Uma budista do balacobaco


A vida pregressa da monja Coen, cheia de emoções e aventuras, inspirou um romance biográfico

Por Ciça Vallerio

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"Cada erro está mais próximo do acerto, por isso, não devemos desistir de realizar algo melhor." A frase é de Claudia Dias Batista de Souza, que se tornou monja budista há mais de duas décadas, depois de deixar para trás uma vida turbulenta, que incluiu bebedeiras, aborto, tentativa de suicídio, viagens alucinógenas com LSD e uma prisão na Suécia – só para resumir. Aos 62 anos, é conhecida como Monja Coen e sabe como ninguém que errar faz parte do aprendizado e que sempre é possível mudar.

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Foi com esse espírito que Claudia permitiu que sua história servisse de base para a psiquiatra Neusa C. Steiner escrever o romance biográfico Monja Coen – A Mulher nos Jardins de Buda (Mescla Editorial, R$ 54,00). "O livro serve como uma mensagem às mulheres, para que se lembrem que podem fazer suas escolhas e dar o rumo que quiserem às suas vidas", avisa a monja, enquanto mostra a sala de meditação do templo Comunidade Zen Budista, no bairro Pacaembu.

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Segunda filha de uma família de classe média alta, seu pai bibliotecário tornou-se braço direito do ex-governador Adhemar de Barros, e sua mãe educadora atuava como supervisora de ensino, mas fazia sucesso com os saraus que organizava. Nesse cenário regado à cultura, a caçula aprontava tanto que sua mãe costumava dizer que Claudia era o filho homem que não teve.

 

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Ao contrário de sua irmã, a garota mostrou sua impetuosidade quando decidiu perder a virgindade aos 13 anos, um tabu na época. Apesar de não ter sido obrigada a se casar com o namorado, ela bateu o pé e encarou o matrimônio aos 14. Três anos depois, tornou-se mãe. Abandonada pelo marido durante a gravidez, Claudia voltou para a casa dos pais com a filha, Fábia, nos braços.

 

Embora o passado da monja Coen esteja retratado no livro, nem tudo o que está lá é exatamente como aconteceu. Os nomes dos personagens reais foram mudados a pedido dela, para "não ofender ninguém e nem ser ofendida." Todo material coletado pela autora, durante um ano, virou uma versão romanceada, em vez de uma biografia tradicional, para que a realidade ganhasse novas dimensões.

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"Desejava tocar as pessoas ao compartilhar uma vida imperfeita, comum, com dor e prazer, porque é através das imperfeições que caminhamos", explica Neusa, que também é mestre em Ciências da Religião pela PUC-SP. "A monja Coen representa a ousadia, não apenas por sua experiência, mas também por lutar contra a discriminação das mulheres no budismo."

 

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ESQUELETOS

Ao ler o livro, a monja sentiu certo incômodo ao se deparar com acontecimentos que preferia não relembrar. Por exemplo, quando na infância foi molestada por um tio. Ou quando fez um aborto, após engravidar em outro relacionamento equivocado, justamente no momento em que tentava terminar a faculdade de Direito, na PUC de São Paulo, dando um norte à sua vida após a maternidade precoce.

 

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Indicada por um colega, Claudia foi trabalhar como repórter no Jornal da Tarde, no auge da ditadura militar, entre 1968 e 1971. "Pegamos a barra pesada daquela época, chegava policial na redação, saíamos na rua para participar de manifestações", lembra. "Tive um namoradinho que foi preso e morto."

 

Namoradeira assumida, engatou vários affairs, aprendeu a beber e rodava pela cidade em cima de sua moto Honda 250. Até que sofreu um acidente feio por causa da bebedeira. Além disso, em uma de suas crises, tentou suicídio tomando um monte de remédios e foi parar numa clínica.

 

O álcool saiu de cena, mas depois entrou em sua vida o LSD. A experiência alucinógena a instigou tanto que decidiu conhecer seus efeitos mais a fundo. Pediu licença do jornal, com a intenção de estudar inglês e "dar uma pausa no ritmo acelerado" em que se encontrava. Pegou as malas e foi para Londres. Mal chegou, entrou para uma turma que vivia embalada em LSD e haxixe.

