Retratos e relatos do cotidiano

Quando minha melhor amiga ficou grávida


Essa coisinha tão minúscula e tão imensa

Por Ruth Manus

 

Quando minha melhor amiga me contou que estava grávida eu confesso que fiquei paralisada. Perdi meu olhar no meio do nada, como se o mundo tivesse parado de rodar e ficado em silêncio de repente. O único som que existia era o daquela notícia. A única coisa que importava no mundo era aquilo.

 

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Não demorou mais de 30 segundos- entre o choque, a alegria e o medo- até que eu começasse a me perguntar se ela estava pronta. E se eu estava pronta. Porque essa linha que divide o que é ela e o que sou eu sempre foi muito sutil, não importa o tempo, a distância, nem as mudanças. Tudo o que diz respeito a uma acaba por fazer parte da vida da outra. Sorte a nossa.

 

Quando a ficha caiu, eu chorei. Chorei, chorei muito. Chorei porque aquilo era tão, tão grande, apesar de ainda ser absolutamente minúsculo. Chorei porque não havia a mais remota hipótese de eu não chorar. Aquela criatura que invadiu a barriga dela, de repente invadiu os meus olhos e transbordou sem pedir licença.

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Comecei a imaginar quem seria eu para aquela coisinha. Quem aquela coisinha seria para mim. Se ela entenderia que eu não sou sua família, mas que serei sempre sua família. Se ela sentiria aquela coisa tão inexplicável que me une à sua mãe desde criança e se ela também se agarraria a mim para nunca mais soltar. Desejei isso como desejei poucas coisas na vida.

 

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Quando vi sua barriga começar a crescer entendi que nossa história estava se estendendo pelo tempo ao invés de se amedrontar perante ele. Vi que a amizade, que sempre foi algo tão abstrato, pela primeira vez tornava-se absolutamente palpável e concreta, crescendo bem em frente aos nossos olhos. Não era só a coisinha que crescia, éramos nós também.

 

Perdi o rumo e o controle. Comprei body, camiseta, dinossauro de pelúcia, calça, pratinho, sapato, babador, fantoche de golfinho. Eu sabia que não precisava fazer aquilo, mas eu, genuinamente, queria fazer. As coisas eram quase como uma forma de dizer ao bebê "olha, eu estarei sempre presente, mesmo quando eu não estiver".

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Eu não sei se ela está pronta. Na verdade, a gente nunca está. Mas ela vai aprender. A coisinha vai vir, inacreditavelmente bem-vinda, materializando o amor da mãe e do pai, dos pais e dos avós, dos pais e dos tios, dos pais e dos amigos. Ela vai chegar, toda linda, e, desde já, minha pequena grande amiga. Não poderia ser diferente.

 

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Olho para o passado e lembro do uniforme da escola, das viagens para a praia, das provas de vestibular, dos primeiros namorados, dos porres, dos carnavais, dos primeiros empregos, das crises, do caminho todo que percorremos até aqui. E agora, a coisinha. Coisinha gigante, coisinha imensa. Coisinha que faz com que todo o resto pareça apenas apenas uma coisinha.

 

Vem coisinha. Sua mãe é o máximo, seu pai é incrível, o mundo não tá lá grande coisa, mas, como você vai ser parecida com eles, vai deixar tudo muito melhor do que encontrou. Vem que a tia também tá te esperando. Não sou muito boa com fraldas, mas prometo te esperar com um amor maior do que eu e sua mãe juntas. Juntas. Sempre juntas. E agora, com você, ainda maiores juntas.

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Quando minha melhor amiga me contou que estava grávida eu confesso que fiquei paralisada. Perdi meu olhar no meio do nada, como se o mundo tivesse parado de rodar e ficado em silêncio de repente. O único som que existia era o daquela notícia. A única coisa que importava no mundo era aquilo.

 

Não demorou mais de 30 segundos- entre o choque, a alegria e o medo- até que eu começasse a me perguntar se ela estava pronta. E se eu estava pronta. Porque essa linha que divide o que é ela e o que sou eu sempre foi muito sutil, não importa o tempo, a distância, nem as mudanças. Tudo o que diz respeito a uma acaba por fazer parte da vida da outra. Sorte a nossa.

 

Quando a ficha caiu, eu chorei. Chorei, chorei muito. Chorei porque aquilo era tão, tão grande, apesar de ainda ser absolutamente minúsculo. Chorei porque não havia a mais remota hipótese de eu não chorar. Aquela criatura que invadiu a barriga dela, de repente invadiu os meus olhos e transbordou sem pedir licença.

 

Comecei a imaginar quem seria eu para aquela coisinha. Quem aquela coisinha seria para mim. Se ela entenderia que eu não sou sua família, mas que serei sempre sua família. Se ela sentiria aquela coisa tão inexplicável que me une à sua mãe desde criança e se ela também se agarraria a mim para nunca mais soltar. Desejei isso como desejei poucas coisas na vida.

 

Quando vi sua barriga começar a crescer entendi que nossa história estava se estendendo pelo tempo ao invés de se amedrontar perante ele. Vi que a amizade, que sempre foi algo tão abstrato, pela primeira vez tornava-se absolutamente palpável e concreta, crescendo bem em frente aos nossos olhos. Não era só a coisinha que crescia, éramos nós também.

