Na noite desta quarta-feira, 17, o apresentador e humorista Fábio Porchat voltou a se pronunciar sobre o caso do comediante Léo Lins, que teve que apagar um especial de comédia de sua conta do YouTube após decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que acatou um pedido do Ministério Público.
No texto da apresentação batizada de “Pertubador”, Lins dizia que no Brasil há uma “lista de privilégios”. “Na base, está o velho. Em cima, está o nordestino pobre. Depois dele, está a mulher grávida, que tem assento especial. Em cima dela, está o gordo que também já tem assento especial. O gordo é uma grávida que se auto engravidou. (...) Em cima do gordo, está o deficiente que tem assento, não pega fila. A prova disso é que um velho nordestino, gordo e deficiente virou presidente”.
Em uma segunda postagem, quatro horas após a primeira, Porchat ratificou seu posicionamento ao afirmar que a questão em debate, no caso do Léo Lins, é de “censura prévia”.
“É evidente que eu sou contra o racismo e, inclusive, sou muito aliado nessa luta faz tempo, eu já falei mil vezes em todas as entrevistas que eu dei que o tal do limite do humor é a Constituição. Se é crime não pode. Ponto. E lógico que quem se sentir ofendido pode e deve acionar a justiça. A minha questão aqui é com a censura prévia, com a tal da nova lei que é um disparate”, escreveu.
referencePorchat escreveu também que acha triste, velho e desagradável fazer piada com minorias, mas reafirmou que, para ele, nada disso é crime.
Em texto anterior, também no Twitter, Porchat defendeu a liberdade de Lins fazer piada, desde que seja dentro da lei: (...)”quem foi lá assistir ao Léo Lins adorou. Riram muito. Quem não gostou das piadas são os que não foram. Pronto, assim que tem que ser. Ah, mas faz piada com minorias… E qual o problema legal? Nenhum. Dentro da lei pode-se fazer piada com tudo tudo tudo”.
Porchat ainda pediu para que a discussão sobre os limites de humor seja encarada com a razão e não com o “coração”. Ele ainda criticou a chamada “lei antipiada”, sancionada pela presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em janeiro de 2023.
Nela, o artigo 20-C diz que ao interpretar a lei, “o juiz deve considerar como discriminatório qualquer atitude ou tratamento dado à pessoa ou a grupos minoritários que cause constrangimento, humilhação, vergonha, medo ou exposição indevida, e que usualmente não se dispensaria a outros grupos em razão da cor, etnia, religião ou procedência”.
A decisão da Justiça de São Paulo determinando que Léo Lins retirasse o conteúdo do ar cita a “lei antipiada”.
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Quem também se manifestou foi o apresentador Danilo Gentili, do SBT. Ele ironizou as postagens de Porchat, citando declarações anteriores do comediante. “O politicamente correto é uma coisa boa, do bem, como você mesmo disse anteriormente”.
A cantora Zélia Duncan criticou o posicionamento de Porchat. “Ninguém tem direito de ofender ninguém. Não há piada que justifique isso”, escreveu no Twitter, em resposta ao texto do apresentador.
Paulo Vieira foi cobrado a se posicionar sobre o caso
Com a repercussão do caso, o também comediante Paulo Vieira foi cobrado nas redes sociais por um posicionamento sobre a retirada do vídeo de Lins do ar. Vieira afirmou que ao entrar no Twitter percebeu que seu nome estava entre os mais citados. O motivo, segundo ele, era a cobrança, por parte dos internautas, por uma opinião sobre o que ocorreu com o colega de profissão
“Entrei no twitter e meu nome estava nos tts. Motivo: um amigo estava sendo cobrado e acharam que eu deveria ser arrastado para esta cobrança. Acho MUITO difícil que se fosse ao contrário isso também acontecesse”, escreveu.
Sem citar diretamente Lins ou Porchat, Vieira prosseguiu: “mas é interessante ver como a maioria dos comentários sugerem que meu caráter, meu trabalho, minha ideologia, meu valor estão sob prova alí, naquele momento é tudo ou nada. Ou ele atende as expectativas, ou é exatamente o que eu achava pois esse daí nunca me enganou”.
Vieira afirmou que se sente inseguro nesse tipo de situação. “Vou dizer como eu me sinto quando essas coisas acontecem, quando me convocam para atestar que eu não sou o que acham: parece que eu nunca vou estar seguro. Vocês não sabem como é horrorosa essa sensação de conquistar, conquistar e não ter nada”, escreveu.