Após o sucesso da série coreana Round 6, a Netflix resolveu investir em um reality show baseado na trama da produção. Round 6: O Desafio surgiu com a proposta de ser “o maior reality show de todos os tempos, com o maior prêmio de todos os tempos”, mas sem a mesma crueldade que permeia o seriado original.
Conforme denúncias de quatro ex-participantes do reality, porém, não é isso o que está acontecendo. Segundo a revista norte-americana Rolling Stone, as gravações tiveram início na última segunda-feira, 30, e os competidores relataram terem sofrido “condições desumanas” e observarem algumas manipulações durante a disputa.
De acordo com os relatos, os 456 participantes de Round 6: O Desafio foram levados a um hangar de um aeroporto na Inglaterra. O dia, porém, estava inesperadamente frio e a temperatura do local chegou a -10ºC.
Eles, então, foram posicionados para jogar o famoso desafio Batatinha Frita 1, 2, 3, que marcou a série. Segundo as denúncias, apesar de o elenco estar vestindo duas camadas de roupas térmicas, dois pares de meias e o agasalho do reality, as roupas não eram adequadas para o clima. Além disso, a produção retirou as peças usadas para aquecer as mãos e os pés antes da prova.
Os ex-participantes afirmam que haviam sido informados de que a prova duraria cerca de 2h, mas chegaram a permanecer no local por 9h. Em alguns momentos, eles tiveram de ficar imóveis por cerca de 30 minutos.
Por conta das condições, pelo menos 10 pessoas desmaiaram e alguns chegaram a ter convulsões ao longo da prova. Uma pessoa ainda relatou que a produção negou atendimento médico imediato em alguns casos por receio de “estragar as cenas”.
Diversos participantes viram no grande prêmio do programa – US$ 4,56 milhões, cerca de R$ 24,5 milhões – a possibilidade de “mudar a vida e ajudar a família”. Por isso, a maioria ficou parada enquanto via colegas passarem por problemas de saúde.
“As pessoas estavam se culpando por uma garota estar tendo convulsões e nós termos apenas ficado parados como estátuas. [...] É, absolutamente, um experimento social. Joga com a nossa moral e é doentio. É absolutamente doentio”, relatou um ex-competidor.
Participação de influenciadores e manipulação no jogo
Os participantes ainda alegaram que a produção teria beneficiado algumas pessoas para que permanecessem na competição. Eles disseram que parte do elenco é formado por influenciadores do TikTok e do Instagram e que alguns competidores ganharam microfones falsos.
Um deles relata ter visto um dos participantes eliminados voltar ao jogo. Três ainda descrevem que, em determinado momento do Batatinha Frita 1, 2, 3, um grande grupo de participantes foi eliminado, mesmo tendo conseguido cruzar a linha de chegada com tempo restante no relógio. O caso foi apelidado de “massacre dos 38 segundos”.
Os ex-competidores afirmaram estarem buscando aconselhamento jurídico para tentar processar a produção por “violações de segurança no local de trabalho, negligência e falsos pretextos”.
Em nota divulgada anteriormente, a Netflix informou que três participantes necessitaram de atendimento médico por “problemas menores” e defendeu a segurança da produção.
“Embora estivesse muito frio no set – e os participantes estavam preparados para isso –, quaisquer alegações de ferimentos graves são inverídicas”, afirmou o serviço de streaming.
Ainda não há data para a estreia de Round 6: O Desafio. Atualmente, a segunda temporada da série também está em produção.
*Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais