Um ônibus de arco-íris para combater a repressão à leitura. Essa é uma das estratégias de RuPaul, o produtor de TV, apresentador e drag queen mais famosa dos Estados Unidos — e talvez do mundo — para reagir às tentativas de proibição de livros e shows de drag no país americano, encampadas por políticos estaduais.
RuPaul se juntou a dois sócios na criação de uma nova livraria online, que vai colocar um ônibus escolar para cruzar os EUA e distribuir 10 mil exemplares dos livros visados por essas proibições. Sendo que a maioria dessas publicações é escrita ou fala sobre sobre pessoas LGBTQIA+ e personagens não-brancos. As informações são do jornal The New York Times.
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Com o programa RuPaul’s Drag Race, que já tem 16 temporadas nos EUA e mais de uma dúzia de edições pelo mundo — inclusive no Brasil — RuPaul popularizou a arte drag, que já fazia parte das expressões artísticas de diversas culturas pelo globo.
A ideia da livraria, Allstora, como é chamada, é promover autores sub-representados e entregar a eles uma parcela maior dos lucros do outras concorrentes do segmento. Ela foi fundada numa garagem em 2022 com outro nome por Adam Powell, um artista drag ator, e o parceiro dele, Eric Cervini, autor do livro de história indicado ao Prêmio Pulitzer The Deviant’s War: The Homosexual vs. the United States of America (A Guerra dos Desviados: Os Homossexuais X os Estados Unidos da América, em tradução livre).
Antes da entrada de RuPaul na empresa, na qual ele desempenha o papel de diretor de criação, o foco era em livros escritos por pessoas LGBTQIA+. Agora ela vende livros de todos os tipos de autores e oferece aos autores uma parte dos lucros obtidos com as vendas de livros no site.
O trio criou, então, o Rainbow Book Bus (Ônibus Dos Livros do Arco-íris, em tradução livre). Trata-se de um tradicional ônibus escolar americano, de quase sete metros, que vai viajar por estados como Alabama, Flórida e Louisiana. Nestes lugares há legislações que tentam banir de escolas e bibliotecas livros considerados indesejados por grupos conservadores e religiosos.
Enquanto crescem esses esforços de remoção de livros nos EUA, algumas bibliotecas chegaram a receber ameaças de bomba e até foram fechadas. Os shows de drags e acesso à assistência médica para pessoas transgênero também são alvo desses grupos.
“Eu não era muito bom na escola, mas lia livros e assistia à televisão, e essas são as maneiras pelas quais consegui encontrar meu caminho neste grande mundo”, disse RuPaul ao jornal americano. Ele considera que a nova livraria preenche uma lacuna importante, especialmente “nesses dias estranhos em que estamos vivendo”.