Ser mãe é padecer na internet

Opinião|Gestantes que buscavam parto normal afirmam terem sido destratadas na Maternidade de Campinas


Por Rita Lisauskas
Viviane Delgado Foto: Estadão

A professora universitária Viviane Delgado, 38,escolheu a Maternidade de Campinas, no interior de São Paulo, tida como referência quanto o assunto é parto normal e humanizado, para dar à luz seu filho caçula Felipe, 10 meses. Quando a bolsa estourou quase um mês antes da data prevista para o parto, Viviane ligou para sua médica e correu para a maternidade. Foi atendida pela plantonista. "Mas quando a enfermeira contou à médica de plantão quem era a minha obstetra, escutei-a dizendo que 'não ia mais pôr a mão em mim'", lembra. Viviane afirma que sabia que os médicos humanizados não eram bem-vindos naquela maternidade. "Eu já sabia que havia uma rixa. Mas fiquei constrangida com o clima pesado e pensei: estou dentro de um hospital e, se precisar de alguma coisa até minha médica chegar, não vou ter", conta. A obstetra de Viviane chegou ao hospital cerca de meia hora depois e assumiu o caso. Procurada, a médica da professora não quis comentar se realmente há, dentro da instituição, uma rixa entre médicos que fazem parto normal e os cesaristas.

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A contadora Ana Paula: "Tudo que eu não queria que acontecesse no dia do nascimento do meu filho, aconteceu." Foto: Estadão

A contadora Ana Paula Moura, 27 anos, conta uma história parecida. Ela também planejou o parto do filho na Maternidade de Campinas e contratou uma obstetra conhecida por ter alto índice de parto normal. Quando a bolsa estourou, correu para o hospital e chegou antes de sua médica. Com muita dor, foi atendida pelo plantonista. "Ele era um ogro, um grosso. Quando soube quem era a minha médica, deu um murro na mesa", conta. "Fiquei assustada, não queria que aquele homem colocasse a mão em mim. Ele chegou a dizer à doula que meu filho estava sem batimentos cardíacos e que precisava 'tirá-lo' de dentro de mim", conta. Ana Paula afirma ainda que quando sua médica chegou e entrou no centro obstétrico, o plantonista saiu sem sequer olhar para trás. A médica de Ana Paula assumiu o parto e o bebê nasceu do jeito que a contadora sonhava: de parto normal e cheio de saúde. Mas Ana não esconde a mágoa. "Tudo que eu não queria que acontecesse no dia do nascimento do meu filho, aconteceu", lamenta. "A gente, quando está dando à luz um filho, quer ouvir palavras de incentivo e não de grosseria."

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A suposta perseguição aos obstetras humanizados que atendem na Maternidade de Campinas teria feito uma vítima recente. A obstetra Priscila Ribeiro Huguet está sendo, segundo suas pacientes, constrangida pela instituição. O Conselho Regional de Medicina suspendeu o direito da médica de exercer sua profissão por seis meses, por meio de uma interdição cautelar do exercício profissional. Um abaixo assinado proposto pelas pacientes da médica já conta com mais de 7 mil assinaturas. Segundo o grupo que organiza o documento, o "crime" da obstetra seria o de "praticar e ser ativista do parto humanizado". As pacientes afirmam que a médica não teve direito a defesa e que o diretor da Maternidade de Campinas é membro do CRM. "A suspensão de Priscila foi política. Foi um recado para os médicos que atendem dentro das premissas do parto humanizado. Uma forma de intimidar e de tentar mostrar quem ainda manda nas instituições que ditam as regras da assistência", afirma a obstetriz Ana Cristina Duarte, uma das fundadoras do GAMA, Grupo de Apoio à Maternidade Ativa e uma das primeiras a assinar o documento pedindo para que o CRM revogue imediatamente a suspensão cautelar ou que o CFM, o Conselho Federal de Medicina, julgue imediatamente o recurso da Dra Priscila. "A suspensão é um ato do CRM reservado a casos extremamente graves, que não foi usado nem nos casos mais graves da história da medicina do nosso estado, como o do médico Roger Abdelmassih. No entanto foi usado contra uma médica sem qualquer fundamentação, com base num relatório cheio de falhas, sem consistência e fantasioso", completa Ana Cristina.

