Livros de Chico e Hatoum são exemplos de simbiose literária


Na Flip, autores veem semelhanças entre suas obras recentes, ?Leite Derramado? e ?Órfãos de Eldorado?

Por Antonio Gonçalves Filho

O debate entre Chico Buarque e Milton Hatoum na 7ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) foi um encontro, no sentido mais amplo. Nele, ambos reconheceram semelhanças em seus livros. Num caso de simbiose, Órfãos de Eldorado, de Hatoum, e Leite Derramado, de Buarque, eram pensados ao mesmo tempo com objetivo parecido: usar a memória centenária de um narrador para traçar um panorama histórico do País. O livro de Hatoum foi publicado antes e Chico revelou que, ao ler a história de Estiliano, personagem do amazonense, sua reação foi: "Diabos, esse cara copiou meu livro." Depois se deu conta de que Leite Derramado nem tinha título e ainda estava sendo escrito. Hatoum teve reação semelhante quando saiu o livro de Buarque: "Mas essa é a história que eu contei para o Chico." Não se trata de plágio. Os dois contaram histórias um para o outro em ocasiões anteriores, esqueceram-se, voltaram a lembrar e adaptaram os episódios mais interessantes. No caso de Hatoum, a recomendação da editora escocesa que lhe encomendara a novela tinha sido clara: queria que fosse baseada num mito amazônico. Buarque não tinha compromisso com a editora brasileira de ambos, a Companhia das Letras. Passou um ano e meio pesquisando e lembrando histórias contadas pelo pai, o historiador Sérgio Buarque de Holanda. Como Hatoum, buscou a concisão e revelou que poderia ter escrito uma novela de 20 páginas, não fosse seu narrador um centenário com memória falha. Na velhice, como diz o narrador de Chico, "a gente dá para repetir casos antigos" e, não fosse tão má sua memória, ele não precisaria de 150 páginas para contar como mudou a história do Brasil neste último século para que tudo permanecesse exatamente igual, do preconceito racial à corrupção. Chico brincou com Hatoum, lembrando que esse narrador lhe azucrinou a vida durante um ano e meio, tirando seu sono e deixando ao escritor como herança uma perna quebrada. Assustado como a ficção tomava conta da vida real, o cantor e compositor deve ter encurtado a novela para se livrar do velho narrador azarento. "Guimarães Rosa também engavetou um livro sobre um velho habitante de um casarão", lembrou Chico, citando A Fazedora de Velas, que o autor de Grande Sertão: Veredas conservou durante anos no fundo de uma gaveta. "Rosa ficou com a mesma doença do seu velho e depois reconheceu o casarão que ele imaginou numa viagem a Minas." Chico, admite, encurtou o livro por precaução ou por acreditar na observação de Octavio Paz evocada por Hatoum, de que o romancista é o biógrafo de espectros. Mais de 800 pessoas disputaram lugar na Tenda dos Autores para ouvir os dois.

O debate entre Chico Buarque e Milton Hatoum na 7ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) foi um encontro, no sentido mais amplo. Nele, ambos reconheceram semelhanças em seus livros. Num caso de simbiose, Órfãos de Eldorado, de Hatoum, e Leite Derramado, de Buarque, eram pensados ao mesmo tempo com objetivo parecido: usar a memória centenária de um narrador para traçar um panorama histórico do País. O livro de Hatoum foi publicado antes e Chico revelou que, ao ler a história de Estiliano, personagem do amazonense, sua reação foi: "Diabos, esse cara copiou meu livro." Depois se deu conta de que Leite Derramado nem tinha título e ainda estava sendo escrito. Hatoum teve reação semelhante quando saiu o livro de Buarque: "Mas essa é a história que eu contei para o Chico." Não se trata de plágio. Os dois contaram histórias um para o outro em ocasiões anteriores, esqueceram-se, voltaram a lembrar e adaptaram os episódios mais interessantes. No caso de Hatoum, a recomendação da editora escocesa que lhe encomendara a novela tinha sido clara: queria que fosse baseada num mito amazônico. Buarque não tinha compromisso com a editora brasileira de ambos, a Companhia das Letras. Passou um ano e meio pesquisando e lembrando histórias contadas pelo pai, o historiador Sérgio Buarque de Holanda. Como Hatoum, buscou a concisão e revelou que poderia ter escrito uma novela de 20 páginas, não fosse seu narrador um centenário com memória falha. Na velhice, como diz o narrador de Chico, "a gente dá para repetir casos antigos" e, não fosse tão má sua memória, ele não precisaria de 150 páginas para contar como mudou a história do Brasil neste último século para que tudo permanecesse exatamente igual, do preconceito racial à corrupção. Chico brincou com Hatoum, lembrando que esse narrador lhe azucrinou a vida durante um ano e meio, tirando seu sono e deixando ao escritor como herança uma perna quebrada. Assustado como a ficção tomava conta da vida real, o cantor e compositor deve ter encurtado a novela para se livrar do velho narrador azarento. "Guimarães Rosa também engavetou um livro sobre um velho habitante de um casarão", lembrou Chico, citando A Fazedora de Velas, que o autor de Grande Sertão: Veredas conservou durante anos no fundo de uma gaveta. "Rosa ficou com a mesma doença do seu velho e depois reconheceu o casarão que ele imaginou numa viagem a Minas." Chico, admite, encurtou o livro por precaução ou por acreditar na observação de Octavio Paz evocada por Hatoum, de que o romancista é o biógrafo de espectros. Mais de 800 pessoas disputaram lugar na Tenda dos Autores para ouvir os dois.

