Lançado em 1975, o álbum Fruto Proibido foi um “divisor de águas” na carreira de Rita Lee. Aos 28 anos, a cantora paulistana coroou o início de sua icônica carreira solo e pós-saída dos Mutantes com letras sobre libertação feminina e, principalmente, sobre si mesma.
Mesma fase diz viver a cantora Manu Gavassi. Com 29 anos, e também paulistana da Vila Mariana, a artista revisita o clássico disco em um Acústico MTV. O show, lançado nesta quarta, 2, no Paramount+, traz uma banda formada apenas por mulheres e parcerias com artistas como Liniker, Lucas Silveira e Tim Bernardes. A estreia na própria MTV será às 20h20.
Após uma participação marcante no reality Big Brother Brasil e um hiato das redes sociais, Manu diz que a produção do lançamento a fez “lembrar que é artista”. “Esse show me trouxe uma certeza e uma segurança que eu não lembro de ter de verdade”, diz a cantora em entrevista coletiva.
Ela ainda conta ter realizado um sonho de infância com o lançamento. A forma como se põe no palco e o figurino que usa a fez relembrar de desenhos que fazia imaginando o que seria quando crescesse: em um palco, com um corset, uma calça boca-de-sino e cabelos grandes e ondulados.
Manu Gavassi
A liberdade que o álbum representa também foi espelhada na escolha pela banda composta por mulheres. “A maioria das mulheres dessa época era intérprete de músicas escritas por homens. A Rita sempre foi a própria contadora de histórias. Ela sempre foi dona da narrativa dela”, lembra.
O reconhecimento e a bênção da própria Rita Lee
Não foi sem o consentimento de Rita Lee que Manu “ousou” revisitar um disco tão importante. Primeira a assistir ao show, Rita aprovou o projeto e chegou a mandar uma mensagem carinhosa após a homenagem.
Antes das gravações, as duas puderam ter diversas interações à distância. Manu diz ter feito questão de deixar claro a importância e o respeito que sente pela artista. “Eu quis que ela tivesse a certeza de que eu a amava e respeitava muito e que tivesse uma compreensão muito grande do que ela significava”, afirma.
Ela relata ter criado uma relação afetiva com Fruto Proibido ouvindo o disco com os pais na infância, mas redescobriu Rita após ler a autobiografia, lançada em 2016 pela Globo Livros. “Eu tive muita clareza da artista que ela é e gostei da maneira que ela contou a história dela de maneira tão franca. [...] Às vezes a gente é muito injusta com a gente mesma como artista”, comenta.
Não foi com a intenção de fazer um “cosplay” de Rita, porém, que Manu pensou os visuais e o figurino. A cantora quis misturar elementos lúdicos que remetem a seu último lançamento, Gracinha, com o “rock’n’roll” de Lee.
“Acho que eu sou uma artista muito em construção, com todo respeito à minha carreira. Eu ainda estou me descobrindo e vejo esse Acústico como uma libertação da minha voz. Eu a coloquei em lugares que, antes, me davam medo e fiz questão de manter os tons originais que a Rita cantava”, ressalta.
Mais do que “segurança para sua própria baixa autoestima”, como ela mesma relata, Manu sentiu que pôde se colocar no lugar da arte: o da diversão. “Eu só queria me divertir com algo que amo e fazer uma homenagem linda e feliz”, diz.
*Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais