Antes mesmo de estrear, A Pequena Sereia foi um dos assuntos mais comentados nas redes. Isso aconteceu devido ao elenco escolhido. Halle Bailey dá vida a Ariel, protagonista do longa, e os ataques racistas não pararam desde que seu nome foi divulgado no clássico da Disney.
Durante a premiére do filme realizada com convidados e a imprensa em São Paulo, o apresentador Manoel Soares falou ao Estadão sobre essa representatividade em um clássico da Disney.
“Acho que existe um buraco [de representatividade] na percepção da minha geração em se ver e isso gerou muitos efeitos colaterais, inclusive com a nossa estima. Talvez os buracos no meu coração eu não consiga fechar, mas a minha filha vai conseguir e para ela, eu acho que A Pequena Sereia representa um marco”, fala, acompanhado pela sua filha Vitória.
Em entrevista ao Guardian, Halle Bailey disse que já esperava as ofensas, mas que preferiu acreditar na representatividade da sua escalação. “No mundo em que vivemos hoje, apenas ser uma mulher negra já te dá consciência de certas coisas que vão acontecer em sua vida, num geral. Não fiquei surpresa e nem chocada com os ataques que recebi”, declarou.
O apresentador da TV Globo compara a representatividade do novo filme da princesa dos mares com o sentimento que teve ao ver Chadwick Boseman como o Pantera Negra: “Quando vi esse filme, eu pensei: ‘caramba, isso é possível para nós meninos’. Acho que agora chegou a oportunidade para essas meninas também e essa beleza vai se encontrar em um lugar muito bacana”.
Não dá para negar que ter Halle Bailey como Ariel é o resultado de uma luta antiga para que pessoas negras conseguissem papéis de destaque na indústria cultural. Manoel Soares reforça isso com seus filhos e, principalmente, Vitória, de 24 anos.
“O que eu tento falar para minha filha é que isso [a luta racial] não é resultado da minha luta e nem da luta dela. Isso é da luta de muita gente. James Baldwin, Malcom X, Milton Gonçalves, Zezé Mota… Um monte de gente lutou para que hoje nós tivéssemos nesse lugar. Se nós não entendermos que o que a gente tá vivendo é consequência de muitas outras pessoas, esse só vai ser mais um filme. Quando entendemos isso percebemos que não é só um filme, mas que faz parte de uma conquista”, finaliza.