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Opinião|Pandemia e isolamento podem reforçar obsessão e compulsão do TOC


Por Anelisa Lopes

Quem, durante a pandemia e isolamento social, não se pegou limpando a casa freneticamente ou arrumando os armários com mais frequência? A pandemia, definitivamente, mudou nosso hábitos no que diz respeito à higiene e organização, mas até que ponto estes novos costumes pode ser considerados corriqueiros e saudáveis na nossa rotina?

(ANELISA LOPES ESCREVE ÀS TERÇAS. CONHEÇA SEU PERFIL NO INSTAGRAM: @anelisalopes)

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TOC não possui cura, mas pode ser controlado (Domino/Pinterest) Foto: Estadão

O TOC é um transtorno de ansiedade, caracterizado por obsessões do temor, em forma de falas ou imagens mentais, e compulsões para diminuir e neutralizar os sintomas do medo ativado. Suas causas são desconhecidas, mas há pessoas com predisposição a desenvolver a enfermidade em seus mais variados subtipos, seja de forma isolada ou combinada: limpeza, organização, checagem, sexual, religioso, entre outros. 

A pandemia não é capaz de, isoladamente, dar início às obsessões e compulsões, mas pode ser o gatilho para os sintomas ou recaídas de quem está em tratamento ou remissão. O medo de ficar doente ou perder alguém reforça comportamentos compulsivos em razão do aumento da ansiedade, da incerteza e da sensação de não ter controle do que está por vir. 

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De acordo com Roseli Shavitt, psiquiatra e coordenadora do Programa de Transtornos Obsessivos-Compulsivos do HC/FMUSP, o sinal vermelho se dá quando o indivíduo gasta mais de uma hora por dia fazendo os rituais ou fica paralisado pelos pensamentos, se sentindo impedido de realizar atividades cotidianas ou sociais, chegando a um nível de sofrimento considerável. 

"Os sintomas de arrumação/organização e os de limpeza são independentes. No primeiro caso, existe um incômodo num cenário ou com um objeto desordenado, fazendo com que a pessoa passe muito tempo tentando alcançar uma perfeição no que diz respeito à simetria e ordem. Já aqueles com sintoma obsessivo de limpeza sempre estão com a sensação de que alguma coisa ou algum lugar está sujo", explica. 

Os pacientes que já tinham TOC podem sentir que seus medos estão sendo incentivados ou "validados" com os novos hábitos de higiene e organização da rotina em razão da pandemia, ou seja, as crenças estão sendo reforçadas e o nível de sofrimento fica maior. "O melhor caminho para as pessoas que já possuem ou que estão percebendo um prejuízo na qualidade de vida é buscar um profissional especializado, uma vez que o ciclo é de repetição. Ele quer sair, mas não consegue, como se estivesse em uma rotatória eterna", avalia a psicóloga Fabíola Luciano, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental pela USP. 

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Segundo Fabíola, é preciso fazer um monitoramento de como estão pensamentos e comportamentos. "Quando somos tomado pelas notícias da pandemia, a ansiedade aumenta. Então, é preciso filtrar o conteúdo e enfrentar em vez de ceder. Não dá para fazer de casa um quartel general, principalmente para aqueles que possuem filhos, mas observe o nível de rigidez e tente lidar de forma mais amena, criando estratégias e flexibilidade", indica. 

É importante ressaltar que não existe cura, mas, sim, controle do TOC. O tratamento é feito com medicamentos da família dos antidepressivos e com terapia cognitiva comportamental. A duração é longa, sendo que o primeiro ciclo leva pelo menos dois anos, entre atingir a melhora, consolidar e prevenir a recaída. "Se os sintomas voltarem, a segunda rodada tende  ser mais longa. Dependendo do número de crises, o tratamento segue em tempo indeterminado", explica Roseli. 

Quem, durante a pandemia e isolamento social, não se pegou limpando a casa freneticamente ou arrumando os armários com mais frequência? A pandemia, definitivamente, mudou nosso hábitos no que diz respeito à higiene e organização, mas até que ponto estes novos costumes pode ser considerados corriqueiros e saudáveis na nossa rotina?

(ANELISA LOPES ESCREVE ÀS TERÇAS. CONHEÇA SEU PERFIL NO INSTAGRAM: @anelisalopes)

TOC não possui cura, mas pode ser controlado (Domino/Pinterest) Foto: Estadão

O TOC é um transtorno de ansiedade, caracterizado por obsessões do temor, em forma de falas ou imagens mentais, e compulsões para diminuir e neutralizar os sintomas do medo ativado. Suas causas são desconhecidas, mas há pessoas com predisposição a desenvolver a enfermidade em seus mais variados subtipos, seja de forma isolada ou combinada: limpeza, organização, checagem, sexual, religioso, entre outros. 

A pandemia não é capaz de, isoladamente, dar início às obsessões e compulsões, mas pode ser o gatilho para os sintomas ou recaídas de quem está em tratamento ou remissão. O medo de ficar doente ou perder alguém reforça comportamentos compulsivos em razão do aumento da ansiedade, da incerteza e da sensação de não ter controle do que está por vir. 

De acordo com Roseli Shavitt, psiquiatra e coordenadora do Programa de Transtornos Obsessivos-Compulsivos do HC/FMUSP, o sinal vermelho se dá quando o indivíduo gasta mais de uma hora por dia fazendo os rituais ou fica paralisado pelos pensamentos, se sentindo impedido de realizar atividades cotidianas ou sociais, chegando a um nível de sofrimento considerável. 