 Foto: Estadão

A suposta perseguição aos obstetras humanizados que atendem na Maternidade de Campinas teria feito uma vítima recente. A obstetra Priscila Ribeiro Huguet está sendo, segundo suas pacientes, constrangida pela instituição. O Conselho Regional de Medicina suspendeu o direito da médica de exercer sua profissão por seis meses, por meio de uma interdição cautelar do exercício profissional. Um abaixo assinado proposto pelas pacientes da médica já conta com mais de 7 mil assinaturas. Segundo o grupo que organiza o documento, o "crime" da obstetra seria o de "praticar e ser ativista do parto humanizado". As pacientes afirmam que a médica não teve direito a defesa e que o diretor da Maternidade de Campinas é membro do CRM. "A suspensão de Priscila foi política. Foi um recado para os médicos que atendem dentro das premissas do parto humanizado. Uma forma de intimidar e de tentar mostrar quem ainda manda nas instituições que ditam as regras da assistência", afirma a obstetriz Ana Cristina Duarte, uma das fundadoras do GAMA, Grupo de Apoio à Maternidade Ativa e uma das primeiras a assinar o documento pedindo para que o CRM revogue imediatamente a suspensão cautelar ou que o CFM, o Conselho Federal de Medicina, julgue imediatamente o recurso da Dra Priscila. "A suspensão é um ato do CRM reservado a casos extremamente graves, que não foi usado nem nos casos mais graves da história da medicina do nosso estado, como o do médico Roger Abdelmassih. No entanto foi usado contra uma médica sem qualquer fundamentação, com base num relatório cheio de falhas, sem consistência e fantasioso", completa Ana Cristina.

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A Dra. Priscila Huguet foi procurada pelo blog, mas não quis dar entrevista. Segundo a advogada Ana Lúcia Keunecke, ativista dos direitos sexuais e reprodutivos e pela saúde coletiva da mulher, "esse tipo de perseguição viola o acesso das mulheres aos profissionais que trabalham respeitando o protagonismo feminino e a segurança da mulher na assistência ao parto". "São profissionais que estão alinhados às melhores práticas conforme determinado pela Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde e na medicina baseada em evidências."Procurada, a Maternidade de Campinas afirmou que "irá apurar os casos citados" mas, que antes disso, "não tem nada a declarar".

O Cremesp, Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, também foi contactado pelo blog para comentar a suspensão da médica Priscila Huguet. No final da tarde, enviou a seguinte nota: "De acordo com a Resolução CFM n.o 1987/12, os conselhos regionais podem suspender o exercício profissional de médico cuja ação ou omissão, decorrentes do exercício de sua profissão, esteja notoriamente prejudicando o paciente ou a população, ou na iminência de fazê-lo. Em 16/9/2016, o Cremesp interditou cautelarmente a médica Priscila Ribeiro Huguet, até julgamento final do processo ético-profissional. Os procedimentos tramitam em sigilo processual."

Em 30/11/16, sete dias após a publicação da matéria, a Maternidade de Campinas se pronunciou. "A Maternidade de Campinas recebeu o seu e-mail com uma série de solicitações às 14h35 do dia 21/11/2016, dando-nos o prazo de poucas horas (exatamente até às 8h da manhã do dia 22/11/2016) para  responder à questões seríssimas que envolvem no nome e a credibilidade dessa centenária e reconhecida instituição de saúde. Em resposta às questões levantadas em seu e-mail e no artigo publicado no blog Ser mãe é padecer na internet, no último dia 22 de novembro de 2016, sob o título "Gestantes que buscavam parto normal afirmam terem sido destratadas na Maternidade de Campinas", no qual pacientes estariam acusando esta instituição de prestar mau atendimento e de "suposta perseguição aos obstetras humanizados", a Maternidade de Campinas esclarece que:

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1)     Começamos por nos desculpar por não atender ao "dead line" imposto. As indagações citam fatos ocorridos há até mais de três anos e não poderíamos prestar informações precisas sem um amplo levantamento das supostas denúncias. É também de nossa responsabilidade apurar antes de informar.

