Pelo desenvolvimento integral das crianças e seus direitos

Jovem refugiada palestina faz filme independente sobre a percepção da infância na cidade


No quintal de uma casa num bairro da zona norte de São Paulo, um garoto de cinco anos se distrai olhando o rodopiar do seu dedo indicador apontando para o alto. Noutra cena, sentado num balanço, na escola, também observa atentamente as suas mãos erguidas na altura dos seus olhos, mira as palmas, o formato e, novamente se detém ao indicador, o dedo está agora um pouco mais hesitante no movimento. Uma mulher de avental, talvez professora ou funcionária do estabelecimento, chega perto e, com o indicador para baixo, num vaivém com as mãos, parece o advertir também com palavras mudas de que algo está errado. Mas tudo para ele é uma mensagem distante, um silêncio que ele parece não compreender. Nesse filme mudo, sutil, apenas ouve-se a música de trilha sonora e o olhar do garoto, que compreende daquele idioma apenas os gestos, dedos, meneios de cabeça, gestuais do rosto. Ele caminha por um bairro de São Paulo, se detém aos hábitos, costumes, geografias, detalhes. Reprodução - imagem de abertura de Fingers  

Por Terciane Alves

Rawa, 2o anos, refugiada palestina síria quer estudar cinema no Brasil  Foto: Estadão

Essas são as cenas iniciais de Fingers (Dedos),um filme independente ( e de ficção) realizado por Rawa Alsagheer, de 20 anos, uma jovem palestina síria refugiada no Brasil, em São Paulo, que aqui planeja seguir carreira no audiovisual. Gravado com sua câmera "não-profissional" , roteirizado e dirigido por Rawa, pode-se dizer que a peça audiovisual é crônica de um tempo, o tempo em que a migração síria encontrou no Brasil um porto para sobreviver e, para alguns, até alimentar sonhos, enquanto a guerra deixa lá muitos mortos, inclusive crianças e expulsa seus habitantes para o mundo. A ONU já estimou em pelo menos 1,5 milhão de refugiados pelo mundo e mais de 250 mil mortos. O Centro Sírio para Pesquisa Política já destacou mais de 400 mil óbitos em decorrência do conflito.

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Nas cenas de Fingers, percebe-se que, nesta história, o garoto está aprendendo a se comunicar e a viver numa cultura muito distante da sua, no qual a aprovação ou castigo é sabida pela velocidade dos dedos de quem conversa com ele.

Longe dos conflitos de seu país, Rawa diz sonhar em ser cineasta, cursar a universidade e, nesse filme, quis mostrar um pouco a vivência de uma criança refugiada no Brasil. "As crianças sempre percebem os conselhos e quem os enviou a elas. Então, é importante cuidá-las com carinho para que elas sigam pelo caminho certo", conta, sobre sua inspiração. Diferentemente do personagem que interpreta, o menino personagem central do filme fala português muito bem e a relação entre ele e sua diretora (Rawa) demonstra que se deram bem na construção do personagem. Foram seis dias juntos de filmagem.

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Rawa, com o sobrinho Adam, o garoto já estuda o ciclo infantil em São Paulo  Foto: Estadão

"O Brasil é único país que recebe sistematicamente sírios palestinos", diz ela. Ela veio para São Paulo há ano, ao encontro dos irmãos. A ativista cultural Maria Nilda me enviou o link para que eu conhecesse o trabalho de Rawa e ela gentilmente conversou comigo. Ainda não fala português.

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 Interessante como a cultura informal dos sinais, com toda sua potência de transmitir vários tipos de mensagens, perpassam todos os momentos do filme. Captado com muita sutileza, Fingers não utiliza o recurso da palavra e revela que a adaptação de um povo que, mesmo bem acolhido no Brasil, se comparado tantos outros  países que fecham a porta, enfrentao desafio da adaptação. Mas Rawa vai superando as dificuldades aos poucos. "SãoPaulo é uma cidade bonita e a vida aqui é simples e vital, mas eu encontro dificuldades porque ela muito, muito grande, um lugar onde encontro várias culturas e as pessoas vivem em paz, independemente de qualquer cultura."

Rawa: São Paulo tem energia vital  Foto: Estadão
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E quais seus sonhos? "Certamente eu tenho sonhos, sonho em ser uma importante cineasta para o mundo e uma guitarrista profissional, mas agora meu sonho é só poder entrar em uma universidade", conta, com gargalhadas. Fingers é o seu primeiro filme. E ela se diz satisfeita com o resultado.

O canal no Youtube é o único local em exibição.

De acordo com a ONU,um total de 2,1 mil refugiados sírios vivem atualmente no Brasil - a maioria em São Paulo, a maior cidade do país, com uma população de 11,2 milhões de pessoas. Recentemente, o Conare, órgão do Ministério da Justiça, divulgou que o país já recebe quarto do total de refugiados sírios do mundo. É o caso de Rawa e sua família. Em geral, são pessoas que chegam com boa escolaridades, formação superior e que foram profissionais liberais no seu país de origem, mas aqui encontram dificuldade de colocação profissional em decorrência principalmente do idioma. São raros os casos daqueles que falam português e quem tem o inglês fluente também não é fácil encontrar.

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O Brasil tem um programa de visto humanitário e o refúgio é um direito de estrangeiros garantido por uma convenção da ONU de 1951 e ratificada por lei no Brasil em 1997. De acordo com Ministério da Justiça, visto pode ser solicitado por "qualquer estrangeiro que possua fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, opinião pública, nacionalidade ou por pertencer a grupo social específico e também por aqueles que tenham sido obrigados a deixar seu país de origem devido a uma grave e generalizada violação de direitos humanos".

 https://www.youtube.com/watch?v=OWEatw9BE9c

Rawa, 2o anos, refugiada palestina síria quer estudar cinema no Brasil  Foto: Estadão

Essas são as cenas iniciais de Fingers (Dedos),um filme independente ( e de ficção) realizado por Rawa Alsagheer, de 20 anos, uma jovem palestina síria refugiada no Brasil, em São Paulo, que aqui planeja seguir carreira no audiovisual. Gravado com sua câmera "não-profissional" , roteirizado e dirigido por Rawa, pode-se dizer que a peça audiovisual é crônica de um tempo, o tempo em que a migração síria encontrou no Brasil um porto para sobreviver e, para alguns, até alimentar sonhos, enquanto a guerra deixa lá muitos mortos, inclusive crianças e expulsa seus habitantes para o mundo. A ONU já estimou em pelo menos 1,5 milhão de refugiados pelo mundo e mais de 250 mil mortos. O Centro Sírio para Pesquisa Política já destacou mais de 400 mil óbitos em decorrência do conflito.

Nas cenas de Fingers, percebe-se que, nesta história, o garoto está aprendendo a se comunicar e a viver numa cultura muito distante da sua, no qual a aprovação ou castigo é sabida pela velocidade dos dedos de quem conversa com ele.

Longe dos conflitos de seu país, Rawa diz sonhar em ser cineasta, cursar a universidade e, nesse filme, quis mostrar um pouco a vivência de uma criança refugiada no Brasil. "As crianças sempre percebem os conselhos e quem os enviou a elas. Então, é importante cuidá-las com carinho para que elas sigam pelo caminho certo", conta, sobre sua inspiração. Diferentemente do personagem que interpreta, o menino personagem central do filme fala português muito bem e a relação entre ele e sua diretora (Rawa) demonstra que se deram bem na construção do personagem. Foram seis dias juntos de filmagem.

Rawa, com o sobrinho Adam, o garoto já estuda o ciclo infantil em São Paulo  Foto: Estadão

"O Brasil é único país que recebe sistematicamente sírios palestinos", diz ela. Ela veio para São Paulo há ano, ao encontro dos irmãos. A ativista cultural Maria Nilda me enviou o link para que eu conhecesse o trabalho de Rawa e ela gentilmente conversou comigo. Ainda não fala português.

 Interessante como a cultura informal dos sinais, com toda sua potência de transmitir vários tipos de mensagens, perpassam todos os momentos do filme. Captado com muita sutileza, Fingers não utiliza o recurso da palavra e revela que a adaptação de um povo que, mesmo bem acolhido no Brasil, se comparado tantos outros  países que fecham a porta, enfrentao desafio da adaptação. Mas Rawa vai superando as dificuldades aos poucos. "SãoPaulo é uma cidade bonita e a vida aqui é simples e vital, mas eu encontro dificuldades porque ela muito, muito grande, um lugar onde encontro várias culturas e as pessoas vivem em paz, independemente de qualquer cultura."

Rawa: São Paulo tem energia vital  Foto: Estadão

E quais seus sonhos? "Certamente eu tenho sonhos, sonho em ser uma importante cineasta para o mundo e uma guitarrista profissional, mas agora meu sonho é só poder entrar em uma universidade", conta, com gargalhadas. Fingers é o seu primeiro filme. E ela se diz satisfeita com o resultado.

O canal no Youtube é o único local em exibição.

De acordo com a ONU,um total de 2,1 mil refugiados sírios vivem atualmente no Brasil - a maioria em São Paulo, a maior cidade do país, com uma população de 11,2 milhões de pessoas. Recentemente, o Conare, órgão do Ministério da Justiça, divulgou que o país já recebe quarto do total de refugiados sírios do mundo. É o caso de Rawa e sua família. Em geral, são pessoas que chegam com boa escolaridades, formação superior e que foram profissionais liberais no seu país de origem, mas aqui encontram dificuldade de colocação profissional em decorrência principalmente do idioma. São raros os casos daqueles que falam português e quem tem o inglês fluente também não é fácil encontrar.

