‘Blokecore’: Por que influenciadoras agora usam camisas de time? E por que estilo gerou discussão?


Tendência abre espaço para que itens esportivos deixem de ser associados apenas ao público masculino, mas gera controvérsias com tradução. Veja, ainda, dicas de brechós para encontrar camisas de time ‘vintage’

Por Sabrina Legramandi
Atualização:

Camisas de time, saia e salto alto. A combinação pode até parecer excêntrica, mas é ela agora uma das tendências que dominam o guarda-roupa de influenciadoras. Chamado Blokecore, o conceito combina peças esportivas com itens tidos como “sofisticados” – a ideia é que o estilo não seja usado apenas em eventos como jogos de futebol, mas também em outras ocasiões.

Apenas no Instagram, já são mais de 74 mil publicações com a hashtag #blokecore. Uma das influenciadoras que mais ganhou repercussão recentemente com o estilo foi Malu Borges, que tem feito diversas postagens montando looks com a camisa do Vasco.

No último vídeo publicado por ela no TikTok em que usava uma camisa do time, Malu a combinou com uma saia longa de seda, salto e cachecol. A publicação soma mais de 70 milhões de visualizações.

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A influenciadora Nathália Silver, de 27 anos, também é uma das adeptas da tendência. Ela conta que insere itens esportivos em looks casuais desde 2016 – à época, a moda era usar regatas de basquete. Hoje, porém, prefere usar camisas “vintage” de times.

Nathália explica que o Blokecore não precisa, necessariamente, combinar as camisas com saias. Também é possível escolher itens como bermudas jeans, calças jeans com lavagens claras e tênis. “[Mas] a preferência é por peças que tiram um pouco a obviedade do look”, diz.

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Blokecore combina saias com camisas de time. Na foto, a influenciadora Nathália Silver. Foto: @nathsilver via Instagram

Beto Abreu, coordenador do curso de Design de Moda da Universidade Veiga de Almeida (UVA), explica que a tendência tem ligação direta com o futebol e o street style - a moda das ruas. Apesar disso, Marcio Banfi, stylist e professor no curso de Moda da Faculdade Santa Marcelina, esclarece que, fora do Brasil, o estilo não nasceu necessariamente ligado ao esporte.

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“A princípio, [a tendência envolve] qualquer camisa e qualquer roupa que lembre o universo do esporte”, diz Banfi. “Aqui no Brasil, [o Blokecore] ‘pegou’ muito mais pela nossa tradição com futebol e pela história do esporte.”

Para a consultora de estilo Greice Rincon, o Blokecore surgiu para desmistificar a ideia de que futebol não tem espaço na moda. “Além disso, estamos desafiando a percepção de que camisas de time são exclusivamente masculinas, promovendo a ideia de que essas peças podem ser incorporadas por qualquer pessoa”, diz.

Rincon afirma que, apesar de a tendência poder ser usada por “qualquer pessoa”, é preciso avaliar o estilo pessoal. “[O ideal é usar] de uma maneira que transmita sua própria essência, evitando simplesmente copiar e colar o ‘lookinho do Pinterest’”, diz.

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A mesma atenção, segundo ela, deve ser dada ao contexto em que a roupa será usada. “Acredito que, em ambientes mais descontraídos, as pessoas têm a liberdade de ousar e mostrar sua autenticidade através das roupas”, afirma.

Expectativa é que Blokecore ganhe força com Olimpíadas

Com a chegada dos Jogos Olímpicos de Paris em julho, a expectativa é que a tendência fique ainda mais forte, como aponta Beto Abreu e Marcio Banfi. Abreu diz que o “incentivador inicial” do gosto por camisas de time foi a Copa do Mundo realizada no Brasil em 2014.

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Ligado a isso, também surgiu o Brazilcore, que, segundo Banfi, deu força ao Blokecore. A tendência de usar camisas da Seleção Brasileira esteve em alta no verão passado no Hemisfério Norte (saiba mais sobre o Brazilcore aqui).

O stylist ainda aponta que o caminho para a popularização do estilo também veio com o enfraquecimento do significado político que a camisa verde e amarela havia recebido durante as eleições em 2018 - à época, o item passou a ser usado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. “A Madonna e a Pabllo Vittar usando isso [a camisa da Seleção] já muda bastante”, diz ele, citando a apresentação da rainha do pop em Copacabana.

Moda faz itens esportivos virarem parte do dia a dia

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O Blokecore ganhou maior projeção com as redes sociais. Abreu aponta que a Geração Z, principalmente através do TikTok, foi uma das grandes responsáveis pela popularização da tendência. Apesar disso, a moda sempre se apropriou de elementos esportivos em diversos momentos da história.

“Vale lembrar que o tênis All Star, por exemplo, foi criado no começo do século 20 e tem sua origem relacionada ao basquete”, exemplifica. “Mas, ao longo dos anos, entrou em nossa vestimenta do dia a dia, mostrando como elementos esportivos podem ser ressignificados.”

A influenciadora Nathália Silver é uma das adeptas do estilo Blokecore. Foto: @nathsilver via Instagram

Banfi afirma que o Blokecore não foi uma ideia que surgiu com a Geração Z. “Essa tendência vai e volta como qualquer outra tendência”, explica. Ele relembra que, a partir dos anos 1990, agasalhos esportivos passaram a ser utilizados com roupas do cotidiano.

Greice Rincon diz que o “auge” do estilo esteve diretamente ligado à cultura do hip hop. “Ele carrega uma vibe ‘streetwise’ [de um estilo que nasceu nas ruas], refletido em looks urbanos e autênticos”, comenta.

Por que o nome gerou discussões?

Apesar de o termo Blokecore já ser muito usado, especialmente por aqueles que gostam de acompanhar as tendências da moda, o nome do estilo gerou controvérsias nas redes sociais.

O termo leva “bloke”, uma gíria inglesa semelhante ao “bro” no inglês norte-americano ou ao “mano” no português, usada para se referir a um “homem comum”. O “core”, que vem em seguida, se refere às tendências que ganham força nas redes sociais.

Dentre as críticas, está uma suposta associação de itens esportivos ao vestuário apenas masculino. Para Greice Rincon, porém, isso não é um problema, já que o surgimento do estilo mostra exatamente o contrário: mulheres podem usar camisas de time quando quiserem.

Blokecore abre espaço para que camisas de time deixem de ser associadas apenas ao público masculino. Foto: @nathsilver via Instagram

“Enxergo essa tendência como uma oportunidade de desconstruir a ideia de que camisas de futebol são exclusivamente masculinas, oferecendo voz e espaço para qualquer pessoa expressar seu estilo, independentemente do gênero”, diz.

Beto Abreu afirma que, apesar de a tradução “nos levar a imaginar um recorte para um público masculino”, o nome deve ser entendido mais no sentido de “coletivo” e “irmandade”. Ele, assim como Rincon, acredita que o estilo esteja diretamente ligado à “moda agênero” (que não se limita a um gênero específico).

A moda sempre opera em um contexto social. Hoje em dia, as pessoas, independente do gênero, podem se apropriar do que em algum momento da história foi entendido como uma peça ou roupa exclusivamente para o público masculino ou feminino.”

Beto Abreu, coordenador do curso de Design de Moda da UVA

Outra problemáticaé o fato de as camisas de time sempre terem sido usadas nas periferias do Brasil, mas, quando chegam com tendências de moda do exterior, ganham um tom de “sofisticação”. A crítica é semelhante à do Brazilcore, um estilo que, na prática, também surgiu nas periferias.

Marcio Banfi diz que o nome pode ser problematizado se “bloke” for traduzido como “uma pessoa comum, ordinária”. “Tradicionalmente, as camisas de time são usadas por pessoas que vão nos jogos de futebol ou que não são socialmente privilegiadas. (...]) [O Blokecore] é você pegar isso e usar em uma nova situação. [O nome] é problemático a partir do momento em que se associa a alguma coisa ligada a uma separação social”, afirma.

Para a influenciadora Nathália Silver, há de se levar em conta que a tendência tem vários pontos em comum com estilos que surgiram nas periferias e nos bailes brasileiros. “Eu acho que a gente tem que valorizar a moda brasileira da mesma forma que a gente valoriza a moda internacional. (...) Não tem problema a gente abraçar a moda ‘gringa’ também, desde que a gente saiba valorizar as nossas raízes”, diz.

Dicas de brechós para quem quer aderir ao look Blokecore

Como o tom do look Blokecore são as camisas “vintage”, Nathália aponta que não há lugar melhor para se encontrar roupas no estilo do que em brechós. O “segredo”, segundo a influenciadora, é ir sem expectativas: “Vai muito da sorte. Eu gosto de ir com frequência, mas nunca vou atrás de um item específico”.

Pensar nas combinações de que se gosta e não se importar com “olhares” na rua também é essencial para compor uma combinação original. “Eu nunca fui uma pessoa que se importou com olhares e opiniões, porque eu acho que, quando abraçamos as coisas diferentes, sabemos que o diferente chama atenção e que os outros vão olhar. Mas, quando você está se sentindo confortável consigo mesmo, acho que isso não importa muito”, diz.

Vivendo no Rio de Janeiro, a influenciadora conta amar “garimpar” em lojas de São Paulo. Ela dá algumas indicações de brechós e bazares online e presenciais na cidade. Confira:

  • Enjoei (online)

Nathália esclarece que a plataforma online não é um brechó, mas sim um site de “second hand” - roupas de segunda mão. Ele, porém, “ajuda quem quer buscar alguma coisa específica”, segundo ela.

  • Sonho Brechó (R. Domingos de Morais, 2262, Vila Mariana)

A influenciadora chama a atenção para a curadoria do local, que, conforme ela, “tem um estilo mais dos anos 1990″. O brechó atende presencialmente em São Paulo e também online.

  • Bazar Klaatu (R. Cândido Vale, 235, Tatuapé)

Nathália conta que o bazar existe há muitos anos e possui um estoque de peças vendidas há anos. Por esse motivo, é possível até encontrar itens com etiqueta no local. O Klaatu também vende online.

  • Brechó Carpt (online)

A influenciadora também chama a atenção para a curadoria do brechó. Online, a loja possui uma “estética esportiva”, com camisas com gola polo.

Camisas de time, saia e salto alto. A combinação pode até parecer excêntrica, mas é ela agora uma das tendências que dominam o guarda-roupa de influenciadoras. Chamado Blokecore, o conceito combina peças esportivas com itens tidos como “sofisticados” – a ideia é que o estilo não seja usado apenas em eventos como jogos de futebol, mas também em outras ocasiões.

Apenas no Instagram, já são mais de 74 mil publicações com a hashtag #blokecore. Uma das influenciadoras que mais ganhou repercussão recentemente com o estilo foi Malu Borges, que tem feito diversas postagens montando looks com a camisa do Vasco.

No último vídeo publicado por ela no TikTok em que usava uma camisa do time, Malu a combinou com uma saia longa de seda, salto e cachecol. A publicação soma mais de 70 milhões de visualizações.

A influenciadora Nathália Silver, de 27 anos, também é uma das adeptas da tendência. Ela conta que insere itens esportivos em looks casuais desde 2016 – à época, a moda era usar regatas de basquete. Hoje, porém, prefere usar camisas “vintage” de times.

Nathália explica que o Blokecore não precisa, necessariamente, combinar as camisas com saias. Também é possível escolher itens como bermudas jeans, calças jeans com lavagens claras e tênis. “[Mas] a preferência é por peças que tiram um pouco a obviedade do look”, diz.

Blokecore combina saias com camisas de time. Na foto, a influenciadora Nathália Silver. Foto: @nathsilver via Instagram

Beto Abreu, coordenador do curso de Design de Moda da Universidade Veiga de Almeida (UVA), explica que a tendência tem ligação direta com o futebol e o street style - a moda das ruas. Apesar disso, Marcio Banfi, stylist e professor no curso de Moda da Faculdade Santa Marcelina, esclarece que, fora do Brasil, o estilo não nasceu necessariamente ligado ao esporte.

“A princípio, [a tendência envolve] qualquer camisa e qualquer roupa que lembre o universo do esporte”, diz Banfi. “Aqui no Brasil, [o Blokecore] ‘pegou’ muito mais pela nossa tradição com futebol e pela história do esporte.”

Para a consultora de estilo Greice Rincon, o Blokecore surgiu para desmistificar a ideia de que futebol não tem espaço na moda. “Além disso, estamos desafiando a percepção de que camisas de time são exclusivamente masculinas, promovendo a ideia de que essas peças podem ser incorporadas por qualquer pessoa”, diz.

Rincon afirma que, apesar de a tendência poder ser usada por “qualquer pessoa”, é preciso avaliar o estilo pessoal. “[O ideal é usar] de uma maneira que transmita sua própria essência, evitando simplesmente copiar e colar o ‘lookinho do Pinterest’”, diz.

A mesma atenção, segundo ela, deve ser dada ao contexto em que a roupa será usada. “Acredito que, em ambientes mais descontraídos, as pessoas têm a liberdade de ousar e mostrar sua autenticidade através das roupas”, afirma.

Expectativa é que Blokecore ganhe força com Olimpíadas

Com a chegada dos Jogos Olímpicos de Paris em julho, a expectativa é que a tendência fique ainda mais forte, como aponta Beto Abreu e Marcio Banfi. Abreu diz que o “incentivador inicial” do gosto por camisas de time foi a Copa do Mundo realizada no Brasil em 2014.

Ligado a isso, também surgiu o Brazilcore, que, segundo Banfi, deu força ao Blokecore. A tendência de usar camisas da Seleção Brasileira esteve em alta no verão passado no Hemisfério Norte (saiba mais sobre o Brazilcore aqui).

O stylist ainda aponta que o caminho para a popularização do estilo também veio com o enfraquecimento do significado político que a camisa verde e amarela havia recebido durante as eleições em 2018 - à época, o item passou a ser usado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. “A Madonna e a Pabllo Vittar usando isso [a camisa da Seleção] já muda bastante”, diz ele, citando a apresentação da rainha do pop em Copacabana.

Moda faz itens esportivos virarem parte do dia a dia

O Blokecore ganhou maior projeção com as redes sociais. Abreu aponta que a Geração Z, principalmente através do TikTok, foi uma das grandes responsáveis pela popularização da tendência. Apesar disso, a moda sempre se apropriou de elementos esportivos em diversos momentos da história.

“Vale lembrar que o tênis All Star, por exemplo, foi criado no começo do século 20 e tem sua origem relacionada ao basquete”, exemplifica. “Mas, ao longo dos anos, entrou em nossa vestimenta do dia a dia, mostrando como elementos esportivos podem ser ressignificados.”

A influenciadora Nathália Silver é uma das adeptas do estilo Blokecore. Foto: @nathsilver via Instagram

Banfi afirma que o Blokecore não foi uma ideia que surgiu com a Geração Z. “Essa tendência vai e volta como qualquer outra tendência”, explica. Ele relembra que, a partir dos anos 1990, agasalhos esportivos passaram a ser utilizados com roupas do cotidiano.

Greice Rincon diz que o “auge” do estilo esteve diretamente ligado à cultura do hip hop. “Ele carrega uma vibe ‘streetwise’ [de um estilo que nasceu nas ruas], refletido em looks urbanos e autênticos”, comenta.

Por que o nome gerou discussões?

Apesar de o termo Blokecore já ser muito usado, especialmente por aqueles que gostam de acompanhar as tendências da moda, o nome do estilo gerou controvérsias nas redes sociais.

O termo leva “bloke”, uma gíria inglesa semelhante ao “bro” no inglês norte-americano ou ao “mano” no português, usada para se referir a um “homem comum”. O “core”, que vem em seguida, se refere às tendências que ganham força nas redes sociais.

Dentre as críticas, está uma suposta associação de itens esportivos ao vestuário apenas masculino. Para Greice Rincon, porém, isso não é um problema, já que o surgimento do estilo mostra exatamente o contrário: mulheres podem usar camisas de time quando quiserem.

Blokecore abre espaço para que camisas de time deixem de ser associadas apenas ao público masculino. Foto: @nathsilver via Instagram

“Enxergo essa tendência como uma oportunidade de desconstruir a ideia de que camisas de futebol são exclusivamente masculinas, oferecendo voz e espaço para qualquer pessoa expressar seu estilo, independentemente do gênero”, diz.

Beto Abreu afirma que, apesar de a tradução “nos levar a imaginar um recorte para um público masculino”, o nome deve ser entendido mais no sentido de “coletivo” e “irmandade”. Ele, assim como Rincon, acredita que o estilo esteja diretamente ligado à “moda agênero” (que não se limita a um gênero específico).

A moda sempre opera em um contexto social. Hoje em dia, as pessoas, independente do gênero, podem se apropriar do que em algum momento da história foi entendido como uma peça ou roupa exclusivamente para o público masculino ou feminino.”

Beto Abreu, coordenador do curso de Design de Moda da UVA

Outra problemáticaé o fato de as camisas de time sempre terem sido usadas nas periferias do Brasil, mas, quando chegam com tendências de moda do exterior, ganham um tom de “sofisticação”. A crítica é semelhante à do Brazilcore, um estilo que, na prática, também surgiu nas periferias.

Marcio Banfi diz que o nome pode ser problematizado se “bloke” for traduzido como “uma pessoa comum, ordinária”. “Tradicionalmente, as camisas de time são usadas por pessoas que vão nos jogos de futebol ou que não são socialmente privilegiadas. (...]) [O Blokecore] é você pegar isso e usar em uma nova situação. [O nome] é problemático a partir do momento em que se associa a alguma coisa ligada a uma separação social”, afirma.

Para a influenciadora Nathália Silver, há de se levar em conta que a tendência tem vários pontos em comum com estilos que surgiram nas periferias e nos bailes brasileiros. “Eu acho que a gente tem que valorizar a moda brasileira da mesma forma que a gente valoriza a moda internacional. (...) Não tem problema a gente abraçar a moda ‘gringa’ também, desde que a gente saiba valorizar as nossas raízes”, diz.

Dicas de brechós para quem quer aderir ao look Blokecore

Como o tom do look Blokecore são as camisas “vintage”, Nathália aponta que não há lugar melhor para se encontrar roupas no estilo do que em brechós. O “segredo”, segundo a influenciadora, é ir sem expectativas: “Vai muito da sorte. Eu gosto de ir com frequência, mas nunca vou atrás de um item específico”.

Pensar nas combinações de que se gosta e não se importar com “olhares” na rua também é essencial para compor uma combinação original. “Eu nunca fui uma pessoa que se importou com olhares e opiniões, porque eu acho que, quando abraçamos as coisas diferentes, sabemos que o diferente chama atenção e que os outros vão olhar. Mas, quando você está se sentindo confortável consigo mesmo, acho que isso não importa muito”, diz.

Vivendo no Rio de Janeiro, a influenciadora conta amar “garimpar” em lojas de São Paulo. Ela dá algumas indicações de brechós e bazares online e presenciais na cidade. Confira:

  • Enjoei (online)

Nathália esclarece que a plataforma online não é um brechó, mas sim um site de “second hand” - roupas de segunda mão. Ele, porém, “ajuda quem quer buscar alguma coisa específica”, segundo ela.

  • Sonho Brechó (R. Domingos de Morais, 2262, Vila Mariana)

A influenciadora chama a atenção para a curadoria do local, que, conforme ela, “tem um estilo mais dos anos 1990″. O brechó atende presencialmente em São Paulo e também online.

  • Bazar Klaatu (R. Cândido Vale, 235, Tatuapé)

Nathália conta que o bazar existe há muitos anos e possui um estoque de peças vendidas há anos. Por esse motivo, é possível até encontrar itens com etiqueta no local. O Klaatu também vende online.

  • Brechó Carpt (online)

A influenciadora também chama a atenção para a curadoria do brechó. Online, a loja possui uma “estética esportiva”, com camisas com gola polo.

Camisas de time, saia e salto alto. A combinação pode até parecer excêntrica, mas é ela agora uma das tendências que dominam o guarda-roupa de influenciadoras. Chamado Blokecore, o conceito combina peças esportivas com itens tidos como “sofisticados” – a ideia é que o estilo não seja usado apenas em eventos como jogos de futebol, mas também em outras ocasiões.

Apenas no Instagram, já são mais de 74 mil publicações com a hashtag #blokecore. Uma das influenciadoras que mais ganhou repercussão recentemente com o estilo foi Malu Borges, que tem feito diversas postagens montando looks com a camisa do Vasco.

No último vídeo publicado por ela no TikTok em que usava uma camisa do time, Malu a combinou com uma saia longa de seda, salto e cachecol. A publicação soma mais de 70 milhões de visualizações.

A influenciadora Nathália Silver, de 27 anos, também é uma das adeptas da tendência. Ela conta que insere itens esportivos em looks casuais desde 2016 – à época, a moda era usar regatas de basquete. Hoje, porém, prefere usar camisas “vintage” de times.

Nathália explica que o Blokecore não precisa, necessariamente, combinar as camisas com saias. Também é possível escolher itens como bermudas jeans, calças jeans com lavagens claras e tênis. “[Mas] a preferência é por peças que tiram um pouco a obviedade do look”, diz.

Blokecore combina saias com camisas de time. Na foto, a influenciadora Nathália Silver. Foto: @nathsilver via Instagram

Beto Abreu, coordenador do curso de Design de Moda da Universidade Veiga de Almeida (UVA), explica que a tendência tem ligação direta com o futebol e o street style - a moda das ruas. Apesar disso, Marcio Banfi, stylist e professor no curso de Moda da Faculdade Santa Marcelina, esclarece que, fora do Brasil, o estilo não nasceu necessariamente ligado ao esporte.

“A princípio, [a tendência envolve] qualquer camisa e qualquer roupa que lembre o universo do esporte”, diz Banfi. “Aqui no Brasil, [o Blokecore] ‘pegou’ muito mais pela nossa tradição com futebol e pela história do esporte.”

Para a consultora de estilo Greice Rincon, o Blokecore surgiu para desmistificar a ideia de que futebol não tem espaço na moda. “Além disso, estamos desafiando a percepção de que camisas de time são exclusivamente masculinas, promovendo a ideia de que essas peças podem ser incorporadas por qualquer pessoa”, diz.

Rincon afirma que, apesar de a tendência poder ser usada por “qualquer pessoa”, é preciso avaliar o estilo pessoal. “[O ideal é usar] de uma maneira que transmita sua própria essência, evitando simplesmente copiar e colar o ‘lookinho do Pinterest’”, diz.

A mesma atenção, segundo ela, deve ser dada ao contexto em que a roupa será usada. “Acredito que, em ambientes mais descontraídos, as pessoas têm a liberdade de ousar e mostrar sua autenticidade através das roupas”, afirma.

Expectativa é que Blokecore ganhe força com Olimpíadas

Com a chegada dos Jogos Olímpicos de Paris em julho, a expectativa é que a tendência fique ainda mais forte, como aponta Beto Abreu e Marcio Banfi. Abreu diz que o “incentivador inicial” do gosto por camisas de time foi a Copa do Mundo realizada no Brasil em 2014.

Ligado a isso, também surgiu o Brazilcore, que, segundo Banfi, deu força ao Blokecore. A tendência de usar camisas da Seleção Brasileira esteve em alta no verão passado no Hemisfério Norte (saiba mais sobre o Brazilcore aqui).

O stylist ainda aponta que o caminho para a popularização do estilo também veio com o enfraquecimento do significado político que a camisa verde e amarela havia recebido durante as eleições em 2018 - à época, o item passou a ser usado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. “A Madonna e a Pabllo Vittar usando isso [a camisa da Seleção] já muda bastante”, diz ele, citando a apresentação da rainha do pop em Copacabana.

Moda faz itens esportivos virarem parte do dia a dia

O Blokecore ganhou maior projeção com as redes sociais. Abreu aponta que a Geração Z, principalmente através do TikTok, foi uma das grandes responsáveis pela popularização da tendência. Apesar disso, a moda sempre se apropriou de elementos esportivos em diversos momentos da história.

“Vale lembrar que o tênis All Star, por exemplo, foi criado no começo do século 20 e tem sua origem relacionada ao basquete”, exemplifica. “Mas, ao longo dos anos, entrou em nossa vestimenta do dia a dia, mostrando como elementos esportivos podem ser ressignificados.”

A influenciadora Nathália Silver é uma das adeptas do estilo Blokecore. Foto: @nathsilver via Instagram

Banfi afirma que o Blokecore não foi uma ideia que surgiu com a Geração Z. “Essa tendência vai e volta como qualquer outra tendência”, explica. Ele relembra que, a partir dos anos 1990, agasalhos esportivos passaram a ser utilizados com roupas do cotidiano.

