Artistas amarelos criticam suposta novela ‘Pé de Chinesa’ e citam racismo: ‘não somos alívio cômico’


Carta explica que estereótipos de raça e etnia reforçam o racismo recreativo

Por Redação
Atualização:
Artistas como Bruna Aiiso, Jacqueline Sato e Ana Hikari assinam carta de repúdio à suposta novela 'Pé de Chinesa' Foto: @brunaaiiso @_anahikari @jacquelinesato via Instagram

No último mês, viralizou nas redes sociais uma suposta novela que entraria na faixa das 21h na Globo, a Pé de Chinesa. Criado por usuários da rede social X, antes que fosse retirada do ar no Brasil, o folhetim já possuía uma escalação de elenco, abertura e até enredo definidos. Entretanto, os estereótipos com pessoas amarelas incomodaram internautas e artistas. Em carta de repúdio, da qual o Estadão teve acesso, nomes como Ana Hikari, Jacqueline Sato e Bruna Aiiso repudiaram a “novela”.

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A carta explica que não vê o suposto folhetim como engraçado: “Reforça o racismo recreativo contra pessoas amarelas [...] Não é de hoje que utilizam nossos corpos, etnias e raça para sermos alívio cômico”.

Marcia Yumi Takeuchi, doutora em história social pela Universidade de São Paulo (USP), também é citada na carta, em estudo que revela o preconceito através da criação de caricaturas e estereótipos de raças e etnias amarelas. “O imaginário caricato se perpetua até hoje”, diz.

Assinam o documento os artistas: Tati Takiyama, Ana Hikari, Bruna Tukamoto, Bruna Aiiso, Jacqueline Sato, Aya Matsusaki, Anna Akisue, Claudia Okuno e Carlos Chen.

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“Se depois de todas essas explicações, você ainda estiver rindo, tenho uma notícia pra você: Você está sendo racista”, finaliza a carta de repúdio.

Leia a carta na íntegra

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“Nas últimas semanas, viralizou uma abertura fake, feita por inteligência artificial, de uma suposta novela da Globo, intitulada Pé de Chinesa. E, depois disso, uma trend foi criada, na qual várias pessoas, incluindo artistas de grande alcance na mídia, começaram a praticar yellowface, dizendo que estavam no elenco da teledramaturgia.

Perto do fim do X (antigo Twitter), essa foi a última piada viralizada na plataforma e que, depois, se estendeu para outras redes. E, agora, vamos explicar o porquê desse meme e dessa trend não serem engraçadas e como reforçam o racismo recreativo contra pessoas amarelas (pessoas que descendem do leste e sudeste asiático).

Não é de hoje que se utilizam de nossos corpos, etnias e raça para sermos alívio cômico. A pesquisadora Marcia Yumi Takeuchi reuniu no livro Imigração Japonesa nas Revistas Ilustradas – Preconceito e Imaginário Social (1897-1945) diversas charges com textos e imagens que se publicaram ao longo da história do nosso país, criando o imaginário caricato que as pessoas têm sobre os japoneses (e também chineses) que se perpetua até hoje.

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Segundo Maria Luiza Tucci Carneiro (1994), “as manifestações racistas podem ser identificadas no nível das ideias, quando estão diretamente ligadas ao inconsciente coletivo, povoando os arquétipos, alimentados por mitos ou representações deturpadas do real que, repetidos constantemente, induzem o indivíduo a elaborar uma interpretação falsa de um momento histórico ou de um grupo.”

Ela segue: “Nesse sentido, as imagens se prestam enquanto parte do sistema simbólico, para a legitimação da ordem vigente. Para que a ideologia racista se converta em prática, é necessário que esta encontre condições propícias para circular: a doutrina se converte em discurso acusatório que, reforçado insistentemente, consegue angariar adeptos, vindo a se transformar em fenômeno de massa.”

As imagens criadas por essa novela Pé de Chinesa trazem diversas camadas que não só reforçam de maneira estereotipada a forma como as pessoas nos enxergam e nos tratam, mas também resgatam problemas históricos e políticos que nossos ancestrais sofreram ao longo da história mundial, e também especificamente brasileira.

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A primeira delas é o próprio título: Pé de Chinesa, uma alusão ao termo Pé de Lótus ou “Lianzu”. Historicamente, era uma prática tradicional na China durante a Dinastia Song em meados do século 10, no qual as meninas chinesas tinham seus pés enfaixados de maneira apertada a ponto de quebrarem os ossos dos dedos e dobrando-os sob a planta do pé. Assim, elas teriam os pés bonitos e indicavam que pertenciam a famílias ricas, pois esse era o padrão de beleza da época. O Pé de Lótus significa um passado de muita dor e opressão de gênero para muitas mulheres chinesas.

A partir daí, utilizando-se de um termo e de diversos gatilhos ancestrais, começam a se destacar outros tipos de problemáticas. Mesmo no vídeo de abertura, que muitos justificaram dizendo que era uma sátira às ações antigas da TV Globo, como uma forma de criticar as novelas reais Sol Nascente e Negócios da China, por exemplo, a vinheta de Pé de Chinesa comete os mesmos problemas.

Como preconceitos linguísticos e yellowface (quando uma pessoa não-amarela interpreta uma personagem do leste ou sudeste asiático). E, logo em seguida, de uma maneira viral, as pessoas também aproveitaram o embalo e repetiram essas práticas. Vamos esmiuçar e exemplificar o que estamos falando.

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A trilha sonora já fala de trabalhar na feira e “zoin puxado”, dois estereótipos típicos e que todo mundo já está cansado de ouvir, assim como os termos “pastel de flango” e “ling ling”, que reforça um preconceito linguístico, que ridiculariza gerações passadas que migraram para o país e tinham dificuldades em se adaptar às pronúncias de palavras da língua portuguesa do Brasil. Com isso, na trend, artistas também se aproveitaram disso e utilizaram da fonética chinesa para criar nomes de seus personagens: Na Malia e Keyn-Dera, por exemplo. E no enredo é possível destacar nomes como: Xu Lee, Tia Ping, Keen Xong, Xa Tao.

Teve gente até que colocou nomes como Guioza Tempurá (como se fossem palavras chinesas —pasmem: não são). O que também desencadeia em outro preconceito, de que japonês e chinês “é tudo a mesma coisa”. Tendo em vista que as atrizes Ana Hikari e Danni Suzuki, de ascendência japonesa, também foram inseridas na piada como parte do elenco de origem chinesa.

Os estereótipos estão também nas profissões, as pessoas que entraram na trend começaram a trazer as personalidades de suas personagens fictícias através de profissões como vendedores de pastéis, de lojas de R$ 1,99, drag queen, gueixa, dona de academia de kung fu etc.

E, embora pareça uma ação inofensiva (“ah, é só uma brincadeira”, como dizem), isso desencadeia diversas questões que precisam urgentemente ser observadas, dialogadas e refletidas.

Adilson Moreira, pós-doutor em direito, cunhou o termo “racismo recreativo”, e em seu livro destaca que “o uso do humor para produzir descontração está amplamente presente na atividade recreativa favorita dos brasileiros, embora as pessoas se recusem a interpretar esses atos como ofensas raciais”.

Ele ainda destaca que, quando alguém comete racismo recreativo, esse alguém se justifica dizendo que é uma ação benigna, feita apenas por diversão, por mera brincadeira, essa “discussão sobre essa alegação tem relevância significativa em uma nação que adquire consciência cada vez maior de que a circulação de ideias depreciativas sobre grupos minoritários impede que eles tenham proteção jurídica e respeitabilidade social”.

A escritora Bell Hooks, em Olhares Negros – Raça e Representação, afirma que “as imagens desempenham um papel crucial na definição e no controle do poder político e social a que têm acesso indivíduos e grupos sociais marginalizados. A natureza profundamente ideológica das imagens determina não só como outras pessoas pensam a nosso respeito, mas como nós pensamos a nosso respeito.”

Tanto Bell hooks como Adilson Moreira, são pessoas negras, de muita credibilidade acadêmica e de uma vasta pesquisa sobre raça e ativismo antirracista, ambos em seus livros falam sobre questões de pessoas pretas mas, mesmo assim, enfatizam as vivências de outras minorias raciais, e pessoas asiáticas sempre são citadas em suas obras. Uma referência de Moreira, por exemplo, é o sociólogo Michael Omi que, junto a Howard Winant, propôs o conceito de projeto racial.

“Para esses autores, o racismo é uma ideologia e uma prática que está em constante transformação, razão pela qual ele pode assumir diferentes formas em diferentes momentos históricos. Observamos em todas as suas manifestações como diferenças de status cultural e status material se reforçam mutuamente na reprodução da marginalização de minorias raciais”, reforça Moreira, destacando assim, que o racismo recreativo é uma prática que a branquitude descobriu para não se responsabilizar sobre o ato cometido, muito menos ser penalizado por isso.

Jornalistas fizeram matérias em grandes veículos de comunicação, alegando que a Globo deveria ser inteligente e investir na ideia dessa novela fake. Porém, como citadas anteriormente, Negócios da China e Sol Nascente já foram protagonistas de grandes polêmicas sobre yellowface, mas não só. Houve casos, como Caminhos das Índias, que estereotipavam pessoas asiáticas marrons de ascendência indiana. Porém, tomando como base, todo ativismo antirracista, a empresa tem tomado mais cuidado e escalando artistas que representem de verdade suas raças e etnias. Um exemplo também de que equipes por trás das produções da emissora têm tido mais cautela, foi quando o canal Viva cortou uma cena de blackface na reprise de capítulos de Malhação que foi ao ar em 1998.

