Cris Berguer indica bons lugares para conhecer com seu melhor amigo: o cachorro

Opinião|A Ella precisou ser operada


Por Cris Berger

Às quatro da madrugada da última quinta-feira, a Ella (minha filha pet) acordou, levantou e deitou-se ao pé da cama. Achei estranho, ela dorme abraçada comigo até a hora de acordar. Muitas vezes, eu levanto e ela segue deitada. Nesse dia, agiu diferente e isso foi o suficiente para eu ficar atenta. Quem é mãe de pet sabe do que eu estou falando. 

Ella na UTI do Hospital Pet Care. Foto: Cris Berger

Vamos por eliminatória

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O que fazemos para descobrir o problema já que cachorros não falam? Vamos por eliminatória. Como a Ella não faz suas necessidades dentro de casa, pensei que ela poderia estar com vontade de fazer xixi ou evacuar. Então, desci para a garagem porque eu não iria sair do prédio neste horário considerando a onda de assaltos no bairro. Balde com água em uma mão, panos e saquinho cata caca na outra, pegamos o elevador. Rapidamente, ela fez um xixi e parou por aí. 

Voltamos para o apartamento e nos deitamos. Ela ficou quieta uns minutinhos e levantou novamente. Então, veio o primeiro vômito dos cinco seguintes. Das quatro às oito horas da manhã, acompanhei a Ella entre caminhadas pela casa, tentativa de voltar a dormir e muita náusea. 

A investigação

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Algo estava errado e o próximo passo era fazer exames para tentar descobrir a causa. Chegamos no Hospital Pet Care da unidade Ibirapuera, tiramos sangue e fomos para a sala de ultrassom. Enquanto o veterinário Fabio Calderon, que acompanha a Ella há anos, fazia o exame, eu comentava que havia dado um suplemento novo no dia anterior e deveria ser esse o problema. 

Quando ele chegou no intestino, disse: tem uma sombra aqui e parece um corpo estranho. Gelei, não podia ser verdade. Nada havia sumido... a não ser uma roupa íntima, 15 dias atrás. Decidimos que iríamos repetir o ultrassom no começo da tarde, afinal, apesar da mancha misteriosa, não havia nenhum sinal de obstrução ou inflamação. Fui para casa chateada, me deitei com a Ella na cama, pedi a Deus que cuidasse de nós e que o corpo estranho saísse nas fezes. 

O ultrassom das 13 horas estava idêntico ao da manhã. A sombra seguia no meio do intestino e tampouco havia inflamação. Quando chegamos em casa, fui alimentá-la e não gostei de ela não querer comer, pois nunca nega comida. Às 20 horas voltamos para mais uma checagem e, dessa vez, o que eu temia aconteceu: havia uma obstrução parcial e o objeto estava longe do intestino grosso, ou seja, distante de ser evacuado. A indicação era abrir e retirar e isso envolvia anestesia geral, o que eu tanto temia. 

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Dra Cecília Augusto e Ella durante a internação. Foto: Cris Berger

Torça pelo melhor, prepare-se para pior 

Depois do primeiro ultrassom, ciente da possibilidade de cirurgia, resolvi deixar tudo organizado. Agendei os exames de eletro e ecocardiograma, afinal, este é o procedimento padrão antes de qualquer intervenção. A equipe cirúrgica estava avisada e um leito na UTI reservado. Mesmo assim, quando chegou a hora de ir adiante, paralisei. Perder a Ella era algo insuportável. 

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Junto do Dr Guilherme Castelluber e da Dra Cecília Augusto revisamos as imagens do ultrassom e do raio X e analisamos os prós e os contras diversas vezes. Era como se eu não pudesse tomar essa decisão sozinha, eu precisava dos profissionais que acompanharam a Ella ao longos dos 8 anos da sua vida. 

De repente, percebi que a Ella estava mais esperta, a levei para fazer xixi e teve até uma corridinha, ofereci comida e aceitou. Minhas dúvidas multiplicaram: será que o veterinário viu direito o ultrassom? Ela resistirá a anestesia? E se eu esperar o organismo expelir o corpo estranho? Passei a limpo cada informação e pedi a Deus que me mostrasse o que fazer. 

A decisão mais difícil 

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O médico gastroenterologista da Ella, Ricardo Duarte, estava fora do Brasil e mesmo assim falou comigo pelo WhatsApp e aceitou fazer uma chamada. Na minha frente estavam o cirurgião Pedro Cassino e o veterinário André Geller Aliaga. A paciência que estes profissionais tiveram comigo foi fabulosa. Tentei resumir para o Ricardo o que estava acontecendo e disse: estou com medo. Ele respondeu: também. E acrescentou: "Cris, se deixarmos o problema avançar, o quadro pode complicar. Neste caso, aumentam as chances de perdermos a Ella. Vamos operar". Aquela era a janela certa.  E assim veio a minha decisão de ir adiante. 

Empatia que salva 

Eu tinha a "tropa de elite" para cuidar da minha filha e tive que ser corajosa. Logo chegou o anestesista Amadeu Neto que mostrou-se calmo e atencioso, me escutou e explicou como seria o procedimento. Então, entreguei o grande amor da minha vida nas mãos daqueles médicos.

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Durante o procedimento caminhei de um lado para o outro, conversando com a minha irmã pelo telefone, tentando me distrair, mas sem conseguir deixar de pensar que metros dali a minha filha estava em uma mesa cirúrgica. O meu maior pesadelo estava acontecendo, eu não tinha poder, controle, nada. Restavam minhas orações e súplicas a Deus.

Dra Cecília Augusto e Dr Guilherme Castelluber no momento da alta da UTI. Foto: Cris Berger

Uma rodela de espiga de milho

De repente, o Dr Pedro desce as escadas e mostra o corpo estranho que causara tanto estrago: uma rodela de espiga de milho!  Em muitos cães nada teria acontecido, mas na Ella a rodela machucou o intestino. A decisão certa havia sido tomada. A cirurgia foi rápida porque o órgão não precisou ser aberto, o dr Pedro conseguiu conduzir (ordenar no termo médico) o corpo estranho até o anus. Havíamos vencido a primeira parte.

A Ella acordou bem e foi para o leito de número quatro da UTI. A equipe monitora os pacientes de perto, a cada meia hora os parâmetros são medidos. Temperatura, pressão, saturação e batimentos cardíacos são controlados. Na ponta da cama tem a ficha de cada animal com nome, idade, situação que o levou até ali, indicação dos pertences e se a refeição é própria. Há atendimento 24X7. As visitas podem acontecer mais uma vez por dia, no horário combinado com o veterinário.

Lembrei da internação da Juju e da UTI do meu pai no Hospital São Lucas da PUC, os dias que se confundem com a noite, as horas que podem ser rápidas ou longas demais.  A magnífica luta pela vida. 

Saímos da UTI às quatro horas da tarde do dia seguinte. A Ella teve uma ótima recuperação. Seguimos o tratamento em casa com retornos duas vezes por dia para monitoramento dos sinais vitais, limpeza dos pontos e administração do antibiótico. De manhã fazemos o ultrassom para acompanhar a inflamação do intestino, que deve diminuir com o passar dos dias.

Quando tirar o último ponto, saberei que terei vencido essa batalha. Mais uma! Fiquei 24 horas sem comer e dormir. Cancelei todas as reuniões, não me importei com gastos, cuidei da Ella com o meu melhor, pois ela é minha filha, amor e inspiração. Se isso não é ser mãe, não sei o que é. 

Às quatro da madrugada da última quinta-feira, a Ella (minha filha pet) acordou, levantou e deitou-se ao pé da cama. Achei estranho, ela dorme abraçada comigo até a hora de acordar. Muitas vezes, eu levanto e ela segue deitada. Nesse dia, agiu diferente e isso foi o suficiente para eu ficar atenta. Quem é mãe de pet sabe do que eu estou falando. 

Ella na UTI do Hospital Pet Care. Foto: Cris Berger

Vamos por eliminatória

O que fazemos para descobrir o problema já que cachorros não falam? Vamos por eliminatória. Como a Ella não faz suas necessidades dentro de casa, pensei que ela poderia estar com vontade de fazer xixi ou evacuar. Então, desci para a garagem porque eu não iria sair do prédio neste horário considerando a onda de assaltos no bairro. Balde com água em uma mão, panos e saquinho cata caca na outra, pegamos o elevador. Rapidamente, ela fez um xixi e parou por aí. 

Voltamos para o apartamento e nos deitamos. Ela ficou quieta uns minutinhos e levantou novamente. Então, veio o primeiro vômito dos cinco seguintes. Das quatro às oito horas da manhã, acompanhei a Ella entre caminhadas pela casa, tentativa de voltar a dormir e muita náusea. 

A investigação

Algo estava errado e o próximo passo era fazer exames para tentar descobrir a causa. Chegamos no Hospital Pet Care da unidade Ibirapuera, tiramos sangue e fomos para a sala de ultrassom. Enquanto o veterinário Fabio Calderon, que acompanha a Ella há anos, fazia o exame, eu comentava que havia dado um suplemento novo no dia anterior e deveria ser esse o problema. 

Quando ele chegou no intestino, disse: tem uma sombra aqui e parece um corpo estranho. Gelei, não podia ser verdade. Nada havia sumido... a não ser uma roupa íntima, 15 dias atrás. Decidimos que iríamos repetir o ultrassom no começo da tarde, afinal, apesar da mancha misteriosa, não havia nenhum sinal de obstrução ou inflamação. Fui para casa chateada, me deitei com a Ella na cama, pedi a Deus que cuidasse de nós e que o corpo estranho saísse nas fezes. 

O ultrassom das 13 horas estava idêntico ao da manhã. A sombra seguia no meio do intestino e tampouco havia inflamação. Quando chegamos em casa, fui alimentá-la e não gostei de ela não querer comer, pois nunca nega comida. Às 20 horas voltamos para mais uma checagem e, dessa vez, o que eu temia aconteceu: havia uma obstrução parcial e o objeto estava longe do intestino grosso, ou seja, distante de ser evacuado. A indicação era abrir e retirar e isso envolvia anestesia geral, o que eu tanto temia. 

Dra Cecília Augusto e Ella durante a internação. Foto: Cris Berger

Torça pelo melhor, prepare-se para pior 

Depois do primeiro ultrassom, ciente da possibilidade de cirurgia, resolvi deixar tudo organizado. Agendei os exames de eletro e ecocardiograma, afinal, este é o procedimento padrão antes de qualquer intervenção. A equipe cirúrgica estava avisada e um leito na UTI reservado. Mesmo assim, quando chegou a hora de ir adiante, paralisei. Perder a Ella era algo insuportável. 

Junto do Dr Guilherme Castelluber e da Dra Cecília Augusto revisamos as imagens do ultrassom e do raio X e analisamos os prós e os contras diversas vezes. Era como se eu não pudesse tomar essa decisão sozinha, eu precisava dos profissionais que acompanharam a Ella ao longos dos 8 anos da sua vida. 

De repente, percebi que a Ella estava mais esperta, a levei para fazer xixi e teve até uma corridinha, ofereci comida e aceitou. Minhas dúvidas multiplicaram: será que o veterinário viu direito o ultrassom? Ela resistirá a anestesia? E se eu esperar o organismo expelir o corpo estranho? Passei a limpo cada informação e pedi a Deus que me mostrasse o que fazer. 

A decisão mais difícil 

O médico gastroenterologista da Ella, Ricardo Duarte, estava fora do Brasil e mesmo assim falou comigo pelo WhatsApp e aceitou fazer uma chamada. Na minha frente estavam o cirurgião Pedro Cassino e o veterinário André Geller Aliaga. A paciência que estes profissionais tiveram comigo foi fabulosa. Tentei resumir para o Ricardo o que estava acontecendo e disse: estou com medo. Ele respondeu: também. E acrescentou: "Cris, se deixarmos o problema avançar, o quadro pode complicar. Neste caso, aumentam as chances de perdermos a Ella. Vamos operar". Aquela era a janela certa.  E assim veio a minha decisão de ir adiante. 

Empatia que salva 

Eu tinha a "tropa de elite" para cuidar da minha filha e tive que ser corajosa. Logo chegou o anestesista Amadeu Neto que mostrou-se calmo e atencioso, me escutou e explicou como seria o procedimento. Então, entreguei o grande amor da minha vida nas mãos daqueles médicos.

Durante o procedimento caminhei de um lado para o outro, conversando com a minha irmã pelo telefone, tentando me distrair, mas sem conseguir deixar de pensar que metros dali a minha filha estava em uma mesa cirúrgica. O meu maior pesadelo estava acontecendo, eu não tinha poder, controle, nada. Restavam minhas orações e súplicas a Deus.

Dra Cecília Augusto e Dr Guilherme Castelluber no momento da alta da UTI. Foto: Cris Berger

Uma rodela de espiga de milho

De repente, o Dr Pedro desce as escadas e mostra o corpo estranho que causara tanto estrago: uma rodela de espiga de milho!  Em muitos cães nada teria acontecido, mas na Ella a rodela machucou o intestino. A decisão certa havia sido tomada. A cirurgia foi rápida porque o órgão não precisou ser aberto, o dr Pedro conseguiu conduzir (ordenar no termo médico) o corpo estranho até o anus. Havíamos vencido a primeira parte.