O debate entre Chico Buarque e Milton Hatoum na 7ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) foi um encontro, no sentido mais amplo. Nele, ambos reconheceram semelhanças em seus livros. Num caso de simbiose, Órfãos de Eldorado, de Hatoum, e Leite Derramado, de Buarque, eram pensados ao mesmo tempo com objetivo parecido: usar a memória centenária de um narrador para traçar um panorama histórico do País. O livro de Hatoum foi publicado antes e Chico revelou que, ao ler a história de Estiliano, personagem do amazonense, sua reação foi: "Diabos, esse cara copiou meu livro." Depois se deu conta de que Leite Derramado nem tinha título e ainda estava sendo escrito. Hatoum teve reação semelhante quando saiu o livro de Buarque: "Mas essa é a história que eu contei para o Chico." Não se trata de plágio. Os dois contaram histórias um para o outro em ocasiões anteriores, esqueceram-se, voltaram a lembrar e adaptaram os episódios mais interessantes. No caso de Hatoum, a recomendação da editora escocesa que lhe encomendara a novela tinha sido clara: queria que fosse baseada num mito amazônico. Buarque não tinha compromisso com a editora brasileira de ambos, a Companhia das Letras. Passou um ano e meio pesquisando e lembrando histórias contadas pelo pai, o historiador Sérgio Buarque de Holanda. Como Hatoum, buscou a concisão e revelou que poderia ter escrito uma novela de 20 páginas, não fosse seu narrador um centenário com memória falha. Na velhice, como diz o narrador de Chico, "a gente dá para repetir casos antigos" e, não fosse tão má sua memória, ele não precisaria de 150 páginas para contar como mudou a história do Brasil neste último século para que tudo permanecesse exatamente igual, do preconceito racial à corrupção. Chico brincou com Hatoum, lembrando que esse narrador lhe azucrinou a vida durante um ano e meio, tirando seu sono e deixando ao escritor como herança uma perna quebrada. Assustado como a ficção tomava conta da vida real, o cantor e compositor deve ter encurtado a novela para se livrar do velho narrador azarento. "Guimarães Rosa também engavetou um livro sobre um velho habitante de um casarão", lembrou Chico, citando A Fazedora de Velas, que o autor de Grande Sertão: Veredas conservou durante anos no fundo de uma gaveta. "Rosa ficou com a mesma doença do seu velho e depois reconheceu o casarão que ele imaginou numa viagem a Minas." Chico, admite, encurtou o livro por precaução ou por acreditar na observação de Octavio Paz evocada por Hatoum, de que o romancista é o biógrafo de espectros. Mais de 800 pessoas disputaram lugar na Tenda dos Autores para ouvir os dois.

O debate entre Chico Buarque e Milton Hatoum na 7ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) foi um encontro, no sentido mais amplo. Nele, ambos reconheceram semelhanças em seus livros. Num caso de simbiose, Órfãos de Eldorado, de Hatoum, e Leite Derramado, de Buarque, eram pensados ao mesmo tempo com objetivo parecido: usar a memória centenária de um narrador para traçar um panorama histórico do País. O livro de Hatoum foi publicado antes e Chico revelou que, ao ler a história de Estiliano, personagem do amazonense, sua reação foi: "Diabos, esse cara copiou meu livro." Depois se deu conta de que Leite Derramado nem tinha título e ainda estava sendo escrito. Hatoum teve reação semelhante quando saiu o livro de Buarque: "Mas essa é a história que eu contei para o Chico." Não se trata de plágio. Os dois contaram histórias um para o outro em ocasiões anteriores, esqueceram-se, voltaram a lembrar e adaptaram os episódios mais interessantes. No caso de Hatoum, a recomendação da editora escocesa que lhe encomendara a novela tinha sido clara: queria que fosse baseada num mito amazônico. Buarque não tinha compromisso com a editora brasileira de ambos, a Companhia das Letras. Passou um ano e meio pesquisando e lembrando histórias contadas pelo pai, o historiador Sérgio Buarque de Holanda. Como Hatoum, buscou a concisão e revelou que poderia ter escrito uma novela de 20 páginas, não fosse seu narrador um centenário com memória falha. Na velhice, como diz o narrador de Chico, "a gente dá para repetir casos antigos" e, não fosse tão má sua memória, ele não precisaria de 150 páginas para contar como mudou a história do Brasil neste último século para que tudo permanecesse exatamente igual, do preconceito racial à corrupção. Chico brincou com Hatoum, lembrando que esse narrador lhe azucrinou a vida durante um ano e meio, tirando seu sono e deixando ao escritor como herança uma perna quebrada. Assustado como a ficção tomava conta da vida real, o cantor e compositor deve ter encurtado a novela para se livrar do velho narrador azarento. "Guimarães Rosa também engavetou um livro sobre um velho habitante de um casarão", lembrou Chico, citando A Fazedora de Velas, que o autor de Grande Sertão: Veredas conservou durante anos no fundo de uma gaveta. "Rosa ficou com a mesma doença do seu velho e depois reconheceu o casarão que ele imaginou numa viagem a Minas." Chico, admite, encurtou o livro por precaução ou por acreditar na observação de Octavio Paz evocada por Hatoum, de que o romancista é o biógrafo de espectros. Mais de 800 pessoas disputaram lugar na Tenda dos Autores para ouvir os dois.

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