 

Perdi o rumo e o controle. Comprei body, camiseta, dinossauro de pelúcia, calça, pratinho, sapato, babador, fantoche de golfinho. Eu sabia que não precisava fazer aquilo, mas eu, genuinamente, queria fazer. As coisas eram quase como uma forma de dizer ao bebê "olha, eu estarei sempre presente, mesmo quando eu não estiver".

 

Eu não sei se ela está pronta. Na verdade, a gente nunca está. Mas ela vai aprender. A coisinha vai vir, inacreditavelmente bem-vinda, materializando o amor da mãe e do pai, dos pais e dos avós, dos pais e dos tios, dos pais e dos amigos. Ela vai chegar, toda linda, e, desde já, minha pequena grande amiga. Não poderia ser diferente.

 

Olho para o passado e lembro do uniforme da escola, das viagens para a praia, das provas de vestibular, dos primeiros namorados, dos porres, dos carnavais, dos primeiros empregos, das crises, do caminho todo que percorremos até aqui. E agora, a coisinha. Coisinha gigante, coisinha imensa. Coisinha que faz com que todo o resto pareça apenas apenas uma coisinha.

 

Vem coisinha. Sua mãe é o máximo, seu pai é incrível, o mundo não tá lá grande coisa, mas, como você vai ser parecida com eles, vai deixar tudo muito melhor do que encontrou. Vem que a tia também tá te esperando. Não sou muito boa com fraldas, mas prometo te esperar com um amor maior do que eu e sua mãe juntas. Juntas. Sempre juntas. E agora, com você, ainda maiores juntas.

 

 

 

Quando minha melhor amiga me contou que estava grávida eu confesso que fiquei paralisada. Perdi meu olhar no meio do nada, como se o mundo tivesse parado de rodar e ficado em silêncio de repente. O único som que existia era o daquela notícia. A única coisa que importava no mundo era aquilo.

 

Não demorou mais de 30 segundos- entre o choque, a alegria e o medo- até que eu começasse a me perguntar se ela estava pronta. E se eu estava pronta. Porque essa linha que divide o que é ela e o que sou eu sempre foi muito sutil, não importa o tempo, a distância, nem as mudanças. Tudo o que diz respeito a uma acaba por fazer parte da vida da outra. Sorte a nossa.

 

Quando a ficha caiu, eu chorei. Chorei, chorei muito. Chorei porque aquilo era tão, tão grande, apesar de ainda ser absolutamente minúsculo. Chorei porque não havia a mais remota hipótese de eu não chorar. Aquela criatura que invadiu a barriga dela, de repente invadiu os meus olhos e transbordou sem pedir licença.

 

Comecei a imaginar quem seria eu para aquela coisinha. Quem aquela coisinha seria para mim. Se ela entenderia que eu não sou sua família, mas que serei sempre sua família. Se ela sentiria aquela coisa tão inexplicável que me une à sua mãe desde criança e se ela também se agarraria a mim para nunca mais soltar. Desejei isso como desejei poucas coisas na vida.

 

Quando vi sua barriga começar a crescer entendi que nossa história estava se estendendo pelo tempo ao invés de se amedrontar perante ele. Vi que a amizade, que sempre foi algo tão abstrato, pela primeira vez tornava-se absolutamente palpável e concreta, crescendo bem em frente aos nossos olhos. Não era só a coisinha que crescia, éramos nós também.

 

Perdi o rumo e o controle. Comprei body, camiseta, dinossauro de pelúcia, calça, pratinho, sapato, babador, fantoche de golfinho. Eu sabia que não precisava fazer aquilo, mas eu, genuinamente, queria fazer. As coisas eram quase como uma forma de dizer ao bebê "olha, eu estarei sempre presente, mesmo quando eu não estiver".

 

Eu não sei se ela está pronta. Na verdade, a gente nunca está. Mas ela vai aprender. A coisinha vai vir, inacreditavelmente bem-vinda, materializando o amor da mãe e do pai, dos pais e dos avós, dos pais e dos tios, dos pais e dos amigos. Ela vai chegar, toda linda, e, desde já, minha pequena grande amiga. Não poderia ser diferente.

 

Olho para o passado e lembro do uniforme da escola, das viagens para a praia, das provas de vestibular, dos primeiros namorados, dos porres, dos carnavais, dos primeiros empregos, das crises, do caminho todo que percorremos até aqui. E agora, a coisinha. Coisinha gigante, coisinha imensa. Coisinha que faz com que todo o resto pareça apenas apenas uma coisinha.

 

Vem coisinha. Sua mãe é o máximo, seu pai é incrível, o mundo não tá lá grande coisa, mas, como você vai ser parecida com eles, vai deixar tudo muito melhor do que encontrou. Vem que a tia também tá te esperando. Não sou muito boa com fraldas, mas prometo te esperar com um amor maior do que eu e sua mãe juntas. Juntas. Sempre juntas. E agora, com você, ainda maiores juntas.

 

 

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