Não é engraçado quando o racismo recreativo toma uma proporção dessa, quando pessoas racializadas ou uma cultura se tornam piadas, memes e viralizam dessa forma. Se depois de todas essas explicações, você ainda estiver rindo, tenho uma notícia pra você: Você está sendo racista.”

Artistas como Bruna Aiiso, Jacqueline Sato e Ana Hikari assinam carta de repúdio à suposta novela 'Pé de Chinesa' Foto: @brunaaiiso @_anahikari @jacquelinesato via Instagram

No último mês, viralizou nas redes sociais uma suposta novela que entraria na faixa das 21h na Globo, a Pé de Chinesa. Criado por usuários da rede social X, antes que fosse retirada do ar no Brasil, o folhetim já possuía uma escalação de elenco, abertura e até enredo definidos. Entretanto, os estereótipos com pessoas amarelas incomodaram internautas e artistas. Em carta de repúdio, da qual o Estadão teve acesso, nomes como Ana Hikari, Jacqueline Sato e Bruna Aiiso repudiaram a “novela”.

A carta explica que não vê o suposto folhetim como engraçado: “Reforça o racismo recreativo contra pessoas amarelas [...] Não é de hoje que utilizam nossos corpos, etnias e raça para sermos alívio cômico”.

Marcia Yumi Takeuchi, doutora em história social pela Universidade de São Paulo (USP), também é citada na carta, em estudo que revela o preconceito através da criação de caricaturas e estereótipos de raças e etnias amarelas. “O imaginário caricato se perpetua até hoje”, diz.

Assinam o documento os artistas: Tati Takiyama, Ana Hikari, Bruna Tukamoto, Bruna Aiiso, Jacqueline Sato, Aya Matsusaki, Anna Akisue, Claudia Okuno e Carlos Chen.

“Se depois de todas essas explicações, você ainda estiver rindo, tenho uma notícia pra você: Você está sendo racista”, finaliza a carta de repúdio.

Leia a carta na íntegra

“Nas últimas semanas, viralizou uma abertura fake, feita por inteligência artificial, de uma suposta novela da Globo, intitulada Pé de Chinesa. E, depois disso, uma trend foi criada, na qual várias pessoas, incluindo artistas de grande alcance na mídia, começaram a praticar yellowface, dizendo que estavam no elenco da teledramaturgia.

Perto do fim do X (antigo Twitter), essa foi a última piada viralizada na plataforma e que, depois, se estendeu para outras redes. E, agora, vamos explicar o porquê desse meme e dessa trend não serem engraçadas e como reforçam o racismo recreativo contra pessoas amarelas (pessoas que descendem do leste e sudeste asiático).

Não é de hoje que se utilizam de nossos corpos, etnias e raça para sermos alívio cômico. A pesquisadora Marcia Yumi Takeuchi reuniu no livro Imigração Japonesa nas Revistas Ilustradas – Preconceito e Imaginário Social (1897-1945) diversas charges com textos e imagens que se publicaram ao longo da história do nosso país, criando o imaginário caricato que as pessoas têm sobre os japoneses (e também chineses) que se perpetua até hoje.

Segundo Maria Luiza Tucci Carneiro (1994), “as manifestações racistas podem ser identificadas no nível das ideias, quando estão diretamente ligadas ao inconsciente coletivo, povoando os arquétipos, alimentados por mitos ou representações deturpadas do real que, repetidos constantemente, induzem o indivíduo a elaborar uma interpretação falsa de um momento histórico ou de um grupo.”

Ela segue: “Nesse sentido, as imagens se prestam enquanto parte do sistema simbólico, para a legitimação da ordem vigente. Para que a ideologia racista se converta em prática, é necessário que esta encontre condições propícias para circular: a doutrina se converte em discurso acusatório que, reforçado insistentemente, consegue angariar adeptos, vindo a se transformar em fenômeno de massa.”

As imagens criadas por essa novela Pé de Chinesa trazem diversas camadas que não só reforçam de maneira estereotipada a forma como as pessoas nos enxergam e nos tratam, mas também resgatam problemas históricos e políticos que nossos ancestrais sofreram ao longo da história mundial, e também especificamente brasileira.

A primeira delas é o próprio título: Pé de Chinesa, uma alusão ao termo Pé de Lótus ou “Lianzu”. Historicamente, era uma prática tradicional na China durante a Dinastia Song em meados do século 10, no qual as meninas chinesas tinham seus pés enfaixados de maneira apertada a ponto de quebrarem os ossos dos dedos e dobrando-os sob a planta do pé. Assim, elas teriam os pés bonitos e indicavam que pertenciam a famílias ricas, pois esse era o padrão de beleza da época. O Pé de Lótus significa um passado de muita dor e opressão de gênero para muitas mulheres chinesas.

A partir daí, utilizando-se de um termo e de diversos gatilhos ancestrais, começam a se destacar outros tipos de problemáticas. Mesmo no vídeo de abertura, que muitos justificaram dizendo que era uma sátira às ações antigas da TV Globo, como uma forma de criticar as novelas reais Sol Nascente e Negócios da China, por exemplo, a vinheta de Pé de Chinesa comete os mesmos problemas.

