Alienação parental não é cometida apenas por mães. Pais também podem ser os alienadores e o médico Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo assassinado em abril deste ano, cometia alienação parental, segundo a avó do menino, Jussara Uglione. "O pai do Bernardo dizia à justiça, entre outras coisas, que a avó materna do menino era alcoólatra e a afastava dele", afirma o advogado que a representa, Marlon Taborda. Segundo Jussara, se a lei que prevê a guarda compartilhada como regra e não exceção já estivesse em vigor, ela também teria direito à guarda de Bernardo e o assassinato do menino poderia ter sido evitado.
Eu não tinha pretensões de voltar ao assunto esta semana. Mas depois de ter contado terça passada a história do cineasta Pedro Diniz, que está há dezoito meses sem ver o filho e sem notícias dele, recebi dezenas de emails, principalmente de homens, pedindo ajuda. Todos se dizem, assim como Pedro e Jussara, vítimas de alienação parental. A maioria relata uma coisa em comum: a mãe de seus filhos os acusam de algum tipo de abuso, agressão ou comportamento socialmente condenável. Leia trechos de alguns dos emails que recebi:
"Ela alegava que eu levava meu filho de volta para ela sujo, com fome, assado. Disse também que ele ficava doente durante e depois das visitas comigo. Em março deste ano, após a primeira vez que meu filho dormiu comigo, a mãe dele foi até a delegacia e fez um boletim de ocorrência alegando maus tratos. " Daniel H. analista de sistemas, pai de uma menino de 3 anos.
"A mãe inventa mentiras e se faz valer da lei Maria da Penha para ingressar com medidas protetivas para eu não ter como chegar na casa para buscar o nosso filho." João Vicente Ramos Macedo, pai de um menino de 5 anos.
"Nas únicas férias que conseguimos passar com o Lucas a mãe ligou depois dizendo que o menino foi maltratado, que foi obrigado a comer coisas que não gostava, que teve que tomar banho frio. Disse que o menino não queria mais vê-lo. Que estava com medo do pai. Que não gostava do pai. Desse dia em diante ele nunca mais ia conseguir falar com Lucas* nem pelo por telefone." Mariana* (nome trocado a pedido) conta um pouco do sofrimento do marido, que não consegue ver o filho de outro casamento, o Lucas*, 11 anos.
A psicóloga jurídica Denise Perissini, que no momento acompanha cerca de 40 casos de alienação parental, é enfática quando perguntada sobre as acusações de abuso (sexual e/ou emocional) e agressão feitas pelas mães que detêm a guarda dos filhos. "A imensa maioria das acusações é falsa. Posso afirmar que, dos 40 casos que acompanho hoje, todas as acusações são falsas. E elas aparecem quando existe algum interesse em afastar o pai do convívio com os filhos e ou quando existe alguma outra pendência como pensão, visita ou partilha de bens", conta.
Segundo ela, a mentira pode ser descoberta na maioria das vezes. Denise cita um caso que acompanhou em que o próprio delegado avisou a mãe que se a acusação de abuso sexual contra o marido não fosse verdadeira, ela poderia ser indiciada por falsa comunicação de crime ou denúncia caluniosa. A mãe desistiu do B.O prontamente dizendo "não ter certeza que o marido abusou da filha". Denise Perissini conta que se diversos entrevistadores (como psicólogos e juízes) conversarem com as crianças vítimas de alienação parental é possível descobrir se uma história foi inventada ou não. E nos casos em que as crianças manifestam sim sintomas de terem sido abusadas sexualmente existe "coerência nos relatos e na sintomatologia das crianças".