Transtornos mentais e suas diferenças entre homens e mulheres

Opinião|Prevenção e Tratamento de Câncer tem que envolver a Saúde Mental


Por Dr. Joel Rennó
 

O diagnóstico de câncer tem um impacto significativo na trajetória do indivíduo. Medos, incertezas e desconfortos físicos causados pela doença e seu tratamento passam a ocupar lugar central na vida do indivíduo. Nos meses de outubro e novembro temos as Campanhas do Outubro Rosa e do Novembro Azul de grande importância na prevenção e diagnóstico precoce que aumenta a sobrevida em mais de 90%,

O sofrimento abrange diversas dimensões e usamos o termo em inglês "distress" que é definido como uma experiência multifatorial desagradável e angustiante, de natureza psicológica (cognitiva, comportamental e emocional), social, espiritual e/ou física que pode interferir na habilidade de lidar efetivamente com o câncer, seus sintomas físicos e tratamentos.

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O sofrimento pode ir desde a percepção da própria vulnerabilidade, tristeza, fantasias e medo ante o desconhecido, sendo considerado uma resposta natural da pessoa que vivencia a doença e seu tratamento, até reações mais intensas levando a um distúrbio psiquiátrico diagnosticável. Em cerca de 1/3 dos pacientes com "distress" significativo ocorre a evolução para depressão, ansiedade, transtorno de ajustamento e transtorno do estresse pós traumático.

Ainda, por questões de preconceito e estigma, temos uma baixa procura por suporte psíquico dos pacientes oncológicos. Os principais fatores incluem: 1) baixo interesse dos próprios pacientes em discutir questões emocionais já que privilegiam os sintomas físicos; 2) conhecimento insuficiente do tipo de apoio que pode receber; 3) medo de ser estigmatizado; 4) paciente aguarda que o oncologista aborde o assunto.

Alguns oncologistas relutam em discutir aspectos emocionais por entenderem sintomas somáticos depressivos como secundários ao câncer. Em algumas situações, os sintomas depressivos e ansiosos são até considerados reações normais e isso impede o diagnóstico e tratamento corretos aumentando diversos riscos envolvidos.

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Segundo um estudo com 21 mil pacientes, a taxa de depressão pode variar entre 2% a 56% dos pacientes, enquanto 44% dos pacientes sofrem de algum grau de ansiedade e 23% têm sofrimento significativo. As maiores prevalências de depressão ocorrem em pacientes com câncer de pulmão (13%), câncer ginecológico (10,9%) e câncer de mama (9,3%). Mulheres mais pobres, jovens e isoladas são as mais afetadas. A depressão ocorre mais no primeiro ano após o diagnóstico.

Em um estudo com 4,7 milhões de pacientes com câncer, 2491 pacientes cometeram o suicídio e o risco de suicídio foi 2,7 vezes maior nos primeiros 6 meses após o diagnóstico.

Infelizmente, dentro desse contexto, observamos mulheres que enfrentam essa luta seja contra o câncer ou contra a depressão sem o apoio de seu companheiro. Recentemente, tivemos na imprensa o caso da cantora Preta Gil que precisou lidar com o abandono do marido nessa fase super difícil. E isso está longe de ser uma exceção: segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, 70% das mulheres diagnosticadas com câncer lidam com o abandono do parceiro durante o tratamento. Isso deixa claro que há falta de reciprocidade aos cuidados que as mulheres cuidadoras dispensam aos seus maridos quando eles adoecem, demonstrando a faceta de uma sociedade machista ou mesmo da fragilidade e confiabilidade do relacionamento que se supunha ser sólido.

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O fato de que a rede de apoio é fundamental torna-se irrefutável para o enfrentamento de todos os desafios após o diagnóstico e também durante o tratamento. A rede de apoio ajuda a mulher a enfrentar os inúmeros desafios físicos e mentais da doença, ajudando-as no aumento da resiliência. Pensemos nisso!

Referência de leitura para profissionais de saúde:

 

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  1. Tratado de Saúde Mental da Mulher, Editor: Joel Rennó Jr, Editora Manole, 2024 

 2. Seção 5- Interconsulta Psiquiátrica- Capítulo 14: Interconsulta em Oncologia

  Livro: Clínica Psiquiátrica, Volume 2, As Grandes Síndromes Psiquiátricas

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  Autora: Simone Maria de Santa Rita Soares

 Editores: Eurípedes Constantino Miguel, Beny Lafer, Helio Elkis e Orestes Vicente Forlenza

Editora MANOLE

 

O diagnóstico de câncer tem um impacto significativo na trajetória do indivíduo. Medos, incertezas e desconfortos físicos causados pela doença e seu tratamento passam a ocupar lugar central na vida do indivíduo. Nos meses de outubro e novembro temos as Campanhas do Outubro Rosa e do Novembro Azul de grande importância na prevenção e diagnóstico precoce que aumenta a sobrevida em mais de 90%,

O sofrimento abrange diversas dimensões e usamos o termo em inglês "distress" que é definido como uma experiência multifatorial desagradável e angustiante, de natureza psicológica (cognitiva, comportamental e emocional), social, espiritual e/ou física que pode interferir na habilidade de lidar efetivamente com o câncer, seus sintomas físicos e tratamentos.

O sofrimento pode ir desde a percepção da própria vulnerabilidade, tristeza, fantasias e medo ante o desconhecido, sendo considerado uma resposta natural da pessoa que vivencia a doença e seu tratamento, até reações mais intensas levando a um distúrbio psiquiátrico diagnosticável. Em cerca de 1/3 dos pacientes com "distress" significativo ocorre a evolução para depressão, ansiedade, transtorno de ajustamento e transtorno do estresse pós traumático.

Ainda, por questões de preconceito e estigma, temos uma baixa procura por suporte psíquico dos pacientes oncológicos. Os principais fatores incluem: 1) baixo interesse dos próprios pacientes em discutir questões emocionais já que privilegiam os sintomas físicos; 2) conhecimento insuficiente do tipo de apoio que pode receber; 3) medo de ser estigmatizado; 4) paciente aguarda que o oncologista aborde o assunto.

Alguns oncologistas relutam em discutir aspectos emocionais por entenderem sintomas somáticos depressivos como secundários ao câncer. Em algumas situações, os sintomas depressivos e ansiosos são até considerados reações normais e isso impede o diagnóstico e tratamento corretos aumentando diversos riscos envolvidos.

Segundo um estudo com 21 mil pacientes, a taxa de depressão pode variar entre 2% a 56% dos pacientes, enquanto 44% dos pacientes sofrem de algum grau de ansiedade e 23% têm sofrimento significativo. As maiores prevalências de depressão ocorrem em pacientes com câncer de pulmão (13%), câncer ginecológico (10,9%) e câncer de mama (9,3%). Mulheres mais pobres, jovens e isoladas são as mais afetadas. A depressão ocorre mais no primeiro ano após o diagnóstico.

Em um estudo com 4,7 milhões de pacientes com câncer, 2491 pacientes cometeram o suicídio e o risco de suicídio foi 2,7 vezes maior nos primeiros 6 meses após o diagnóstico.

Infelizmente, dentro desse contexto, observamos mulheres que enfrentam essa luta seja contra o câncer ou contra a depressão sem o apoio de seu companheiro. Recentemente, tivemos na imprensa o caso da cantora Preta Gil que precisou lidar com o abandono do marido nessa fase super difícil. E isso está longe de ser uma exceção: segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, 70% das mulheres diagnosticadas com câncer lidam com o abandono do parceiro durante o tratamento. Isso deixa claro que há falta de reciprocidade aos cuidados que as mulheres cuidadoras dispensam aos seus maridos quando eles adoecem, demonstrando a faceta de uma sociedade machista ou mesmo da fragilidade e confiabilidade do relacionamento que se supunha ser sólido.

O fato de que a rede de apoio é fundamental torna-se irrefutável para o enfrentamento de todos os desafios após o diagnóstico e também durante o tratamento. A rede de apoio ajuda a mulher a enfrentar os inúmeros desafios físicos e mentais da doença, ajudando-as no aumento da resiliência. Pensemos nisso!

Referência de leitura para profissionais de saúde:

 

  1. Tratado de Saúde Mental da Mulher, Editor: Joel Rennó Jr, Editora Manole, 2024 

 2. Seção 5- Interconsulta Psiquiátrica- Capítulo 14: Interconsulta em Oncologia

  Livro: Clínica Psiquiátrica, Volume 2, As Grandes Síndromes Psiquiátricas

  Autora: Simone Maria de Santa Rita Soares

 Editores: Eurípedes Constantino Miguel, Beny Lafer, Helio Elkis e Orestes Vicente Forlenza

Editora MANOLE

 

O diagnóstico de câncer tem um impacto significativo na trajetória do indivíduo. Medos, incertezas e desconfortos físicos causados pela doença e seu tratamento passam a ocupar lugar central na vida do indivíduo. Nos meses de outubro e novembro temos as Campanhas do Outubro Rosa e do Novembro Azul de grande importância na prevenção e diagnóstico precoce que aumenta a sobrevida em mais de 90%,

O sofrimento abrange diversas dimensões e usamos o termo em inglês "distress" que é definido como uma experiência multifatorial desagradável e angustiante, de natureza psicológica (cognitiva, comportamental e emocional), social, espiritual e/ou física que pode interferir na habilidade de lidar efetivamente com o câncer, seus sintomas físicos e tratamentos.

O sofrimento pode ir desde a percepção da própria vulnerabilidade, tristeza, fantasias e medo ante o desconhecido, sendo considerado uma resposta natural da pessoa que vivencia a doença e seu tratamento, até reações mais intensas levando a um distúrbio psiquiátrico diagnosticável. Em cerca de 1/3 dos pacientes com "distress" significativo ocorre a evolução para depressão, ansiedade, transtorno de ajustamento e transtorno do estresse pós traumático.

Ainda, por questões de preconceito e estigma, temos uma baixa procura por suporte psíquico dos pacientes oncológicos. Os principais fatores incluem: 1) baixo interesse dos próprios pacientes em discutir questões emocionais já que privilegiam os sintomas físicos; 2) conhecimento insuficiente do tipo de apoio que pode receber; 3) medo de ser estigmatizado; 4) paciente aguarda que o oncologista aborde o assunto.

Alguns oncologistas relutam em discutir aspectos emocionais por entenderem sintomas somáticos depressivos como secundários ao câncer. Em algumas situações, os sintomas depressivos e ansiosos são até considerados reações normais e isso impede o diagnóstico e tratamento corretos aumentando diversos riscos envolvidos.

Segundo um estudo com 21 mil pacientes, a taxa de depressão pode variar entre 2% a 56% dos pacientes, enquanto 44% dos pacientes sofrem de algum grau de ansiedade e 23% têm sofrimento significativo. As maiores prevalências de depressão ocorrem em pacientes com câncer de pulmão (13%), câncer ginecológico (10,9%) e câncer de mama (9,3%). Mulheres mais pobres, jovens e isoladas são as mais afetadas. A depressão ocorre mais no primeiro ano após o diagnóstico.

Em um estudo com 4,7 milhões de pacientes com câncer, 2491 pacientes cometeram o suicídio e o risco de suicídio foi 2,7 vezes maior nos primeiros 6 meses após o diagnóstico.

Infelizmente, dentro desse contexto, observamos mulheres que enfrentam essa luta seja contra o câncer ou contra a depressão sem o apoio de seu companheiro. Recentemente, tivemos na imprensa o caso da cantora Preta Gil que precisou lidar com o abandono do marido nessa fase super difícil. E isso está longe de ser uma exceção: segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, 70% das mulheres diagnosticadas com câncer lidam com o abandono do parceiro durante o tratamento. Isso deixa claro que há falta de reciprocidade aos cuidados que as mulheres cuidadoras dispensam aos seus maridos quando eles adoecem, demonstrando a faceta de uma sociedade machista ou mesmo da fragilidade e confiabilidade do relacionamento que se supunha ser sólido.

O fato de que a rede de apoio é fundamental torna-se irrefutável para o enfrentamento de todos os desafios após o diagnóstico e também durante o tratamento. A rede de apoio ajuda a mulher a enfrentar os inúmeros desafios físicos e mentais da doença, ajudando-as no aumento da resiliência. Pensemos nisso!

Referência de leitura para profissionais de saúde:

 

  1. Tratado de Saúde Mental da Mulher, Editor: Joel Rennó Jr, Editora Manole, 2024 

 2. Seção 5- Interconsulta Psiquiátrica- Capítulo 14: Interconsulta em Oncologia

  Livro: Clínica Psiquiátrica, Volume 2, As Grandes Síndromes Psiquiátricas

  Autora: Simone Maria de Santa Rita Soares

 Editores: Eurípedes Constantino Miguel, Beny Lafer, Helio Elkis e Orestes Vicente Forlenza

Editora MANOLE

Opinião por Dr. Joel Rennó

Professor Colaborador da FMUSP. Diretor do Programa Saúde Mental da Mulher do IPq-HCFMUSP. Coordenador da Comissão de Saúde Mental da Mulher da ABP. Instagram @profdrjoelrennojr

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