Como preconceitos linguísticos e yellowface (quando uma pessoa não-amarela interpreta uma personagem do leste ou sudeste asiático). E, logo em seguida, de uma maneira viral, as pessoas também aproveitaram o embalo e repetiram essas práticas. Vamos esmiuçar e exemplificar o que estamos falando.

A trilha sonora já fala de trabalhar na feira e “zoin puxado”, dois estereótipos típicos e que todo mundo já está cansado de ouvir, assim como os termos “pastel de flango” e “ling ling”, que reforça um preconceito linguístico, que ridiculariza gerações passadas que migraram para o país e tinham dificuldades em se adaptar às pronúncias de palavras da língua portuguesa do Brasil. Com isso, na trend, artistas também se aproveitaram disso e utilizaram da fonética chinesa para criar nomes de seus personagens: Na Malia e Keyn-Dera, por exemplo. E no enredo é possível destacar nomes como: Xu Lee, Tia Ping, Keen Xong, Xa Tao.

Teve gente até que colocou nomes como Guioza Tempurá (como se fossem palavras chinesas —pasmem: não são). O que também desencadeia em outro preconceito, de que japonês e chinês “é tudo a mesma coisa”. Tendo em vista que as atrizes Ana Hikari e Danni Suzuki, de ascendência japonesa, também foram inseridas na piada como parte do elenco de origem chinesa.

Os estereótipos estão também nas profissões, as pessoas que entraram na trend começaram a trazer as personalidades de suas personagens fictícias através de profissões como vendedores de pastéis, de lojas de R$ 1,99, drag queen, gueixa, dona de academia de kung fu etc.

E, embora pareça uma ação inofensiva (“ah, é só uma brincadeira”, como dizem), isso desencadeia diversas questões que precisam urgentemente ser observadas, dialogadas e refletidas.

Adilson Moreira, pós-doutor em direito, cunhou o termo “racismo recreativo”, e em seu livro destaca que “o uso do humor para produzir descontração está amplamente presente na atividade recreativa favorita dos brasileiros, embora as pessoas se recusem a interpretar esses atos como ofensas raciais”.

Ele ainda destaca que, quando alguém comete racismo recreativo, esse alguém se justifica dizendo que é uma ação benigna, feita apenas por diversão, por mera brincadeira, essa “discussão sobre essa alegação tem relevância significativa em uma nação que adquire consciência cada vez maior de que a circulação de ideias depreciativas sobre grupos minoritários impede que eles tenham proteção jurídica e respeitabilidade social”.

A escritora Bell Hooks, em Olhares Negros – Raça e Representação, afirma que “as imagens desempenham um papel crucial na definição e no controle do poder político e social a que têm acesso indivíduos e grupos sociais marginalizados. A natureza profundamente ideológica das imagens determina não só como outras pessoas pensam a nosso respeito, mas como nós pensamos a nosso respeito.”

Tanto Bell hooks como Adilson Moreira, são pessoas negras, de muita credibilidade acadêmica e de uma vasta pesquisa sobre raça e ativismo antirracista, ambos em seus livros falam sobre questões de pessoas pretas mas, mesmo assim, enfatizam as vivências de outras minorias raciais, e pessoas asiáticas sempre são citadas em suas obras. Uma referência de Moreira, por exemplo, é o sociólogo Michael Omi que, junto a Howard Winant, propôs o conceito de projeto racial.

“Para esses autores, o racismo é uma ideologia e uma prática que está em constante transformação, razão pela qual ele pode assumir diferentes formas em diferentes momentos históricos. Observamos em todas as suas manifestações como diferenças de status cultural e status material se reforçam mutuamente na reprodução da marginalização de minorias raciais”, reforça Moreira, destacando assim, que o racismo recreativo é uma prática que a branquitude descobriu para não se responsabilizar sobre o ato cometido, muito menos ser penalizado por isso.

Jornalistas fizeram matérias em grandes veículos de comunicação, alegando que a Globo deveria ser inteligente e investir na ideia dessa novela fake. Porém, como citadas anteriormente, Negócios da China e Sol Nascente já foram protagonistas de grandes polêmicas sobre yellowface, mas não só. Houve casos, como Caminhos das Índias, que estereotipavam pessoas asiáticas marrons de ascendência indiana. Porém, tomando como base, todo ativismo antirracista, a empresa tem tomado mais cuidado e escalando artistas que representem de verdade suas raças e etnias. Um exemplo também de que equipes por trás das produções da emissora têm tido mais cautela, foi quando o canal Viva cortou uma cena de blackface na reprise de capítulos de Malhação que foi ao ar em 1998.

Não é engraçado quando o racismo recreativo toma uma proporção dessa, quando pessoas racializadas ou uma cultura se tornam piadas, memes e viralizam dessa forma. Se depois de todas essas explicações, você ainda estiver rindo, tenho uma notícia pra você: Você está sendo racista.”