 

"Era o momento de curtir a sensação de liberdade, não sentir medo de nada, querer entender quem era Deus e como funcionava a mente humana." A sua turma na época buscava também a paz mundial. Chegaram a imaginar que, com a força do pensamento, poderiam influenciar as lideranças e, assim, acabar com a guerra do Vietnã!

 

Com o pretexto de cessar os casos de suicídios na Suécia, lá foi ela com o namorado traficante levar ácido para a população. É claro que entraram em cana assim que chegaram ao país. A monja ficou presa quase seis meses em uma cela individual, onde começou a meditar. "Foi uma pausa necessária para analisar minha vida e ajudar no meu processo de recuperação", afirma. "Estava realmente feliz naquele lugar, que era de primeiro mundo, tinha boa comida, trabalho, acesso a livros e até a uma vitrola e discos que ganhei da minha mãe."

 

Assim que conquistou a liberdade, voltou para o Brasil e se reaproximou de seus primos, os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, da banda Os Mutantes, da qual fazia parte também Rita Lee. Claudia era figurinha carimbada na comunidade que o grupo criou, na Serra da Cantareira. Entre sexo, drogas e rock’n’roll, ela acompanhou a fase de crise dos músicos e a dissolução do grupo. Mais tarde, num show de Alice Cooper, no Brasil, conheceu o iluminador de palco da banda e decidiu morar com ele na Flórida.

 

RELIGIÃO

O primeiro impulso para Claudia entrar no budismo veio de seu quarto marido, que lhe deu um livro sobre meditação transcendental. Assim que o casamento com o americano naufragou, ela fez seu primeiro retiro no tradicional centro budista Zen Center, em Los Angeles, onde meditou por sete dias. Ficou tão fascinada com a experiência que decidiu tornar-se monja aos 36 anos. "Descobri por meio da meditação que era possível acessar a mente sem estímulo químico, e como era lindo alcançar esse estado sublime", justifica.

 

Após cinco casamentos – o último foi com um monge 18 anos mais novo que ela –, a monja mora hoje sozinha, no mesmo local onde funciona seu templo e o endereço onde passou sua infância e juventude. Tem a companhia de seus alunos e de duas cadelas. Para cobrir as despesas de seu templo, faz palestras em empresas, universidades e colégios, além de cerimônias de casamentos.

 

Sua filha Fábia, que está com 45 anos e que lhe deu uma neta de 17 anos, fez seus votos budistas "após se certificar de que essa não era mais uma das loucuras" de sua mãe. Como muitos que seguem o budismo, ela não abandonou os hábitos católicos que herdou de sua fervorosa avó. "Não precisamos abdicar de uma religião para seguir os preceitos de Buda", fala Fábia.

 

"Não há rivalidade, mas sim afinidades entre os dogmas", ressalta a monja Coen. "Assim como muitas religiões, o ensinamento básico do budismo é fazer o bem ao maior número de seres, estar acordado para a vida e ser responsável por seus gestos."

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"Cada erro está mais próximo do acerto, por isso, não devemos desistir de realizar algo melhor." A frase é de Claudia Dias Batista de Souza, que se tornou monja budista há mais de duas décadas, depois de deixar para trás uma vida turbulenta, que incluiu bebedeiras, aborto, tentativa de suicídio, viagens alucinógenas com LSD e uma prisão na Suécia – só para resumir. Aos 62 anos, é conhecida como Monja Coen e sabe como ninguém que errar faz parte do aprendizado e que sempre é possível mudar.

 

Foi com esse espírito que Claudia permitiu que sua história servisse de base para a psiquiatra Neusa C. Steiner escrever o romance biográfico Monja Coen – A Mulher nos Jardins de Buda (Mescla Editorial, R$ 54,00). "O livro serve como uma mensagem às mulheres, para que se lembrem que podem fazer suas escolhas e dar o rumo que quiserem às suas vidas", avisa a monja, enquanto mostra a sala de meditação do templo Comunidade Zen Budista, no bairro Pacaembu.

 

Segunda filha de uma família de classe média alta, seu pai bibliotecário tornou-se braço direito do ex-governador Adhemar de Barros, e sua mãe educadora atuava como supervisora de ensino, mas fazia sucesso com os saraus que organizava. Nesse cenário regado à cultura, a caçula aprontava tanto que sua mãe costumava dizer que Claudia era o filho homem que não teve.

 

Ao contrário de sua irmã, a garota mostrou sua impetuosidade quando decidiu perder a virgindade aos 13 anos, um tabu na época. Apesar de não ter sido obrigada a se casar com o namorado, ela bateu o pé e encarou o matrimônio aos 14. Três anos depois, tornou-se mãe. Abandonada pelo marido durante a gravidez, Claudia voltou para a casa dos pais com a filha, Fábia, nos braços.

 

Embora o passado da monja Coen esteja retratado no livro, nem tudo o que está lá é exatamente como aconteceu. Os nomes dos personagens reais foram mudados a pedido dela, para "não ofender ninguém e nem ser ofendida." Todo material coletado pela autora, durante um ano, virou uma versão romanceada, em vez de uma biografia tradicional, para que a realidade ganhasse novas dimensões.

 

"Desejava tocar as pessoas ao compartilhar uma vida imperfeita, comum, com dor e prazer, porque é através das imperfeições que caminhamos", explica Neusa, que também é mestre em Ciências da Religião pela PUC-SP. "A monja Coen representa a ousadia, não apenas por sua experiência, mas também por lutar contra a discriminação das mulheres no budismo."

 

ESQUELETOS

Ao ler o livro, a monja sentiu certo incômodo ao se deparar com acontecimentos que preferia não relembrar. Por exemplo, quando na infância foi molestada por um tio. Ou quando fez um aborto, após engravidar em outro relacionamento equivocado, justamente no momento em que tentava terminar a faculdade de Direito, na PUC de São Paulo, dando um norte à sua vida após a maternidade precoce.

 

Indicada por um colega, Claudia foi trabalhar como repórter no Jornal da Tarde, no auge da ditadura militar, entre 1968 e 1971. "Pegamos a barra pesada daquela época, chegava policial na redação, saíamos na rua para participar de manifestações", lembra. "Tive um namoradinho que foi preso e morto."

 

Namoradeira assumida, engatou vários affairs, aprendeu a beber e rodava pela cidade em cima de sua moto Honda 250. Até que sofreu um acidente feio por causa da bebedeira. Além disso, em uma de suas crises, tentou suicídio tomando um monte de remédios e foi parar numa clínica.

 

O álcool saiu de cena, mas depois entrou em sua vida o LSD. A experiência alucinógena a instigou tanto que decidiu conhecer seus efeitos mais a fundo. Pediu licença do jornal, com a intenção de estudar inglês e "dar uma pausa no ritmo acelerado" em que se encontrava. Pegou as malas e foi para Londres. Mal chegou, entrou para uma turma que vivia embalada em LSD e haxixe.

 

"Era o momento de curtir a sensação de liberdade, não sentir medo de nada, querer entender quem era Deus e como funcionava a mente humana." A sua turma na época buscava também a paz mundial. Chegaram a imaginar que, com a força do pensamento, poderiam influenciar as lideranças e, assim, acabar com a guerra do Vietnã!

 

Com o pretexto de cessar os casos de suicídios na Suécia, lá foi ela com o namorado traficante levar ácido para a população. É claro que entraram em cana assim que chegaram ao país. A monja ficou presa quase seis meses em uma cela individual, onde começou a meditar. "Foi uma pausa necessária para analisar minha vida e ajudar no meu processo de recuperação", afirma. "Estava realmente feliz naquele lugar, que era de primeiro mundo, tinha boa comida, trabalho, acesso a livros e até a uma vitrola e discos que ganhei da minha mãe."

 

Assim que conquistou a liberdade, voltou para o Brasil e se reaproximou de seus primos, os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, da banda Os Mutantes, da qual fazia parte também Rita Lee. Claudia era figurinha carimbada na comunidade que o grupo criou, na Serra da Cantareira. Entre sexo, drogas e rock’n’roll, ela acompanhou a fase de crise dos músicos e a dissolução do grupo. Mais tarde, num show de Alice Cooper, no Brasil, conheceu o iluminador de palco da banda e decidiu morar com ele na Flórida.

