ao falar sobre Photograph, Kroeger pega o violão e toca o início da música que ele diz ser sobre a sua experiência de vida.
Com composições com base em experiências próprias, Kroeger escreveu Those Days, single muito similar à conhecida Photograph, do disco All The Right Reasons (2005), para homenagear a época na qual fora um adolescente. No single do início dos anos 2000, ele canta sobre os lugares onde cresceu.
Ouça: