Família de Ana Clara Benevides vai entrar com ação por danos morais contra T4F, diz advogado


‘O objetivo da família é buscar o judiciário com um caráter punitivo para mostrar que a empresa errou e para ser responsabilizada pelo dano que cometeu’, diz João Paulo Sales Delmondes. T4F diz que ‘seguiu todas as melhores práticas de organização’

Por Gabriela Piva
Atualização:

A família de Ana Clara Benevides quer entrar com uma ação civil contra a Time For Fun (T4F), empresa que produziu os shows de Taylor Swift no Brasil, após a jovem de 23 anos morrer no show da cantora, no Rio de Janeiro. Segundo o advogado dos pais, João Paulo Sales Delmondes, informou ao Estadão, eles vão protocolar uma ação de danos morais contra a empresa. A T4F enviou uma nota à reportagem (leia mais abaixo) na qual diz que lamenta a morte de Ana Clara e que seguiu todas as melhores práticas de organização.

A novidade veio após o laudo da autópsia mostrar que Ana Clara Benevides morreu devido ao intenso calor no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro. Naquele dia, a sensação térmica na cidade era de cerca de 60ºC.

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Ana Clara Benevides morreu no primeiro show de Taylor Swift no Brasil Foto: Reprodução/Instagram/@acbenevidesm

Para João Paulo, o documento comprova que os organizadores foram omissos com o bem-estar do público — o que causou a morte da estudante de psicologia. O primeiro passo da equipe jurídica, nesse caso, será buscar a reparação de danos.

“Entendemos que estamos com todos os elementos probatórios suficientes, ou seja, as condições climáticas no dia do evento, a falha da organização dificultando a entrada de água, a ausência de pontos de hidratação, o pronunciamento do próprio CEO da T4F reconhecendo os erros no dia da fatalidade e, principalmente, o laudo divulgado concluindo pela ausência de problemas cardiovasculares, utilização de substâncias ilícitas e condição física inadequada”, explicou ele ao Estadão.

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“O laudo mostra que Ana Clara não tinha problema cardiovascular, não tinha feito ingestão de substâncias ilícitas e tampouco possuía um condicionamento físico inadequado, acaba confirmando que a falha da organização do evento fizeram com que Ana ficasse exposta ao calor extremo e, fatalmente, culminasse em sua morte”, disse o advogado em vídeo divulgado à imprensa.

João ainda diz que a família espera que os responsáveis sejam indiciados na esfera criminal após a conclusão do inquérito. No final de novembro, a Delegacia do Consumidor (Decon) abriu um inquérito para investigar as condutas da T4F após a morte de Ana Clara Benevides e relatos de fãs. O órgão apura o crime de perigo para a vida ou saúde.

Mesmo com a ação de reparação de danos, João Paulo defende que nada diminuirá a dor dos pais de Ana Clara. “O objetivo da família é buscar o judiciário com um caráter punitivo para mostrar que a empresa errou e para ser responsabilizada pelo dano que cometeu, bem como pedagógico para servir de exemplo para que outras famílias não passem pela mesma dor que a família da Ana Clara vem passando”, finalizou.

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Pronunciamento da T4F

O Estadão tentou contato com a produtora nesta quarta-feira, 27. A T4F mandou a resposta nesta quinta-feira, 28, por meio de uma nota, reproduzida na íntegra abaixo:

“A T4F seguiu todas as melhores práticas de organização de eventos, incluindo todas as exigências das autoridades, distribuiu milhares de copos de água e permitiu a entrada com copos de água descartáveis sem qualquer limitação de quantidade no dia do show. A empresa reitera, como tem feito desde o ocorrido, que lamenta profundamente a perda de Ana Clara. Ela foi prontamente atendida por socorristas e encaminhada em ambulância UTI, acompanhada por médicos até o hospital para que pudesse receber atendimento. A empresa segue prestando todas as informações solicitadas pelos órgãos públicos e colabora com as autoridades na investigação em curso. Em mais de 40 anos de atuação, a empresa nunca havia registrado um episódio trágico como o ocorrido no Engenhão, decorrente de fator climático”.