 

RELIGIÃO

O primeiro impulso para Claudia entrar no budismo veio de seu quarto marido, que lhe deu um livro sobre meditação transcendental. Assim que o casamento com o americano naufragou, ela fez seu primeiro retiro no tradicional centro budista Zen Center, em Los Angeles, onde meditou por sete dias. Ficou tão fascinada com a experiência que decidiu tornar-se monja aos 36 anos. "Descobri por meio da meditação que era possível acessar a mente sem estímulo químico, e como era lindo alcançar esse estado sublime", justifica.

 

Após cinco casamentos – o último foi com um monge 18 anos mais novo que ela –, a monja mora hoje sozinha, no mesmo local onde funciona seu templo e o endereço onde passou sua infância e juventude. Tem a companhia de seus alunos e de duas cadelas. Para cobrir as despesas de seu templo, faz palestras em empresas, universidades e colégios, além de cerimônias de casamentos.

 

Sua filha Fábia, que está com 45 anos e que lhe deu uma neta de 17 anos, fez seus votos budistas "após se certificar de que essa não era mais uma das loucuras" de sua mãe. Como muitos que seguem o budismo, ela não abandonou os hábitos católicos que herdou de sua fervorosa avó. "Não precisamos abdicar de uma religião para seguir os preceitos de Buda", fala Fábia.

 

"Não há rivalidade, mas sim afinidades entre os dogmas", ressalta a monja Coen. "Assim como muitas religiões, o ensinamento básico do budismo é fazer o bem ao maior número de seres, estar acordado para a vida e ser responsável por seus gestos."

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"Cada erro está mais próximo do acerto, por isso, não devemos desistir de realizar algo melhor." A frase é de Claudia Dias Batista de Souza, que se tornou monja budista há mais de duas décadas, depois de deixar para trás uma vida turbulenta, que incluiu bebedeiras, aborto, tentativa de suicídio, viagens alucinógenas com LSD e uma prisão na Suécia – só para resumir. Aos 62 anos, é conhecida como Monja Coen e sabe como ninguém que errar faz parte do aprendizado e que sempre é possível mudar.

 

Foi com esse espírito que Claudia permitiu que sua história servisse de base para a psiquiatra Neusa C. Steiner escrever o romance biográfico Monja Coen – A Mulher nos Jardins de Buda (Mescla Editorial, R$ 54,00). "O livro serve como uma mensagem às mulheres, para que se lembrem que podem fazer suas escolhas e dar o rumo que quiserem às suas vidas", avisa a monja, enquanto mostra a sala de meditação do templo Comunidade Zen Budista, no bairro Pacaembu.

 

Segunda filha de uma família de classe média alta, seu pai bibliotecário tornou-se braço direito do ex-governador Adhemar de Barros, e sua mãe educadora atuava como supervisora de ensino, mas fazia sucesso com os saraus que organizava. Nesse cenário regado à cultura, a caçula aprontava tanto que sua mãe costumava dizer que Claudia era o filho homem que não teve.

 

Ao contrário de sua irmã, a garota mostrou sua impetuosidade quando decidiu perder a virgindade aos 13 anos, um tabu na época. Apesar de não ter sido obrigada a se casar com o namorado, ela bateu o pé e encarou o matrimônio aos 14. Três anos depois, tornou-se mãe. Abandonada pelo marido durante a gravidez, Claudia voltou para a casa dos pais com a filha, Fábia, nos braços.

 

Embora o passado da monja Coen esteja retratado no livro, nem tudo o que está lá é exatamente como aconteceu. Os nomes dos personagens reais foram mudados a pedido dela, para "não ofender ninguém e nem ser ofendida." Todo material coletado pela autora, durante um ano, virou uma versão romanceada, em vez de uma biografia tradicional, para que a realidade ganhasse novas dimensões.

 

"Desejava tocar as pessoas ao compartilhar uma vida imperfeita, comum, com dor e prazer, porque é através das imperfeições que caminhamos", explica Neusa, que também é mestre em Ciências da Religião pela PUC-SP. "A monja Coen representa a ousadia, não apenas por sua experiência, mas também por lutar contra a discriminação das mulheres no budismo."