A Ella acordou bem e foi para o leito de número quatro da UTI. A equipe monitora os pacientes de perto, a cada meia hora os parâmetros são medidos. Temperatura, pressão, saturação e batimentos cardíacos são controlados. Na ponta da cama tem a ficha de cada animal com nome, idade, situação que o levou até ali, indicação dos pertences e se a refeição é própria. Há atendimento 24X7. As visitas podem acontecer mais uma vez por dia, no horário combinado com o veterinário.

Lembrei da internação da Juju e da UTI do meu pai no Hospital São Lucas da PUC, os dias que se confundem com a noite, as horas que podem ser rápidas ou longas demais.  A magnífica luta pela vida. 

Saímos da UTI às quatro horas da tarde do dia seguinte. A Ella teve uma ótima recuperação. Seguimos o tratamento em casa com retornos duas vezes por dia para monitoramento dos sinais vitais, limpeza dos pontos e administração do antibiótico. De manhã fazemos o ultrassom para acompanhar a inflamação do intestino, que deve diminuir com o passar dos dias.

Quando tirar o último ponto, saberei que terei vencido essa batalha. Mais uma! Fiquei 24 horas sem comer e dormir. Cancelei todas as reuniões, não me importei com gastos, cuidei da Ella com o meu melhor, pois ela é minha filha, amor e inspiração. Se isso não é ser mãe, não sei o que é. 

Às quatro da madrugada da última quinta-feira, a Ella (minha filha pet) acordou, levantou e deitou-se ao pé da cama. Achei estranho, ela dorme abraçada comigo até a hora de acordar. Muitas vezes, eu levanto e ela segue deitada. Nesse dia, agiu diferente e isso foi o suficiente para eu ficar atenta. Quem é mãe de pet sabe do que eu estou falando. 

Ella na UTI do Hospital Pet Care. Foto: Cris Berger

Vamos por eliminatória

O que fazemos para descobrir o problema já que cachorros não falam? Vamos por eliminatória. Como a Ella não faz suas necessidades dentro de casa, pensei que ela poderia estar com vontade de fazer xixi ou evacuar. Então, desci para a garagem porque eu não iria sair do prédio neste horário considerando a onda de assaltos no bairro. Balde com água em uma mão, panos e saquinho cata caca na outra, pegamos o elevador. Rapidamente, ela fez um xixi e parou por aí. 

Voltamos para o apartamento e nos deitamos. Ela ficou quieta uns minutinhos e levantou novamente. Então, veio o primeiro vômito dos cinco seguintes. Das quatro às oito horas da manhã, acompanhei a Ella entre caminhadas pela casa, tentativa de voltar a dormir e muita náusea. 

A investigação

Algo estava errado e o próximo passo era fazer exames para tentar descobrir a causa. Chegamos no Hospital Pet Care da unidade Ibirapuera, tiramos sangue e fomos para a sala de ultrassom. Enquanto o veterinário Fabio Calderon, que acompanha a Ella há anos, fazia o exame, eu comentava que havia dado um suplemento novo no dia anterior e deveria ser esse o problema. 

Quando ele chegou no intestino, disse: tem uma sombra aqui e parece um corpo estranho. Gelei, não podia ser verdade. Nada havia sumido... a não ser uma roupa íntima, 15 dias atrás. Decidimos que iríamos repetir o ultrassom no começo da tarde, afinal, apesar da mancha misteriosa, não havia nenhum sinal de obstrução ou inflamação. Fui para casa chateada, me deitei com a Ella na cama, pedi a Deus que cuidasse de nós e que o corpo estranho saísse nas fezes. 

O ultrassom das 13 horas estava idêntico ao da manhã. A sombra seguia no meio do intestino e tampouco havia inflamação. Quando chegamos em casa, fui alimentá-la e não gostei de ela não querer comer, pois nunca nega comida. Às 20 horas voltamos para mais uma checagem e, dessa vez, o que eu temia aconteceu: havia uma obstrução parcial e o objeto estava longe do intestino grosso, ou seja, distante de ser evacuado. A indicação era abrir e retirar e isso envolvia anestesia geral, o que eu tanto temia. 