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No final de novembro, Serafim Abreu, CEO da Time For Fun, se pronunciou sobre os acontecimentos nos shows de Taylor Swift no Rio de Janeiro. No vídeo, publicado nas redes sociais da empresa, ele pediu desculpas às pessoas que “não tiveram a melhor experiência possível”.

O pronunciamento foi divulgado seis dias após a morte de Ana Clara Benevides e um dia após a abertura do inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que irá investigar a produtora por possível crime de perigo para a vida ou saúde.

“Decidi gravar esse vídeo para falar diretamente com nossos consumidores, parceiros, fãs e público geral”, iniciou o empresário. “Sabemos a enorme responsabilidade que temos ao organizar um evento desse porte, por isso não economizamos esforços e recursos para seguir sempre as melhores práticas mundiais do setor, para garantir conforto e segurança para todos”.

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“Ainda assim, enfrentamos dias de calor extremo no Rio de Janeiro, com sensação térmica altíssima e sem precedentes”, afirmou. “Sim, reconhecemos que poderíamos ter tomado algumas ações alternativas, adicionais a todas as outras que fizemos, como, por exemplo, criar locais de sombra nas áreas externas, alterar os horários dos shows anteriormente programados e enfatizar mais a permissão de entrada com copos de água descartáveis”.

Para Abreu, os acontecimentos serviram para o aprendizado de novas práticas para momentos de calor extremo. “Entendemos também que todo o setor precisa repensar sua atuação diante dessa realidade”, reforçou.

LEIA TAMBÉM:

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Entenda o caso

A fã da cantora Taylor Swift, Ana Clara Benevides, de 23 anos, que morreu após passar mal durante a apresentação da artista no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro, sofreu uma exaustão térmica causada pelo calor. Conforme o G1, essa é a informação presente no laudo de necropsia divulgado nesta quarta-feira, 27.

Com um público de cerca de 60 mil pessoas, o primeiro show da turnê “The Eras Tour” no Brasil ficou marcado pela tragédia. No dia 17 de novembro, quando aconteceu a apresentação, o calor era extremo, com máxima registrada de 40ºC e sensação térmica de quase 60ºC. A Tickets for Fun, responsável pelo show no Brasil, foi alvo de críticas por problemas de organização e pela proibição de que os fãs levassem sua própria água ao estádio.

Após a morte de Ana Clara, autoridades anunciaram novas medidas para shows e espetáculos no País. O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), editou uma nova regra, que permite a entrada de garrafas de água para uso pessoal em shows.

A família de Ana Clara Benevides quer entrar com uma ação civil contra a Time For Fun (T4F), empresa que produziu os shows de Taylor Swift no Brasil, após a jovem de 23 anos morrer no show da cantora, no Rio de Janeiro. Segundo o advogado dos pais, João Paulo Sales Delmondes, informou ao Estadão, eles vão protocolar uma ação de danos morais contra a empresa. A T4F enviou uma nota à reportagem (leia mais abaixo) na qual diz que lamenta a morte de Ana Clara e que seguiu todas as melhores práticas de organização.

A novidade veio após o laudo da autópsia mostrar que Ana Clara Benevides morreu devido ao intenso calor no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro. Naquele dia, a sensação térmica na cidade era de cerca de 60ºC.

Ana Clara Benevides morreu no primeiro show de Taylor Swift no Brasil Foto: Reprodução/Instagram/@acbenevidesm

Para João Paulo, o documento comprova que os organizadores foram omissos com o bem-estar do público — o que causou a morte da estudante de psicologia. O primeiro passo da equipe jurídica, nesse caso, será buscar a reparação de danos.

“Entendemos que estamos com todos os elementos probatórios suficientes, ou seja, as condições climáticas no dia do evento, a falha da organização dificultando a entrada de água, a ausência de pontos de hidratação, o pronunciamento do próprio CEO da T4F reconhecendo os erros no dia da fatalidade e, principalmente, o laudo divulgado concluindo pela ausência de problemas cardiovasculares, utilização de substâncias ilícitas e condição física inadequada”, explicou ele ao Estadão.

“O laudo mostra que Ana Clara não tinha problema cardiovascular, não tinha feito ingestão de substâncias ilícitas e tampouco possuía um condicionamento físico inadequado, acaba confirmando que a falha da organização do evento fizeram com que Ana ficasse exposta ao calor extremo e, fatalmente, culminasse em sua morte”, disse o advogado em vídeo divulgado à imprensa.

João ainda diz que a família espera que os responsáveis sejam indiciados na esfera criminal após a conclusão do inquérito. No final de novembro, a Delegacia do Consumidor (Decon) abriu um inquérito para investigar as condutas da T4F após a morte de Ana Clara Benevides e relatos de fãs. O órgão apura o crime de perigo para a vida ou saúde.

Mesmo com a ação de reparação de danos, João Paulo defende que nada diminuirá a dor dos pais de Ana Clara. “O objetivo da família é buscar o judiciário com um caráter punitivo para mostrar que a empresa errou e para ser responsabilizada pelo dano que cometeu, bem como pedagógico para servir de exemplo para que outras famílias não passem pela mesma dor que a família da Ana Clara vem passando”, finalizou.

Pronunciamento da T4F

O Estadão tentou contato com a produtora nesta quarta-feira, 27. A T4F mandou a resposta nesta quinta-feira, 28, por meio de uma nota, reproduzida na íntegra abaixo:

“A T4F seguiu todas as melhores práticas de organização de eventos, incluindo todas as exigências das autoridades, distribuiu milhares de copos de água e permitiu a entrada com copos de água descartáveis sem qualquer limitação de quantidade no dia do show. A empresa reitera, como tem feito desde o ocorrido, que lamenta profundamente a perda de Ana Clara. Ela foi prontamente atendida por socorristas e encaminhada em ambulância UTI, acompanhada por médicos até o hospital para que pudesse receber atendimento. A empresa segue prestando todas as informações solicitadas pelos órgãos públicos e colabora com as autoridades na investigação em curso. Em mais de 40 anos de atuação, a empresa nunca havia registrado um episódio trágico como o ocorrido no Engenhão, decorrente de fator climático”.

No final de novembro, Serafim Abreu, CEO da Time For Fun, se pronunciou sobre os acontecimentos nos shows de Taylor Swift no Rio de Janeiro. No vídeo, publicado nas redes sociais da empresa, ele pediu desculpas às pessoas que “não tiveram a melhor experiência possível”.

O pronunciamento foi divulgado seis dias após a morte de Ana Clara Benevides e um dia após a abertura do inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que irá investigar a produtora por possível crime de perigo para a vida ou saúde.

“Decidi gravar esse vídeo para falar diretamente com nossos consumidores, parceiros, fãs e público geral”, iniciou o empresário. “Sabemos a enorme responsabilidade que temos ao organizar um evento desse porte, por isso não economizamos esforços e recursos para seguir sempre as melhores práticas mundiais do setor, para garantir conforto e segurança para todos”.

“Ainda assim, enfrentamos dias de calor extremo no Rio de Janeiro, com sensação térmica altíssima e sem precedentes”, afirmou. “Sim, reconhecemos que poderíamos ter tomado algumas ações alternativas, adicionais a todas as outras que fizemos, como, por exemplo, criar locais de sombra nas áreas externas, alterar os horários dos shows anteriormente programados e enfatizar mais a permissão de entrada com copos de água descartáveis”.

Para Abreu, os acontecimentos serviram para o aprendizado de novas práticas para momentos de calor extremo. “Entendemos também que todo o setor precisa repensar sua atuação diante dessa realidade”, reforçou.

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Entenda o caso

A fã da cantora Taylor Swift, Ana Clara Benevides, de 23 anos, que morreu após passar mal durante a apresentação da artista no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro, sofreu uma exaustão térmica causada pelo calor. Conforme o G1, essa é a informação presente no laudo de necropsia divulgado nesta quarta-feira, 27.

Com um público de cerca de 60 mil pessoas, o primeiro show da turnê “The Eras Tour” no Brasil ficou marcado pela tragédia. No dia 17 de novembro, quando aconteceu a apresentação, o calor era extremo, com máxima registrada de 40ºC e sensação térmica de quase 60ºC. A Tickets for Fun, responsável pelo show no Brasil, foi alvo de críticas por problemas de organização e pela proibição de que os fãs levassem sua própria água ao estádio.

