‘Barba, Cabelo & Bigode’, com Lucas Penteado, espelha afeto e diversidade na estética black


Em entrevista ao ‘Estadão’, Rodrigo França, diretor da nova comédia nacional da Netflix, define o filme como ‘muito mais de cura do que de denúncia’; longa estreia nesta quinta

Por Sabrina Legramandi
'Barba, Cabelo & Bigode', a nova comédia nacional da Netflix, chegou ao catálogo do streaming nesta quinta-feira, 28. Foto: Vantoen Pereira Jr/Netflix

As produções nacionais chegam com cada vez mais força ao catálogo da Netflix e, nesta quinta-feira, 28, é a vez de Barba, Cabelo & Bigode estrear no catálogo do streaming.

Dirigido por Rodrigo França, o longa trouxe um elenco de peso e majoritariamente negro com nomes como Lucas Penteado, Solange Couto, Juliana Alves, MC Carol e Sérgio Loroza.

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Barba, Cabelo & Bigode se passa no bairro carioca da Penha e acompanha Richardsson, um jovem que acaba de terminar o ensino médio e, contrariando os desejos da mãe, Cristina, quer realizar o sonho de cortar cabelos no salão dela.

Mais do que retratar a popularização da estética black e das barbearias nas comunidades, o filme se propõe a fazer um retrato honesto e afetuoso das múltiplas culturas refletidas nos subúrbios, favelas e periferias.

Em entrevista ao Estadão, Rodrigo, que chegou a viver a adolescência no bairro da Penha, conta que o principal objetivo do filme foi quebrar o pensamento de que a cultura negra “é uma só”. “Devemos ser iguais em direitos, mas respeitando a nossa subjetividade, principalmente na negritude”, ressalta.

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Em Barba, Cabelo & Bigode, o diretor teve a preocupação de respeitar a diversidade de corpos, das texturas de cabelo e das variações dos tons de pele no elenco. O esforço em retratar essa multiplicidade se refletiu, até mesmo, na escolha por Lucas Penteado como o protagonista.

Rodrigo chegou a trabalhar com Lucas em Malhação – Viva a Diferença e, além de definir o ator como “alguém que namora a câmera como ninguém”, diz que Penteado representou os “vários subúrbios que formam um subúrbio”, já que o ator é natural de São Paulo.

“Na Penha, é possível encontrar pessoas do Norte, do Nordeste, do Sul e de outros lugares do Sudeste convivendo e criando uma estética e uma cultura própria”, ressalta o diretor.

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Empoderamento é protagonista em Barba, Cabelo & Bigode

Penteados e cortes retratados em 'Barba, Cabelo & Bigode' espelham as principais tendências para cabelos afro, cacheados e crespos. Foto: Vantoen Pereira Jr/Netflix

A explosão de buscas por termos que envolvem cabelos afro, crespos e cacheados foi o que definiu o enredo do novo filme da Netflix. Todos os penteados retratados no filme partiram de pesquisas sobre as principais tendências da estética black atualmente.

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“A forma como o Richardsson pinta o cabelo de um dos traficantes, por exemplo, eu garanto que vai ser a grande moda do Carnaval em 2023”, brinca o diretor.

Mais do que uma questão estética, retratar a beleza de cabelos crespos e cacheados também tem a ver com identidade e “uma luta histórica que se desdobrou hoje”, como define Rodrigo.

“Existia, ainda bem que no passado, uma regra cultural nos subúrbios em que meninos negros tinham que passar a máquina no cabelo e meninas tinham que alisá-lo. Eu, que tenho 44 anos, conheci a textura do meu cabelo com 36”, conta.

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A equipe responsável pelos cortes e penteados do filme, em grande parte, é originária de subúrbios e periferias de Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. O diretor revela que, em um único dia, os profissionais ficaram responsáveis por 200 cabelos.

“O filme mostra uma beleza muito real. As pessoas vão poder assistir e vão poder replicar cada cabelo e cada maquiagem”, afirma.

Longa questiona limites da comédia através do humor

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Em 'Barba, Cabelo & Bigode', os atores tiveram liberdade para adaptar o roteiro. Foto: Vantoen Pereira Jr/Netflix

Barba, Cabelo & Bigode também traz à tona uma questão extremamente debatida, principalmente em coletivos e nas redes sociais: qual o limite da comédia?

É através de um humor "natural" que o longa procura responder à pergunta. “As piadas presentes no filme são leves e inocentes. É um humor que você encontra, até mesmo, dentro das famílias”, define Rodrigo, que também conta que os atores tiveram liberdade para adaptar o roteiro.

O diretor explica que limitar o humor não tem relação com cercear a criatividade, mas sim com “ter consciência do que beira o mau gosto”. “Não dói e nem tem sofrimento, tem a ver só com uma relação entre postura de vida e responsabilidade”, diz.

“Naturalização” é a palavra central de Barba, Cabelo & Bigode. O filme também procurou questionar a intolerância religiosa ao retratar uma convivência harmoniosa entre personagens de religiões de matriz africana e de origem cristã.

“No próprio subúrbio carioca, você tem, dentro de uma mesma família, pessoas que seguem religiões de origem cristã e de matrizes africanas. As interferências (da intolerância) são muito mais externas do que de dentro desses bairros”, define o cineasta.

Para Rodrigo, Barba, Cabelo & Bigode chega como um filme “muito mais de cura do que de denúncia”. “O entretenimento também é político e não tem a ver com alienação, tem a ver com empoderamento e em encontrar momentos em que precisamos simplesmente sentar e rir”, diz.

*Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais

'Barba, Cabelo & Bigode', a nova comédia nacional da Netflix, chegou ao catálogo do streaming nesta quinta-feira, 28. Foto: Vantoen Pereira Jr/Netflix

As produções nacionais chegam com cada vez mais força ao catálogo da Netflix e, nesta quinta-feira, 28, é a vez de Barba, Cabelo & Bigode estrear no catálogo do streaming.

Dirigido por Rodrigo França, o longa trouxe um elenco de peso e majoritariamente negro com nomes como Lucas Penteado, Solange Couto, Juliana Alves, MC Carol e Sérgio Loroza.

Barba, Cabelo & Bigode se passa no bairro carioca da Penha e acompanha Richardsson, um jovem que acaba de terminar o ensino médio e, contrariando os desejos da mãe, Cristina, quer realizar o sonho de cortar cabelos no salão dela.

Mais do que retratar a popularização da estética black e das barbearias nas comunidades, o filme se propõe a fazer um retrato honesto e afetuoso das múltiplas culturas refletidas nos subúrbios, favelas e periferias.

Em entrevista ao Estadão, Rodrigo, que chegou a viver a adolescência no bairro da Penha, conta que o principal objetivo do filme foi quebrar o pensamento de que a cultura negra “é uma só”. “Devemos ser iguais em direitos, mas respeitando a nossa subjetividade, principalmente na negritude”, ressalta.

Em Barba, Cabelo & Bigode, o diretor teve a preocupação de respeitar a diversidade de corpos, das texturas de cabelo e das variações dos tons de pele no elenco. O esforço em retratar essa multiplicidade se refletiu, até mesmo, na escolha por Lucas Penteado como o protagonista.

Rodrigo chegou a trabalhar com Lucas em Malhação – Viva a Diferença e, além de definir o ator como “alguém que namora a câmera como ninguém”, diz que Penteado representou os “vários subúrbios que formam um subúrbio”, já que o ator é natural de São Paulo.

“Na Penha, é possível encontrar pessoas do Norte, do Nordeste, do Sul e de outros lugares do Sudeste convivendo e criando uma estética e uma cultura própria”, ressalta o diretor.

Empoderamento é protagonista em Barba, Cabelo & Bigode

Penteados e cortes retratados em 'Barba, Cabelo & Bigode' espelham as principais tendências para cabelos afro, cacheados e crespos. Foto: Vantoen Pereira Jr/Netflix

A explosão de buscas por termos que envolvem cabelos afro, crespos e cacheados foi o que definiu o enredo do novo filme da Netflix. Todos os penteados retratados no filme partiram de pesquisas sobre as principais tendências da estética black atualmente.

