HBO lança documentário sobre história do funk: ‘Retrato de uma antítese, entre o popular e proibido’


‘Funk Doc: Popular e Proibido’ conta com depoimentos de Mr Catra, Ludmilla, DJ Renan da Penha e mais

Por Bárbara Correa
Atualização:
Cena de baile funk no documentário 'Funk Doc: Popular e Proibido'. Foto: HBO Max

Popular e proibido. Da favela às festas de elite. Como o funk consegue ser um dos únicos gêneros musicais que permeia todos os cenários culturais da música brasileira na atualidade? Essa foi a pergunta que o diretor Luiz Bolognesi se fez ao perceber que suas filhas ouviam em sofisticadas festas de quinze as batidas que, até pouco tempo atrás, eram vinculadas a bailes na periferia. 

A partir disso, Luiz entrevistou nomes como Ludmilla, MC Carol, Kondzilla, DJ Renan da Penha e mais para a produção de Funk Doc: Popular e Proibido, que estreia nesta terça-feira, 30, na HBO Max

continua após a publicidade

Ao longo de 6 episódios, que contam, inclusive, com depoimentos de Mr Catra, o documentário mostra como o funk é capaz de combater o preconceito com popularidade e seus desdobramentos sociais. 

Em entrevista ao Estadão, Bolognesi detalha os questionamentos que se tornaram o pontapé para a produção: “É um retrato desse paradoxo, que parece uma antítese, como que ele pode ser popular e, ao mesmo tempo, proibido? Como ele pode ser tão transversal e ocupar tantos espaços? E, mesmo assim, ser tão perseguido e ainda sofrer tanto preconceito?” . 

Transversalidade do funk

continua após a publicidade
Luiz Bolognesi e Mr. Catra. Foto: HBO Max Brasil

Para responder sua segunda indagação, sobre a transversalidade do funk, o diretor atribui dois pilares: a qualidade musical e a “estratégia de sobrevivência”.

“O funk são os tambores do candomblé tocado eletronicamente. É a música preta, eletrônica brasileira, de altíssima qualidade. O funk tem uma coragem que você não vê nos outros gêneros musicais. As letras falam sobre crime, sexualidade, denúncia social e são ouvidas em festas da elite econômica”, explica.

continua após a publicidade

“A segunda é uma estratégia de sobrevivência dos povos que foram subjugados pela branquitude europeia. A resistência deles se organizou e se aperfeiçoou, não batendo de frente. A cultura afrodescendente aprendeu a se infiltrar. O funk não bate de frente com o sertanejo, por exemplo. Ele põe o beat do funk dentro da música sertaneja, ele conquista por dentro. Assim que surge também o brega funk, forró funk, funk evangélico, etc. O funk tem a sabedoria da cultura africana, atrelada à tecnologia eletrônica”, afirma.

Ascensão do gênero na mídia 

Luiz Bolognesi e Ludmilla. Foto: HBO Max Brasil
continua após a publicidade

Luiz, que também é jornalista, destaca que a ascensão do funk tem refletido na cobertura midiática do cenário cultural brasileiro. Mesmo que, anteriormente, fosse essa quem reforçasse a marginalização, para ele, os Mcs conseguiram se infiltrar também na imprensa, ainda que superficialmente.

“Por estar no mainstream, a mídia está mostrando mais a potência desse gênero, porém, falta muita coisa, porque ainda não se vai na base, ainda não se revela os talentos, só repercute os grandes artistas. Quem é o DJ do momento? A batida que está em alta? E os novos MCs? Quem são as novas marcas do funk? A mídia não chegou nesse lugar, mas ainda vai, porque o funk é uma resistência organizada que seduz”, conclui.

Cena de baile funk no documentário 'Funk Doc: Popular e Proibido'. Foto: HBO Max

Popular e proibido. Da favela às festas de elite. Como o funk consegue ser um dos únicos gêneros musicais que permeia todos os cenários culturais da música brasileira na atualidade? Essa foi a pergunta que o diretor Luiz Bolognesi se fez ao perceber que suas filhas ouviam em sofisticadas festas de quinze as batidas que, até pouco tempo atrás, eram vinculadas a bailes na periferia. 

A partir disso, Luiz entrevistou nomes como Ludmilla, MC Carol, Kondzilla, DJ Renan da Penha e mais para a produção de Funk Doc: Popular e Proibido, que estreia nesta terça-feira, 30, na HBO Max

Ao longo de 6 episódios, que contam, inclusive, com depoimentos de Mr Catra, o documentário mostra como o funk é capaz de combater o preconceito com popularidade e seus desdobramentos sociais. 

Em entrevista ao Estadão, Bolognesi detalha os questionamentos que se tornaram o pontapé para a produção: “É um retrato desse paradoxo, que parece uma antítese, como que ele pode ser popular e, ao mesmo tempo, proibido? Como ele pode ser tão transversal e ocupar tantos espaços? E, mesmo assim, ser tão perseguido e ainda sofrer tanto preconceito?” . 