"Os sintomas de arrumação/organização e os de limpeza são independentes. No primeiro caso, existe um incômodo num cenário ou com um objeto desordenado, fazendo com que a pessoa passe muito tempo tentando alcançar uma perfeição no que diz respeito à simetria e ordem. Já aqueles com sintoma obsessivo de limpeza sempre estão com a sensação de que alguma coisa ou algum lugar está sujo", explica. 

Os pacientes que já tinham TOC podem sentir que seus medos estão sendo incentivados ou "validados" com os novos hábitos de higiene e organização da rotina em razão da pandemia, ou seja, as crenças estão sendo reforçadas e o nível de sofrimento fica maior. "O melhor caminho para as pessoas que já possuem ou que estão percebendo um prejuízo na qualidade de vida é buscar um profissional especializado, uma vez que o ciclo é de repetição. Ele quer sair, mas não consegue, como se estivesse em uma rotatória eterna", avalia a psicóloga Fabíola Luciano, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental pela USP. 

Segundo Fabíola, é preciso fazer um monitoramento de como estão pensamentos e comportamentos. "Quando somos tomado pelas notícias da pandemia, a ansiedade aumenta. Então, é preciso filtrar o conteúdo e enfrentar em vez de ceder. Não dá para fazer de casa um quartel general, principalmente para aqueles que possuem filhos, mas observe o nível de rigidez e tente lidar de forma mais amena, criando estratégias e flexibilidade", indica. 

É importante ressaltar que não existe cura, mas, sim, controle do TOC. O tratamento é feito com medicamentos da família dos antidepressivos e com terapia cognitiva comportamental. A duração é longa, sendo que o primeiro ciclo leva pelo menos dois anos, entre atingir a melhora, consolidar e prevenir a recaída. "Se os sintomas voltarem, a segunda rodada tende  ser mais longa. Dependendo do número de crises, o tratamento segue em tempo indeterminado", explica Roseli. 

Quem, durante a pandemia e isolamento social, não se pegou limpando a casa freneticamente ou arrumando os armários com mais frequência? A pandemia, definitivamente, mudou nosso hábitos no que diz respeito à higiene e organização, mas até que ponto estes novos costumes pode ser considerados corriqueiros e saudáveis na nossa rotina?

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TOC não possui cura, mas pode ser controlado (Domino/Pinterest) Foto: Estadão

O TOC é um transtorno de ansiedade, caracterizado por obsessões do temor, em forma de falas ou imagens mentais, e compulsões para diminuir e neutralizar os sintomas do medo ativado. Suas causas são desconhecidas, mas há pessoas com predisposição a desenvolver a enfermidade em seus mais variados subtipos, seja de forma isolada ou combinada: limpeza, organização, checagem, sexual, religioso, entre outros. 

A pandemia não é capaz de, isoladamente, dar início às obsessões e compulsões, mas pode ser o gatilho para os sintomas ou recaídas de quem está em tratamento ou remissão. O medo de ficar doente ou perder alguém reforça comportamentos compulsivos em razão do aumento da ansiedade, da incerteza e da sensação de não ter controle do que está por vir. 

De acordo com Roseli Shavitt, psiquiatra e coordenadora do Programa de Transtornos Obsessivos-Compulsivos do HC/FMUSP, o sinal vermelho se dá quando o indivíduo gasta mais de uma hora por dia fazendo os rituais ou fica paralisado pelos pensamentos, se sentindo impedido de realizar atividades cotidianas ou sociais, chegando a um nível de sofrimento considerável. 

"Os sintomas de arrumação/organização e os de limpeza são independentes. No primeiro caso, existe um incômodo num cenário ou com um objeto desordenado, fazendo com que a pessoa passe muito tempo tentando alcançar uma perfeição no que diz respeito à simetria e ordem. Já aqueles com sintoma obsessivo de limpeza sempre estão com a sensação de que alguma coisa ou algum lugar está sujo", explica. 

Os pacientes que já tinham TOC podem sentir que seus medos estão sendo incentivados ou "validados" com os novos hábitos de higiene e organização da rotina em razão da pandemia, ou seja, as crenças estão sendo reforçadas e o nível de sofrimento fica maior. "O melhor caminho para as pessoas que já possuem ou que estão percebendo um prejuízo na qualidade de vida é buscar um profissional especializado, uma vez que o ciclo é de repetição. Ele quer sair, mas não consegue, como se estivesse em uma rotatória eterna", avalia a psicóloga Fabíola Luciano, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental pela USP. 

Segundo Fabíola, é preciso fazer um monitoramento de como estão pensamentos e comportamentos. "Quando somos tomado pelas notícias da pandemia, a ansiedade aumenta. Então, é preciso filtrar o conteúdo e enfrentar em vez de ceder. Não dá para fazer de casa um quartel general, principalmente para aqueles que possuem filhos, mas observe o nível de rigidez e tente lidar de forma mais amena, criando estratégias e flexibilidade", indica. 

É importante ressaltar que não existe cura, mas, sim, controle do TOC. O tratamento é feito com medicamentos da família dos antidepressivos e com terapia cognitiva comportamental. A duração é longa, sendo que o primeiro ciclo leva pelo menos dois anos, entre atingir a melhora, consolidar e prevenir a recaída. "Se os sintomas voltarem, a segunda rodada tende  ser mais longa. Dependendo do número de crises, o tratamento segue em tempo indeterminado", explica Roseli. 

Opinião por Anelisa Lopes

Anelisa Lopes (@anelisalopes) é mãe, designer e jornalista. Após atuar por quase duas décadas como jornalista no segmento automotivo, decidiu estudar design de interiores para converter sua paixão por decoração em uma nova carreira. Hoje, faz consultorias e projetos para transformar espaços e vidas.

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