Artistas como Bruna Aiiso, Jacqueline Sato e Ana Hikari assinam carta de repúdio à suposta novela 'Pé de Chinesa' Foto: @brunaaiiso @_anahikari @jacquelinesato via Instagram

No último mês, viralizou nas redes sociais uma suposta novela que entraria na faixa das 21h na Globo, a Pé de Chinesa. Criado por usuários da rede social X, antes que fosse retirada do ar no Brasil, o folhetim já possuía uma escalação de elenco, abertura e até enredo definidos. Entretanto, os estereótipos com pessoas amarelas incomodaram internautas e artistas. Em carta de repúdio, da qual o Estadão teve acesso, nomes como Ana Hikari, Jacqueline Sato e Bruna Aiiso repudiaram a “novela”.

A carta explica que não vê o suposto folhetim como engraçado: “Reforça o racismo recreativo contra pessoas amarelas [...] Não é de hoje que utilizam nossos corpos, etnias e raça para sermos alívio cômico”.

Marcia Yumi Takeuchi, doutora em história social pela Universidade de São Paulo (USP), também é citada na carta, em estudo que revela o preconceito através da criação de caricaturas e estereótipos de raças e etnias amarelas. “O imaginário caricato se perpetua até hoje”, diz.

Assinam o documento os artistas: Tati Takiyama, Ana Hikari, Bruna Tukamoto, Bruna Aiiso, Jacqueline Sato, Aya Matsusaki, Anna Akisue, Claudia Okuno e Carlos Chen.

“Se depois de todas essas explicações, você ainda estiver rindo, tenho uma notícia pra você: Você está sendo racista”, finaliza a carta de repúdio.

Leia a carta na íntegra

“Nas últimas semanas, viralizou uma abertura fake, feita por inteligência artificial, de uma suposta novela da Globo, intitulada Pé de Chinesa. E, depois disso, uma trend foi criada, na qual várias pessoas, incluindo artistas de grande alcance na mídia, começaram a praticar yellowface, dizendo que estavam no elenco da teledramaturgia.

Perto do fim do X (antigo Twitter), essa foi a última piada viralizada na plataforma e que, depois, se estendeu para outras redes. E, agora, vamos explicar o porquê desse meme e dessa trend não serem engraçadas e como reforçam o racismo recreativo contra pessoas amarelas (pessoas que descendem do leste e sudeste asiático).

Não é de hoje que se utilizam de nossos corpos, etnias e raça para sermos alívio cômico. A pesquisadora Marcia Yumi Takeuchi reuniu no livro Imigração Japonesa nas Revistas Ilustradas – Preconceito e Imaginário Social (1897-1945) diversas charges com textos e imagens que se publicaram ao longo da história do nosso país, criando o imaginário caricato que as pessoas têm sobre os japoneses (e também chineses) que se perpetua até hoje.

Segundo Maria Luiza Tucci Carneiro (1994), “as manifestações racistas podem ser identificadas no nível das ideias, quando estão diretamente ligadas ao inconsciente coletivo, povoando os arquétipos, alimentados por mitos ou representações deturpadas do real que, repetidos constantemente, induzem o indivíduo a elaborar uma interpretação falsa de um momento histórico ou de um grupo.”

Ela segue: “Nesse sentido, as imagens se prestam enquanto parte do sistema simbólico, para a legitimação da ordem vigente. Para que a ideologia racista se converta em prática, é necessário que esta encontre condições propícias para circular: a doutrina se converte em discurso acusatório que, reforçado insistentemente, consegue angariar adeptos, vindo a se transformar em fenômeno de massa.”

As imagens criadas por essa novela Pé de Chinesa trazem diversas camadas que não só reforçam de maneira estereotipada a forma como as pessoas nos enxergam e nos tratam, mas também resgatam problemas históricos e políticos que nossos ancestrais sofreram ao longo da história mundial, e também especificamente brasileira.

A primeira delas é o próprio título: Pé de Chinesa, uma alusão ao termo Pé de Lótus ou “Lianzu”. Historicamente, era uma prática tradicional na China durante a Dinastia Song em meados do século 10, no qual as meninas chinesas tinham seus pés enfaixados de maneira apertada a ponto de quebrarem os ossos dos dedos e dobrando-os sob a planta do pé. Assim, elas teriam os pés bonitos e indicavam que pertenciam a famílias ricas, pois esse era o padrão de beleza da época. O Pé de Lótus significa um passado de muita dor e opressão de gênero para muitas mulheres chinesas.

A partir daí, utilizando-se de um termo e de diversos gatilhos ancestrais, começam a se destacar outros tipos de problemáticas. Mesmo no vídeo de abertura, que muitos justificaram dizendo que era uma sátira às ações antigas da TV Globo, como uma forma de criticar as novelas reais Sol Nascente e Negócios da China, por exemplo, a vinheta de Pé de Chinesa comete os mesmos problemas.

