-Tem certeza de que vai dar certo essa história de alugar carro na Cidade do México para ir viajar? - É claro que vai, quem dirige em São Paulo dirige em praticamente qualquer lugar do mundo. - É né? - É. Tá bom. E assim foi. Carro alugado. Bagagem no porta malas. Rádio ligado. Garrafinha de água gelada para a viagem encaixada no compartimento lateral da porta. Óculos escuros. Tudo em ordem. Vamos? Vamos. Maravilha. Pode ligar o GPS e colocar “San Miguel de Allende” no destino. Que GPS? Como assim? O carro não tem GPS?! E agora? Não se preocupe, podemos usar o do celular. Boa. Vamos. Ela foi colocar “San Miguel de Allende” no destino do GPS do celular e reparou que eles não tinham internet no celular. Olhou para ele desnorteada. Não temos GPS, não temos internet, não temos mapas. Estamos em uma das maiores cidades do mundo. E nos perder no interior do México não deve ser como nos perder em Portugal, onde você encontra um galinheiro e uma senhora gorducha preparando um cozido. Pelo amor de Deus, isso vai acabar mal. “Fique tranquila. Eu tenho uma noção. Meu Deus. “Uma noção”, ninguém atravessa o México com uma noção. A gente tá lascado! Espera. Encosta aí no posto, que eu vou perguntar o caminho para alguém. Ela desce no posto, gasta o portuñol, demora alguns minutos e volta confiante como um copo de geleia de mocotó. É assim: temos que pegar essa avenida da frente, virar à direita, seguir adiante na direção da rodovia 57D e começar a seguir as placas para Queretaro. Tem que ser Queretaro e nunca Texcoco, ok? Ok. Vamos. Olha aí, já tem placa indicando a 57D. Viu? Tá tudo certo. Beleza, mas a gente não pode errar e pegar a direção Texcoco. Vai tirando umas fotos. Mas essa saída da cidade tá mais feia que Osasco. É né. Melhor não. Será que é essa placa “dirección Toluca-Pachuca”? Não, é dirección Quezetaro. Não era Queretaro? Isso, era. Mas não tem placa. Então é melhor seguir reto sem pegar nenhuma saída por enquanto. (5 minutos) É Zumpango né? O quê? A direção. Não meu Deus, é Queretaro. Isso, Zeretaro. Confundi com Zumpango. Continuaram em frente. Onde estamos? T..lal..ne...pan...tla. Tlalnepantla. Acho que é isso. Tlalnepantla. Onde estamos agora? Tepotzolan. E agora? Cauatitlan Izcalli. Agora? Huehuetoca. Não vire para Tequixquiac. Nem para Atitalaquia. Siga em frente na direção de San Francisco Soyaniquilpan. Não pegue a saída para Chapantongo. Passa pela Lagune de Zumpango. Estou ficando craque em ler essas placas. Olha! Essa que tá vindo é bem difícil. Conlluviadisminuyalavelocidad. Ah. Não é uma cidade. É um aviso. Olha, aí tá dizendo que em 2km vai ter caseta de cobro hahaha. Caseta de cobro! Muito melhor que pedágio! Onde estamos? Deixa eu ver... Chichimequillas. Falta muito? Mais ou menos. Vamos parar um pouco? Vamos. Preciso comer alguma coisa. Eu também. (pararam, fizeram xixi, entraram no restaurante do posto) No menu: pozoles, gorditas, enchiladas, cochinitas, elotes, epazotes, totopos, huaraches. Fizeram o mesmo que vinha fazendo naqueles cinco primeiros de México: pediam qualquer coisa. Era sempre bom e muito picante. Não se mexe em time que está ganhando. Voltaram para o carro, andaram mais 15 minutos. Até que não nos saímos tão mal. Nem um pouco. Onde estamos agora? Juriquilla. Devemos estar chegando. Zumpango ou Texcoco? Huarache. Não, Huarache é comida. É Querache. Não Texetaro. Como chamava a cidade? Tem uma placa para Atotonilco. Não? Acho que não. Será que passamos pela cidade e não vimos? Talvez. Olha, outra placa. Para El Pájaro Bobo hahaha. El Pájaro Bobo hahaha, que beleza. Vamos pra lá? E Queret... Enfim e o caminho para San Miguel de Allende, como fica? Depois a gente se vira. Só não podemos perder uma cidade chamada El Pájaro Bobo. Ah, isso não mesmo.