Atração sexual e fluidez


Ainda há uma resistência muito grande às pessoas que se identificam como bissexuais , ou pansexuais ou mesmo assexuais, e essa resistência parte de pessoas gays ou não

Por Charles M. Blow
"Estou literalmente aberta a tudo que seja consentido, não envolva um animal e todos sejam adultos. Tudo que seja legal, aceito. Qualquer adulto, qualquer pessoa com mais de 18 anos que queira me amar", revelou a cantoraMiley Cyrus Foto: Divulgação

Recentemente, Miley Cyrus disse à revista Elle britânica que "sou aberta neste aspecto - sou pansexual". Em junho ela declarou ao Paper Magazine: "Estou literalmente aberta a tudo que seja consentido, não envolva um animal e todos sejam adultos. Tudo que seja legal, aceito. Qualquer adulto, qualquer pessoa com mais de 18 anos que queira me amar".

Há algo com essas declarações informais, despreocupadas, que considero encantador e revolucionário. Foi necessária uma grande luta para superar as regras que constrangem e restringem nossa compreensão da complexidade da sexualidade humana. 

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Embora observemos muitos avanços em termos de aceitação da comunidade LGBT ainda há uma resistência muito grande às pessoas que se identificam como bissexuais , ou pansexuais ou mesmo assexuais, e essa resistência parte de pessoas gays ou não.

Escrevi em meu livro de memórias, "Fire Shut Up In My Bones" sobre o fato de me identificar como bissexual porque "além de ter atração por mulheres, homens também me atraem". Escrevi sobre a enorme agitação e mesmo hostilidade que as pessoas - especialmente os homens, que assim se identificam, podem provocar.

"Mesmo aqueles que, do contrário, são igualitários não têm nenhum escrúpulo em questionar e semear dúvidas. Muitos só podem conceber a bissexualidade da maneira que ela existe no caso de muitas pessoas que se dispõem a reconhecê-la, ou seja, como uma identidade transitória - uma parada técnica ou algo oculto - não permanente.

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Mas não me sinto de modo nenhum imperfeito ou isolado em minha identidade. Na verdade sinto-me liberado e até iluminado por ela. 

E o fato é que mais jovens como Cyrus estão se juntando nessa iluminação. A empresa de pesquisa de mercado YouGov no mês passado, numa sondagem, pediu a adultos britânicos para se classificarem dentro de uma escala de sexualidade criada por Alfred Kinsey nos anos 40, com zero sendo exclusivamente heterossexual e seis exclusivamente homossexual.

A conclusão foi que 89% dos participantes no geral se descreveram como heterossexuais. "Os resultados no caso de indivíduos entre 18 e 24 anos foram particularmente surpreendentes, com 43% se colocando como não binários entre um e cinco e 52% colocando totalmente de um lado ou de outro. Destes somente 46% disseram ser completamente heterossexuais e 6% como completamente homossexuais".

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A YouGov divulgou os dados dos Estados Unidos e a conclusão foi de que "29% dos indivíduos abaixo dos 30 se colocaram na categoria da bissexualidade".

Obviamente essas classificações não têm por fim medir a atividade sexual, histórias íntimas ou rótulo de identificação, mas sim medir a "possibilidade de sentimentos e experiências homossexuais".

YouGov não é o único grupo que tentou compreender o meio fluído. O National Survey of Family Growth do Centro de Prevenção e Controle de Doenças divulgou dados de 2006-2008 num estudo de 2011 que mostrou que 16% das mulheres americanas e 5% dos homens com menos de 45 anos afirmavam sentir atração por somente um sexo, em vez de admitir que se sentiam apenas mais atraídos para um sexo, que tinham igualmente uma atração por ambos, ou não tinham certeza. Nessa pesquisa, 21% das mulheres entre 20 e 24 anos e 7% dos homens disseram estar em algum ponto no meio.

