por Luciana Kotaka
Após alguns anos de casamento enfrentar a separação pode ser uma experiência interessante para nosso amadurecimento, sendo este um processo traumático ou não, sempre temos muito a aprender sobre nós mesmos e o outro.
O casamento nos coloca muitas vezes em uma posição de conforto, nos dá a impressão de que estamos seguros, afinal quando escolhemos um companheiro para dividir a vida temos a intenção de compartilhar nossa vida de forma geral. Mas de repente podemos nos deparar com a mais completa solidão.
A famosa frase "solidão a dois" é uma situação muito comum, pois estar morando com uma pessoa não quer dizer que necessariamente temos apoio e companheirismo, muito pelo contrário, podemos nos deparar em algum momento da vida com uma sensação de solidão imensa, aí a insatisfação toma conta e sentimos a necessidade de mudar.
Nesse momento onde a dor toma conta é quando começamos a pensar na separação, como forma de resgatar uma parte de nós que está imerso na dor.
Separar-se amando ou não o companheiro também não é a mais fácil das tarefas, pois a dor estará presente, o luto por todos os sonhos, toda alegria vivida, os filhos, tudo o que se construiu juntos e que está no divórcio vemos desmoronar.
A ansiedade desse momento aliado à impulsividade de algumas pessoas pode levar a erros comuns, como se envolver rapidamente com outra pessoa no intuito de sublimar a dor do luto.
Não posso afirmar que encontrar alguém logo após separar-se não será bacana, mas me pergunto por que não dá para dar conta da dor e estar sozinho? Esse momento é de extrema importância, pois abre a possibilidade de olhar para si mesmo e verificar quais os erros cometidos, o que precisa modificar e resgatar dentro de si mesmo antes de se envolver com alguém.
Porém muitas pessoas saem em uma busca angustiada por outro parceiro, como se estar com alguém fosse preencher de forma assertiva as carências até aqui identificadas. Grande erro, pois o que achamos na grande maioria dos casos é alguém que vem preencher da mesma forma os quesitos que escolheu no relacionamento anterior.
Para quem saiu da casa dos pais para se casarem, o ficar só ganha uma possibilidade ainda maior de crescimento, de experimentar dar-se conta, do se responsabilizar por todas as situações que envolvem cuidar de uma casa, de si mesmo e dos filhos. Sentir a liberdade da tomada de decisões e por si só poder ressignificar acontecimentos que marcaram a vida.
Recuperar a autoestima, aprender a se cuidar é um passo importante antes de uma nova união, por isso não abafe essa chance de crescer e de se conhecer, pois ficar só é um poderoso processo em busca da felicidade.