Andorra era base de lavagem de dinheiro com seleção, alerta inquérito


Suíça passa a cooperar com investigações na Espanha e envia extratos bancários. 

Por Redação
Atualização:

GENEBRA – No dia 3 de junho de 1998, 5,5 mil pessoas assistiram a um jogo que jamais pensariam que poderia ocorrer naquele local: os campeões do mundo da época, o Brasil, enfrentava a modesta Andorra. O jogo ocorria apenas dois anos depois que a seleção de Andorra fosse criada, ainda com sete jogadores amadores em campo. 

O time de Ronaldo, Cafu e Rivaldo se preparava para a Copa do Mundo na França e atuaria contra um time que jamais havia vencido um adversário e nem mesmo arrancado um empate. Para garantir que a partida pudesse ocorrer, a Nike doou uniformes. 

Na época, a decisão da CBF de fazer uma viagem até o principado entre França e Espanha, às vésperas da Copa do Mundo, foi criticada e jamais explicada. Mas não era em campo que a seleção brasileira, naqueles anos, se limitava a manter uma boa relação com Andorra. Investigações agora revelam que foi pelo sistema financeiro do principado que chegou o dinheiro desviado entre o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, e o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. A suspeita é de que ambos teriam usado a seleção para lavar dinheiro. 

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Nesta quinta-feira, Rosell será ouvido pelos procuradores em Madri, depois de ser colocado numa prisão para que se evite uma eventual fuga do cartola. De acordo com apurações do Estado, a rota do dinheiro envolveu Brasil, Catar, contas secretas na Suíça e bancos em Andorra. Por um ano, os procuradores espanhóis estiveram monitorando as transacções, antes de lançar a operação. 

Em Berna, sem citar Rosell ou Teixeira nominalmente, o Ministério Público da Suíça confirmou à reportagem que está em colaboração com os investigadores espanhóis. "Confirmamos o recebimento de um pedido de assistência mútua por parte da Espanha que, neste momento está sendo executado", disse a procuradoria suíça, num email. Na prática, isso significa que extratos bancários estão sendo enviados para Madri e que envolve a rota do dinheiro.

Mas o caso é apenas o mais recente envolvendo o futebol brasileiro e o principado. Novas investigações também apontam que foi por Andorra que passou o pagamento de uma indenização milionária imposta a Ricardo Teixeira e João Havelange para arquivar um dos maiores caso de corrupção da Fifa. Segundo documentos da Justiça suíça, eles fraudaram a entidade em R$ 40 milhões entre 1992 e 2000 por meio de pagamentos de propinas da ISL, a empresa que vendia direitos de transmissão para a Copa de 2002 e 2006.

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O caso foi mantido em sigilo, e os cartolas brasileiros pagaram multa de US$ 2,45 milhões como devolução dos recursos e forma de encerrar o caso. 

Dados obtidos pelo Estado revelam que a empresa que fez a gestão para a devolução do dinheiro na forma de multas foi a Bon Us SL. A empresa depositou os US$ 2,5 milhões do acerto entre Teixeira, Havelange e a Fifa. O dinheiro foi para a conta de Peter Nobel, o advogado pessoal de Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, quem repassou o dinheiro à instituição. Quatro dias depois, mais US$ 100 mil foram repassados de um banco em Andorra para Nobel, supostamente como honorários de advogados. Segundo as investigações, o dinheiro era entregue em bilhetes. 

Entre 2006 e 2008, a Justiça de Andorra repassou para a Justiça da Suíça as movimentações bancárias de Teixeira, o que o levou a ser acusado nos tribunais suíços em um outro caso. 

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Residência – Mas a relação do dirigente brasileiro com o principado não terminou com o caso ISL. Contratos já publicados pelo Estado revelaram com Rosell transferia para Andorra a renda que obtinha por cada jogo da seleção brasileira. Em 24 partidas, ele acumulou 8 milhões de euros.