Como preconceitos linguísticos e yellowface (quando uma pessoa não-amarela interpreta uma personagem do leste ou sudeste asiático). E, logo em seguida, de uma maneira viral, as pessoas também aproveitaram o embalo e repetiram essas práticas. Vamos esmiuçar e exemplificar o que estamos falando.

A trilha sonora já fala de trabalhar na feira e “zoin puxado”, dois estereótipos típicos e que todo mundo já está cansado de ouvir, assim como os termos “pastel de flango” e “ling ling”, que reforça um preconceito linguístico, que ridiculariza gerações passadas que migraram para o país e tinham dificuldades em se adaptar às pronúncias de palavras da língua portuguesa do Brasil. Com isso, na trend, artistas também se aproveitaram disso e utilizaram da fonética chinesa para criar nomes de seus personagens: Na Malia e Keyn-Dera, por exemplo. E no enredo é possível destacar nomes como: Xu Lee, Tia Ping, Keen Xong, Xa Tao.

Teve gente até que colocou nomes como Guioza Tempurá (como se fossem palavras chinesas —pasmem: não são). O que também desencadeia em outro preconceito, de que japonês e chinês “é tudo a mesma coisa”. Tendo em vista que as atrizes Ana Hikari e Danni Suzuki, de ascendência japonesa, também foram inseridas na piada como parte do elenco de origem chinesa.

Os estereótipos estão também nas profissões, as pessoas que entraram na trend começaram a trazer as personalidades de suas personagens fictícias através de profissões como vendedores de pastéis, de lojas de R$ 1,99, drag queen, gueixa, dona de academia de kung fu etc.

E, embora pareça uma ação inofensiva (“ah, é só uma brincadeira”, como dizem), isso desencadeia diversas questões que precisam urgentemente ser observadas, dialogadas e refletidas.

Adilson Moreira, pós-doutor em direito, cunhou o termo “racismo recreativo”, e em seu livro destaca que “o uso do humor para produzir descontração está amplamente presente na atividade recreativa favorita dos brasileiros, embora as pessoas se recusem a interpretar esses atos como ofensas raciais”.

Ele ainda destaca que, quando alguém comete racismo recreativo, esse alguém se justifica dizendo que é uma ação benigna, feita apenas por diversão, por mera brincadeira, essa “discussão sobre essa alegação tem relevância significativa em uma nação que adquire consciência cada vez maior de que a circulação de ideias depreciativas sobre grupos minoritários impede que eles tenham proteção jurídica e respeitabilidade social”.

A escritora Bell Hooks, em Olhares Negros – Raça e Representação, afirma que “as imagens desempenham um papel crucial na definição e no controle do poder político e social a que têm acesso indivíduos e grupos sociais marginalizados. A natureza profundamente ideológica das imagens determina não só como outras pessoas pensam a nosso respeito, mas como nós pensamos a nosso respeito.”

Tanto Bell hooks como Adilson Moreira, são pessoas negras, de muita credibilidade acadêmica e de uma vasta pesquisa sobre raça e ativismo antirracista, ambos em seus livros falam sobre questões de pessoas pretas mas, mesmo assim, enfatizam as vivências de outras minorias raciais, e pessoas asiáticas sempre são citadas em suas obras. Uma referência de Moreira, por exemplo, é o sociólogo Michael Omi que, junto a Howard Winant, propôs o conceito de projeto racial.

“Para esses autores, o racismo é uma ideologia e uma prática que está em constante transformação, razão pela qual ele pode assumir diferentes formas em diferentes momentos históricos. Observamos em todas as suas manifestações como diferenças de status cultural e status material se reforçam mutuamente na reprodução da marginalização de minorias raciais”, reforça Moreira, destacando assim, que o racismo recreativo é uma prática que a branquitude descobriu para não se responsabilizar sobre o ato cometido, muito menos ser penalizado por isso.

Jornalistas fizeram matérias em grandes veículos de comunicação, alegando que a Globo deveria ser inteligente e investir na ideia dessa novela fake. Porém, como citadas anteriormente, Negócios da China e Sol Nascente já foram protagonistas de grandes polêmicas sobre yellowface, mas não só. Houve casos, como Caminhos das Índias, que estereotipavam pessoas asiáticas marrons de ascendência indiana. Porém, tomando como base, todo ativismo antirracista, a empresa tem tomado mais cuidado e escalando artistas que representem de verdade suas raças e etnias. Um exemplo também de que equipes por trás das produções da emissora têm tido mais cautela, foi quando o canal Viva cortou uma cena de blackface na reprise de capítulos de Malhação que foi ao ar em 1998.

Não é engraçado quando o racismo recreativo toma uma proporção dessa, quando pessoas racializadas ou uma cultura se tornam piadas, memes e viralizam dessa forma. Se depois de todas essas explicações, você ainda estiver rindo, tenho uma notícia pra você: Você está sendo racista.”

