Um passeio pela cultura sneakerhead no Brasil e no mundo

Inovação: conheça o centro de pesquisa e desenvolvimento da Vulcabras


Complexo verticalizado de desenvolvimento da Vulcabras em Parobé é responsável pela criação da linha Olympikus Corre e dos modelos nacionais da Under Armour e Mizuno

Por Diego Ortiz
Atualização:
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Vulcabras Foto: Vulcabras/Estadão

Um movimento muito interessante acontece no Brasil neste momento no mundo das corridas de rua. Uma marca nacional, a Olympikus, vem dominando o cenário com preço e qualidade. Quem diz isso é o app de monitoramento de corridas Strava, que deu à marca o primeiro lugar como tênis mais usado no País em várias faixas de distância. A responsável por este feito é a linha Corre, com preço médio de R$ 500, qualidade de sobra e um acerto de cores e design que é difícil não notar. Para ver de perto o segredo do desenvolvimento deste e dos modelos nacionais da Under Armour e Mizuno, fui até o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Vulcabras, na cidade de Parobé (RS), para constatar que o que ocorre lá não é mágica, é trabalho e inspiração.

O Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, é o berço da produção e desenvolvimento de calçados no Brasil, fruto da imigração de italianos e alemães, que trouxeram de seus países natais o amor e a arte de fazer sapatos. Chegou a ser uma grande área exportadora quando o Brasil ainda tinha custos frente à Ásia, mas hoje é um polo de inteligência e desenvolvimento. É lá que está o CP&D da Vulcabras e é de lá que saem as normas técnicas, materiais e até as peças usinadas de matrizes e impressão 3D de solado para a fábrica da empresa em Horizonte, no Ceará, que também já visitei.

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Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Vulcabras Foto: Vulcabras/Estadão

“De uns cinco anos para cá, quando decidimos fazer um tênis de alta performance para ganhar maratona, as rédeas foram soltas, fomos buscar tudo que havia de melhor no mundo e aqui dentro, sem limite de gastos, baseado no Re-IPO de 2017, com dinheiro em caixa e com foco. E esse investimento se mantém constante até hoje”, explica Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras.

Melhores produtos foram trazendo mais faturamento, mais preço médio, e esse investimento foi se mostrando de retorno rápido. Muito em função do trabalho junto à comunidade da corrida, que leva a Olympikus nos pés. Bartelle sempre ressalta que a força de trabalho no Brasil é tão capacitada quanto a dos Estados Unidos e Ásia no segmento de calçados. E foi fácil perceber isso no CP&D, com máquinas de última geração, testes com realidade virtual, desenvolvimento com IA e uma série de processos e análises de materiais que culmina no belo tênis que está nas lojas. “Pode parecer pretensioso, mas realmente achamos que vamos disputar a evolução tecnológica de calçados esportivos a nível mundial”, afirma Bartelle.

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Lá vi em segredo alguns modelos que estão sendo desenvolvidos. Um deles, Bartelle acredita que vai “competir com os melhores dos melhores, da ponta da pirâmide do mercado mundial, com todas as marcas”. Um dos objetivos com este tênis é a entrada da marca na Europa, um processo que se encaminha cada vez mais forte na Vulcabras e que vai acontecer, com produção nacional ou não. “Eu espero que a internacionalização da Olympikus passe por conseguir produzir no Brasil com competitividade. Não é o que a gente quer, mas não adianta mentir, se for preciso produzir fora para a marca se internacionalizar, nós teremos que dar este passo”.

Teste de produtos em realidade virtual Foto: Vulcabras/Estadão

Sobre o processo de criação em Parobé, ele funciona de forma verticalizada, quase que como uma linha de produção, só que de ideias. A equipe recebe um briefing de inovação ou do mercado, faz o esboço em 2D, o desenho técnico da sola e depois cria o projeto completo por programação e IA. Depois as ideias são filtradas, o tênis vai para a narrativa de cores para criar as paletas dos produtos, que já têm um padrão, e cria-se o projeto em 3D, para depois entrar a prototipagem em 3D, já adaptando o solado à forma, com a biomecânica de uso. “Essa verticalização reduz os custos, os descartes e acelera muito o desenvolvimento. Em um mês já conseguimos ter o conceito do produto pronto”, diz Marcelo Dorneles, gerente de desenvolvimento de cores e materiais da Vulcabras.

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O outro passo, explica Frederico Wageck, diretor de engenharia de produto da Vulcabras, é pegar os desenhos para criar as ferramentas de produção e os protótipos para avaliar os produtos. É feita toda a grade de números dos tênis e eles vão para os pés dos atletas testarem e darem os feedbacks. Os tênis rodam mil quilômetros e são reavaliados a cada 100 km. “O ciclo de desenvolvimento demora de 3 a 4 meses para chegar na aprovação. E tudo que é usado na fabricação do tênis é definido aqui nos laboratórios, da formulação da espuma ao material do cabedal”.

Dentro deste processo, um outro apoio é fundamental, o do Laboratório de Biomecânica do Movimento e Postura Humana da USP, comandado pelo professor Julio Serrão. O laboratório ajuda com dados e testes dos tênis para o desenvolvimento e aprimoramento de produto. “A gente fica muito feliz porque foi a primeira vez que a gente conseguiu interferir na criação de um tênis, não apenas fornecer um ou outro dado”, salienta Serrão.

Testes com sensores no laboratório da USP Foto: USP/Estadão
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O trabalho técnico do laboratório auxilia a engenharia de produção a formular os materiais de sola e melhorar a biomecânica. Nele são feitos testes na placa de impacto e são colocados sensores nas articulações que medem toda a cinemática do movimento do corpo. Mil medidas de força são registradas por segundo, que mostram se e o quanto o pé está virando, se há algum desvio postural durante a corrida e vários outros indicadores que ajudam a Vulcabras a ajustar o tênis ao biotipo brasileiro, o que é uma grande vantagem competitiva em se tratando de um tênis de performance.

“O Corre 4 que as pessoas estão usando tem 30 anos de idade, de conhecimento e de investimento. Aqui para a USP, em particular, foi uma experiência única. Imagina você estudando 30 anos o negócio sem conseguir mexer no negócio. Agora a gente consegue mexer”, comemora Serrão.

Próximo desafio é o futebol

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Após democratizar a corrida no Brasil, como a Vulcabras sempre fala, o próximo passo forte da empresa parece ser mudar o mercado de chuteiras no País. Segundo Bartelle, a Vulcabras tem um patrimônio muito importante que é a marca Mizuno e sua coleção comprovadíssima das chuteiras Morelia, que já está sendo produzida por aqui e indo bem. Isso deu o aval que os japoneses precisavam para a produção local da linha intermediária Regent, que começa a entrar no mercado agora.

Chuteira Mizuno Regent Foto: Vulcabras/Estadão

É a primeira coleção de chuteiras desenvolvida fora do Japão para a Mizuno, com foco no custo-benefício (a partir de R$ 279,90) e com modernidade de produção, trazendo cabedal do tipo meia e material sintético com mais gramatura. O objetivo da marca é atacar o meio da tabela de preços das concorrentes, hoje composta por marcas nacionais com materiais bem econômicos a preços baixos e por marcas internacionais com preços mais altos. “Nosso objetivo é fazer com a Regent a mesma coisa que a gente fez com o Corre. Talvez em uma proporção menor, mas é criar um mercado que não existe”, afirma Bartelle.

Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Vulcabras Foto: Vulcabras/Estadão

Um movimento muito interessante acontece no Brasil neste momento no mundo das corridas de rua. Uma marca nacional, a Olympikus, vem dominando o cenário com preço e qualidade. Quem diz isso é o app de monitoramento de corridas Strava, que deu à marca o primeiro lugar como tênis mais usado no País em várias faixas de distância. A responsável por este feito é a linha Corre, com preço médio de R$ 500, qualidade de sobra e um acerto de cores e design que é difícil não notar. Para ver de perto o segredo do desenvolvimento deste e dos modelos nacionais da Under Armour e Mizuno, fui até o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Vulcabras, na cidade de Parobé (RS), para constatar que o que ocorre lá não é mágica, é trabalho e inspiração.

O Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, é o berço da produção e desenvolvimento de calçados no Brasil, fruto da imigração de italianos e alemães, que trouxeram de seus países natais o amor e a arte de fazer sapatos. Chegou a ser uma grande área exportadora quando o Brasil ainda tinha custos frente à Ásia, mas hoje é um polo de inteligência e desenvolvimento. É lá que está o CP&D da Vulcabras e é de lá que saem as normas técnicas, materiais e até as peças usinadas de matrizes e impressão 3D de solado para a fábrica da empresa em Horizonte, no Ceará, que também já visitei.

Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Vulcabras Foto: Vulcabras/Estadão

“De uns cinco anos para cá, quando decidimos fazer um tênis de alta performance para ganhar maratona, as rédeas foram soltas, fomos buscar tudo que havia de melhor no mundo e aqui dentro, sem limite de gastos, baseado no Re-IPO de 2017, com dinheiro em caixa e com foco. E esse investimento se mantém constante até hoje”, explica Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras.

Melhores produtos foram trazendo mais faturamento, mais preço médio, e esse investimento foi se mostrando de retorno rápido. Muito em função do trabalho junto à comunidade da corrida, que leva a Olympikus nos pés. Bartelle sempre ressalta que a força de trabalho no Brasil é tão capacitada quanto a dos Estados Unidos e Ásia no segmento de calçados. E foi fácil perceber isso no CP&D, com máquinas de última geração, testes com realidade virtual, desenvolvimento com IA e uma série de processos e análises de materiais que culmina no belo tênis que está nas lojas. “Pode parecer pretensioso, mas realmente achamos que vamos disputar a evolução tecnológica de calçados esportivos a nível mundial”, afirma Bartelle.

Lá vi em segredo alguns modelos que estão sendo desenvolvidos. Um deles, Bartelle acredita que vai “competir com os melhores dos melhores, da ponta da pirâmide do mercado mundial, com todas as marcas”. Um dos objetivos com este tênis é a entrada da marca na Europa, um processo que se encaminha cada vez mais forte na Vulcabras e que vai acontecer, com produção nacional ou não. “Eu espero que a internacionalização da Olympikus passe por conseguir produzir no Brasil com competitividade. Não é o que a gente quer, mas não adianta mentir, se for preciso produzir fora para a marca se internacionalizar, nós teremos que dar este passo”.

Teste de produtos em realidade virtual Foto: Vulcabras/Estadão

Sobre o processo de criação em Parobé, ele funciona de forma verticalizada, quase que como uma linha de produção, só que de ideias. A equipe recebe um briefing de inovação ou do mercado, faz o esboço em 2D, o desenho técnico da sola e depois cria o projeto completo por programação e IA. Depois as ideias são filtradas, o tênis vai para a narrativa de cores para criar as paletas dos produtos, que já têm um padrão, e cria-se o projeto em 3D, para depois entrar a prototipagem em 3D, já adaptando o solado à forma, com a biomecânica de uso. “Essa verticalização reduz os custos, os descartes e acelera muito o desenvolvimento. Em um mês já conseguimos ter o conceito do produto pronto”, diz Marcelo Dorneles, gerente de desenvolvimento de cores e materiais da Vulcabras.

O outro passo, explica Frederico Wageck, diretor de engenharia de produto da Vulcabras, é pegar os desenhos para criar as ferramentas de produção e os protótipos para avaliar os produtos. É feita toda a grade de números dos tênis e eles vão para os pés dos atletas testarem e darem os feedbacks. Os tênis rodam mil quilômetros e são reavaliados a cada 100 km. “O ciclo de desenvolvimento demora de 3 a 4 meses para chegar na aprovação. E tudo que é usado na fabricação do tênis é definido aqui nos laboratórios, da formulação da espuma ao material do cabedal”.

Dentro deste processo, um outro apoio é fundamental, o do Laboratório de Biomecânica do Movimento e Postura Humana da USP, comandado pelo professor Julio Serrão. O laboratório ajuda com dados e testes dos tênis para o desenvolvimento e aprimoramento de produto. “A gente fica muito feliz porque foi a primeira vez que a gente conseguiu interferir na criação de um tênis, não apenas fornecer um ou outro dado”, salienta Serrão.

Testes com sensores no laboratório da USP Foto: USP/Estadão

O trabalho técnico do laboratório auxilia a engenharia de produção a formular os materiais de sola e melhorar a biomecânica. Nele são feitos testes na placa de impacto e são colocados sensores nas articulações que medem toda a cinemática do movimento do corpo. Mil medidas de força são registradas por segundo, que mostram se e o quanto o pé está virando, se há algum desvio postural durante a corrida e vários outros indicadores que ajudam a Vulcabras a ajustar o tênis ao biotipo brasileiro, o que é uma grande vantagem competitiva em se tratando de um tênis de performance.