Em 2012, ano em que deixou a CBF, Teixeira oficialmente pediu residência em Andorra, país que não tem acordo de extradição com o Brasil. Para isso, fixou seu endereço em dois locais. Um deles era na Avinguda de Sant Antoni, 24, no povoado de La Massana. O outro era em Xalet Can Xiripa, Aixuverri, na minúscula cidade de Sant Julià de Lòria. 

Os trâmites para convencer as autoridades a dar a residência foram realizados graças a sócios de Rosell. Naquele momento, Joan Besoli teria auxiliado nos trâmites. Seu escritório, porém, tinha mais um sócio: o próprio Sandro Rosell. Sua sede ficava em Sant Julia Loria, justamente o povoado onde está uma das residências de Teixeira. Na terça-feira, Besoli foi preso. Além de seu trabalho como empresário, ele havia sido secretário de finanças da cidade. 

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Pela lei, era necessário também que Teixeira fizesse um deposito em um banco local, no valor de 400 mil euros. Ele, porém, transferiu 4,9 milhões de euros para uma conta na Banca Privada d'Andorra como depósito inicial. O banco é liderado por Ramon Cierco, um dos diretores que Rosell trouxe ao Barcelona.

O mesmo banco foi investigado em 2015 e 2016 na Espanha por envolvimento com três grupos suspeitos: a máfia chinesa do empresário Gao Ping, o grupo mafioso da família Kainikine e com parentes da cúpula do governo da Venezuela e da estatal de petróleo do país. 

Quanto ao futebol, a realidade de Andorra é muito menos exuberante. Até hoje, dos 141 jogos disputados, Andorra venceu apenas quatro. O time passou treze anos sem uma vitória e poucos se atrevem a contar o saldo de gols. Mas nenhum torcedor do principado vai se esquecer daquele mês de junho de 1998. E nem os dirigentes.

GENEBRA – No dia 3 de junho de 1998, 5,5 mil pessoas assistiram a um jogo que jamais pensariam que poderia ocorrer naquele local: os campeões do mundo da época, o Brasil, enfrentava a modesta Andorra. O jogo ocorria apenas dois anos depois que a seleção de Andorra fosse criada, ainda com sete jogadores amadores em campo. 

O time de Ronaldo, Cafu e Rivaldo se preparava para a Copa do Mundo na França e atuaria contra um time que jamais havia vencido um adversário e nem mesmo arrancado um empate. Para garantir que a partida pudesse ocorrer, a Nike doou uniformes. 

Na época, a decisão da CBF de fazer uma viagem até o principado entre França e Espanha, às vésperas da Copa do Mundo, foi criticada e jamais explicada. Mas não era em campo que a seleção brasileira, naqueles anos, se limitava a manter uma boa relação com Andorra. Investigações agora revelam que foi pelo sistema financeiro do principado que chegou o dinheiro desviado entre o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, e o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. A suspeita é de que ambos teriam usado a seleção para lavar dinheiro. 

Nesta quinta-feira, Rosell será ouvido pelos procuradores em Madri, depois de ser colocado numa prisão para que se evite uma eventual fuga do cartola. De acordo com apurações do Estado, a rota do dinheiro envolveu Brasil, Catar, contas secretas na Suíça e bancos em Andorra. Por um ano, os procuradores espanhóis estiveram monitorando as transacções, antes de lançar a operação. 

Em Berna, sem citar Rosell ou Teixeira nominalmente, o Ministério Público da Suíça confirmou à reportagem que está em colaboração com os investigadores espanhóis. "Confirmamos o recebimento de um pedido de assistência mútua por parte da Espanha que, neste momento está sendo executado", disse a procuradoria suíça, num email. Na prática, isso significa que extratos bancários estão sendo enviados para Madri e que envolve a rota do dinheiro.

Mas o caso é apenas o mais recente envolvendo o futebol brasileiro e o principado. Novas investigações também apontam que foi por Andorra que passou o pagamento de uma indenização milionária imposta a Ricardo Teixeira e João Havelange para arquivar um dos maiores caso de corrupção da Fifa. Segundo documentos da Justiça suíça, eles fraudaram a entidade em R$ 40 milhões entre 1992 e 2000 por meio de pagamentos de propinas da ISL, a empresa que vendia direitos de transmissão para a Copa de 2002 e 2006.