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E lembre, 2008 é passado no tocante à aceitação da comunidade LGBT. Por exemplo de acordo com o instituto Gallup, em 2008 somente 48% dos americanos consideravam as relações entre gays e lésbicas moralmente aceitáveis. Esse número saltou hoje para 63% e no caso de indivíduos entre 18 e 34 anos hoje são 79%.

A atração é simplesmente encarada mais sutilmente por mais pessoas do que queremos admitir. A atração pode jamais se manifestar como intimidade física, nem deve, mas negar que ela existe gera uma percepção falsa, ingênua e até destrutiva do que é normal e possível.

Além disso, pessoas diferentes podem experimentar uma atração de modo diferente. Para alguns, o que atrai primeiro é o corpo. Para outros é o ser, o ser humano, independente de corpo e gênero. O que é ótimo também. Mas a ideia de se poder ter uma reação fisiológica a alguma coisa além do físico, para alguns parece antiético com base nas suas noções rígidas e antiquadas do que é atração.

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Mas parece que mais jovens vêm se libertando dessa ideia e compreendendo e avaliando melhor o fato de que as pessoas têm de ter a liberdade para serem fluidas se de fato elas o são, e ninguém tem o direito de definir ou restringir os parâmetros das atrações, amor ou intimidade de uma outra pessoa.

As pessoas têm de ser elas próprias, da forma como se definem e não devem ao mundo nenhuma explicação ou desculpa por isto. Elas necessitam apenas optar pela honestidade e segurança.  Atração é atração e ela nem sempre carrega um rótulo.

Tradução de Terezinha Martino

"Estou literalmente aberta a tudo que seja consentido, não envolva um animal e todos sejam adultos. Tudo que seja legal, aceito. Qualquer adulto, qualquer pessoa com mais de 18 anos que queira me amar", revelou a cantoraMiley Cyrus Foto: Divulgação

Recentemente, Miley Cyrus disse à revista Elle britânica que "sou aberta neste aspecto - sou pansexual". Em junho ela declarou ao Paper Magazine: "Estou literalmente aberta a tudo que seja consentido, não envolva um animal e todos sejam adultos. Tudo que seja legal, aceito. Qualquer adulto, qualquer pessoa com mais de 18 anos que queira me amar".

Há algo com essas declarações informais, despreocupadas, que considero encantador e revolucionário. Foi necessária uma grande luta para superar as regras que constrangem e restringem nossa compreensão da complexidade da sexualidade humana. 

Embora observemos muitos avanços em termos de aceitação da comunidade LGBT ainda há uma resistência muito grande às pessoas que se identificam como bissexuais , ou pansexuais ou mesmo assexuais, e essa resistência parte de pessoas gays ou não.

Escrevi em meu livro de memórias, "Fire Shut Up In My Bones" sobre o fato de me identificar como bissexual porque "além de ter atração por mulheres, homens também me atraem". Escrevi sobre a enorme agitação e mesmo hostilidade que as pessoas - especialmente os homens, que assim se identificam, podem provocar.

"Mesmo aqueles que, do contrário, são igualitários não têm nenhum escrúpulo em questionar e semear dúvidas. Muitos só podem conceber a bissexualidade da maneira que ela existe no caso de muitas pessoas que se dispõem a reconhecê-la, ou seja, como uma identidade transitória - uma parada técnica ou algo oculto - não permanente.

Mas não me sinto de modo nenhum imperfeito ou isolado em minha identidade. Na verdade sinto-me liberado e até iluminado por ela. 

E o fato é que mais jovens como Cyrus estão se juntando nessa iluminação. A empresa de pesquisa de mercado YouGov no mês passado, numa sondagem, pediu a adultos britânicos para se classificarem dentro de uma escala de sexualidade criada por Alfred Kinsey nos anos 40, com zero sendo exclusivamente heterossexual e seis exclusivamente homossexual.

A conclusão foi que 89% dos participantes no geral se descreveram como heterossexuais. "Os resultados no caso de indivíduos entre 18 e 24 anos foram particularmente surpreendentes, com 43% se colocando como não binários entre um e cinco e 52% colocando totalmente de um lado ou de outro. Destes somente 46% disseram ser completamente heterossexuais e 6% como completamente homossexuais".