Artistas como Bruna Aiiso, Jacqueline Sato e Ana Hikari assinam carta de repúdio à suposta novela 'Pé de Chinesa' Foto: @brunaaiiso @_anahikari @jacquelinesato via Instagram

No último mês, viralizou nas redes sociais uma suposta novela que entraria na faixa das 21h na Globo, a Pé de Chinesa. Criado por usuários da rede social X, antes que fosse retirada do ar no Brasil, o folhetim já possuía uma escalação de elenco, abertura e até enredo definidos. Entretanto, os estereótipos com pessoas amarelas incomodaram internautas e artistas. Em carta de repúdio, da qual o Estadão teve acesso, nomes como Ana Hikari, Jacqueline Sato e Bruna Aiiso repudiaram a “novela”.

A carta explica que não vê o suposto folhetim como engraçado: “Reforça o racismo recreativo contra pessoas amarelas [...] Não é de hoje que utilizam nossos corpos, etnias e raça para sermos alívio cômico”.

Marcia Yumi Takeuchi, doutora em história social pela Universidade de São Paulo (USP), também é citada na carta, em estudo que revela o preconceito através da criação de caricaturas e estereótipos de raças e etnias amarelas. “O imaginário caricato se perpetua até hoje”, diz.

Assinam o documento os artistas: Tati Takiyama, Ana Hikari, Bruna Tukamoto, Bruna Aiiso, Jacqueline Sato, Aya Matsusaki, Anna Akisue, Claudia Okuno e Carlos Chen.

“Se depois de todas essas explicações, você ainda estiver rindo, tenho uma notícia pra você: Você está sendo racista”, finaliza a carta de repúdio.

Leia a carta na íntegra

“Nas últimas semanas, viralizou uma abertura fake, feita por inteligência artificial, de uma suposta novela da Globo, intitulada Pé de Chinesa. E, depois disso, uma trend foi criada, na qual várias pessoas, incluindo artistas de grande alcance na mídia, começaram a praticar yellowface, dizendo que estavam no elenco da teledramaturgia.

Perto do fim do X (antigo Twitter), essa foi a última piada viralizada na plataforma e que, depois, se estendeu para outras redes. E, agora, vamos explicar o porquê desse meme e dessa trend não serem engraçadas e como reforçam o racismo recreativo contra pessoas amarelas (pessoas que descendem do leste e sudeste asiático).

Não é de hoje que se utilizam de nossos corpos, etnias e raça para sermos alívio cômico. A pesquisadora Marcia Yumi Takeuchi reuniu no livro Imigração Japonesa nas Revistas Ilustradas – Preconceito e Imaginário Social (1897-1945) diversas charges com textos e imagens que se publicaram ao longo da história do nosso país, criando o imaginário caricato que as pessoas têm sobre os japoneses (e também chineses) que se perpetua até hoje.

Segundo Maria Luiza Tucci Carneiro (1994), “as manifestações racistas podem ser identificadas no nível das ideias, quando estão diretamente ligadas ao inconsciente coletivo, povoando os arquétipos, alimentados por mitos ou representações deturpadas do real que, repetidos constantemente, induzem o indivíduo a elaborar uma interpretação falsa de um momento histórico ou de um grupo.”

Ela segue: “Nesse sentido, as imagens se prestam enquanto parte do sistema simbólico, para a legitimação da ordem vigente. Para que a ideologia racista se converta em prática, é necessário que esta encontre condições propícias para circular: a doutrina se converte em discurso acusatório que, reforçado insistentemente, consegue angariar adeptos, vindo a se transformar em fenômeno de massa.”

As imagens criadas por essa novela Pé de Chinesa trazem diversas camadas que não só reforçam de maneira estereotipada a forma como as pessoas nos enxergam e nos tratam, mas também resgatam problemas históricos e políticos que nossos ancestrais sofreram ao longo da história mundial, e também especificamente brasileira.

A primeira delas é o próprio título: Pé de Chinesa, uma alusão ao termo Pé de Lótus ou “Lianzu”. Historicamente, era uma prática tradicional na China durante a Dinastia Song em meados do século 10, no qual as meninas chinesas tinham seus pés enfaixados de maneira apertada a ponto de quebrarem os ossos dos dedos e dobrando-os sob a planta do pé. Assim, elas teriam os pés bonitos e indicavam que pertenciam a famílias ricas, pois esse era o padrão de beleza da época. O Pé de Lótus significa um passado de muita dor e opressão de gênero para muitas mulheres chinesas.

A partir daí, utilizando-se de um termo e de diversos gatilhos ancestrais, começam a se destacar outros tipos de problemáticas. Mesmo no vídeo de abertura, que muitos justificaram dizendo que era uma sátira às ações antigas da TV Globo, como uma forma de criticar as novelas reais Sol Nascente e Negócios da China, por exemplo, a vinheta de Pé de Chinesa comete os mesmos problemas.