O caso foi mantido em sigilo, e os cartolas brasileiros pagaram multa de US$ 2,45 milhões como devolução dos recursos e forma de encerrar o caso. 

Dados obtidos pelo Estado revelam que a empresa que fez a gestão para a devolução do dinheiro na forma de multas foi a Bon Us SL. A empresa depositou os US$ 2,5 milhões do acerto entre Teixeira, Havelange e a Fifa. O dinheiro foi para a conta de Peter Nobel, o advogado pessoal de Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, quem repassou o dinheiro à instituição. Quatro dias depois, mais US$ 100 mil foram repassados de um banco em Andorra para Nobel, supostamente como honorários de advogados. Segundo as investigações, o dinheiro era entregue em bilhetes. 

Entre 2006 e 2008, a Justiça de Andorra repassou para a Justiça da Suíça as movimentações bancárias de Teixeira, o que o levou a ser acusado nos tribunais suíços em um outro caso. 

Residência – Mas a relação do dirigente brasileiro com o principado não terminou com o caso ISL. Contratos já publicados pelo Estado revelaram com Rosell transferia para Andorra a renda que obtinha por cada jogo da seleção brasileira. Em 24 partidas, ele acumulou 8 milhões de euros.

Em 2012, ano em que deixou a CBF, Teixeira oficialmente pediu residência em Andorra, país que não tem acordo de extradição com o Brasil. Para isso, fixou seu endereço em dois locais. Um deles era na Avinguda de Sant Antoni, 24, no povoado de La Massana. O outro era em Xalet Can Xiripa, Aixuverri, na minúscula cidade de Sant Julià de Lòria. 

Os trâmites para convencer as autoridades a dar a residência foram realizados graças a sócios de Rosell. Naquele momento, Joan Besoli teria auxiliado nos trâmites. Seu escritório, porém, tinha mais um sócio: o próprio Sandro Rosell. Sua sede ficava em Sant Julia Loria, justamente o povoado onde está uma das residências de Teixeira. Na terça-feira, Besoli foi preso. Além de seu trabalho como empresário, ele havia sido secretário de finanças da cidade. 

Pela lei, era necessário também que Teixeira fizesse um deposito em um banco local, no valor de 400 mil euros. Ele, porém, transferiu 4,9 milhões de euros para uma conta na Banca Privada d'Andorra como depósito inicial. O banco é liderado por Ramon Cierco, um dos diretores que Rosell trouxe ao Barcelona.

O mesmo banco foi investigado em 2015 e 2016 na Espanha por envolvimento com três grupos suspeitos: a máfia chinesa do empresário Gao Ping, o grupo mafioso da família Kainikine e com parentes da cúpula do governo da Venezuela e da estatal de petróleo do país. 

Quanto ao futebol, a realidade de Andorra é muito menos exuberante. Até hoje, dos 141 jogos disputados, Andorra venceu apenas quatro. O time passou treze anos sem uma vitória e poucos se atrevem a contar o saldo de gols. Mas nenhum torcedor do principado vai se esquecer daquele mês de junho de 1998. E nem os dirigentes.

GENEBRA – No dia 3 de junho de 1998, 5,5 mil pessoas assistiram a um jogo que jamais pensariam que poderia ocorrer naquele local: os campeões do mundo da época, o Brasil, enfrentava a modesta Andorra. O jogo ocorria apenas dois anos depois que a seleção de Andorra fosse criada, ainda com sete jogadores amadores em campo. 

O time de Ronaldo, Cafu e Rivaldo se preparava para a Copa do Mundo na França e atuaria contra um time que jamais havia vencido um adversário e nem mesmo arrancado um empate. Para garantir que a partida pudesse ocorrer, a Nike doou uniformes. 

Na época, a decisão da CBF de fazer uma viagem até o principado entre França e Espanha, às vésperas da Copa do Mundo, foi criticada e jamais explicada. Mas não era em campo que a seleção brasileira, naqueles anos, se limitava a manter uma boa relação com Andorra. Investigações agora revelam que foi pelo sistema financeiro do principado que chegou o dinheiro desviado entre o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, e o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. A suspeita é de que ambos teriam usado a seleção para lavar dinheiro. 