A YouGov divulgou os dados dos Estados Unidos e a conclusão foi de que "29% dos indivíduos abaixo dos 30 se colocaram na categoria da bissexualidade".

Obviamente essas classificações não têm por fim medir a atividade sexual, histórias íntimas ou rótulo de identificação, mas sim medir a "possibilidade de sentimentos e experiências homossexuais".

YouGov não é o único grupo que tentou compreender o meio fluído. O National Survey of Family Growth do Centro de Prevenção e Controle de Doenças divulgou dados de 2006-2008 num estudo de 2011 que mostrou que 16% das mulheres americanas e 5% dos homens com menos de 45 anos afirmavam sentir atração por somente um sexo, em vez de admitir que se sentiam apenas mais atraídos para um sexo, que tinham igualmente uma atração por ambos, ou não tinham certeza. Nessa pesquisa, 21% das mulheres entre 20 e 24 anos e 7% dos homens disseram estar em algum ponto no meio.

E lembre, 2008 é passado no tocante à aceitação da comunidade LGBT. Por exemplo de acordo com o instituto Gallup, em 2008 somente 48% dos americanos consideravam as relações entre gays e lésbicas moralmente aceitáveis. Esse número saltou hoje para 63% e no caso de indivíduos entre 18 e 34 anos hoje são 79%.

A atração é simplesmente encarada mais sutilmente por mais pessoas do que queremos admitir. A atração pode jamais se manifestar como intimidade física, nem deve, mas negar que ela existe gera uma percepção falsa, ingênua e até destrutiva do que é normal e possível.

Além disso, pessoas diferentes podem experimentar uma atração de modo diferente. Para alguns, o que atrai primeiro é o corpo. Para outros é o ser, o ser humano, independente de corpo e gênero. O que é ótimo também. Mas a ideia de se poder ter uma reação fisiológica a alguma coisa além do físico, para alguns parece antiético com base nas suas noções rígidas e antiquadas do que é atração.

Mas parece que mais jovens vêm se libertando dessa ideia e compreendendo e avaliando melhor o fato de que as pessoas têm de ter a liberdade para serem fluidas se de fato elas o são, e ninguém tem o direito de definir ou restringir os parâmetros das atrações, amor ou intimidade de uma outra pessoa.

As pessoas têm de ser elas próprias, da forma como se definem e não devem ao mundo nenhuma explicação ou desculpa por isto. Elas necessitam apenas optar pela honestidade e segurança.  Atração é atração e ela nem sempre carrega um rótulo.

Tradução de Terezinha Martino

"Estou literalmente aberta a tudo que seja consentido, não envolva um animal e todos sejam adultos. Tudo que seja legal, aceito. Qualquer adulto, qualquer pessoa com mais de 18 anos que queira me amar", revelou a cantoraMiley Cyrus Foto: Divulgação

Recentemente, Miley Cyrus disse à revista Elle britânica que "sou aberta neste aspecto - sou pansexual". Em junho ela declarou ao Paper Magazine: "Estou literalmente aberta a tudo que seja consentido, não envolva um animal e todos sejam adultos. Tudo que seja legal, aceito. Qualquer adulto, qualquer pessoa com mais de 18 anos que queira me amar".

Há algo com essas declarações informais, despreocupadas, que considero encantador e revolucionário. Foi necessária uma grande luta para superar as regras que constrangem e restringem nossa compreensão da complexidade da sexualidade humana. 

Embora observemos muitos avanços em termos de aceitação da comunidade LGBT ainda há uma resistência muito grande às pessoas que se identificam como bissexuais , ou pansexuais ou mesmo assexuais, e essa resistência parte de pessoas gays ou não.