Após a morte de Ana Clara, autoridades anunciaram novas medidas para shows e espetáculos no País. O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), editou uma nova regra, que permite a entrada de garrafas de água para uso pessoal em shows.

A família de Ana Clara Benevides quer entrar com uma ação civil contra a Time For Fun (T4F), empresa que produziu os shows de Taylor Swift no Brasil, após a jovem de 23 anos morrer no show da cantora, no Rio de Janeiro. Segundo o advogado dos pais, João Paulo Sales Delmondes, informou ao Estadão, eles vão protocolar uma ação de danos morais contra a empresa. A T4F enviou uma nota à reportagem (leia mais abaixo) na qual diz que lamenta a morte de Ana Clara e que seguiu todas as melhores práticas de organização.

A novidade veio após o laudo da autópsia mostrar que Ana Clara Benevides morreu devido ao intenso calor no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro. Naquele dia, a sensação térmica na cidade era de cerca de 60ºC.

Ana Clara Benevides morreu no primeiro show de Taylor Swift no Brasil Foto: Reprodução/Instagram/@acbenevidesm

Para João Paulo, o documento comprova que os organizadores foram omissos com o bem-estar do público — o que causou a morte da estudante de psicologia. O primeiro passo da equipe jurídica, nesse caso, será buscar a reparação de danos.

“Entendemos que estamos com todos os elementos probatórios suficientes, ou seja, as condições climáticas no dia do evento, a falha da organização dificultando a entrada de água, a ausência de pontos de hidratação, o pronunciamento do próprio CEO da T4F reconhecendo os erros no dia da fatalidade e, principalmente, o laudo divulgado concluindo pela ausência de problemas cardiovasculares, utilização de substâncias ilícitas e condição física inadequada”, explicou ele ao Estadão.

“O laudo mostra que Ana Clara não tinha problema cardiovascular, não tinha feito ingestão de substâncias ilícitas e tampouco possuía um condicionamento físico inadequado, acaba confirmando que a falha da organização do evento fizeram com que Ana ficasse exposta ao calor extremo e, fatalmente, culminasse em sua morte”, disse o advogado em vídeo divulgado à imprensa.

João ainda diz que a família espera que os responsáveis sejam indiciados na esfera criminal após a conclusão do inquérito. No final de novembro, a Delegacia do Consumidor (Decon) abriu um inquérito para investigar as condutas da T4F após a morte de Ana Clara Benevides e relatos de fãs. O órgão apura o crime de perigo para a vida ou saúde.

Mesmo com a ação de reparação de danos, João Paulo defende que nada diminuirá a dor dos pais de Ana Clara. “O objetivo da família é buscar o judiciário com um caráter punitivo para mostrar que a empresa errou e para ser responsabilizada pelo dano que cometeu, bem como pedagógico para servir de exemplo para que outras famílias não passem pela mesma dor que a família da Ana Clara vem passando”, finalizou.

Pronunciamento da T4F

O Estadão tentou contato com a produtora nesta quarta-feira, 27. A T4F mandou a resposta nesta quinta-feira, 28, por meio de uma nota, reproduzida na íntegra abaixo:

“A T4F seguiu todas as melhores práticas de organização de eventos, incluindo todas as exigências das autoridades, distribuiu milhares de copos de água e permitiu a entrada com copos de água descartáveis sem qualquer limitação de quantidade no dia do show. A empresa reitera, como tem feito desde o ocorrido, que lamenta profundamente a perda de Ana Clara. Ela foi prontamente atendida por socorristas e encaminhada em ambulância UTI, acompanhada por médicos até o hospital para que pudesse receber atendimento. A empresa segue prestando todas as informações solicitadas pelos órgãos públicos e colabora com as autoridades na investigação em curso. Em mais de 40 anos de atuação, a empresa nunca havia registrado um episódio trágico como o ocorrido no Engenhão, decorrente de fator climático”.

No final de novembro, Serafim Abreu, CEO da Time For Fun, se pronunciou sobre os acontecimentos nos shows de Taylor Swift no Rio de Janeiro. No vídeo, publicado nas redes sociais da empresa, ele pediu desculpas às pessoas que “não tiveram a melhor experiência possível”.