Nesta quinta-feira, Rosell será ouvido pelos procuradores em Madri, depois de ser colocado numa prisão para que se evite uma eventual fuga do cartola. De acordo com apurações do Estado, a rota do dinheiro envolveu Brasil, Catar, contas secretas na Suíça e bancos em Andorra. Por um ano, os procuradores espanhóis estiveram monitorando as transacções, antes de lançar a operação. 

Em Berna, sem citar Rosell ou Teixeira nominalmente, o Ministério Público da Suíça confirmou à reportagem que está em colaboração com os investigadores espanhóis. "Confirmamos o recebimento de um pedido de assistência mútua por parte da Espanha que, neste momento está sendo executado", disse a procuradoria suíça, num email. Na prática, isso significa que extratos bancários estão sendo enviados para Madri e que envolve a rota do dinheiro.

Mas o caso é apenas o mais recente envolvendo o futebol brasileiro e o principado. Novas investigações também apontam que foi por Andorra que passou o pagamento de uma indenização milionária imposta a Ricardo Teixeira e João Havelange para arquivar um dos maiores caso de corrupção da Fifa. Segundo documentos da Justiça suíça, eles fraudaram a entidade em R$ 40 milhões entre 1992 e 2000 por meio de pagamentos de propinas da ISL, a empresa que vendia direitos de transmissão para a Copa de 2002 e 2006.

O caso foi mantido em sigilo, e os cartolas brasileiros pagaram multa de US$ 2,45 milhões como devolução dos recursos e forma de encerrar o caso. 

Dados obtidos pelo Estado revelam que a empresa que fez a gestão para a devolução do dinheiro na forma de multas foi a Bon Us SL. A empresa depositou os US$ 2,5 milhões do acerto entre Teixeira, Havelange e a Fifa. O dinheiro foi para a conta de Peter Nobel, o advogado pessoal de Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, quem repassou o dinheiro à instituição. Quatro dias depois, mais US$ 100 mil foram repassados de um banco em Andorra para Nobel, supostamente como honorários de advogados. Segundo as investigações, o dinheiro era entregue em bilhetes. 

Entre 2006 e 2008, a Justiça de Andorra repassou para a Justiça da Suíça as movimentações bancárias de Teixeira, o que o levou a ser acusado nos tribunais suíços em um outro caso. 

Residência – Mas a relação do dirigente brasileiro com o principado não terminou com o caso ISL. Contratos já publicados pelo Estado revelaram com Rosell transferia para Andorra a renda que obtinha por cada jogo da seleção brasileira. Em 24 partidas, ele acumulou 8 milhões de euros.

Em 2012, ano em que deixou a CBF, Teixeira oficialmente pediu residência em Andorra, país que não tem acordo de extradição com o Brasil. Para isso, fixou seu endereço em dois locais. Um deles era na Avinguda de Sant Antoni, 24, no povoado de La Massana. O outro era em Xalet Can Xiripa, Aixuverri, na minúscula cidade de Sant Julià de Lòria. 

Os trâmites para convencer as autoridades a dar a residência foram realizados graças a sócios de Rosell. Naquele momento, Joan Besoli teria auxiliado nos trâmites. Seu escritório, porém, tinha mais um sócio: o próprio Sandro Rosell. Sua sede ficava em Sant Julia Loria, justamente o povoado onde está uma das residências de Teixeira. Na terça-feira, Besoli foi preso. Além de seu trabalho como empresário, ele havia sido secretário de finanças da cidade. 

Pela lei, era necessário também que Teixeira fizesse um deposito em um banco local, no valor de 400 mil euros. Ele, porém, transferiu 4,9 milhões de euros para uma conta na Banca Privada d'Andorra como depósito inicial. O banco é liderado por Ramon Cierco, um dos diretores que Rosell trouxe ao Barcelona.