Escrevi em meu livro de memórias, "Fire Shut Up In My Bones" sobre o fato de me identificar como bissexual porque "além de ter atração por mulheres, homens também me atraem". Escrevi sobre a enorme agitação e mesmo hostilidade que as pessoas - especialmente os homens, que assim se identificam, podem provocar.

"Mesmo aqueles que, do contrário, são igualitários não têm nenhum escrúpulo em questionar e semear dúvidas. Muitos só podem conceber a bissexualidade da maneira que ela existe no caso de muitas pessoas que se dispõem a reconhecê-la, ou seja, como uma identidade transitória - uma parada técnica ou algo oculto - não permanente.

Mas não me sinto de modo nenhum imperfeito ou isolado em minha identidade. Na verdade sinto-me liberado e até iluminado por ela. 

E o fato é que mais jovens como Cyrus estão se juntando nessa iluminação. A empresa de pesquisa de mercado YouGov no mês passado, numa sondagem, pediu a adultos britânicos para se classificarem dentro de uma escala de sexualidade criada por Alfred Kinsey nos anos 40, com zero sendo exclusivamente heterossexual e seis exclusivamente homossexual.

A conclusão foi que 89% dos participantes no geral se descreveram como heterossexuais. "Os resultados no caso de indivíduos entre 18 e 24 anos foram particularmente surpreendentes, com 43% se colocando como não binários entre um e cinco e 52% colocando totalmente de um lado ou de outro. Destes somente 46% disseram ser completamente heterossexuais e 6% como completamente homossexuais".

A YouGov divulgou os dados dos Estados Unidos e a conclusão foi de que "29% dos indivíduos abaixo dos 30 se colocaram na categoria da bissexualidade".

Obviamente essas classificações não têm por fim medir a atividade sexual, histórias íntimas ou rótulo de identificação, mas sim medir a "possibilidade de sentimentos e experiências homossexuais".

YouGov não é o único grupo que tentou compreender o meio fluído. O National Survey of Family Growth do Centro de Prevenção e Controle de Doenças divulgou dados de 2006-2008 num estudo de 2011 que mostrou que 16% das mulheres americanas e 5% dos homens com menos de 45 anos afirmavam sentir atração por somente um sexo, em vez de admitir que se sentiam apenas mais atraídos para um sexo, que tinham igualmente uma atração por ambos, ou não tinham certeza. Nessa pesquisa, 21% das mulheres entre 20 e 24 anos e 7% dos homens disseram estar em algum ponto no meio.

E lembre, 2008 é passado no tocante à aceitação da comunidade LGBT. Por exemplo de acordo com o instituto Gallup, em 2008 somente 48% dos americanos consideravam as relações entre gays e lésbicas moralmente aceitáveis. Esse número saltou hoje para 63% e no caso de indivíduos entre 18 e 34 anos hoje são 79%.

A atração é simplesmente encarada mais sutilmente por mais pessoas do que queremos admitir. A atração pode jamais se manifestar como intimidade física, nem deve, mas negar que ela existe gera uma percepção falsa, ingênua e até destrutiva do que é normal e possível.

Além disso, pessoas diferentes podem experimentar uma atração de modo diferente. Para alguns, o que atrai primeiro é o corpo. Para outros é o ser, o ser humano, independente de corpo e gênero. O que é ótimo também. Mas a ideia de se poder ter uma reação fisiológica a alguma coisa além do físico, para alguns parece antiético com base nas suas noções rígidas e antiquadas do que é atração.

Mas parece que mais jovens vêm se libertando dessa ideia e compreendendo e avaliando melhor o fato de que as pessoas têm de ter a liberdade para serem fluidas se de fato elas o são, e ninguém tem o direito de definir ou restringir os parâmetros das atrações, amor ou intimidade de uma outra pessoa.

As pessoas têm de ser elas próprias, da forma como se definem e não devem ao mundo nenhuma explicação ou desculpa por isto. Elas necessitam apenas optar pela honestidade e segurança.  Atração é atração e ela nem sempre carrega um rótulo.

Tradução de Terezinha Martino

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