 

ESQUELETOS

Ao ler o livro, a monja sentiu certo incômodo ao se deparar com acontecimentos que preferia não relembrar. Por exemplo, quando na infância foi molestada por um tio. Ou quando fez um aborto, após engravidar em outro relacionamento equivocado, justamente no momento em que tentava terminar a faculdade de Direito, na PUC de São Paulo, dando um norte à sua vida após a maternidade precoce.

 

Indicada por um colega, Claudia foi trabalhar como repórter no Jornal da Tarde, no auge da ditadura militar, entre 1968 e 1971. "Pegamos a barra pesada daquela época, chegava policial na redação, saíamos na rua para participar de manifestações", lembra. "Tive um namoradinho que foi preso e morto."

 

Namoradeira assumida, engatou vários affairs, aprendeu a beber e rodava pela cidade em cima de sua moto Honda 250. Até que sofreu um acidente feio por causa da bebedeira. Além disso, em uma de suas crises, tentou suicídio tomando um monte de remédios e foi parar numa clínica.

 

O álcool saiu de cena, mas depois entrou em sua vida o LSD. A experiência alucinógena a instigou tanto que decidiu conhecer seus efeitos mais a fundo. Pediu licença do jornal, com a intenção de estudar inglês e "dar uma pausa no ritmo acelerado" em que se encontrava. Pegou as malas e foi para Londres. Mal chegou, entrou para uma turma que vivia embalada em LSD e haxixe.

 

"Era o momento de curtir a sensação de liberdade, não sentir medo de nada, querer entender quem era Deus e como funcionava a mente humana." A sua turma na época buscava também a paz mundial. Chegaram a imaginar que, com a força do pensamento, poderiam influenciar as lideranças e, assim, acabar com a guerra do Vietnã!

 

Com o pretexto de cessar os casos de suicídios na Suécia, lá foi ela com o namorado traficante levar ácido para a população. É claro que entraram em cana assim que chegaram ao país. A monja ficou presa quase seis meses em uma cela individual, onde começou a meditar. "Foi uma pausa necessária para analisar minha vida e ajudar no meu processo de recuperação", afirma. "Estava realmente feliz naquele lugar, que era de primeiro mundo, tinha boa comida, trabalho, acesso a livros e até a uma vitrola e discos que ganhei da minha mãe."

 

Assim que conquistou a liberdade, voltou para o Brasil e se reaproximou de seus primos, os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, da banda Os Mutantes, da qual fazia parte também Rita Lee. Claudia era figurinha carimbada na comunidade que o grupo criou, na Serra da Cantareira. Entre sexo, drogas e rock’n’roll, ela acompanhou a fase de crise dos músicos e a dissolução do grupo. Mais tarde, num show de Alice Cooper, no Brasil, conheceu o iluminador de palco da banda e decidiu morar com ele na Flórida.

 

RELIGIÃO

O primeiro impulso para Claudia entrar no budismo veio de seu quarto marido, que lhe deu um livro sobre meditação transcendental. Assim que o casamento com o americano naufragou, ela fez seu primeiro retiro no tradicional centro budista Zen Center, em Los Angeles, onde meditou por sete dias. Ficou tão fascinada com a experiência que decidiu tornar-se monja aos 36 anos. "Descobri por meio da meditação que era possível acessar a mente sem estímulo químico, e como era lindo alcançar esse estado sublime", justifica.

 

Após cinco casamentos – o último foi com um monge 18 anos mais novo que ela –, a monja mora hoje sozinha, no mesmo local onde funciona seu templo e o endereço onde passou sua infância e juventude. Tem a companhia de seus alunos e de duas cadelas. Para cobrir as despesas de seu templo, faz palestras em empresas, universidades e colégios, além de cerimônias de casamentos.

 

Sua filha Fábia, que está com 45 anos e que lhe deu uma neta de 17 anos, fez seus votos budistas "após se certificar de que essa não era mais uma das loucuras" de sua mãe. Como muitos que seguem o budismo, ela não abandonou os hábitos católicos que herdou de sua fervorosa avó. "Não precisamos abdicar de uma religião para seguir os preceitos de Buda", fala Fábia.

 

"Não há rivalidade, mas sim afinidades entre os dogmas", ressalta a monja Coen. "Assim como muitas religiões, o ensinamento básico do budismo é fazer o bem ao maior número de seres, estar acordado para a vida e ser responsável por seus gestos."

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