2)     Não foram localizados quaisquer registros de reclamações em nosso Serviço Social (onde as pacientes têm o direito - e o dever - de reportar todo e qualquer descontentamento com nosso atendimento, corpo clínico e/ou funcionários) das supostas pacientes das médicascitadas como denunciantes em seu artigo e no e-mail encaminhado a esta instituição. Lembramos que somente com o registro de reclamações nos é possível tomar conhecimento dos casos para apurá-los e, se necessário, tomar as medidas e providências de acordo com o nosso estatuto.

3)     Quando de qualquer reclamação ou denúncia protocolada, a Diretoria Administrativa da Maternidade de Campinas realiza todos os procedimentos cabíveis a cada caso.

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4)     Quanto aos índices de parto normal cesáreas, de acordo com a Coordenadoria da Gestão SUS/Maternidade realizamos em nossos plantões, em média, cerca de 900 partos/mês, dos quais 52,6% correspondem a partos normais e 47,4% as cesáreas.

5)     Rechaçamos qualquer "suposta perseguição aos obstetras humanizados que atendem na Maternidade de Campinas", conforme afirmado em seu artigo, por entendermos que todos os partos realizados em nossa instituição, independente do procedimento, são definidos como humanizados por atenderem as preconizações da Rede Cegonha e de Parto Seguro.

6)     Sobre eventuais "rixas" entre vaginalistas e cesaristas, informamos que não cabe à Maternidade de Campinas, assim como a qualquer outra instituição de saúde, interferir na relação médico/paciente, assim como na decisão deles quanto ao tipo de parto a ser realizado. No entanto, a Maternidade de Campinas têm o dever e a obrigação de seguir todas as normas e procedimentos determinados pelo Ministério da Saúde e pelas Sociedades de Ginecologia, de Pediatria, de Neonatologia, de Anestesiologia, entre outros, para garantir a assistência adequada ao binômio materno-fetal e neonatal.

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7)     Quanto à suspensão da obstetra Dra. Priscila Ribeiro Huguet, a interdição cautelar do exercício profissional da médica foi determinada pelo CREMESP - Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo -, não cabendo à Maternidade de Campinas, assim como a nenhum hospital de todo o Estado de São Paulo, outra alternativa  senão o seu fiel cumprimento até nova determinação.

8)     Por fim, lembramos que a Maternidade de Campinas é uma instituição centenária (completou 103 anos em 12 de outubro de 2016), e reconhecida nacionalmente justamente pela excelência dos serviços prestados à saúde materna e neonatal.

Gostaríamos, assim, de contar com a sua colaboração para a publicação dessas informações em seu blog com a finalidade de melhor esclarecimento sobre os fatos.

 Maternidade de Campinas

Diretoria"

Leia mais: "Mas você aceitaria que seu filho fosse gay?"

Leia também: Marcos Mion diz ser contra o método de "deixar o bebê chorar"

 

 

Viviane Delgado Foto: Estadão

A professora universitária Viviane Delgado, 38,escolheu a Maternidade de Campinas, no interior de São Paulo, tida como referência quanto o assunto é parto normal e humanizado, para dar à luz seu filho caçula Felipe, 10 meses. Quando a bolsa estourou quase um mês antes da data prevista para o parto, Viviane ligou para sua médica e correu para a maternidade. Foi atendida pela plantonista. "Mas quando a enfermeira contou à médica de plantão quem era a minha obstetra, escutei-a dizendo que 'não ia mais pôr a mão em mim'", lembra. Viviane afirma que sabia que os médicos humanizados não eram bem-vindos naquela maternidade. "Eu já sabia que havia uma rixa. Mas fiquei constrangida com o clima pesado e pensei: estou dentro de um hospital e, se precisar de alguma coisa até minha médica chegar, não vou ter", conta. A obstetra de Viviane chegou ao hospital cerca de meia hora depois e assumiu o caso. Procurada, a médica da professora não quis comentar se realmente há, dentro da instituição, uma rixa entre médicos que fazem parto normal e os cesaristas.

A contadora Ana Paula: "Tudo que eu não queria que acontecesse no dia do nascimento do meu filho, aconteceu." Foto: Estadão

A contadora Ana Paula Moura, 27 anos, conta uma história parecida. Ela também planejou o parto do filho na Maternidade de Campinas e contratou uma obstetra conhecida por ter alto índice de parto normal. Quando a bolsa estourou, correu para o hospital e chegou antes de sua médica. Com muita dor, foi atendida pelo plantonista. "Ele era um ogro, um grosso. Quando soube quem era a minha médica, deu um murro na mesa", conta. "Fiquei assustada, não queria que aquele homem colocasse a mão em mim. Ele chegou a dizer à doula que meu filho estava sem batimentos cardíacos e que precisava 'tirá-lo' de dentro de mim", conta. Ana Paula afirma ainda que quando sua médica chegou e entrou no centro obstétrico, o plantonista saiu sem sequer olhar para trás. A médica de Ana Paula assumiu o parto e o bebê nasceu do jeito que a contadora sonhava: de parto normal e cheio de saúde. Mas Ana não esconde a mágoa. "Tudo que eu não queria que acontecesse no dia do nascimento do meu filho, aconteceu", lamenta. "A gente, quando está dando à luz um filho, quer ouvir palavras de incentivo e não de grosseria."

A suposta perseguição aos obstetras humanizados que atendem na Maternidade de Campinas teria feito uma vítima recente. A obstetra Priscila Ribeiro Huguet está sendo, segundo suas pacientes, constrangida pela instituição. O Conselho Regional de Medicina suspendeu o direito da médica de exercer sua profissão por seis meses, por meio de uma interdição cautelar do exercício profissional. Um abaixo assinado proposto pelas pacientes da médica já conta com mais de 7 mil assinaturas. Segundo o grupo que organiza o documento, o "crime" da obstetra seria o de "praticar e ser ativista do parto humanizado". As pacientes afirmam que a médica não teve direito a defesa e que o diretor da Maternidade de Campinas é membro do CRM. "A suspensão de Priscila foi política. Foi um recado para os médicos que atendem dentro das premissas do parto humanizado. Uma forma de intimidar e de tentar mostrar quem ainda manda nas instituições que ditam as regras da assistência", afirma a obstetriz Ana Cristina Duarte, uma das fundadoras do GAMA, Grupo de Apoio à Maternidade Ativa e uma das primeiras a assinar o documento pedindo para que o CRM revogue imediatamente a suspensão cautelar ou que o CFM, o Conselho Federal de Medicina, julgue imediatamente o recurso da Dra Priscila. "A suspensão é um ato do CRM reservado a casos extremamente graves, que não foi usado nem nos casos mais graves da história da medicina do nosso estado, como o do médico Roger Abdelmassih. No entanto foi usado contra uma médica sem qualquer fundamentação, com base num relatório cheio de falhas, sem consistência e fantasioso", completa Ana Cristina.

 Foto: Estadão

A suposta perseguição aos obstetras humanizados que atendem na Maternidade de Campinas teria feito uma vítima recente. A obstetra Priscila Ribeiro Huguet está sendo, segundo suas pacientes, constrangida pela instituição. O Conselho Regional de Medicina suspendeu o direito da médica de exercer sua profissão por seis meses, por meio de uma interdição cautelar do exercício profissional. Um abaixo assinado proposto pelas pacientes da médica já conta com mais de 7 mil assinaturas. Segundo o grupo que organiza o documento, o "crime" da obstetra seria o de "praticar e ser ativista do parto humanizado". As pacientes afirmam que a médica não teve direito a defesa e que o diretor da Maternidade de Campinas é membro do CRM. "A suspensão de Priscila foi política. Foi um recado para os médicos que atendem dentro das premissas do parto humanizado. Uma forma de intimidar e de tentar mostrar quem ainda manda nas instituições que ditam as regras da assistência", afirma a obstetriz Ana Cristina Duarte, uma das fundadoras do GAMA, Grupo de Apoio à Maternidade Ativa e uma das primeiras a assinar o documento pedindo para que o CRM revogue imediatamente a suspensão cautelar ou que o CFM, o Conselho Federal de Medicina, julgue imediatamente o recurso da Dra Priscila. "A suspensão é um ato do CRM reservado a casos extremamente graves, que não foi usado nem nos casos mais graves da história da medicina do nosso estado, como o do médico Roger Abdelmassih. No entanto foi usado contra uma médica sem qualquer fundamentação, com base num relatório cheio de falhas, sem consistência e fantasioso", completa Ana Cristina.

A Dra. Priscila Huguet foi procurada pelo blog, mas não quis dar entrevista. Segundo a advogada Ana Lúcia Keunecke, ativista dos direitos sexuais e reprodutivos e pela saúde coletiva da mulher, "esse tipo de perseguição viola o acesso das mulheres aos profissionais que trabalham respeitando o protagonismo feminino e a segurança da mulher na assistência ao parto". "São profissionais que estão alinhados às melhores práticas conforme determinado pela Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde e na medicina baseada em evidências."Procurada, a Maternidade de Campinas afirmou que "irá apurar os casos citados" mas, que antes disso, "não tem nada a declarar".

O Cremesp, Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, também foi contactado pelo blog para comentar a suspensão da médica Priscila Huguet. No final da tarde, enviou a seguinte nota: "De acordo com a Resolução CFM n.o 1987/12, os conselhos regionais podem suspender o exercício profissional de médico cuja ação ou omissão, decorrentes do exercício de sua profissão, esteja notoriamente prejudicando o paciente ou a população, ou na iminência de fazê-lo. Em 16/9/2016, o Cremesp interditou cautelarmente a médica Priscila Ribeiro Huguet, até julgamento final do processo ético-profissional. Os procedimentos tramitam em sigilo processual."

Em 30/11/16, sete dias após a publicação da matéria, a Maternidade de Campinas se pronunciou. "A Maternidade de Campinas recebeu o seu e-mail com uma série de solicitações às 14h35 do dia 21/11/2016, dando-nos o prazo de poucas horas (exatamente até às 8h da manhã do dia 22/11/2016) para  responder à questões seríssimas que envolvem no nome e a credibilidade dessa centenária e reconhecida instituição de saúde. Em resposta às questões levantadas em seu e-mail e no artigo publicado no blog Ser mãe é padecer na internet, no último dia 22 de novembro de 2016, sob o título "Gestantes que buscavam parto normal afirmam terem sido destratadas na Maternidade de Campinas", no qual pacientes estariam acusando esta instituição de prestar mau atendimento e de "suposta perseguição aos obstetras humanizados", a Maternidade de Campinas esclarece que:

1)     Começamos por nos desculpar por não atender ao "dead line" imposto. As indagações citam fatos ocorridos há até mais de três anos e não poderíamos prestar informações precisas sem um amplo levantamento das supostas denúncias. É também de nossa responsabilidade apurar antes de informar.

2)     Não foram localizados quaisquer registros de reclamações em nosso Serviço Social (onde as pacientes têm o direito - e o dever - de reportar todo e qualquer descontentamento com nosso atendimento, corpo clínico e/ou funcionários) das supostas pacientes das médicascitadas como denunciantes em seu artigo e no e-mail encaminhado a esta instituição. Lembramos que somente com o registro de reclamações nos é possível tomar conhecimento dos casos para apurá-los e, se necessário, tomar as medidas e providências de acordo com o nosso estatuto.

3)     Quando de qualquer reclamação ou denúncia protocolada, a Diretoria Administrativa da Maternidade de Campinas realiza todos os procedimentos cabíveis a cada caso.

4)     Quanto aos índices de parto normal cesáreas, de acordo com a Coordenadoria da Gestão SUS/Maternidade realizamos em nossos plantões, em média, cerca de 900 partos/mês, dos quais 52,6% correspondem a partos normais e 47,4% as cesáreas.

5)     Rechaçamos qualquer "suposta perseguição aos obstetras humanizados que atendem na Maternidade de Campinas", conforme afirmado em seu artigo, por entendermos que todos os partos realizados em nossa instituição, independente do procedimento, são definidos como humanizados por atenderem as preconizações da Rede Cegonha e de Parto Seguro.

