Isabel Macedo, advogada que processou a cantora Luísa Sonza por uma acusação de racismo, publicou um texto em seu Instagram na sexta-feira, 22, falando sobre a repercussão do caso e afirmando que pretende “virar a página” após ter chegado a um acordo na Justiça com a defesa da cantora.
Nele, afirma que o assunto “não é psicologicamente fácil” e relembra “diversas perguntas invasivas” que teve de ouvir sobre o processo. “Um acordo fora celebrado entre as partes, naquela audiência na qual todos os pedidos feitos por mim foram procedentes”, comenta.
“Vivi um dos momentos mais difíceis da minha vida até hoje. Mas, tudo bem, pois eu sempre estive acompanhada psicologicamente. Hoje vejo que aquele momento se fez necessário, pois com ele amadureci muito”.
“Continuei seguindo a minha vida. Mas, novamente, em data bem próxima do meu aniversário, o que eu pensava já ter ficado para trás veio à tona. E, mais uma vez, me trouxe as dores, as quais estou tratando ainda. Contudo, quero e preciso virar essa página”, desabafou a advogada.
“Para mim, a data em que comemoro aniversário é sempre de muita reflexão, especialmente diante de tudo o que vem ocorrendo nesses últimos anos. Não é fácil. Choro, medito e oro para me fortalecer. Amanhã, dia 23/09, completarei 44 anos, e determino que essa página seja virada hoje. A quem me enviou mensagem de apoio, obrigada! E a quem me envia as centenas de mensagens de ódio, obrigada também”, afirmou Isabel Macedo.
Entenda o processo de racismo contra Luísa Sonza
A advogada Isabel Macedo processou Luísa Sonza por racismo em 2020. O caso, porém, ocorreu em 2018, quando ambas estavam em uma festa em Fernando de Noronha. A notícia veio à tona em 2022, quando uma audiência foi suspensa.
Isabel relatou ao site Notícia Preta: “Era meu aniversário, e eu tinha viajado sozinha. Estava dançando, me divertindo e aproveitando a festa. Por um acaso, parei atrás da Luísa. No evento tinha vários famosos, mas nem sabia quem era ela. Nunca tinha ouvido falar. Foi então que ela virou, bateu no meu ombro e disse: ‘Pega um copo d’água pra mim?’. Eu respondi que não tinha entendido, ela repetiu a frase e completou ‘Você não trabalha aqui?’”.
Em seguida, a vítima questionou Luísa por achar que estava trabalhando na festa. A cantora rebateu dizendo que “não era o que ela estava pensando”. “Não é demérito algum ser empregada, eu mesma já fui doméstica, a questão é: por que a branquitude sempre nos enxerga nessa posição de serviçal? Por que nos entendem como pessoas que só podem servi-los, mas nunca como pessoas que podem consumir, viver e viajar como eles?”, questionou.
Após a repercussão, Luísa Sonza usou as redes sociais para fazer uma retratação, informando que iria solicitar uma audiência especial para acatar o valor pedido pela autora do processo. “Estou lidando com essa situação como uma oportunidade para tentar ser melhor, como sempre tentei fazer todas as vezes que alguma coisa aconteceu comigo, publicamente ou não”, escreveu.
Luísa também gravou um longo vídeo em que pedia desculpas pela situação e por posicionamentos anteriores sobre o caso. Em 2020, ela negou que o caso fosse verdadeiro, o que, segundo a artista, se deu por conta de uma notícia que dizia que Luísa teria agredido uma pessoa negra.
“A nossa educação é racista, a nossa estrutura é racista, a nossa sociedade funciona de forma racista”, comentou. “A Justiça sempre vai ser favorável a nós [brancos]. [...] Para a gente combater isso, a gente precisa ter atitudes individuais que não compactuam com o racismo em que a gente vive, a gente é e a gente é educado a ser. [...] Eu fico muito decepcionada comigo mesma de não ter entendido e buscado isso antes.”
Recentemente, a acusação afirmou ter chegado a um acordo, de valor financeiro não revelado, arquivando o caso no último dia 16 de agosto.