O uso de maconha pode elevar a chance de uma pessoa se tornar psicótica em até 40%, de acordo com pesquisadores que fizeram uma análise de estudos publicados anteriormente. Há tempos, uma corrente de médicos suspeita de uma conexão entre a patologia e a droga, enfatizando a necessidade de se avaliar os riscos de longo prazo da maconha. A pesquisa está na revista científica The Lancet. "A evidência disponível agora sugere que a cannabis não é tão inofensiva quanto muita gente pensa", disse Stanley Zammit, um dos autores do trabalho e professor de Medicina Psicológica da Universidade de Cardiff. A despeito disso, os autores do estudo afirmam que não foi possível ligar a cannabis, em si, ao maior risco de desenvolver um comportamento psicótico. "Não podemos garantir que a cannabis é responsável, porque poderia haver alguma outra coisa sobre os usuários, como a tendência a usar outras drogas ou certas características de personalidade que poderiam estar acusando as psicoses", disse Zammit. A maconha é a substância ilícita mais usada em muitos países. Zammit e colegas de outras instituições britânicas examinaram 35 estudos que rastrearam dezenas de milhares de pessoas por períodos que vão de 1 a 27 anos, para examinar o impacto da maconha na saúde mental. Eles procuraram doenças psicóticas como esquizofrenia, distúrbios cognitivos como alucinações e delírios, distúrbio bipolar, depressão, ansiedade, neuroses e tendências suicidas. O trabalho mostra que as pessoas que usavam maconha tinham uma chance aproximadamente 40% maior de desenvolver um distúrbio psicótico. Mas, mesmo assim, o risco continua baixo: a chance básica de desenvolver esquizofrenia, para a maioria das pessoas, é de menos de 1%. A prevalência de esquizofrenia é estimada em cinco pessoas a cada mil. Pessoas caracterizadas como "usuários pesados", que usavam a droga numa base diária ou semanal, têm um prognóstico mais preocupante: o risco vai de 50% a 200%. Embora não seja possível afirmar categoricamente que a maconha causa a psicose, cientistas crêem que o fenômeno é uma possibilidade biológica. A maconha interrompe importantes neurotransmissores, como a dopamina, e assim interfere na comunicação dentro do cérebro.