O Brasil tem um programa de visto humanitário e o refúgio é um direito de estrangeiros garantido por uma convenção da ONU de 1951 e ratificada por lei no Brasil em 1997. De acordo com Ministério da Justiça, visto pode ser solicitado por "qualquer estrangeiro que possua fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, opinião pública, nacionalidade ou por pertencer a grupo social específico e também por aqueles que tenham sido obrigados a deixar seu país de origem devido a uma grave e generalizada violação de direitos humanos".

 https://www.youtube.com/watch?v=OWEatw9BE9c

Rawa, 2o anos, refugiada palestina síria quer estudar cinema no Brasil  Foto: Estadão

Essas são as cenas iniciais de Fingers (Dedos),um filme independente ( e de ficção) realizado por Rawa Alsagheer, de 20 anos, uma jovem palestina síria refugiada no Brasil, em São Paulo, que aqui planeja seguir carreira no audiovisual. Gravado com sua câmera "não-profissional" , roteirizado e dirigido por Rawa, pode-se dizer que a peça audiovisual é crônica de um tempo, o tempo em que a migração síria encontrou no Brasil um porto para sobreviver e, para alguns, até alimentar sonhos, enquanto a guerra deixa lá muitos mortos, inclusive crianças e expulsa seus habitantes para o mundo. A ONU já estimou em pelo menos 1,5 milhão de refugiados pelo mundo e mais de 250 mil mortos. O Centro Sírio para Pesquisa Política já destacou mais de 400 mil óbitos em decorrência do conflito.

Nas cenas de Fingers, percebe-se que, nesta história, o garoto está aprendendo a se comunicar e a viver numa cultura muito distante da sua, no qual a aprovação ou castigo é sabida pela velocidade dos dedos de quem conversa com ele.

Longe dos conflitos de seu país, Rawa diz sonhar em ser cineasta, cursar a universidade e, nesse filme, quis mostrar um pouco a vivência de uma criança refugiada no Brasil. "As crianças sempre percebem os conselhos e quem os enviou a elas. Então, é importante cuidá-las com carinho para que elas sigam pelo caminho certo", conta, sobre sua inspiração. Diferentemente do personagem que interpreta, o menino personagem central do filme fala português muito bem e a relação entre ele e sua diretora (Rawa) demonstra que se deram bem na construção do personagem. Foram seis dias juntos de filmagem.

Rawa, com o sobrinho Adam, o garoto já estuda o ciclo infantil em São Paulo  Foto: Estadão

"O Brasil é único país que recebe sistematicamente sírios palestinos", diz ela. Ela veio para São Paulo há ano, ao encontro dos irmãos. A ativista cultural Maria Nilda me enviou o link para que eu conhecesse o trabalho de Rawa e ela gentilmente conversou comigo. Ainda não fala português.

 Interessante como a cultura informal dos sinais, com toda sua potência de transmitir vários tipos de mensagens, perpassam todos os momentos do filme. Captado com muita sutileza, Fingers não utiliza o recurso da palavra e revela que a adaptação de um povo que, mesmo bem acolhido no Brasil, se comparado tantos outros  países que fecham a porta, enfrentao desafio da adaptação. Mas Rawa vai superando as dificuldades aos poucos. "SãoPaulo é uma cidade bonita e a vida aqui é simples e vital, mas eu encontro dificuldades porque ela muito, muito grande, um lugar onde encontro várias culturas e as pessoas vivem em paz, independemente de qualquer cultura."

Rawa: São Paulo tem energia vital  Foto: Estadão

E quais seus sonhos? "Certamente eu tenho sonhos, sonho em ser uma importante cineasta para o mundo e uma guitarrista profissional, mas agora meu sonho é só poder entrar em uma universidade", conta, com gargalhadas. Fingers é o seu primeiro filme. E ela se diz satisfeita com o resultado.

O canal no Youtube é o único local em exibição.

De acordo com a ONU,um total de 2,1 mil refugiados sírios vivem atualmente no Brasil - a maioria em São Paulo, a maior cidade do país, com uma população de 11,2 milhões de pessoas. Recentemente, o Conare, órgão do Ministério da Justiça, divulgou que o país já recebe quarto do total de refugiados sírios do mundo. É o caso de Rawa e sua família. Em geral, são pessoas que chegam com boa escolaridades, formação superior e que foram profissionais liberais no seu país de origem, mas aqui encontram dificuldade de colocação profissional em decorrência principalmente do idioma. São raros os casos daqueles que falam português e quem tem o inglês fluente também não é fácil encontrar.

O Brasil tem um programa de visto humanitário e o refúgio é um direito de estrangeiros garantido por uma convenção da ONU de 1951 e ratificada por lei no Brasil em 1997. De acordo com Ministério da Justiça, visto pode ser solicitado por "qualquer estrangeiro que possua fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, opinião pública, nacionalidade ou por pertencer a grupo social específico e também por aqueles que tenham sido obrigados a deixar seu país de origem devido a uma grave e generalizada violação de direitos humanos".

 https://www.youtube.com/watch?v=OWEatw9BE9c

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