“A forma como o Richardsson pinta o cabelo de um dos traficantes, por exemplo, eu garanto que vai ser a grande moda do Carnaval em 2023”, brinca o diretor.

Mais do que uma questão estética, retratar a beleza de cabelos crespos e cacheados também tem a ver com identidade e “uma luta histórica que se desdobrou hoje”, como define Rodrigo.

“Existia, ainda bem que no passado, uma regra cultural nos subúrbios em que meninos negros tinham que passar a máquina no cabelo e meninas tinham que alisá-lo. Eu, que tenho 44 anos, conheci a textura do meu cabelo com 36”, conta.

A equipe responsável pelos cortes e penteados do filme, em grande parte, é originária de subúrbios e periferias de Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. O diretor revela que, em um único dia, os profissionais ficaram responsáveis por 200 cabelos.

“O filme mostra uma beleza muito real. As pessoas vão poder assistir e vão poder replicar cada cabelo e cada maquiagem”, afirma.

Longa questiona limites da comédia através do humor

Em 'Barba, Cabelo & Bigode', os atores tiveram liberdade para adaptar o roteiro. Foto: Vantoen Pereira Jr/Netflix

Barba, Cabelo & Bigode também traz à tona uma questão extremamente debatida, principalmente em coletivos e nas redes sociais: qual o limite da comédia?

É através de um humor "natural" que o longa procura responder à pergunta. “As piadas presentes no filme são leves e inocentes. É um humor que você encontra, até mesmo, dentro das famílias”, define Rodrigo, que também conta que os atores tiveram liberdade para adaptar o roteiro.

O diretor explica que limitar o humor não tem relação com cercear a criatividade, mas sim com “ter consciência do que beira o mau gosto”. “Não dói e nem tem sofrimento, tem a ver só com uma relação entre postura de vida e responsabilidade”, diz.

“Naturalização” é a palavra central de Barba, Cabelo & Bigode. O filme também procurou questionar a intolerância religiosa ao retratar uma convivência harmoniosa entre personagens de religiões de matriz africana e de origem cristã.

“No próprio subúrbio carioca, você tem, dentro de uma mesma família, pessoas que seguem religiões de origem cristã e de matrizes africanas. As interferências (da intolerância) são muito mais externas do que de dentro desses bairros”, define o cineasta.

Para Rodrigo, Barba, Cabelo & Bigode chega como um filme “muito mais de cura do que de denúncia”. “O entretenimento também é político e não tem a ver com alienação, tem a ver com empoderamento e em encontrar momentos em que precisamos simplesmente sentar e rir”, diz.

*Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais

'Barba, Cabelo & Bigode', a nova comédia nacional da Netflix, chegou ao catálogo do streaming nesta quinta-feira, 28. Foto: Vantoen Pereira Jr/Netflix

As produções nacionais chegam com cada vez mais força ao catálogo da Netflix e, nesta quinta-feira, 28, é a vez de Barba, Cabelo & Bigode estrear no catálogo do streaming.

Dirigido por Rodrigo França, o longa trouxe um elenco de peso e majoritariamente negro com nomes como Lucas Penteado, Solange Couto, Juliana Alves, MC Carol e Sérgio Loroza.

Barba, Cabelo & Bigode se passa no bairro carioca da Penha e acompanha Richardsson, um jovem que acaba de terminar o ensino médio e, contrariando os desejos da mãe, Cristina, quer realizar o sonho de cortar cabelos no salão dela.

Mais do que retratar a popularização da estética black e das barbearias nas comunidades, o filme se propõe a fazer um retrato honesto e afetuoso das múltiplas culturas refletidas nos subúrbios, favelas e periferias.