Dra Cecília Augusto e Ella durante a internação. Foto: Cris Berger

Torça pelo melhor, prepare-se para pior 

Depois do primeiro ultrassom, ciente da possibilidade de cirurgia, resolvi deixar tudo organizado. Agendei os exames de eletro e ecocardiograma, afinal, este é o procedimento padrão antes de qualquer intervenção. A equipe cirúrgica estava avisada e um leito na UTI reservado. Mesmo assim, quando chegou a hora de ir adiante, paralisei. Perder a Ella era algo insuportável. 

Junto do Dr Guilherme Castelluber e da Dra Cecília Augusto revisamos as imagens do ultrassom e do raio X e analisamos os prós e os contras diversas vezes. Era como se eu não pudesse tomar essa decisão sozinha, eu precisava dos profissionais que acompanharam a Ella ao longos dos 8 anos da sua vida. 

De repente, percebi que a Ella estava mais esperta, a levei para fazer xixi e teve até uma corridinha, ofereci comida e aceitou. Minhas dúvidas multiplicaram: será que o veterinário viu direito o ultrassom? Ela resistirá a anestesia? E se eu esperar o organismo expelir o corpo estranho? Passei a limpo cada informação e pedi a Deus que me mostrasse o que fazer. 

A decisão mais difícil 

O médico gastroenterologista da Ella, Ricardo Duarte, estava fora do Brasil e mesmo assim falou comigo pelo WhatsApp e aceitou fazer uma chamada. Na minha frente estavam o cirurgião Pedro Cassino e o veterinário André Geller Aliaga. A paciência que estes profissionais tiveram comigo foi fabulosa. Tentei resumir para o Ricardo o que estava acontecendo e disse: estou com medo. Ele respondeu: também. E acrescentou: "Cris, se deixarmos o problema avançar, o quadro pode complicar. Neste caso, aumentam as chances de perdermos a Ella. Vamos operar". Aquela era a janela certa.  E assim veio a minha decisão de ir adiante. 

Empatia que salva 

Eu tinha a "tropa de elite" para cuidar da minha filha e tive que ser corajosa. Logo chegou o anestesista Amadeu Neto que mostrou-se calmo e atencioso, me escutou e explicou como seria o procedimento. Então, entreguei o grande amor da minha vida nas mãos daqueles médicos.

Durante o procedimento caminhei de um lado para o outro, conversando com a minha irmã pelo telefone, tentando me distrair, mas sem conseguir deixar de pensar que metros dali a minha filha estava em uma mesa cirúrgica. O meu maior pesadelo estava acontecendo, eu não tinha poder, controle, nada. Restavam minhas orações e súplicas a Deus.

Dra Cecília Augusto e Dr Guilherme Castelluber no momento da alta da UTI. Foto: Cris Berger

Uma rodela de espiga de milho

De repente, o Dr Pedro desce as escadas e mostra o corpo estranho que causara tanto estrago: uma rodela de espiga de milho!  Em muitos cães nada teria acontecido, mas na Ella a rodela machucou o intestino. A decisão certa havia sido tomada. A cirurgia foi rápida porque o órgão não precisou ser aberto, o dr Pedro conseguiu conduzir (ordenar no termo médico) o corpo estranho até o anus. Havíamos vencido a primeira parte.

A Ella acordou bem e foi para o leito de número quatro da UTI. A equipe monitora os pacientes de perto, a cada meia hora os parâmetros são medidos. Temperatura, pressão, saturação e batimentos cardíacos são controlados. Na ponta da cama tem a ficha de cada animal com nome, idade, situação que o levou até ali, indicação dos pertences e se a refeição é própria. Há atendimento 24X7. As visitas podem acontecer mais uma vez por dia, no horário combinado com o veterinário.

Lembrei da internação da Juju e da UTI do meu pai no Hospital São Lucas da PUC, os dias que se confundem com a noite, as horas que podem ser rápidas ou longas demais.  A magnífica luta pela vida. 

Saímos da UTI às quatro horas da tarde do dia seguinte. A Ella teve uma ótima recuperação. Seguimos o tratamento em casa com retornos duas vezes por dia para monitoramento dos sinais vitais, limpeza dos pontos e administração do antibiótico. De manhã fazemos o ultrassom para acompanhar a inflamação do intestino, que deve diminuir com o passar dos dias.

Quando tirar o último ponto, saberei que terei vencido essa batalha. Mais uma! Fiquei 24 horas sem comer e dormir. Cancelei todas as reuniões, não me importei com gastos, cuidei da Ella com o meu melhor, pois ela é minha filha, amor e inspiração. Se isso não é ser mãe, não sei o que é. 

Opinião por Cris Berger

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