Se nem o fato de engordar, provocar celulite e ainda servir de gatilho para doenças como o diabetes foram suficientes para te afastar do refrigerante, eis uma notícia que pode, enfim, eliminar de vez as latinhas e os litrões que habitam permanentemente a sua geladeira: refrigerante envelhece! E não é pouco. Um estudo publicado no American Journal of Public Health revela que o hábito de consumir a bebida rouba em média dois anos de vida das células do sistema imunológico. Para chegar a essa conclusão, a professora de psiquiatria Elissa Epel, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, estudou os telômeros, estruturas que ficam nas pontas dos cromossomos e que já foram previamente associadas à longevidade. Elas funcionam como verdadeiros protetores contra danos externos mas, com o tempo, se desgastam e encurtam, impedindo que a célula continue a se dividir. Telômeros mais curtos são associados a uma vida igualmente mais curta, aumentando o risco do surgimento de doenças crônicas como câncer, diabetes e distúrbios cardiovasculares.
A doutora Epel e sua equipe analisaram dados de 5.300 adultos americanos, de 20 a 65 anos, sem histórico de diabetes ou doenças cardiovasculares, e descobriram que os que bebiam mais refrigerantes (e aqui não se incluem os diets e os zero açúcar) tendiam a ter telômeros mais curtos. Beber 250 mililitros por dia (menos de uma lata) corresponde a 1,9 anos de envelhecimento adicional, e beber pouco mais de meio litro de refrigerante por dia equivale a 4,6 anos de envelhecimento. Para a surpresa dos pesquisadores, é exatamente a mesma associação encontrada entre o tamanho dos telômeros e o hábito de fumar. “A dose extremamente alta de açúcar que colocamos de uma vez em nosso organismo, em questão de segundos, é tóxica ao metabolismo”, disse a pesquisadora. Essa não é a primeira associação entre doses cavalares de açúcar e envelhecimento. Recentemente, uma pesquisa da Universidade de Leiden, na Holanda, separou mais de 500 voluntários, todos com idades semelhantes, em três grupos, de acordo com o nível de concentração de açúcar no sangue. Sessenta pessoas foram convocadas para analisar as fotografias deles e tiveram de responder quais eram os mais velhos. Pelas respostas, ficou evidente que quanto mais glicose no sangue, mais envelhecida fica uma pessoa. O dermatologista americano Nicholas Perricone, conhecido por ser o queridinho das celebridades de Nova York, é um dos que defendem que o envelhecimento da pele seria resultado de sucessivas inflamações nas células causadas por substâncias tóxicas. O açúcar é um dos grandes vilões nesse processo. Ele produz enzimas que afetam negativamente o colágeno e a elastina, provocando rugas e flacidez da pele. “O açúcar aumenta os níveis de insulina, o que provoca um processo inflamatório em todo o organismo”, explicou ao canal Longevidade, o médico Perricone. “A pele se torna menos elástica e mais vulnerável aos danos causados do sol”, afirma. Há pelo menos duas doces notícias a respeito de açúcar e envelhecimento. A primeira: o encurtamento dos telômeros é um processo reversível. Uma dieta alimentar rica em frutas, verduras, legumes, alguns tipos de proteína e peixes, como o salmão, rico em dimetilaminoetanol, o DMAE, evitam esse encurtamento e, sim, devolvem os anos perdidos. E a segunda boa notícia: açúcar não vicia. Segundo um estudo recém-publicado na revista científica Neuroscience and Biobehavioral Reviews, não há nada, nenhuma substância química sequer presente no doce, que seja viciante ao cérebro, o que acontece com drogas como a cocaína, por exemplo. É um mau hábito pura e simplesmente. Pense nisso antes de dizer que não vive sem uma latinha de refrigerante.