Como preconceitos linguísticos e yellowface (quando uma pessoa não-amarela interpreta uma personagem do leste ou sudeste asiático). E, logo em seguida, de uma maneira viral, as pessoas também aproveitaram o embalo e repetiram essas práticas. Vamos esmiuçar e exemplificar o que estamos falando.

A trilha sonora já fala de trabalhar na feira e “zoin puxado”, dois estereótipos típicos e que todo mundo já está cansado de ouvir, assim como os termos “pastel de flango” e “ling ling”, que reforça um preconceito linguístico, que ridiculariza gerações passadas que migraram para o país e tinham dificuldades em se adaptar às pronúncias de palavras da língua portuguesa do Brasil. Com isso, na trend, artistas também se aproveitaram disso e utilizaram da fonética chinesa para criar nomes de seus personagens: Na Malia e Keyn-Dera, por exemplo. E no enredo é possível destacar nomes como: Xu Lee, Tia Ping, Keen Xong, Xa Tao.

Teve gente até que colocou nomes como Guioza Tempurá (como se fossem palavras chinesas —pasmem: não são). O que também desencadeia em outro preconceito, de que japonês e chinês “é tudo a mesma coisa”. Tendo em vista que as atrizes Ana Hikari e Danni Suzuki, de ascendência japonesa, também foram inseridas na piada como parte do elenco de origem chinesa.

Os estereótipos estão também nas profissões, as pessoas que entraram na trend começaram a trazer as personalidades de suas personagens fictícias através de profissões como vendedores de pastéis, de lojas de R$ 1,99, drag queen, gueixa, dona de academia de kung fu etc.

E, embora pareça uma ação inofensiva (“ah, é só uma brincadeira”, como dizem), isso desencadeia diversas questões que precisam urgentemente ser observadas, dialogadas e refletidas.

Adilson Moreira, pós-doutor em direito, cunhou o termo “racismo recreativo”, e em seu livro destaca que “o uso do humor para produzir descontração está amplamente presente na atividade recreativa favorita dos brasileiros, embora as pessoas se recusem a interpretar esses atos como ofensas raciais”.

Ele ainda destaca que, quando alguém comete racismo recreativo, esse alguém se justifica dizendo que é uma ação benigna, feita apenas por diversão, por mera brincadeira, essa “discussão sobre essa alegação tem relevância significativa em uma nação que adquire consciência cada vez maior de que a circulação de ideias depreciativas sobre grupos minoritários impede que eles tenham proteção jurídica e respeitabilidade social”.

A escritora Bell Hooks, em Olhares Negros – Raça e Representação, afirma que “as imagens desempenham um papel crucial na definição e no controle do poder político e social a que têm acesso indivíduos e grupos sociais marginalizados. A natureza profundamente ideológica das imagens determina não só como outras pessoas pensam a nosso respeito, mas como nós pensamos a nosso respeito.”

Tanto Bell hooks como Adilson Moreira, são pessoas negras, de muita credibilidade acadêmica e de uma vasta pesquisa sobre raça e ativismo antirracista, ambos em seus livros falam sobre questões de pessoas pretas mas, mesmo assim, enfatizam as vivências de outras minorias raciais, e pessoas asiáticas sempre são citadas em suas obras. Uma referência de Moreira, por exemplo, é o sociólogo Michael Omi que, junto a Howard Winant, propôs o conceito de projeto racial.

“Para esses autores, o racismo é uma ideologia e uma prática que está em constante transformação, razão pela qual ele pode assumir diferentes formas em diferentes momentos históricos. Observamos em todas as suas manifestações como diferenças de status cultural e status material se reforçam mutuamente na reprodução da marginalização de minorias raciais”, reforça Moreira, destacando assim, que o racismo recreativo é uma prática que a branquitude descobriu para não se responsabilizar sobre o ato cometido, muito menos ser penalizado por isso.

Jornalistas fizeram matérias em grandes veículos de comunicação, alegando que a Globo deveria ser inteligente e investir na ideia dessa novela fake. Porém, como citadas anteriormente, Negócios da China e Sol Nascente já foram protagonistas de grandes polêmicas sobre yellowface, mas não só. Houve casos, como Caminhos das Índias, que estereotipavam pessoas asiáticas marrons de ascendência indiana. Porém, tomando como base, todo ativismo antirracista, a empresa tem tomado mais cuidado e escalando artistas que representem de verdade suas raças e etnias. Um exemplo também de que equipes por trás das produções da emissora têm tido mais cautela, foi quando o canal Viva cortou uma cena de blackface na reprise de capítulos de Malhação que foi ao ar em 1998.

Não é engraçado quando o racismo recreativo toma uma proporção dessa, quando pessoas racializadas ou uma cultura se tornam piadas, memes e viralizam dessa forma. Se depois de todas essas explicações, você ainda estiver rindo, tenho uma notícia pra você: Você está sendo racista.”

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