6)     Sobre eventuais "rixas" entre vaginalistas e cesaristas, informamos que não cabe à Maternidade de Campinas, assim como a qualquer outra instituição de saúde, interferir na relação médico/paciente, assim como na decisão deles quanto ao tipo de parto a ser realizado. No entanto, a Maternidade de Campinas têm o dever e a obrigação de seguir todas as normas e procedimentos determinados pelo Ministério da Saúde e pelas Sociedades de Ginecologia, de Pediatria, de Neonatologia, de Anestesiologia, entre outros, para garantir a assistência adequada ao binômio materno-fetal e neonatal.

7)     Quanto à suspensão da obstetra Dra. Priscila Ribeiro Huguet, a interdição cautelar do exercício profissional da médica foi determinada pelo CREMESP - Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo -, não cabendo à Maternidade de Campinas, assim como a nenhum hospital de todo o Estado de São Paulo, outra alternativa  senão o seu fiel cumprimento até nova determinação.

8)     Por fim, lembramos que a Maternidade de Campinas é uma instituição centenária (completou 103 anos em 12 de outubro de 2016), e reconhecida nacionalmente justamente pela excelência dos serviços prestados à saúde materna e neonatal.

Gostaríamos, assim, de contar com a sua colaboração para a publicação dessas informações em seu blog com a finalidade de melhor esclarecimento sobre os fatos.

 Maternidade de Campinas

Diretoria"

Leia mais: "Mas você aceitaria que seu filho fosse gay?"

Leia também: Marcos Mion diz ser contra o método de "deixar o bebê chorar"

 

 

Viviane Delgado Foto: Estadão

A professora universitária Viviane Delgado, 38,escolheu a Maternidade de Campinas, no interior de São Paulo, tida como referência quanto o assunto é parto normal e humanizado, para dar à luz seu filho caçula Felipe, 10 meses. Quando a bolsa estourou quase um mês antes da data prevista para o parto, Viviane ligou para sua médica e correu para a maternidade. Foi atendida pela plantonista. "Mas quando a enfermeira contou à médica de plantão quem era a minha obstetra, escutei-a dizendo que 'não ia mais pôr a mão em mim'", lembra. Viviane afirma que sabia que os médicos humanizados não eram bem-vindos naquela maternidade. "Eu já sabia que havia uma rixa. Mas fiquei constrangida com o clima pesado e pensei: estou dentro de um hospital e, se precisar de alguma coisa até minha médica chegar, não vou ter", conta. A obstetra de Viviane chegou ao hospital cerca de meia hora depois e assumiu o caso. Procurada, a médica da professora não quis comentar se realmente há, dentro da instituição, uma rixa entre médicos que fazem parto normal e os cesaristas.

A contadora Ana Paula: "Tudo que eu não queria que acontecesse no dia do nascimento do meu filho, aconteceu." Foto: Estadão

A contadora Ana Paula Moura, 27 anos, conta uma história parecida. Ela também planejou o parto do filho na Maternidade de Campinas e contratou uma obstetra conhecida por ter alto índice de parto normal. Quando a bolsa estourou, correu para o hospital e chegou antes de sua médica. Com muita dor, foi atendida pelo plantonista. "Ele era um ogro, um grosso. Quando soube quem era a minha médica, deu um murro na mesa", conta. "Fiquei assustada, não queria que aquele homem colocasse a mão em mim. Ele chegou a dizer à doula que meu filho estava sem batimentos cardíacos e que precisava 'tirá-lo' de dentro de mim", conta. Ana Paula afirma ainda que quando sua médica chegou e entrou no centro obstétrico, o plantonista saiu sem sequer olhar para trás. A médica de Ana Paula assumiu o parto e o bebê nasceu do jeito que a contadora sonhava: de parto normal e cheio de saúde. Mas Ana não esconde a mágoa. "Tudo que eu não queria que acontecesse no dia do nascimento do meu filho, aconteceu", lamenta. "A gente, quando está dando à luz um filho, quer ouvir palavras de incentivo e não de grosseria."

A suposta perseguição aos obstetras humanizados que atendem na Maternidade de Campinas teria feito uma vítima recente. A obstetra Priscila Ribeiro Huguet está sendo, segundo suas pacientes, constrangida pela instituição. O Conselho Regional de Medicina suspendeu o direito da médica de exercer sua profissão por seis meses, por meio de uma interdição cautelar do exercício profissional. Um abaixo assinado proposto pelas pacientes da médica já conta com mais de 7 mil assinaturas. Segundo o grupo que organiza o documento, o "crime" da obstetra seria o de "praticar e ser ativista do parto humanizado". As pacientes afirmam que a médica não teve direito a defesa e que o diretor da Maternidade de Campinas é membro do CRM. "A suspensão de Priscila foi política. Foi um recado para os médicos que atendem dentro das premissas do parto humanizado. Uma forma de intimidar e de tentar mostrar quem ainda manda nas instituições que ditam as regras da assistência", afirma a obstetriz Ana Cristina Duarte, uma das fundadoras do GAMA, Grupo de Apoio à Maternidade Ativa e uma das primeiras a assinar o documento pedindo para que o CRM revogue imediatamente a suspensão cautelar ou que o CFM, o Conselho Federal de Medicina, julgue imediatamente o recurso da Dra Priscila. "A suspensão é um ato do CRM reservado a casos extremamente graves, que não foi usado nem nos casos mais graves da história da medicina do nosso estado, como o do médico Roger Abdelmassih. No entanto foi usado contra uma médica sem qualquer fundamentação, com base num relatório cheio de falhas, sem consistência e fantasioso", completa Ana Cristina.

 Foto: Estadão

A suposta perseguição aos obstetras humanizados que atendem na Maternidade de Campinas teria feito uma vítima recente. A obstetra Priscila Ribeiro Huguet está sendo, segundo suas pacientes, constrangida pela instituição. O Conselho Regional de Medicina suspendeu o direito da médica de exercer sua profissão por seis meses, por meio de uma interdição cautelar do exercício profissional. Um abaixo assinado proposto pelas pacientes da médica já conta com mais de 7 mil assinaturas. Segundo o grupo que organiza o documento, o "crime" da obstetra seria o de "praticar e ser ativista do parto humanizado". As pacientes afirmam que a médica não teve direito a defesa e que o diretor da Maternidade de Campinas é membro do CRM. "A suspensão de Priscila foi política. Foi um recado para os médicos que atendem dentro das premissas do parto humanizado. Uma forma de intimidar e de tentar mostrar quem ainda manda nas instituições que ditam as regras da assistência", afirma a obstetriz Ana Cristina Duarte, uma das fundadoras do GAMA, Grupo de Apoio à Maternidade Ativa e uma das primeiras a assinar o documento pedindo para que o CRM revogue imediatamente a suspensão cautelar ou que o CFM, o Conselho Federal de Medicina, julgue imediatamente o recurso da Dra Priscila. "A suspensão é um ato do CRM reservado a casos extremamente graves, que não foi usado nem nos casos mais graves da história da medicina do nosso estado, como o do médico Roger Abdelmassih. No entanto foi usado contra uma médica sem qualquer fundamentação, com base num relatório cheio de falhas, sem consistência e fantasioso", completa Ana Cristina.

A Dra. Priscila Huguet foi procurada pelo blog, mas não quis dar entrevista. Segundo a advogada Ana Lúcia Keunecke, ativista dos direitos sexuais e reprodutivos e pela saúde coletiva da mulher, "esse tipo de perseguição viola o acesso das mulheres aos profissionais que trabalham respeitando o protagonismo feminino e a segurança da mulher na assistência ao parto". "São profissionais que estão alinhados às melhores práticas conforme determinado pela Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde e na medicina baseada em evidências."Procurada, a Maternidade de Campinas afirmou que "irá apurar os casos citados" mas, que antes disso, "não tem nada a declarar".

O Cremesp, Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, também foi contactado pelo blog para comentar a suspensão da médica Priscila Huguet. No final da tarde, enviou a seguinte nota: "De acordo com a Resolução CFM n.o 1987/12, os conselhos regionais podem suspender o exercício profissional de médico cuja ação ou omissão, decorrentes do exercício de sua profissão, esteja notoriamente prejudicando o paciente ou a população, ou na iminência de fazê-lo. Em 16/9/2016, o Cremesp interditou cautelarmente a médica Priscila Ribeiro Huguet, até julgamento final do processo ético-profissional. Os procedimentos tramitam em sigilo processual."