O pronunciamento foi divulgado seis dias após a morte de Ana Clara Benevides e um dia após a abertura do inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que irá investigar a produtora por possível crime de perigo para a vida ou saúde.

“Decidi gravar esse vídeo para falar diretamente com nossos consumidores, parceiros, fãs e público geral”, iniciou o empresário. “Sabemos a enorme responsabilidade que temos ao organizar um evento desse porte, por isso não economizamos esforços e recursos para seguir sempre as melhores práticas mundiais do setor, para garantir conforto e segurança para todos”.

“Ainda assim, enfrentamos dias de calor extremo no Rio de Janeiro, com sensação térmica altíssima e sem precedentes”, afirmou. “Sim, reconhecemos que poderíamos ter tomado algumas ações alternativas, adicionais a todas as outras que fizemos, como, por exemplo, criar locais de sombra nas áreas externas, alterar os horários dos shows anteriormente programados e enfatizar mais a permissão de entrada com copos de água descartáveis”.

Para Abreu, os acontecimentos serviram para o aprendizado de novas práticas para momentos de calor extremo. “Entendemos também que todo o setor precisa repensar sua atuação diante dessa realidade”, reforçou.

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Entenda o caso

A fã da cantora Taylor Swift, Ana Clara Benevides, de 23 anos, que morreu após passar mal durante a apresentação da artista no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro, sofreu uma exaustão térmica causada pelo calor. Conforme o G1, essa é a informação presente no laudo de necropsia divulgado nesta quarta-feira, 27.

Com um público de cerca de 60 mil pessoas, o primeiro show da turnê “The Eras Tour” no Brasil ficou marcado pela tragédia. No dia 17 de novembro, quando aconteceu a apresentação, o calor era extremo, com máxima registrada de 40ºC e sensação térmica de quase 60ºC. A Tickets for Fun, responsável pelo show no Brasil, foi alvo de críticas por problemas de organização e pela proibição de que os fãs levassem sua própria água ao estádio.

Após a morte de Ana Clara, autoridades anunciaram novas medidas para shows e espetáculos no País. O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), editou uma nova regra, que permite a entrada de garrafas de água para uso pessoal em shows.

A família de Ana Clara Benevides quer entrar com uma ação civil contra a Time For Fun (T4F), empresa que produziu os shows de Taylor Swift no Brasil, após a jovem de 23 anos morrer no show da cantora, no Rio de Janeiro. Segundo o advogado dos pais, João Paulo Sales Delmondes, informou ao Estadão, eles vão protocolar uma ação de danos morais contra a empresa. A T4F enviou uma nota à reportagem (leia mais abaixo) na qual diz que lamenta a morte de Ana Clara e que seguiu todas as melhores práticas de organização.

A novidade veio após o laudo da autópsia mostrar que Ana Clara Benevides morreu devido ao intenso calor no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro. Naquele dia, a sensação térmica na cidade era de cerca de 60ºC.

Ana Clara Benevides morreu no primeiro show de Taylor Swift no Brasil Foto: Reprodução/Instagram/@acbenevidesm

Para João Paulo, o documento comprova que os organizadores foram omissos com o bem-estar do público — o que causou a morte da estudante de psicologia. O primeiro passo da equipe jurídica, nesse caso, será buscar a reparação de danos.

“Entendemos que estamos com todos os elementos probatórios suficientes, ou seja, as condições climáticas no dia do evento, a falha da organização dificultando a entrada de água, a ausência de pontos de hidratação, o pronunciamento do próprio CEO da T4F reconhecendo os erros no dia da fatalidade e, principalmente, o laudo divulgado concluindo pela ausência de problemas cardiovasculares, utilização de substâncias ilícitas e condição física inadequada”, explicou ele ao Estadão.

“O laudo mostra que Ana Clara não tinha problema cardiovascular, não tinha feito ingestão de substâncias ilícitas e tampouco possuía um condicionamento físico inadequado, acaba confirmando que a falha da organização do evento fizeram com que Ana ficasse exposta ao calor extremo e, fatalmente, culminasse em sua morte”, disse o advogado em vídeo divulgado à imprensa.

