Conheça Eloá Rodrigues, modelo que representou Brasil na final do ‘Miss Universo’ Trans na Tailândia


Moradora de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, ela se interessou pela carreira de miss durante a transição de gênero e disputou a coroa mundial neste sábado, 25

Por Maria Eduarda Nascimento
Atualização:
Modelo Eloá Rodrigues representou o Brasil na final do Miss Universo trans neste sábado Foto: Matheus Alencar

Um sonho antigo. É assim que a modelo Eloá Rodrigues, moradora de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, define o caminho que a levou para o Miss International Queen, oMiss Universotrans, que aconteceu na Tailândia neste sábado, 25. Estudante de Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense, Eloá precisou enfrentar a falta de recursos financeiros para cruzar o oceano e competir com outras 23 candidatas de diversos países. 

Apesar de não ter ganhando a competição, o interesse pela carreira de miss, segundo Eloá, surgiu durante sua transição de gênero. Com o objetivo de mudar a própria história, a modelo começou a se inscrever para concursos de beleza e, por quatro anos consecutivos, teve que lidar com negativas acompanhadas de comentários desagradáveis. “Eu me inscrevi em 2014, 2015, 2016 e 2017 no antigo Miss T Brasil e não fui selecionada em nenhum desses anos porque falavam que eu não tinha o perfil de miss”, conta. 

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Para compensar as tentativas frustradas, a primeira conquista da modelo ocorreu em 2020 e proporcionou a classificação no Miss International Queen. O concurso, que ficou paralisado durante dois anos por causa da pandemia, voltou a acontecer neste ano e oferece um prêmio de THB 450.000, que equivale a R$ 67.500 - cotação de 24 de junho-  além de um troféu e parcerias VIPs. 

“Eu sempre tive o sonho de estar nesse lugar, mas pra uma pessoa que não tem muitos recursos financeiros, que saiu da periferia, a gente acaba achando que esse sonho nunca vai deixar de ser sonho, sabe? E quando foi chegando cada vez mais perto de eu conseguir concretizar esse sonho, eu ficava: caramba, não é possível que eu vou estar lá depois de tanto tempo que eu sonhei, de tanto que eu me empenhei, de tanto que eu acreditei”, relata Eloá.  

Há dez dias vivendo a experiência da disputa por uma coroa mundial que representa as mulheres trans, a participação de Eloá no concurso repercutiu na imprensa nacional após ela desfilar vestida de Nossa Senhora Aparecida em uma das etapas da competição. De acordo com a modelo, a vestimenta da padroeira do Brasil foi utilizada no desfile de traje típico oficial e já tinha sido escolhida antes mesmo de ela ser oficialmente eleita para participar do Miss International Queen. 

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“Eu tinha em mente que queria levar algo que representasse o Brasil de alguma forma e que as pessoas que estivessem assistindo se conectassem automaticamente, sem muita explicação. Quando fui eleita, sentei com a organização do concurso e coloquei pra eles que eu tinha esse sonho, eles compraram a ideia na hora, porém, tinha essa questão de muitas pessoas, principalmente religiosos, não entenderem esse lugar, porque eu li alguns comentários dizendo que eu estava sexualizando a santa. Na verdade, eu sou devota de Nossa Senhora”, comenta a miss. 

Apesar das críticas, Eloá diz que não levou os comentários em consideração, pois não teve a intenção de utilizar o traje de maneira depreciativa, e sim como uma homenagem. “O resultado é que saiu em vários lugares e a grande maioria das pessoas tem entendido o recado que eu quis passar,  de que uma pessoa preta, uma pessoa trans pode sim usar referências religiosas e não de forma pejorativa, depreciativa. Então eu estou muito tranquila, muito feliz que a grande maioria pessoas conseguiram entender a mensagem que eu quis passar”, comemora a modelo. 

Eloá desfilou vestida de Nossa Senhora Aparecida em uma das etapas do concurso Foto: Allek Morano Castellani
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Realizações e desafios 

Maior concurso de beleza para pessoas trans do mundo, Eloá conta que o Miss International Queen é composto por diversas etapas com provas preliminares que são realizadas até o dia da grande final. Durante o concurso, as modelos ficam confinadas cumprindo o calendário da competição, dividindo-se entre testes e entrevistas para veículos de imprensa do país. 

Na Tailândia, a modelo diz que está vivendo a experiência de se sentir uma celebridade. “Em todo lugar que nós vamos, seja público ou privado, as pessoas querem parar para tirar fotos, conversar e perguntar como é a nossa existência no nosso país. Então, isso realmente é uma experiência fantástica que eu vou levar para o resto da minha vida, porque aqui eu sou literalmente uma celebridade e, principalmente, sendo uma mulher preta, careca, que saí de um país onde a taxa de execução de pessoas trans é a maior do mundo”. 

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Apesar da realidade vivida no concurso, Eloá conta que as oportunidades para pessoas trans no Brasil ainda não alcançaram um patamar ideal. Segundo ela, o país tem um cenário muito complicado e desafiador para pessoas transexuais que querem viver de arte. “Sendo uma pessoa trans e negra, realmente muitas portas foram fechadas simplesmente por eu ser quem eu sou, óbvio que tem uma movimentação sendo feita, tem lugares sendo construídos e pensados para a minha existência, mas infelizmente ainda tem essa questão do preconceito, a questão da barreira, da porta fechada”, finaliza. 

Eloá disputou prêmio de THB 450.000 com outras 23 candidatas de diversos países Foto: Diego Mello
Modelo Eloá Rodrigues representou o Brasil na final do Miss Universo trans neste sábado Foto: Matheus Alencar

Um sonho antigo. É assim que a modelo Eloá Rodrigues, moradora de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, define o caminho que a levou para o Miss International Queen, oMiss Universotrans, que aconteceu na Tailândia neste sábado, 25. Estudante de Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense, Eloá precisou enfrentar a falta de recursos financeiros para cruzar o oceano e competir com outras 23 candidatas de diversos países. 

Apesar de não ter ganhando a competição, o interesse pela carreira de miss, segundo Eloá, surgiu durante sua transição de gênero. Com o objetivo de mudar a própria história, a modelo começou a se inscrever para concursos de beleza e, por quatro anos consecutivos, teve que lidar com negativas acompanhadas de comentários desagradáveis. “Eu me inscrevi em 2014, 2015, 2016 e 2017 no antigo Miss T Brasil e não fui selecionada em nenhum desses anos porque falavam que eu não tinha o perfil de miss”, conta. 

Para compensar as tentativas frustradas, a primeira conquista da modelo ocorreu em 2020 e proporcionou a classificação no Miss International Queen. O concurso, que ficou paralisado durante dois anos por causa da pandemia, voltou a acontecer neste ano e oferece um prêmio de THB 450.000, que equivale a R$ 67.500 - cotação de 24 de junho-  além de um troféu e parcerias VIPs. 

“Eu sempre tive o sonho de estar nesse lugar, mas pra uma pessoa que não tem muitos recursos financeiros, que saiu da periferia, a gente acaba achando que esse sonho nunca vai deixar de ser sonho, sabe? E quando foi chegando cada vez mais perto de eu conseguir concretizar esse sonho, eu ficava: caramba, não é possível que eu vou estar lá depois de tanto tempo que eu sonhei, de tanto que eu me empenhei, de tanto que eu acreditei”, relata Eloá.  

Há dez dias vivendo a experiência da disputa por uma coroa mundial que representa as mulheres trans, a participação de Eloá no concurso repercutiu na imprensa nacional após ela desfilar vestida de Nossa Senhora Aparecida em uma das etapas da competição. De acordo com a modelo, a vestimenta da padroeira do Brasil foi utilizada no desfile de traje típico oficial e já tinha sido escolhida antes mesmo de ela ser oficialmente eleita para participar do Miss International Queen. 

“Eu tinha em mente que queria levar algo que representasse o Brasil de alguma forma e que as pessoas que estivessem assistindo se conectassem automaticamente, sem muita explicação. Quando fui eleita, sentei com a organização do concurso e coloquei pra eles que eu tinha esse sonho, eles compraram a ideia na hora, porém, tinha essa questão de muitas pessoas, principalmente religiosos, não entenderem esse lugar, porque eu li alguns comentários dizendo que eu estava sexualizando a santa. Na verdade, eu sou devota de Nossa Senhora”, comenta a miss. 

Apesar das críticas, Eloá diz que não levou os comentários em consideração, pois não teve a intenção de utilizar o traje de maneira depreciativa, e sim como uma homenagem. “O resultado é que saiu em vários lugares e a grande maioria das pessoas tem entendido o recado que eu quis passar,  de que uma pessoa preta, uma pessoa trans pode sim usar referências religiosas e não de forma pejorativa, depreciativa. Então eu estou muito tranquila, muito feliz que a grande maioria pessoas conseguiram entender a mensagem que eu quis passar”, comemora a modelo. 

Eloá desfilou vestida de Nossa Senhora Aparecida em uma das etapas do concurso Foto: Allek Morano Castellani

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Maior concurso de beleza para pessoas trans do mundo, Eloá conta que o Miss International Queen é composto por diversas etapas com provas preliminares que são realizadas até o dia da grande final. Durante o concurso, as modelos ficam confinadas cumprindo o calendário da competição, dividindo-se entre testes e entrevistas para veículos de imprensa do país. 

Na Tailândia, a modelo diz que está vivendo a experiência de se sentir uma celebridade. “Em todo lugar que nós vamos, seja público ou privado, as pessoas querem parar para tirar fotos, conversar e perguntar como é a nossa existência no nosso país. Então, isso realmente é uma experiência fantástica que eu vou levar para o resto da minha vida, porque aqui eu sou literalmente uma celebridade e, principalmente, sendo uma mulher preta, careca, que saí de um país onde a taxa de execução de pessoas trans é a maior do mundo”. 

Apesar da realidade vivida no concurso, Eloá conta que as oportunidades para pessoas trans no Brasil ainda não alcançaram um patamar ideal. Segundo ela, o país tem um cenário muito complicado e desafiador para pessoas transexuais que querem viver de arte. “Sendo uma pessoa trans e negra, realmente muitas portas foram fechadas simplesmente por eu ser quem eu sou, óbvio que tem uma movimentação sendo feita, tem lugares sendo construídos e pensados para a minha existência, mas infelizmente ainda tem essa questão do preconceito, a questão da barreira, da porta fechada”, finaliza. 

Eloá disputou prêmio de THB 450.000 com outras 23 candidatas de diversos países Foto: Diego Mello
Modelo Eloá Rodrigues representou o Brasil na final do Miss Universo trans neste sábado Foto: Matheus Alencar

Um sonho antigo. É assim que a modelo Eloá Rodrigues, moradora de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, define o caminho que a levou para o Miss International Queen, oMiss Universotrans, que aconteceu na Tailândia neste sábado, 25. Estudante de Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense, Eloá precisou enfrentar a falta de recursos financeiros para cruzar o oceano e competir com outras 23 candidatas de diversos países. 

Apesar de não ter ganhando a competição, o interesse pela carreira de miss, segundo Eloá, surgiu durante sua transição de gênero. Com o objetivo de mudar a própria história, a modelo começou a se inscrever para concursos de beleza e, por quatro anos consecutivos, teve que lidar com negativas acompanhadas de comentários desagradáveis. “Eu me inscrevi em 2014, 2015, 2016 e 2017 no antigo Miss T Brasil e não fui selecionada em nenhum desses anos porque falavam que eu não tinha o perfil de miss”, conta. 

Para compensar as tentativas frustradas, a primeira conquista da modelo ocorreu em 2020 e proporcionou a classificação no Miss International Queen. O concurso, que ficou paralisado durante dois anos por causa da pandemia, voltou a acontecer neste ano e oferece um prêmio de THB 450.000, que equivale a R$ 67.500 - cotação de 24 de junho-  além de um troféu e parcerias VIPs. 

“Eu sempre tive o sonho de estar nesse lugar, mas pra uma pessoa que não tem muitos recursos financeiros, que saiu da periferia, a gente acaba achando que esse sonho nunca vai deixar de ser sonho, sabe? E quando foi chegando cada vez mais perto de eu conseguir concretizar esse sonho, eu ficava: caramba, não é possível que eu vou estar lá depois de tanto tempo que eu sonhei, de tanto que eu me empenhei, de tanto que eu acreditei”, relata Eloá.  

Há dez dias vivendo a experiência da disputa por uma coroa mundial que representa as mulheres trans, a participação de Eloá no concurso repercutiu na imprensa nacional após ela desfilar vestida de Nossa Senhora Aparecida em uma das etapas da competição. De acordo com a modelo, a vestimenta da padroeira do Brasil foi utilizada no desfile de traje típico oficial e já tinha sido escolhida antes mesmo de ela ser oficialmente eleita para participar do Miss International Queen. 

“Eu tinha em mente que queria levar algo que representasse o Brasil de alguma forma e que as pessoas que estivessem assistindo se conectassem automaticamente, sem muita explicação. Quando fui eleita, sentei com a organização do concurso e coloquei pra eles que eu tinha esse sonho, eles compraram a ideia na hora, porém, tinha essa questão de muitas pessoas, principalmente religiosos, não entenderem esse lugar, porque eu li alguns comentários dizendo que eu estava sexualizando a santa. Na verdade, eu sou devota de Nossa Senhora”, comenta a miss. 

Apesar das críticas, Eloá diz que não levou os comentários em consideração, pois não teve a intenção de utilizar o traje de maneira depreciativa, e sim como uma homenagem. “O resultado é que saiu em vários lugares e a grande maioria das pessoas tem entendido o recado que eu quis passar,  de que uma pessoa preta, uma pessoa trans pode sim usar referências religiosas e não de forma pejorativa, depreciativa. Então eu estou muito tranquila, muito feliz que a grande maioria pessoas conseguiram entender a mensagem que eu quis passar”, comemora a modelo. 

Eloá desfilou vestida de Nossa Senhora Aparecida em uma das etapas do concurso Foto: Allek Morano Castellani

Realizações e desafios 

Maior concurso de beleza para pessoas trans do mundo, Eloá conta que o Miss International Queen é composto por diversas etapas com provas preliminares que são realizadas até o dia da grande final. Durante o concurso, as modelos ficam confinadas cumprindo o calendário da competição, dividindo-se entre testes e entrevistas para veículos de imprensa do país. 

Na Tailândia, a modelo diz que está vivendo a experiência de se sentir uma celebridade. “Em todo lugar que nós vamos, seja público ou privado, as pessoas querem parar para tirar fotos, conversar e perguntar como é a nossa existência no nosso país. Então, isso realmente é uma experiência fantástica que eu vou levar para o resto da minha vida, porque aqui eu sou literalmente uma celebridade e, principalmente, sendo uma mulher preta, careca, que saí de um país onde a taxa de execução de pessoas trans é a maior do mundo”. 

Apesar da realidade vivida no concurso, Eloá conta que as oportunidades para pessoas trans no Brasil ainda não alcançaram um patamar ideal. Segundo ela, o país tem um cenário muito complicado e desafiador para pessoas transexuais que querem viver de arte. “Sendo uma pessoa trans e negra, realmente muitas portas foram fechadas simplesmente por eu ser quem eu sou, óbvio que tem uma movimentação sendo feita, tem lugares sendo construídos e pensados para a minha existência, mas infelizmente ainda tem essa questão do preconceito, a questão da barreira, da porta fechada”, finaliza. 

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