Em entrevista ao Estadão, Rodrigo, que chegou a viver a adolescência no bairro da Penha, conta que o principal objetivo do filme foi quebrar o pensamento de que a cultura negra “é uma só”. “Devemos ser iguais em direitos, mas respeitando a nossa subjetividade, principalmente na negritude”, ressalta.

Em Barba, Cabelo & Bigode, o diretor teve a preocupação de respeitar a diversidade de corpos, das texturas de cabelo e das variações dos tons de pele no elenco. O esforço em retratar essa multiplicidade se refletiu, até mesmo, na escolha por Lucas Penteado como o protagonista.

Rodrigo chegou a trabalhar com Lucas em Malhação – Viva a Diferença e, além de definir o ator como “alguém que namora a câmera como ninguém”, diz que Penteado representou os “vários subúrbios que formam um subúrbio”, já que o ator é natural de São Paulo.

“Na Penha, é possível encontrar pessoas do Norte, do Nordeste, do Sul e de outros lugares do Sudeste convivendo e criando uma estética e uma cultura própria”, ressalta o diretor.

Empoderamento é protagonista em Barba, Cabelo & Bigode

Penteados e cortes retratados em 'Barba, Cabelo & Bigode' espelham as principais tendências para cabelos afro, cacheados e crespos. Foto: Vantoen Pereira Jr/Netflix

A explosão de buscas por termos que envolvem cabelos afro, crespos e cacheados foi o que definiu o enredo do novo filme da Netflix. Todos os penteados retratados no filme partiram de pesquisas sobre as principais tendências da estética black atualmente.

“A forma como o Richardsson pinta o cabelo de um dos traficantes, por exemplo, eu garanto que vai ser a grande moda do Carnaval em 2023”, brinca o diretor.

Mais do que uma questão estética, retratar a beleza de cabelos crespos e cacheados também tem a ver com identidade e “uma luta histórica que se desdobrou hoje”, como define Rodrigo.

“Existia, ainda bem que no passado, uma regra cultural nos subúrbios em que meninos negros tinham que passar a máquina no cabelo e meninas tinham que alisá-lo. Eu, que tenho 44 anos, conheci a textura do meu cabelo com 36”, conta.

A equipe responsável pelos cortes e penteados do filme, em grande parte, é originária de subúrbios e periferias de Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. O diretor revela que, em um único dia, os profissionais ficaram responsáveis por 200 cabelos.

“O filme mostra uma beleza muito real. As pessoas vão poder assistir e vão poder replicar cada cabelo e cada maquiagem”, afirma.

Longa questiona limites da comédia através do humor

Em 'Barba, Cabelo & Bigode', os atores tiveram liberdade para adaptar o roteiro. Foto: Vantoen Pereira Jr/Netflix

Barba, Cabelo & Bigode também traz à tona uma questão extremamente debatida, principalmente em coletivos e nas redes sociais: qual o limite da comédia?

É através de um humor "natural" que o longa procura responder à pergunta. “As piadas presentes no filme são leves e inocentes. É um humor que você encontra, até mesmo, dentro das famílias”, define Rodrigo, que também conta que os atores tiveram liberdade para adaptar o roteiro.

O diretor explica que limitar o humor não tem relação com cercear a criatividade, mas sim com “ter consciência do que beira o mau gosto”. “Não dói e nem tem sofrimento, tem a ver só com uma relação entre postura de vida e responsabilidade”, diz.

“Naturalização” é a palavra central de Barba, Cabelo & Bigode. O filme também procurou questionar a intolerância religiosa ao retratar uma convivência harmoniosa entre personagens de religiões de matriz africana e de origem cristã.

“No próprio subúrbio carioca, você tem, dentro de uma mesma família, pessoas que seguem religiões de origem cristã e de matrizes africanas. As interferências (da intolerância) são muito mais externas do que de dentro desses bairros”, define o cineasta.

Para Rodrigo, Barba, Cabelo & Bigode chega como um filme “muito mais de cura do que de denúncia”. “O entretenimento também é político e não tem a ver com alienação, tem a ver com empoderamento e em encontrar momentos em que precisamos simplesmente sentar e rir”, diz.

*Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais

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