O apresentador Roberto Justus fez um desabafo a respeito de seu trabalho à frente do reality show A Fazenda - Nova Chance, durante uma visita de jornalistas à sede do programa, situada em Itapecerica da Serra, na última terça-feira, 24, na qual o E+ esteve presente. Ao ser perguntado sobre a possibilidade de manipulações por parte da equipe do programa, falou em tom enérgico: "Manipular votação para ajudar participante de reality show, que daqui a um ano ninguém nem lembra mais quem a pessoa é? Que interesse, pelo amor de Deus, [eu teria] em correr o risco de ajudar um participante de reality show? Eu vou jogar minha carreira fora, minha história? Tô pouco me lixando [para] quem sai. Não é que não gosto deles, mas o que muda [na] nossa vida?"
A Fazenda. A produção confinou os peões dentro da casa para que os repórteres pudessem conhecer todas as instalações externas da sede do reality. A impressão que temos inicialmente é de semelhança com um local para passar as férias próximo à natureza. Um detalhe curioso que chama atenção logo de cara são as centenas (para não dizer milhares) de mariposas espalhadas pelo gramado do local - em sua maioria, mortas - que dificilmente aparecem nas telas da TV. De acordo com a equipe, elas vão ao local por conta dos refletores.
A vista de um horizonte com milhares de árvores também chama atenção, diferentemente de muitos realities em que o confinamento se dá em local menos 'real'. Justus lamentou, porém, o tempo nublado no dia da visita, que não proporcionou um pôr do sol marcante. Apesar de não termos entrado na casa, pudemos conferir como funciona o 'outro lado' dos diversos espelhos que existem em todos os ambientes, que contam com operadores de câmera, inteiramente vestidos de preto, em um ambiente completamente escuro, iluminado apenas pelas telas das próprias câmeras. A experiência de passar por este local foi algo parecido como um 'zoológico humano'. Como o próprio apresentador chegou a comentar em determinado momento: "Aqui é um laboratório de seres humanos sendo testados em um ambiente de convívio, fora de suas vidas". Bem ao lado da sede fica o 'quartel general' da emissora, onde uma equipe com cerca de 200 pessoas trabalha 24 horas por dia, uma vez que o programa possui transmissão ininterrupta de pelo menos uma câmera no site da emissora.
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Gravações. Justus falou também sobre seu cotidiano frente às câmeras, já que o programa é feito ao vivo três vezes por semana: "Estou numa fase de dedicar bastante à carreira artística. Tenho meu escritório ainda, participo de negócios, mas não sou mais executivo de estar no dia a dia, e isso facilita muito. Quinta-feira eu sou obrigado a fazer o ao vivo da eliminação, depois faço as cabeças do final de semana e ainda as provas da chave que vão pro ar no dia seguinte. Saio daqui às três e pouco da manhã, exausto, morto". O apresentador ainda contou que evita assistir à versão 24 horas do programa, disponível no site do canal, acompanhando apenas as versões editadas que vão ao ar - exceção feita ao período em que está em seu camarim no local, que conta com telões que exibem os peões em tempo real.
O Aprendiz. Sobre as comparações com a época em que estava à frente de O Aprendiz, programa que o tornou conhecido do grande público no Brasil, ressaltou: "Era um formato que exigia que eu fosse muito pior em termos de tratamento humano do que sou normalmente." De acordo com Justus, sua postura na Fazenda tende a ser bem diferente da que tinha quando era conhecido pelo bordão: "Você está demitido". "A gente não tem que ser duro com as pessoas. Quando falo que a Ana Paula Minerato tá falando palavras de baixo calão, que ela entendeu como 'baixo escalão', não vou entrar nesse mérito de corrigi-la no português como fazia no Aprendiz", explica.
Provas. Entre as atrações do programa estão as provas do fazendeiro e da chave, que definem quem será o 'líder' da semana (que possui privilégios e o direito de indicar alguém à temida 'roça') e quem ganhará o 'envelope dourado' (que sempre contém um benefício), e terá direito de distribuir os envelopes prateado e vermelho (este último, escolhido pelo público, que pode ser bom ou ruim) aos concorrentes. Em sua maioria, as provas são longas, envolvendo habilidades que, por vezes, ficam em segundo plano por conta do fator sorte. Na mais recente delas, Rita Cadillac, Conrado e Marcelo Ié Ié atiraram bambolês tentando encaixá-los em alvos ao longo de quinze longos minutos. Em outra ocasião, durante uma disputa, a estrutura da prova apresentou problemas quando Dinei pulou de uma plataforma (com o devido equipamento de segurança, é claro) e ficou 'preso'. O cronômetro precisou ser paralisado, e o jeito foi mandar os peões subirem e descerem a escada incessantemente. Para Rodrigo Carelli, diretor dos reality shows da Record TV, porém, o assunto não é um problema. "Uma grande conquista que a gente teve foi conseguir manter o padrão de provas que a gente tinha nas outras, apesar de ter características diferenciadas, como essa coisa de trazer mais participantes para fazer as provas, em dupla. A Record está muito satisfeita com o resultado disso tudo", afirmou.
Relação com os participantes. Como nas intervenções de Justus na casa apenas sua voz é emitida para os peões, na maior parte do tempo, eles sequer têm contato com ele - exceção feita aos dias de provas e votações.
Porém, o apresentador conta que às vezes precisa se segurar para não interferir no jogo: "Eu tenho vontade de dizer para os outros que a Flávia fez xixi na baia [episódio que rendeu punição]. E as pessoas me pressionam: 'Por que você não fala?!'. Se ela está 'jogando' de não contar, eu não posso prejudicá-la'." O assistente de direção Guilherme Pagani comenta que um dos nomes já eliminados do programa era também um dos mais queridos por quem precisava acompanhá-los o tempo inteiro: "O Nahim, pra gente, era sensacional. Era o [participante] que rende memes".