O mesmo banco foi investigado em 2015 e 2016 na Espanha por envolvimento com três grupos suspeitos: a máfia chinesa do empresário Gao Ping, o grupo mafioso da família Kainikine e com parentes da cúpula do governo da Venezuela e da estatal de petróleo do país. 

Quanto ao futebol, a realidade de Andorra é muito menos exuberante. Até hoje, dos 141 jogos disputados, Andorra venceu apenas quatro. O time passou treze anos sem uma vitória e poucos se atrevem a contar o saldo de gols. Mas nenhum torcedor do principado vai se esquecer daquele mês de junho de 1998. E nem os dirigentes.

GENEBRA – No dia 3 de junho de 1998, 5,5 mil pessoas assistiram a um jogo que jamais pensariam que poderia ocorrer naquele local: os campeões do mundo da época, o Brasil, enfrentava a modesta Andorra. O jogo ocorria apenas dois anos depois que a seleção de Andorra fosse criada, ainda com sete jogadores amadores em campo. 

O time de Ronaldo, Cafu e Rivaldo se preparava para a Copa do Mundo na França e atuaria contra um time que jamais havia vencido um adversário e nem mesmo arrancado um empate. Para garantir que a partida pudesse ocorrer, a Nike doou uniformes. 

Na época, a decisão da CBF de fazer uma viagem até o principado entre França e Espanha, às vésperas da Copa do Mundo, foi criticada e jamais explicada. Mas não era em campo que a seleção brasileira, naqueles anos, se limitava a manter uma boa relação com Andorra. Investigações agora revelam que foi pelo sistema financeiro do principado que chegou o dinheiro desviado entre o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, e o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. A suspeita é de que ambos teriam usado a seleção para lavar dinheiro. 

Nesta quinta-feira, Rosell será ouvido pelos procuradores em Madri, depois de ser colocado numa prisão para que se evite uma eventual fuga do cartola. De acordo com apurações do Estado, a rota do dinheiro envolveu Brasil, Catar, contas secretas na Suíça e bancos em Andorra. Por um ano, os procuradores espanhóis estiveram monitorando as transacções, antes de lançar a operação. 

Em Berna, sem citar Rosell ou Teixeira nominalmente, o Ministério Público da Suíça confirmou à reportagem que está em colaboração com os investigadores espanhóis. "Confirmamos o recebimento de um pedido de assistência mútua por parte da Espanha que, neste momento está sendo executado", disse a procuradoria suíça, num email. Na prática, isso significa que extratos bancários estão sendo enviados para Madri e que envolve a rota do dinheiro.

Mas o caso é apenas o mais recente envolvendo o futebol brasileiro e o principado. Novas investigações também apontam que foi por Andorra que passou o pagamento de uma indenização milionária imposta a Ricardo Teixeira e João Havelange para arquivar um dos maiores caso de corrupção da Fifa. Segundo documentos da Justiça suíça, eles fraudaram a entidade em R$ 40 milhões entre 1992 e 2000 por meio de pagamentos de propinas da ISL, a empresa que vendia direitos de transmissão para a Copa de 2002 e 2006.

O caso foi mantido em sigilo, e os cartolas brasileiros pagaram multa de US$ 2,45 milhões como devolução dos recursos e forma de encerrar o caso. 

Dados obtidos pelo Estado revelam que a empresa que fez a gestão para a devolução do dinheiro na forma de multas foi a Bon Us SL. A empresa depositou os US$ 2,5 milhões do acerto entre Teixeira, Havelange e a Fifa. O dinheiro foi para a conta de Peter Nobel, o advogado pessoal de Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, quem repassou o dinheiro à instituição. Quatro dias depois, mais US$ 100 mil foram repassados de um banco em Andorra para Nobel, supostamente como honorários de advogados. Segundo as investigações, o dinheiro era entregue em bilhetes. 

Entre 2006 e 2008, a Justiça de Andorra repassou para a Justiça da Suíça as movimentações bancárias de Teixeira, o que o levou a ser acusado nos tribunais suíços em um outro caso. 