Greice Rincon diz que o “auge” do estilo esteve diretamente ligado à cultura do hip hop. “Ele carrega uma vibe ‘streetwise’ [de um estilo que nasceu nas ruas], refletido em looks urbanos e autênticos”, comenta.

Por que o nome gerou discussões?

Apesar de o termo Blokecore já ser muito usado, especialmente por aqueles que gostam de acompanhar as tendências da moda, o nome do estilo gerou controvérsias nas redes sociais.

O termo leva “bloke”, uma gíria inglesa semelhante ao “bro” no inglês norte-americano ou ao “mano” no português, usada para se referir a um “homem comum”. O “core”, que vem em seguida, se refere às tendências que ganham força nas redes sociais.

Dentre as críticas, está uma suposta associação de itens esportivos ao vestuário apenas masculino. Para Greice Rincon, porém, isso não é um problema, já que o surgimento do estilo mostra exatamente o contrário: mulheres podem usar camisas de time quando quiserem.

Blokecore abre espaço para que camisas de time deixem de ser associadas apenas ao público masculino. Foto: @nathsilver via Instagram

“Enxergo essa tendência como uma oportunidade de desconstruir a ideia de que camisas de futebol são exclusivamente masculinas, oferecendo voz e espaço para qualquer pessoa expressar seu estilo, independentemente do gênero”, diz.

Beto Abreu afirma que, apesar de a tradução “nos levar a imaginar um recorte para um público masculino”, o nome deve ser entendido mais no sentido de “coletivo” e “irmandade”. Ele, assim como Rincon, acredita que o estilo esteja diretamente ligado à “moda agênero” (que não se limita a um gênero específico).

A moda sempre opera em um contexto social. Hoje em dia, as pessoas, independente do gênero, podem se apropriar do que em algum momento da história foi entendido como uma peça ou roupa exclusivamente para o público masculino ou feminino.”

Beto Abreu, coordenador do curso de Design de Moda da UVA

Outra problemáticaé o fato de as camisas de time sempre terem sido usadas nas periferias do Brasil, mas, quando chegam com tendências de moda do exterior, ganham um tom de “sofisticação”. A crítica é semelhante à do Brazilcore, um estilo que, na prática, também surgiu nas periferias.

Marcio Banfi diz que o nome pode ser problematizado se “bloke” for traduzido como “uma pessoa comum, ordinária”. “Tradicionalmente, as camisas de time são usadas por pessoas que vão nos jogos de futebol ou que não são socialmente privilegiadas. (...]) [O Blokecore] é você pegar isso e usar em uma nova situação. [O nome] é problemático a partir do momento em que se associa a alguma coisa ligada a uma separação social”, afirma.

Para a influenciadora Nathália Silver, há de se levar em conta que a tendência tem vários pontos em comum com estilos que surgiram nas periferias e nos bailes brasileiros. “Eu acho que a gente tem que valorizar a moda brasileira da mesma forma que a gente valoriza a moda internacional. (...) Não tem problema a gente abraçar a moda ‘gringa’ também, desde que a gente saiba valorizar as nossas raízes”, diz.

Dicas de brechós para quem quer aderir ao look Blokecore

Como o tom do look Blokecore são as camisas “vintage”, Nathália aponta que não há lugar melhor para se encontrar roupas no estilo do que em brechós. O “segredo”, segundo a influenciadora, é ir sem expectativas: “Vai muito da sorte. Eu gosto de ir com frequência, mas nunca vou atrás de um item específico”.

Pensar nas combinações de que se gosta e não se importar com “olhares” na rua também é essencial para compor uma combinação original. “Eu nunca fui uma pessoa que se importou com olhares e opiniões, porque eu acho que, quando abraçamos as coisas diferentes, sabemos que o diferente chama atenção e que os outros vão olhar. Mas, quando você está se sentindo confortável consigo mesmo, acho que isso não importa muito”, diz.

Vivendo no Rio de Janeiro, a influenciadora conta amar “garimpar” em lojas de São Paulo. Ela dá algumas indicações de brechós e bazares online e presenciais na cidade. Confira:

  • Enjoei (online)

Nathália esclarece que a plataforma online não é um brechó, mas sim um site de “second hand” - roupas de segunda mão. Ele, porém, “ajuda quem quer buscar alguma coisa específica”, segundo ela.

  • Sonho Brechó (R. Domingos de Morais, 2262, Vila Mariana)

A influenciadora chama a atenção para a curadoria do local, que, conforme ela, “tem um estilo mais dos anos 1990″. O brechó atende presencialmente em São Paulo e também online.

  • Bazar Klaatu (R. Cândido Vale, 235, Tatuapé)

Nathália conta que o bazar existe há muitos anos e possui um estoque de peças vendidas há anos. Por esse motivo, é possível até encontrar itens com etiqueta no local. O Klaatu também vende online.

  • Brechó Carpt (online)

A influenciadora também chama a atenção para a curadoria do brechó. Online, a loja possui uma “estética esportiva”, com camisas com gola polo.

Camisas de time, saia e salto alto. A combinação pode até parecer excêntrica, mas é ela agora uma das tendências que dominam o guarda-roupa de influenciadoras. Chamado Blokecore, o conceito combina peças esportivas com itens tidos como “sofisticados” – a ideia é que o estilo não seja usado apenas em eventos como jogos de futebol, mas também em outras ocasiões.

Apenas no Instagram, já são mais de 74 mil publicações com a hashtag #blokecore. Uma das influenciadoras que mais ganhou repercussão recentemente com o estilo foi Malu Borges, que tem feito diversas postagens montando looks com a camisa do Vasco.

No último vídeo publicado por ela no TikTok em que usava uma camisa do time, Malu a combinou com uma saia longa de seda, salto e cachecol. A publicação soma mais de 70 milhões de visualizações.

A influenciadora Nathália Silver, de 27 anos, também é uma das adeptas da tendência. Ela conta que insere itens esportivos em looks casuais desde 2016 – à época, a moda era usar regatas de basquete. Hoje, porém, prefere usar camisas “vintage” de times.

Nathália explica que o Blokecore não precisa, necessariamente, combinar as camisas com saias. Também é possível escolher itens como bermudas jeans, calças jeans com lavagens claras e tênis. “[Mas] a preferência é por peças que tiram um pouco a obviedade do look”, diz.

Blokecore combina saias com camisas de time. Na foto, a influenciadora Nathália Silver. Foto: @nathsilver via Instagram

Beto Abreu, coordenador do curso de Design de Moda da Universidade Veiga de Almeida (UVA), explica que a tendência tem ligação direta com o futebol e o street style - a moda das ruas. Apesar disso, Marcio Banfi, stylist e professor no curso de Moda da Faculdade Santa Marcelina, esclarece que, fora do Brasil, o estilo não nasceu necessariamente ligado ao esporte.

“A princípio, [a tendência envolve] qualquer camisa e qualquer roupa que lembre o universo do esporte”, diz Banfi. “Aqui no Brasil, [o Blokecore] ‘pegou’ muito mais pela nossa tradição com futebol e pela história do esporte.”

Para a consultora de estilo Greice Rincon, o Blokecore surgiu para desmistificar a ideia de que futebol não tem espaço na moda. “Além disso, estamos desafiando a percepção de que camisas de time são exclusivamente masculinas, promovendo a ideia de que essas peças podem ser incorporadas por qualquer pessoa”, diz.

Rincon afirma que, apesar de a tendência poder ser usada por “qualquer pessoa”, é preciso avaliar o estilo pessoal. “[O ideal é usar] de uma maneira que transmita sua própria essência, evitando simplesmente copiar e colar o ‘lookinho do Pinterest’”, diz.

A mesma atenção, segundo ela, deve ser dada ao contexto em que a roupa será usada. “Acredito que, em ambientes mais descontraídos, as pessoas têm a liberdade de ousar e mostrar sua autenticidade através das roupas”, afirma.

Expectativa é que Blokecore ganhe força com Olimpíadas

Com a chegada dos Jogos Olímpicos de Paris em julho, a expectativa é que a tendência fique ainda mais forte, como aponta Beto Abreu e Marcio Banfi. Abreu diz que o “incentivador inicial” do gosto por camisas de time foi a Copa do Mundo realizada no Brasil em 2014.

Ligado a isso, também surgiu o Brazilcore, que, segundo Banfi, deu força ao Blokecore. A tendência de usar camisas da Seleção Brasileira esteve em alta no verão passado no Hemisfério Norte (saiba mais sobre o Brazilcore aqui).

O stylist ainda aponta que o caminho para a popularização do estilo também veio com o enfraquecimento do significado político que a camisa verde e amarela havia recebido durante as eleições em 2018 - à época, o item passou a ser usado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. “A Madonna e a Pabllo Vittar usando isso [a camisa da Seleção] já muda bastante”, diz ele, citando a apresentação da rainha do pop em Copacabana.

Moda faz itens esportivos virarem parte do dia a dia

O Blokecore ganhou maior projeção com as redes sociais. Abreu aponta que a Geração Z, principalmente através do TikTok, foi uma das grandes responsáveis pela popularização da tendência. Apesar disso, a moda sempre se apropriou de elementos esportivos em diversos momentos da história.

“Vale lembrar que o tênis All Star, por exemplo, foi criado no começo do século 20 e tem sua origem relacionada ao basquete”, exemplifica. “Mas, ao longo dos anos, entrou em nossa vestimenta do dia a dia, mostrando como elementos esportivos podem ser ressignificados.”

A influenciadora Nathália Silver é uma das adeptas do estilo Blokecore. Foto: @nathsilver via Instagram

Banfi afirma que o Blokecore não foi uma ideia que surgiu com a Geração Z. “Essa tendência vai e volta como qualquer outra tendência”, explica. Ele relembra que, a partir dos anos 1990, agasalhos esportivos passaram a ser utilizados com roupas do cotidiano.

Greice Rincon diz que o “auge” do estilo esteve diretamente ligado à cultura do hip hop. “Ele carrega uma vibe ‘streetwise’ [de um estilo que nasceu nas ruas], refletido em looks urbanos e autênticos”, comenta.

Por que o nome gerou discussões?

Apesar de o termo Blokecore já ser muito usado, especialmente por aqueles que gostam de acompanhar as tendências da moda, o nome do estilo gerou controvérsias nas redes sociais.

O termo leva “bloke”, uma gíria inglesa semelhante ao “bro” no inglês norte-americano ou ao “mano” no português, usada para se referir a um “homem comum”. O “core”, que vem em seguida, se refere às tendências que ganham força nas redes sociais.

Dentre as críticas, está uma suposta associação de itens esportivos ao vestuário apenas masculino. Para Greice Rincon, porém, isso não é um problema, já que o surgimento do estilo mostra exatamente o contrário: mulheres podem usar camisas de time quando quiserem.

Blokecore abre espaço para que camisas de time deixem de ser associadas apenas ao público masculino. Foto: @nathsilver via Instagram

“Enxergo essa tendência como uma oportunidade de desconstruir a ideia de que camisas de futebol são exclusivamente masculinas, oferecendo voz e espaço para qualquer pessoa expressar seu estilo, independentemente do gênero”, diz.

Beto Abreu afirma que, apesar de a tradução “nos levar a imaginar um recorte para um público masculino”, o nome deve ser entendido mais no sentido de “coletivo” e “irmandade”. Ele, assim como Rincon, acredita que o estilo esteja diretamente ligado à “moda agênero” (que não se limita a um gênero específico).

A moda sempre opera em um contexto social. Hoje em dia, as pessoas, independente do gênero, podem se apropriar do que em algum momento da história foi entendido como uma peça ou roupa exclusivamente para o público masculino ou feminino.”

Beto Abreu, coordenador do curso de Design de Moda da UVA

Outra problemáticaé o fato de as camisas de time sempre terem sido usadas nas periferias do Brasil, mas, quando chegam com tendências de moda do exterior, ganham um tom de “sofisticação”. A crítica é semelhante à do Brazilcore, um estilo que, na prática, também surgiu nas periferias.

Marcio Banfi diz que o nome pode ser problematizado se “bloke” for traduzido como “uma pessoa comum, ordinária”. “Tradicionalmente, as camisas de time são usadas por pessoas que vão nos jogos de futebol ou que não são socialmente privilegiadas. (...]) [O Blokecore] é você pegar isso e usar em uma nova situação. [O nome] é problemático a partir do momento em que se associa a alguma coisa ligada a uma separação social”, afirma.

Para a influenciadora Nathália Silver, há de se levar em conta que a tendência tem vários pontos em comum com estilos que surgiram nas periferias e nos bailes brasileiros. “Eu acho que a gente tem que valorizar a moda brasileira da mesma forma que a gente valoriza a moda internacional. (...) Não tem problema a gente abraçar a moda ‘gringa’ também, desde que a gente saiba valorizar as nossas raízes”, diz.

Dicas de brechós para quem quer aderir ao look Blokecore

Como o tom do look Blokecore são as camisas “vintage”, Nathália aponta que não há lugar melhor para se encontrar roupas no estilo do que em brechós. O “segredo”, segundo a influenciadora, é ir sem expectativas: “Vai muito da sorte. Eu gosto de ir com frequência, mas nunca vou atrás de um item específico”.

Pensar nas combinações de que se gosta e não se importar com “olhares” na rua também é essencial para compor uma combinação original. “Eu nunca fui uma pessoa que se importou com olhares e opiniões, porque eu acho que, quando abraçamos as coisas diferentes, sabemos que o diferente chama atenção e que os outros vão olhar. Mas, quando você está se sentindo confortável consigo mesmo, acho que isso não importa muito”, diz.

Vivendo no Rio de Janeiro, a influenciadora conta amar “garimpar” em lojas de São Paulo. Ela dá algumas indicações de brechós e bazares online e presenciais na cidade. Confira:

  • Enjoei (online)

Nathália esclarece que a plataforma online não é um brechó, mas sim um site de “second hand” - roupas de segunda mão. Ele, porém, “ajuda quem quer buscar alguma coisa específica”, segundo ela.

  • Sonho Brechó (R. Domingos de Morais, 2262, Vila Mariana)

A influenciadora chama a atenção para a curadoria do local, que, conforme ela, “tem um estilo mais dos anos 1990″. O brechó atende presencialmente em São Paulo e também online.

  • Bazar Klaatu (R. Cândido Vale, 235, Tatuapé)

Nathália conta que o bazar existe há muitos anos e possui um estoque de peças vendidas há anos. Por esse motivo, é possível até encontrar itens com etiqueta no local. O Klaatu também vende online.

  • Brechó Carpt (online)

A influenciadora também chama a atenção para a curadoria do brechó. Online, a loja possui uma “estética esportiva”, com camisas com gola polo.

Camisas de time, saia e salto alto. A combinação pode até parecer excêntrica, mas é ela agora uma das tendências que dominam o guarda-roupa de influenciadoras. Chamado Blokecore, o conceito combina peças esportivas com itens tidos como “sofisticados” – a ideia é que o estilo não seja usado apenas em eventos como jogos de futebol, mas também em outras ocasiões.

Apenas no Instagram, já são mais de 74 mil publicações com a hashtag #blokecore. Uma das influenciadoras que mais ganhou repercussão recentemente com o estilo foi Malu Borges, que tem feito diversas postagens montando looks com a camisa do Vasco.

No último vídeo publicado por ela no TikTok em que usava uma camisa do time, Malu a combinou com uma saia longa de seda, salto e cachecol. A publicação soma mais de 70 milhões de visualizações.

A influenciadora Nathália Silver, de 27 anos, também é uma das adeptas da tendência. Ela conta que insere itens esportivos em looks casuais desde 2016 – à época, a moda era usar regatas de basquete. Hoje, porém, prefere usar camisas “vintage” de times.

Nathália explica que o Blokecore não precisa, necessariamente, combinar as camisas com saias. Também é possível escolher itens como bermudas jeans, calças jeans com lavagens claras e tênis. “[Mas] a preferência é por peças que tiram um pouco a obviedade do look”, diz.

Blokecore combina saias com camisas de time. Na foto, a influenciadora Nathália Silver. Foto: @nathsilver via Instagram

Beto Abreu, coordenador do curso de Design de Moda da Universidade Veiga de Almeida (UVA), explica que a tendência tem ligação direta com o futebol e o street style - a moda das ruas. Apesar disso, Marcio Banfi, stylist e professor no curso de Moda da Faculdade Santa Marcelina, esclarece que, fora do Brasil, o estilo não nasceu necessariamente ligado ao esporte.

“A princípio, [a tendência envolve] qualquer camisa e qualquer roupa que lembre o universo do esporte”, diz Banfi. “Aqui no Brasil, [o Blokecore] ‘pegou’ muito mais pela nossa tradição com futebol e pela história do esporte.”

Para a consultora de estilo Greice Rincon, o Blokecore surgiu para desmistificar a ideia de que futebol não tem espaço na moda. “Além disso, estamos desafiando a percepção de que camisas de time são exclusivamente masculinas, promovendo a ideia de que essas peças podem ser incorporadas por qualquer pessoa”, diz.

Rincon afirma que, apesar de a tendência poder ser usada por “qualquer pessoa”, é preciso avaliar o estilo pessoal. “[O ideal é usar] de uma maneira que transmita sua própria essência, evitando simplesmente copiar e colar o ‘lookinho do Pinterest’”, diz.

A mesma atenção, segundo ela, deve ser dada ao contexto em que a roupa será usada. “Acredito que, em ambientes mais descontraídos, as pessoas têm a liberdade de ousar e mostrar sua autenticidade através das roupas”, afirma.

Expectativa é que Blokecore ganhe força com Olimpíadas

Com a chegada dos Jogos Olímpicos de Paris em julho, a expectativa é que a tendência fique ainda mais forte, como aponta Beto Abreu e Marcio Banfi. Abreu diz que o “incentivador inicial” do gosto por camisas de time foi a Copa do Mundo realizada no Brasil em 2014.

Ligado a isso, também surgiu o Brazilcore, que, segundo Banfi, deu força ao Blokecore. A tendência de usar camisas da Seleção Brasileira esteve em alta no verão passado no Hemisfério Norte (saiba mais sobre o Brazilcore aqui).

