A vontade de ser Waldyr Amaral


Por Marcos Caetano

Meu amigo Antero Greco escreveu ontem, no Estadão, que não era um grande apreciador do futebol carioca, quando menino, uma vez que as transmissões esportivas dos anos 60 tinham caráter regional. O rádio era - como ainda é - o ponto de partida das últimas notícias sobre os nossos times. Além disso, as transmissões radiofônicas mexiam - como ainda mexem - com a imaginação de milhares de crianças que, pelo tom da voz dos narradores, fantasiavam jogadas formidandas, passes magistrais e gols de antologia. O narrador favorito de Antero, paulista do Bom Retiro, com muito orgulho, era Fiori Gigliotti. Eu, carioca de Madureira, com muito orgulho, era fã do estilo cadenciado e elegante de Waldyr Amaral. Nas transmissões da Rádio Globo, Waldyr transmitia o primeiro tempo e Jorge Curi, cujo estilo era igualmente brilhante, só que mais operístico, narrava o segundo. Combinação perfeita. Com a nacionalização do futebol, a partir dos anos 80, Antero deixou de lado a antiga indiferença em relação ao futebol da cidade vizinha e passou a seguir de perto a trajetória dos clubes cariocas. Hoje, ele está deslumbrado com as atuações - operísticas como uma transmissão do Jorge Curi - do Tricolor das Laranjeiras. Nesse aspecto, esta coluna repete e espelha a coluna do amigo. Como Antero, eu também só consigo achar em Nelson Rodrigues palavras para descrever as atuações guerreiras, emocionantes e triunfais do Fluminense. "O Fluminense nasceu com a vocação da eternidade" - escreveu o mestre. Como um espelho de Antero, sou um carioca que aprendeu a admirar o futebol de São Paulo. E estou igualmente fascinado com a trajetória do Corinthians na Copa do Brasil. Antero disse que, antes da TV, só gostava do Botafogo, com suas meias cinzas e com Garrincha. Nessa época, só o Santos, clube do qual Pelé se despediu quando eu começava a acompanhar futebol, enchia meus olhos. Houve um time, no entanto, que arregalou meus olhos de menino de 12 anos. Esse clube foi justamente o Corinthians, de Basílio e companhia, campeão de 1977. A final do Paulistão daquele ano foi transmitida para a TV do Rio. E foi assim que eu vi o jogo mais dramático, imprevisível, vibrante e agônico da minha breve vida de torcedor. Fiquei fã daquele Corinthians guerreiro, que soube vencer não apenas a excelente Ponte Preta, mas o fantasma de duas décadas sem conquistas. Da mesma forma que o Fluminense retornou da mais profunda das divisões do futebol brasileiro para chegar de forma inédita à final da Libertadores, após abater um ciclope e um ogro - São Paulo e Boca -, o Corinthians ergueu-se dos joelhos para colocar uma das mãos na tão sonhada Copa do Brasil. Em 2009, se confirmar seu título, o clube poderá disputar a Libertadores, ao lado desse mesmo Fluminense, que tanto encanta ao Antero e a mim. O Corinthians, que com um time bastante desfalcado atropelou o Sport no Morumbi, é, como a minha coluna em relação à do Antero, um espelho do Fluminense que resistiu aos bombardeios de São Paulo e Boca e dá a impressão de que é capaz de marcar gols sempre que precisar. Há mais de um mês venho apostando nessas duas equipes para ficar com os títulos das competições que disputam. Pode ser que minha profecia não se cumpra no mundo dos fatos. Mas, no mundo do merecimento, nada seria mais justo do que vermos essas duas valentes equipes dando suas voltas olímpicas. Como o Antero, eu queria ter o talento de um narrador de rádio para contar essas histórias para o mundo. Só que, no meu caso, escolheria ser o Waldyr Amaral.

