Imagine um fórum de discussão acadêmico em que especialistas de cinco distintos lugares do Brasil tentam explicar as diferenças culturais do País de norte a sul. Chato? O canal Comedy Central fez uma aposta nesse sentido, mas com outra fórmula. Mediados pelo goiano Fabiano Cambota, os comediantes Nando Viana, de Porto Alegre, Thiago Ventura, de São Paulo, Rodrigo Marques, do Recife, e Rafael Portugal, do Rio, tentarão desmitificar rótulos - ou rir deles - em A Culpa é do Cabral.
Inspirado no programa La Culpa es de Colón, da Argentina, a atração no Brasil brinca ao transferir ao descobridor do País a responsabilidade pelos nossos problemas. O desafio é abordar particularidades de um país continental. "Isso impressionou os argentinos", comentou Cambota, que terá a missão de representar o Centro-Oeste e, em menor grau, a região Norte. "Se fosse para fazer um retrato fiel, teriam de ser 27 comediantes, porque cada Estado tem sua peculiaridade. Mas acho que ficou equilibrado", afirmou.
Cambota acredita que o entrosamento entre os colegas seja o diferencial da atração. "Nós já éramos amigos e nos pautamos pela diversão. Pensamos em replicar na TV uma conversa que poderia acontecer em uma mesa de bar", explicou o apresentador, que trabalha em outras frentes com seu show de stand-up e participação no Música Divertida Brasileira, em parceria da sua banda, Pedra Letícia, com Rafael Cortez.
Profissional do humor no Brasil, Cambota sabe do cuidado - mesmo inconsciente - que esse momento do País pede, seja por questões de polarização político-ideológica ou até superexposição, e patrulhamento, do trabalho dos comediantes nas redes sociais. "Não vou dizer que a gente fala o que pensa porque é mentira. Nada do que dizemos é para ofender os outros, mas há uma minoria que torce para você escorregar. Não é possível que o Chico Anysio, que é hors-concours, não tenha errado o tom alguma vez, por exemplo", argumentou.
A Culpa é de Cabral
Cambota dá a dica para quem se interessar em assistir ao programa: "Saiba rir de si mesmo, porque é isso que vamos fazer". Com apenas um minuto do primeiro episódio, o comediante cumpre a promessa apresenta ele e os colegas como "os piores exemplares que cada região tem", os quais desenrolam por quase uma hora algumas de suas trágicas - e hilárias - experiências. Por culpa de Cabral, é bom aprender a não se dar muita importância.