“O Corre 4 que as pessoas estão usando tem 30 anos de idade, de conhecimento e de investimento. Aqui para a USP, em particular, foi uma experiência única. Imagina você estudando 30 anos o negócio sem conseguir mexer no negócio. Agora a gente consegue mexer”, comemora Serrão.

Próximo desafio é o futebol

Após democratizar a corrida no Brasil, como a Vulcabras sempre fala, o próximo passo forte da empresa parece ser mudar o mercado de chuteiras no País. Segundo Bartelle, a Vulcabras tem um patrimônio muito importante que é a marca Mizuno e sua coleção comprovadíssima das chuteiras Morelia, que já está sendo produzida por aqui e indo bem. Isso deu o aval que os japoneses precisavam para a produção local da linha intermediária Regent, que começa a entrar no mercado agora.

Chuteira Mizuno Regent Foto: Vulcabras/Estadão

É a primeira coleção de chuteiras desenvolvida fora do Japão para a Mizuno, com foco no custo-benefício (a partir de R$ 279,90) e com modernidade de produção, trazendo cabedal do tipo meia e material sintético com mais gramatura. O objetivo da marca é atacar o meio da tabela de preços das concorrentes, hoje composta por marcas nacionais com materiais bem econômicos a preços baixos e por marcas internacionais com preços mais altos. “Nosso objetivo é fazer com a Regent a mesma coisa que a gente fez com o Corre. Talvez em uma proporção menor, mas é criar um mercado que não existe”, afirma Bartelle.

Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Vulcabras Foto: Vulcabras/Estadão

Um movimento muito interessante acontece no Brasil neste momento no mundo das corridas de rua. Uma marca nacional, a Olympikus, vem dominando o cenário com preço e qualidade. Quem diz isso é o app de monitoramento de corridas Strava, que deu à marca o primeiro lugar como tênis mais usado no País em várias faixas de distância. A responsável por este feito é a linha Corre, com preço médio de R$ 500, qualidade de sobra e um acerto de cores e design que é difícil não notar. Para ver de perto o segredo do desenvolvimento deste e dos modelos nacionais da Under Armour e Mizuno, fui até o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Vulcabras, na cidade de Parobé (RS), para constatar que o que ocorre lá não é mágica, é trabalho e inspiração.

O Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, é o berço da produção e desenvolvimento de calçados no Brasil, fruto da imigração de italianos e alemães, que trouxeram de seus países natais o amor e a arte de fazer sapatos. Chegou a ser uma grande área exportadora quando o Brasil ainda tinha custos frente à Ásia, mas hoje é um polo de inteligência e desenvolvimento. É lá que está o CP&D da Vulcabras e é de lá que saem as normas técnicas, materiais e até as peças usinadas de matrizes e impressão 3D de solado para a fábrica da empresa em Horizonte, no Ceará, que também já visitei.

Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Vulcabras Foto: Vulcabras/Estadão

“De uns cinco anos para cá, quando decidimos fazer um tênis de alta performance para ganhar maratona, as rédeas foram soltas, fomos buscar tudo que havia de melhor no mundo e aqui dentro, sem limite de gastos, baseado no Re-IPO de 2017, com dinheiro em caixa e com foco. E esse investimento se mantém constante até hoje”, explica Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras.

Melhores produtos foram trazendo mais faturamento, mais preço médio, e esse investimento foi se mostrando de retorno rápido. Muito em função do trabalho junto à comunidade da corrida, que leva a Olympikus nos pés. Bartelle sempre ressalta que a força de trabalho no Brasil é tão capacitada quanto a dos Estados Unidos e Ásia no segmento de calçados. E foi fácil perceber isso no CP&D, com máquinas de última geração, testes com realidade virtual, desenvolvimento com IA e uma série de processos e análises de materiais que culmina no belo tênis que está nas lojas. “Pode parecer pretensioso, mas realmente achamos que vamos disputar a evolução tecnológica de calçados esportivos a nível mundial”, afirma Bartelle.