Em 30/11/16, sete dias após a publicação da matéria, a Maternidade de Campinas se pronunciou. "A Maternidade de Campinas recebeu o seu e-mail com uma série de solicitações às 14h35 do dia 21/11/2016, dando-nos o prazo de poucas horas (exatamente até às 8h da manhã do dia 22/11/2016) para  responder à questões seríssimas que envolvem no nome e a credibilidade dessa centenária e reconhecida instituição de saúde. Em resposta às questões levantadas em seu e-mail e no artigo publicado no blog Ser mãe é padecer na internet, no último dia 22 de novembro de 2016, sob o título "Gestantes que buscavam parto normal afirmam terem sido destratadas na Maternidade de Campinas", no qual pacientes estariam acusando esta instituição de prestar mau atendimento e de "suposta perseguição aos obstetras humanizados", a Maternidade de Campinas esclarece que:

1)     Começamos por nos desculpar por não atender ao "dead line" imposto. As indagações citam fatos ocorridos há até mais de três anos e não poderíamos prestar informações precisas sem um amplo levantamento das supostas denúncias. É também de nossa responsabilidade apurar antes de informar.

2)     Não foram localizados quaisquer registros de reclamações em nosso Serviço Social (onde as pacientes têm o direito - e o dever - de reportar todo e qualquer descontentamento com nosso atendimento, corpo clínico e/ou funcionários) das supostas pacientes das médicascitadas como denunciantes em seu artigo e no e-mail encaminhado a esta instituição. Lembramos que somente com o registro de reclamações nos é possível tomar conhecimento dos casos para apurá-los e, se necessário, tomar as medidas e providências de acordo com o nosso estatuto.

3)     Quando de qualquer reclamação ou denúncia protocolada, a Diretoria Administrativa da Maternidade de Campinas realiza todos os procedimentos cabíveis a cada caso.

4)     Quanto aos índices de parto normal cesáreas, de acordo com a Coordenadoria da Gestão SUS/Maternidade realizamos em nossos plantões, em média, cerca de 900 partos/mês, dos quais 52,6% correspondem a partos normais e 47,4% as cesáreas.

5)     Rechaçamos qualquer "suposta perseguição aos obstetras humanizados que atendem na Maternidade de Campinas", conforme afirmado em seu artigo, por entendermos que todos os partos realizados em nossa instituição, independente do procedimento, são definidos como humanizados por atenderem as preconizações da Rede Cegonha e de Parto Seguro.

6)     Sobre eventuais "rixas" entre vaginalistas e cesaristas, informamos que não cabe à Maternidade de Campinas, assim como a qualquer outra instituição de saúde, interferir na relação médico/paciente, assim como na decisão deles quanto ao tipo de parto a ser realizado. No entanto, a Maternidade de Campinas têm o dever e a obrigação de seguir todas as normas e procedimentos determinados pelo Ministério da Saúde e pelas Sociedades de Ginecologia, de Pediatria, de Neonatologia, de Anestesiologia, entre outros, para garantir a assistência adequada ao binômio materno-fetal e neonatal.

7)     Quanto à suspensão da obstetra Dra. Priscila Ribeiro Huguet, a interdição cautelar do exercício profissional da médica foi determinada pelo CREMESP - Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo -, não cabendo à Maternidade de Campinas, assim como a nenhum hospital de todo o Estado de São Paulo, outra alternativa  senão o seu fiel cumprimento até nova determinação.

8)     Por fim, lembramos que a Maternidade de Campinas é uma instituição centenária (completou 103 anos em 12 de outubro de 2016), e reconhecida nacionalmente justamente pela excelência dos serviços prestados à saúde materna e neonatal.

Gostaríamos, assim, de contar com a sua colaboração para a publicação dessas informações em seu blog com a finalidade de melhor esclarecimento sobre os fatos.

 Maternidade de Campinas

Diretoria"

Leia mais: "Mas você aceitaria que seu filho fosse gay?"

Leia também: Marcos Mion diz ser contra o método de "deixar o bebê chorar"

 

 

Opinião por Rita Lisauskas

Jornalista, apresentadora e escritora. Autora do livro 'Mãe sem Manual'

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