João ainda diz que a família espera que os responsáveis sejam indiciados na esfera criminal após a conclusão do inquérito. No final de novembro, a Delegacia do Consumidor (Decon) abriu um inquérito para investigar as condutas da T4F após a morte de Ana Clara Benevides e relatos de fãs. O órgão apura o crime de perigo para a vida ou saúde.

Mesmo com a ação de reparação de danos, João Paulo defende que nada diminuirá a dor dos pais de Ana Clara. “O objetivo da família é buscar o judiciário com um caráter punitivo para mostrar que a empresa errou e para ser responsabilizada pelo dano que cometeu, bem como pedagógico para servir de exemplo para que outras famílias não passem pela mesma dor que a família da Ana Clara vem passando”, finalizou.

Pronunciamento da T4F

O Estadão tentou contato com a produtora nesta quarta-feira, 27. A T4F mandou a resposta nesta quinta-feira, 28, por meio de uma nota, reproduzida na íntegra abaixo:

“A T4F seguiu todas as melhores práticas de organização de eventos, incluindo todas as exigências das autoridades, distribuiu milhares de copos de água e permitiu a entrada com copos de água descartáveis sem qualquer limitação de quantidade no dia do show. A empresa reitera, como tem feito desde o ocorrido, que lamenta profundamente a perda de Ana Clara. Ela foi prontamente atendida por socorristas e encaminhada em ambulância UTI, acompanhada por médicos até o hospital para que pudesse receber atendimento. A empresa segue prestando todas as informações solicitadas pelos órgãos públicos e colabora com as autoridades na investigação em curso. Em mais de 40 anos de atuação, a empresa nunca havia registrado um episódio trágico como o ocorrido no Engenhão, decorrente de fator climático”.

No final de novembro, Serafim Abreu, CEO da Time For Fun, se pronunciou sobre os acontecimentos nos shows de Taylor Swift no Rio de Janeiro. No vídeo, publicado nas redes sociais da empresa, ele pediu desculpas às pessoas que “não tiveram a melhor experiência possível”.

O pronunciamento foi divulgado seis dias após a morte de Ana Clara Benevides e um dia após a abertura do inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que irá investigar a produtora por possível crime de perigo para a vida ou saúde.

“Decidi gravar esse vídeo para falar diretamente com nossos consumidores, parceiros, fãs e público geral”, iniciou o empresário. “Sabemos a enorme responsabilidade que temos ao organizar um evento desse porte, por isso não economizamos esforços e recursos para seguir sempre as melhores práticas mundiais do setor, para garantir conforto e segurança para todos”.

“Ainda assim, enfrentamos dias de calor extremo no Rio de Janeiro, com sensação térmica altíssima e sem precedentes”, afirmou. “Sim, reconhecemos que poderíamos ter tomado algumas ações alternativas, adicionais a todas as outras que fizemos, como, por exemplo, criar locais de sombra nas áreas externas, alterar os horários dos shows anteriormente programados e enfatizar mais a permissão de entrada com copos de água descartáveis”.

Para Abreu, os acontecimentos serviram para o aprendizado de novas práticas para momentos de calor extremo. “Entendemos também que todo o setor precisa repensar sua atuação diante dessa realidade”, reforçou.

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A fã da cantora Taylor Swift, Ana Clara Benevides, de 23 anos, que morreu após passar mal durante a apresentação da artista no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro, sofreu uma exaustão térmica causada pelo calor. Conforme o G1, essa é a informação presente no laudo de necropsia divulgado nesta quarta-feira, 27.

Com um público de cerca de 60 mil pessoas, o primeiro show da turnê “The Eras Tour” no Brasil ficou marcado pela tragédia. No dia 17 de novembro, quando aconteceu a apresentação, o calor era extremo, com máxima registrada de 40ºC e sensação térmica de quase 60ºC. A Tickets for Fun, responsável pelo show no Brasil, foi alvo de críticas por problemas de organização e pela proibição de que os fãs levassem sua própria água ao estádio.

Após a morte de Ana Clara, autoridades anunciaram novas medidas para shows e espetáculos no País. O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), editou uma nova regra, que permite a entrada de garrafas de água para uso pessoal em shows.

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