A marca André Lima encerrou suas atividades. Após 15 anos no mercado nacional, o ateliê que o estilista paraense mantinha no bairro de Vila Olímpia, em São Paulo, baixou as portas. As mais de 700 peças que André possuía em seu acervo foram doadas para universidades. Dono de uma admiração pela pluralidade das formas das mulheres brasileiras, o que lhe permitia criar vestidos que valorizassem suas curvas e sensualidade, o estilista agora visa outros projetos que não se limitem apenas à moda. "Há vários projetos em vista, alguns envolvendo decoração, eventos, campanhas e participação em instituições acadêmicas", explica o estilista ao Estado.
Para André, o motivo do encerramento desse ciclo é a vontade de ampliar suas possibilidades de expressão: "Quero ir além da relação ideia, produto, mercado e comunicação apenas em propostas de vestir". Na entrevista abaixo, André fala ainda sobre moda nacional, São Paulo Fashion Week, evento que já havia deixado de participar, e sobre a invasão das marcas internacionais no País. Leia:
O que motivou o encerramento da sua marca? A vontade de continuar evoluindo criativamente e de ampliar minhas possibilidades de expressão.
A quais novos projetos você vai se dedicar? Depois desses 15 anos à frente da minha marca, compreendi que meu repertório estético, aliado a um extenso conhecimento técnico, deveria ser compartilhado em outras frentes criativas.
Já existe algum projeto em vista? Vários, não só na moda, mas também envolvendo decoração, eventos, campanhas e participação em instituições acadêmicas.
Você vai abandonar a criação de roupas? Não, mas quero ir além da relação ideia, produto, mercado e comunicação apenas em propostas de vestir
Como nasceu a ideia da doação do seu acervo? Quantas peças você tinha nele? Havia em torno de 700 peças. Quero que minha obra estimule novos designers e faça as gerações futuras perceberem que a essência brasileira, que é minha grande identidade, pode ser traduzida de maneira plural e além de fronteiras de tempo e espaço
O que você destaca nesses 15 anos de carreira? Minha obsessão pela pesquisa, pela abstração das ideias e pela junção delas de um jeito livre e corajoso. O orgulho de minhas raízes e as pontes que construí entre elas. A admiração pelas formas das mulheres do Brasil em toda sua pluralidade. A busca de conhecimento e evolução técnica, sempre.
O que você acha da São Paulo Fashion Week hoje? Acho que com a comunicação digital todas as semanas de moda deveriam propor as imagens no momento em que pelo menos uma parte das coleções pudesse ser consumida. Moda é desejo, e o desejo hoje é imediato.
E da moda nacional? Nossa produção criativa e industrial esta se adaptando ao momento que a moda está sendo impulsionada no mundo.
É muito difícil um estilista autoral se manter hoje no Brasil? Há vários caminhos sempre, tudo é uma questão de aplicar sua identidade levando em conta questões de produção, distribuição e comunicação.
O que você acha das marcas internacionais no País? Caíram as fronteiras, isso era inevitável. É hora de todo mundo conhecer nossa imensa capacidade de autoria e manufatura.