O stylist ainda aponta que o caminho para a popularização do estilo também veio com o enfraquecimento do significado político que a camisa verde e amarela havia recebido durante as eleições em 2018 - à época, o item passou a ser usado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. “A Madonna e a Pabllo Vittar usando isso [a camisa da Seleção] já muda bastante”, diz ele, citando a apresentação da rainha do pop em Copacabana.

Moda faz itens esportivos virarem parte do dia a dia

O Blokecore ganhou maior projeção com as redes sociais. Abreu aponta que a Geração Z, principalmente através do TikTok, foi uma das grandes responsáveis pela popularização da tendência. Apesar disso, a moda sempre se apropriou de elementos esportivos em diversos momentos da história.

“Vale lembrar que o tênis All Star, por exemplo, foi criado no começo do século 20 e tem sua origem relacionada ao basquete”, exemplifica. “Mas, ao longo dos anos, entrou em nossa vestimenta do dia a dia, mostrando como elementos esportivos podem ser ressignificados.”

A influenciadora Nathália Silver é uma das adeptas do estilo Blokecore. Foto: @nathsilver via Instagram

Banfi afirma que o Blokecore não foi uma ideia que surgiu com a Geração Z. “Essa tendência vai e volta como qualquer outra tendência”, explica. Ele relembra que, a partir dos anos 1990, agasalhos esportivos passaram a ser utilizados com roupas do cotidiano.

Greice Rincon diz que o “auge” do estilo esteve diretamente ligado à cultura do hip hop. “Ele carrega uma vibe ‘streetwise’ [de um estilo que nasceu nas ruas], refletido em looks urbanos e autênticos”, comenta.

Por que o nome gerou discussões?

Apesar de o termo Blokecore já ser muito usado, especialmente por aqueles que gostam de acompanhar as tendências da moda, o nome do estilo gerou controvérsias nas redes sociais.

O termo leva “bloke”, uma gíria inglesa semelhante ao “bro” no inglês norte-americano ou ao “mano” no português, usada para se referir a um “homem comum”. O “core”, que vem em seguida, se refere às tendências que ganham força nas redes sociais.

Dentre as críticas, está uma suposta associação de itens esportivos ao vestuário apenas masculino. Para Greice Rincon, porém, isso não é um problema, já que o surgimento do estilo mostra exatamente o contrário: mulheres podem usar camisas de time quando quiserem.

Blokecore abre espaço para que camisas de time deixem de ser associadas apenas ao público masculino. Foto: @nathsilver via Instagram

“Enxergo essa tendência como uma oportunidade de desconstruir a ideia de que camisas de futebol são exclusivamente masculinas, oferecendo voz e espaço para qualquer pessoa expressar seu estilo, independentemente do gênero”, diz.

Beto Abreu afirma que, apesar de a tradução “nos levar a imaginar um recorte para um público masculino”, o nome deve ser entendido mais no sentido de “coletivo” e “irmandade”. Ele, assim como Rincon, acredita que o estilo esteja diretamente ligado à “moda agênero” (que não se limita a um gênero específico).

A moda sempre opera em um contexto social. Hoje em dia, as pessoas, independente do gênero, podem se apropriar do que em algum momento da história foi entendido como uma peça ou roupa exclusivamente para o público masculino ou feminino.”

Beto Abreu, coordenador do curso de Design de Moda da UVA

Outra problemáticaé o fato de as camisas de time sempre terem sido usadas nas periferias do Brasil, mas, quando chegam com tendências de moda do exterior, ganham um tom de “sofisticação”. A crítica é semelhante à do Brazilcore, um estilo que, na prática, também surgiu nas periferias.

Marcio Banfi diz que o nome pode ser problematizado se “bloke” for traduzido como “uma pessoa comum, ordinária”. “Tradicionalmente, as camisas de time são usadas por pessoas que vão nos jogos de futebol ou que não são socialmente privilegiadas. (...]) [O Blokecore] é você pegar isso e usar em uma nova situação. [O nome] é problemático a partir do momento em que se associa a alguma coisa ligada a uma separação social”, afirma.

Para a influenciadora Nathália Silver, há de se levar em conta que a tendência tem vários pontos em comum com estilos que surgiram nas periferias e nos bailes brasileiros. “Eu acho que a gente tem que valorizar a moda brasileira da mesma forma que a gente valoriza a moda internacional. (...) Não tem problema a gente abraçar a moda ‘gringa’ também, desde que a gente saiba valorizar as nossas raízes”, diz.

Dicas de brechós para quem quer aderir ao look Blokecore

Como o tom do look Blokecore são as camisas “vintage”, Nathália aponta que não há lugar melhor para se encontrar roupas no estilo do que em brechós. O “segredo”, segundo a influenciadora, é ir sem expectativas: “Vai muito da sorte. Eu gosto de ir com frequência, mas nunca vou atrás de um item específico”.

Pensar nas combinações de que se gosta e não se importar com “olhares” na rua também é essencial para compor uma combinação original. “Eu nunca fui uma pessoa que se importou com olhares e opiniões, porque eu acho que, quando abraçamos as coisas diferentes, sabemos que o diferente chama atenção e que os outros vão olhar. Mas, quando você está se sentindo confortável consigo mesmo, acho que isso não importa muito”, diz.

Vivendo no Rio de Janeiro, a influenciadora conta amar “garimpar” em lojas de São Paulo. Ela dá algumas indicações de brechós e bazares online e presenciais na cidade. Confira:

  • Enjoei (online)

Nathália esclarece que a plataforma online não é um brechó, mas sim um site de “second hand” - roupas de segunda mão. Ele, porém, “ajuda quem quer buscar alguma coisa específica”, segundo ela.

  • Sonho Brechó (R. Domingos de Morais, 2262, Vila Mariana)

A influenciadora chama a atenção para a curadoria do local, que, conforme ela, “tem um estilo mais dos anos 1990″. O brechó atende presencialmente em São Paulo e também online.

  • Bazar Klaatu (R. Cândido Vale, 235, Tatuapé)

Nathália conta que o bazar existe há muitos anos e possui um estoque de peças vendidas há anos. Por esse motivo, é possível até encontrar itens com etiqueta no local. O Klaatu também vende online.

  • Brechó Carpt (online)

A influenciadora também chama a atenção para a curadoria do brechó. Online, a loja possui uma “estética esportiva”, com camisas com gola polo.

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