Lá vi em segredo alguns modelos que estão sendo desenvolvidos. Um deles, Bartelle acredita que vai “competir com os melhores dos melhores, da ponta da pirâmide do mercado mundial, com todas as marcas”. Um dos objetivos com este tênis é a entrada da marca na Europa, um processo que se encaminha cada vez mais forte na Vulcabras e que vai acontecer, com produção nacional ou não. “Eu espero que a internacionalização da Olympikus passe por conseguir produzir no Brasil com competitividade. Não é o que a gente quer, mas não adianta mentir, se for preciso produzir fora para a marca se internacionalizar, nós teremos que dar este passo”.

Teste de produtos em realidade virtual Foto: Vulcabras/Estadão

Sobre o processo de criação em Parobé, ele funciona de forma verticalizada, quase que como uma linha de produção, só que de ideias. A equipe recebe um briefing de inovação ou do mercado, faz o esboço em 2D, o desenho técnico da sola e depois cria o projeto completo por programação e IA. Depois as ideias são filtradas, o tênis vai para a narrativa de cores para criar as paletas dos produtos, que já têm um padrão, e cria-se o projeto em 3D, para depois entrar a prototipagem em 3D, já adaptando o solado à forma, com a biomecânica de uso. “Essa verticalização reduz os custos, os descartes e acelera muito o desenvolvimento. Em um mês já conseguimos ter o conceito do produto pronto”, diz Marcelo Dorneles, gerente de desenvolvimento de cores e materiais da Vulcabras.

O outro passo, explica Frederico Wageck, diretor de engenharia de produto da Vulcabras, é pegar os desenhos para criar as ferramentas de produção e os protótipos para avaliar os produtos. É feita toda a grade de números dos tênis e eles vão para os pés dos atletas testarem e darem os feedbacks. Os tênis rodam mil quilômetros e são reavaliados a cada 100 km. “O ciclo de desenvolvimento demora de 3 a 4 meses para chegar na aprovação. E tudo que é usado na fabricação do tênis é definido aqui nos laboratórios, da formulação da espuma ao material do cabedal”.

Dentro deste processo, um outro apoio é fundamental, o do Laboratório de Biomecânica do Movimento e Postura Humana da USP, comandado pelo professor Julio Serrão. O laboratório ajuda com dados e testes dos tênis para o desenvolvimento e aprimoramento de produto. “A gente fica muito feliz porque foi a primeira vez que a gente conseguiu interferir na criação de um tênis, não apenas fornecer um ou outro dado”, salienta Serrão.

Testes com sensores no laboratório da USP Foto: USP/Estadão

O trabalho técnico do laboratório auxilia a engenharia de produção a formular os materiais de sola e melhorar a biomecânica. Nele são feitos testes na placa de impacto e são colocados sensores nas articulações que medem toda a cinemática do movimento do corpo. Mil medidas de força são registradas por segundo, que mostram se e o quanto o pé está virando, se há algum desvio postural durante a corrida e vários outros indicadores que ajudam a Vulcabras a ajustar o tênis ao biotipo brasileiro, o que é uma grande vantagem competitiva em se tratando de um tênis de performance.

“O Corre 4 que as pessoas estão usando tem 30 anos de idade, de conhecimento e de investimento. Aqui para a USP, em particular, foi uma experiência única. Imagina você estudando 30 anos o negócio sem conseguir mexer no negócio. Agora a gente consegue mexer”, comemora Serrão.

Próximo desafio é o futebol

Após democratizar a corrida no Brasil, como a Vulcabras sempre fala, o próximo passo forte da empresa parece ser mudar o mercado de chuteiras no País. Segundo Bartelle, a Vulcabras tem um patrimônio muito importante que é a marca Mizuno e sua coleção comprovadíssima das chuteiras Morelia, que já está sendo produzida por aqui e indo bem. Isso deu o aval que os japoneses precisavam para a produção local da linha intermediária Regent, que começa a entrar no mercado agora.

Chuteira Mizuno Regent Foto: Vulcabras/Estadão

É a primeira coleção de chuteiras desenvolvida fora do Japão para a Mizuno, com foco no custo-benefício (a partir de R$ 279,90) e com modernidade de produção, trazendo cabedal do tipo meia e material sintético com mais gramatura. O objetivo da marca é atacar o meio da tabela de preços das concorrentes, hoje composta por marcas nacionais com materiais bem econômicos a preços baixos e por marcas internacionais com preços mais altos. “Nosso objetivo é fazer com a Regent a mesma coisa que a gente fez com o Corre. Talvez em uma proporção menor, mas é criar um mercado que não existe”, afirma Bartelle.

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