Meu amigo Antero Greco escreveu ontem, no Estadão, que não era um grande apreciador do futebol carioca, quando menino, uma vez que as transmissões esportivas dos anos 60 tinham caráter regional. O rádio era - como ainda é - o ponto de partida das últimas notícias sobre os nossos times. Além disso, as transmissões radiofônicas mexiam - como ainda mexem - com a imaginação de milhares de crianças que, pelo tom da voz dos narradores, fantasiavam jogadas formidandas, passes magistrais e gols de antologia. O narrador favorito de Antero, paulista do Bom Retiro, com muito orgulho, era Fiori Gigliotti. Eu, carioca de Madureira, com muito orgulho, era fã do estilo cadenciado e elegante de Waldyr Amaral. Nas transmissões da Rádio Globo, Waldyr transmitia o primeiro tempo e Jorge Curi, cujo estilo era igualmente brilhante, só que mais operístico, narrava o segundo. Combinação perfeita. Com a nacionalização do futebol, a partir dos anos 80, Antero deixou de lado a antiga indiferença em relação ao futebol da cidade vizinha e passou a seguir de perto a trajetória dos clubes cariocas. Hoje, ele está deslumbrado com as atuações - operísticas como uma transmissão do Jorge Curi - do Tricolor das Laranjeiras. Nesse aspecto, esta coluna repete e espelha a coluna do amigo. Como Antero, eu também só consigo achar em Nelson Rodrigues palavras para descrever as atuações guerreiras, emocionantes e triunfais do Fluminense. "O Fluminense nasceu com a vocação da eternidade" - escreveu o mestre. Como um espelho de Antero, sou um carioca que aprendeu a admirar o futebol de São Paulo. E estou igualmente fascinado com a trajetória do Corinthians na Copa do Brasil. Antero disse que, antes da TV, só gostava do Botafogo, com suas meias cinzas e com Garrincha. Nessa época, só o Santos, clube do qual Pelé se despediu quando eu começava a acompanhar futebol, enchia meus olhos. Houve um time, no entanto, que arregalou meus olhos de menino de 12 anos. Esse clube foi justamente o Corinthians, de Basílio e companhia, campeão de 1977. A final do Paulistão daquele ano foi transmitida para a TV do Rio. E foi assim que eu vi o jogo mais dramático, imprevisível, vibrante e agônico da minha breve vida de torcedor. Fiquei fã daquele Corinthians guerreiro, que soube vencer não apenas a excelente Ponte Preta, mas o fantasma de duas décadas sem conquistas. Da mesma forma que o Fluminense retornou da mais profunda das divisões do futebol brasileiro para chegar de forma inédita à final da Libertadores, após abater um ciclope e um ogro - São Paulo e Boca -, o Corinthians ergueu-se dos joelhos para colocar uma das mãos na tão sonhada Copa do Brasil. Em 2009, se confirmar seu título, o clube poderá disputar a Libertadores, ao lado desse mesmo Fluminense, que tanto encanta ao Antero e a mim. O Corinthians, que com um time bastante desfalcado atropelou o Sport no Morumbi, é, como a minha coluna em relação à do Antero, um espelho do Fluminense que resistiu aos bombardeios de São Paulo e Boca e dá a impressão de que é capaz de marcar gols sempre que precisar. Há mais de um mês venho apostando nessas duas equipes para ficar com os títulos das competições que disputam. Pode ser que minha profecia não se cumpra no mundo dos fatos. Mas, no mundo do merecimento, nada seria mais justo do que vermos essas duas valentes equipes dando suas voltas olímpicas. Como o Antero, eu queria ter o talento de um narrador de rádio para contar essas histórias para o mundo. Só que, no meu caso, escolheria ser o Waldyr Amaral.

Meu amigo Antero Greco escreveu ontem, no Estadão, que não era um grande apreciador do futebol carioca, quando menino, uma vez que as transmissões esportivas dos anos 60 tinham caráter regional. O rádio era - como ainda é - o ponto de partida das últimas notícias sobre os nossos times. Além disso, as transmissões radiofônicas mexiam - como ainda mexem - com a imaginação de milhares de crianças que, pelo tom da voz dos narradores, fantasiavam jogadas formidandas, passes magistrais e gols de antologia. O narrador favorito de Antero, paulista do Bom Retiro, com muito orgulho, era Fiori Gigliotti. Eu, carioca de Madureira, com muito orgulho, era fã do estilo cadenciado e elegante de Waldyr Amaral. Nas transmissões da Rádio Globo, Waldyr transmitia o primeiro tempo e Jorge Curi, cujo estilo era igualmente brilhante, só que mais operístico, narrava o segundo. Combinação perfeita. Com a nacionalização do futebol, a partir dos anos 80, Antero deixou de lado a antiga indiferença em relação ao futebol da cidade vizinha e passou a seguir de perto a trajetória dos clubes cariocas. Hoje, ele está deslumbrado com as atuações - operísticas como uma transmissão do Jorge Curi - do Tricolor das Laranjeiras. Nesse aspecto, esta coluna repete e espelha a coluna do amigo. Como Antero, eu também só consigo achar em Nelson Rodrigues palavras para descrever as atuações guerreiras, emocionantes e triunfais do Fluminense. "O Fluminense nasceu com a vocação da eternidade" - escreveu o mestre. Como um espelho de Antero, sou um carioca que aprendeu a admirar o futebol de São Paulo. E estou igualmente fascinado com a trajetória do Corinthians na Copa do Brasil. Antero disse que, antes da TV, só gostava do Botafogo, com suas meias cinzas e com Garrincha. Nessa época, só o Santos, clube do qual Pelé se despediu quando eu começava a acompanhar futebol, enchia meus olhos. Houve um time, no entanto, que arregalou meus olhos de menino de 12 anos. Esse clube foi justamente o Corinthians, de Basílio e companhia, campeão de 1977. A final do Paulistão daquele ano foi transmitida para a TV do Rio. E foi assim que eu vi o jogo mais dramático, imprevisível, vibrante e agônico da minha breve vida de torcedor. Fiquei fã daquele Corinthians guerreiro, que soube vencer não apenas a excelente Ponte Preta, mas o fantasma de duas décadas sem conquistas. Da mesma forma que o Fluminense retornou da mais profunda das divisões do futebol brasileiro para chegar de forma inédita à final da Libertadores, após abater um ciclope e um ogro - São Paulo e Boca -, o Corinthians ergueu-se dos joelhos para colocar uma das mãos na tão sonhada Copa do Brasil. Em 2009, se confirmar seu título, o clube poderá disputar a Libertadores, ao lado desse mesmo Fluminense, que tanto encanta ao Antero e a mim. O Corinthians, que com um time bastante desfalcado atropelou o Sport no Morumbi, é, como a minha coluna em relação à do Antero, um espelho do Fluminense que resistiu aos bombardeios de São Paulo e Boca e dá a impressão de que é capaz de marcar gols sempre que precisar. Há mais de um mês venho apostando nessas duas equipes para ficar com os títulos das competições que disputam. Pode ser que minha profecia não se cumpra no mundo dos fatos. Mas, no mundo do merecimento, nada seria mais justo do que vermos essas duas valentes equipes dando suas voltas olímpicas. Como o Antero, eu queria ter o talento de um narrador de rádio para contar essas histórias para o mundo. Só que, no meu caso, escolheria ser o Waldyr Amaral.

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