Transversalidade do funk

Luiz Bolognesi e Mr. Catra. Foto: HBO Max Brasil

Para responder sua segunda indagação, sobre a transversalidade do funk, o diretor atribui dois pilares: a qualidade musical e a “estratégia de sobrevivência”.

“O funk são os tambores do candomblé tocado eletronicamente. É a música preta, eletrônica brasileira, de altíssima qualidade. O funk tem uma coragem que você não vê nos outros gêneros musicais. As letras falam sobre crime, sexualidade, denúncia social e são ouvidas em festas da elite econômica”, explica.

“A segunda é uma estratégia de sobrevivência dos povos que foram subjugados pela branquitude europeia. A resistência deles se organizou e se aperfeiçoou, não batendo de frente. A cultura afrodescendente aprendeu a se infiltrar. O funk não bate de frente com o sertanejo, por exemplo. Ele põe o beat do funk dentro da música sertaneja, ele conquista por dentro. Assim que surge também o brega funk, forró funk, funk evangélico, etc. O funk tem a sabedoria da cultura africana, atrelada à tecnologia eletrônica”, afirma.

Ascensão do gênero na mídia 

Luiz Bolognesi e Ludmilla. Foto: HBO Max Brasil

Luiz, que também é jornalista, destaca que a ascensão do funk tem refletido na cobertura midiática do cenário cultural brasileiro. Mesmo que, anteriormente, fosse essa quem reforçasse a marginalização, para ele, os Mcs conseguiram se infiltrar também na imprensa, ainda que superficialmente.

“Por estar no mainstream, a mídia está mostrando mais a potência desse gênero, porém, falta muita coisa, porque ainda não se vai na base, ainda não se revela os talentos, só repercute os grandes artistas. Quem é o DJ do momento? A batida que está em alta? E os novos MCs? Quem são as novas marcas do funk? A mídia não chegou nesse lugar, mas ainda vai, porque o funk é uma resistência organizada que seduz”, conclui.

Cena de baile funk no documentário 'Funk Doc: Popular e Proibido'. Foto: HBO Max

Popular e proibido. Da favela às festas de elite. Como o funk consegue ser um dos únicos gêneros musicais que permeia todos os cenários culturais da música brasileira na atualidade? Essa foi a pergunta que o diretor Luiz Bolognesi se fez ao perceber que suas filhas ouviam em sofisticadas festas de quinze as batidas que, até pouco tempo atrás, eram vinculadas a bailes na periferia. 

A partir disso, Luiz entrevistou nomes como Ludmilla, MC Carol, Kondzilla, DJ Renan da Penha e mais para a produção de Funk Doc: Popular e Proibido, que estreia nesta terça-feira, 30, na HBO Max

Ao longo de 6 episódios, que contam, inclusive, com depoimentos de Mr Catra, o documentário mostra como o funk é capaz de combater o preconceito com popularidade e seus desdobramentos sociais. 

Em entrevista ao Estadão, Bolognesi detalha os questionamentos que se tornaram o pontapé para a produção: “É um retrato desse paradoxo, que parece uma antítese, como que ele pode ser popular e, ao mesmo tempo, proibido? Como ele pode ser tão transversal e ocupar tantos espaços? E, mesmo assim, ser tão perseguido e ainda sofrer tanto preconceito?” . 

Transversalidade do funk

Luiz Bolognesi e Mr. Catra. Foto: HBO Max Brasil

Para responder sua segunda indagação, sobre a transversalidade do funk, o diretor atribui dois pilares: a qualidade musical e a “estratégia de sobrevivência”.

“O funk são os tambores do candomblé tocado eletronicamente. É a música preta, eletrônica brasileira, de altíssima qualidade. O funk tem uma coragem que você não vê nos outros gêneros musicais. As letras falam sobre crime, sexualidade, denúncia social e são ouvidas em festas da elite econômica”, explica.

“A segunda é uma estratégia de sobrevivência dos povos que foram subjugados pela branquitude europeia. A resistência deles se organizou e se aperfeiçoou, não batendo de frente. A cultura afrodescendente aprendeu a se infiltrar. O funk não bate de frente com o sertanejo, por exemplo. Ele põe o beat do funk dentro da música sertaneja, ele conquista por dentro. Assim que surge também o brega funk, forró funk, funk evangélico, etc. O funk tem a sabedoria da cultura africana, atrelada à tecnologia eletrônica”, afirma.

Ascensão do gênero na mídia 

Luiz Bolognesi e Ludmilla. Foto: HBO Max Brasil

Luiz, que também é jornalista, destaca que a ascensão do funk tem refletido na cobertura midiática do cenário cultural brasileiro. Mesmo que, anteriormente, fosse essa quem reforçasse a marginalização, para ele, os Mcs conseguiram se infiltrar também na imprensa, ainda que superficialmente.

“Por estar no mainstream, a mídia está mostrando mais a potência desse gênero, porém, falta muita coisa, porque ainda não se vai na base, ainda não se revela os talentos, só repercute os grandes artistas. Quem é o DJ do momento? A batida que está em alta? E os novos MCs? Quem são as novas marcas do funk? A mídia não chegou nesse lugar, mas ainda vai, porque o funk é uma resistência organizada que seduz”, conclui.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.