Residência – Mas a relação do dirigente brasileiro com o principado não terminou com o caso ISL. Contratos já publicados pelo Estado revelaram com Rosell transferia para Andorra a renda que obtinha por cada jogo da seleção brasileira. Em 24 partidas, ele acumulou 8 milhões de euros.

Em 2012, ano em que deixou a CBF, Teixeira oficialmente pediu residência em Andorra, país que não tem acordo de extradição com o Brasil. Para isso, fixou seu endereço em dois locais. Um deles era na Avinguda de Sant Antoni, 24, no povoado de La Massana. O outro era em Xalet Can Xiripa, Aixuverri, na minúscula cidade de Sant Julià de Lòria. 

Os trâmites para convencer as autoridades a dar a residência foram realizados graças a sócios de Rosell. Naquele momento, Joan Besoli teria auxiliado nos trâmites. Seu escritório, porém, tinha mais um sócio: o próprio Sandro Rosell. Sua sede ficava em Sant Julia Loria, justamente o povoado onde está uma das residências de Teixeira. Na terça-feira, Besoli foi preso. Além de seu trabalho como empresário, ele havia sido secretário de finanças da cidade. 

Pela lei, era necessário também que Teixeira fizesse um deposito em um banco local, no valor de 400 mil euros. Ele, porém, transferiu 4,9 milhões de euros para uma conta na Banca Privada d'Andorra como depósito inicial. O banco é liderado por Ramon Cierco, um dos diretores que Rosell trouxe ao Barcelona.

O mesmo banco foi investigado em 2015 e 2016 na Espanha por envolvimento com três grupos suspeitos: a máfia chinesa do empresário Gao Ping, o grupo mafioso da família Kainikine e com parentes da cúpula do governo da Venezuela e da estatal de petróleo do país. 

Quanto ao futebol, a realidade de Andorra é muito menos exuberante. Até hoje, dos 141 jogos disputados, Andorra venceu apenas quatro. O time passou treze anos sem uma vitória e poucos se atrevem a contar o saldo de gols. Mas nenhum torcedor do principado vai se esquecer daquele mês de junho de 1998. E nem os dirigentes.

GENEBRA – No dia 3 de junho de 1998, 5,5 mil pessoas assistiram a um jogo que jamais pensariam que poderia ocorrer naquele local: os campeões do mundo da época, o Brasil, enfrentava a modesta Andorra. O jogo ocorria apenas dois anos depois que a seleção de Andorra fosse criada, ainda com sete jogadores amadores em campo. 

O time de Ronaldo, Cafu e Rivaldo se preparava para a Copa do Mundo na França e atuaria contra um time que jamais havia vencido um adversário e nem mesmo arrancado um empate. Para garantir que a partida pudesse ocorrer, a Nike doou uniformes. 

Na época, a decisão da CBF de fazer uma viagem até o principado entre França e Espanha, às vésperas da Copa do Mundo, foi criticada e jamais explicada. Mas não era em campo que a seleção brasileira, naqueles anos, se limitava a manter uma boa relação com Andorra. Investigações agora revelam que foi pelo sistema financeiro do principado que chegou o dinheiro desviado entre o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, e o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. A suspeita é de que ambos teriam usado a seleção para lavar dinheiro. 

Nesta quinta-feira, Rosell será ouvido pelos procuradores em Madri, depois de ser colocado numa prisão para que se evite uma eventual fuga do cartola. De acordo com apurações do Estado, a rota do dinheiro envolveu Brasil, Catar, contas secretas na Suíça e bancos em Andorra. Por um ano, os procuradores espanhóis estiveram monitorando as transacções, antes de lançar a operação. 

Em Berna, sem citar Rosell ou Teixeira nominalmente, o Ministério Público da Suíça confirmou à reportagem que está em colaboração com os investigadores espanhóis. "Confirmamos o recebimento de um pedido de assistência mútua por parte da Espanha que, neste momento está sendo executado", disse a procuradoria suíça, num email. Na prática, isso significa que extratos bancários estão sendo enviados para Madri e que envolve a rota do dinheiro.

Mas o caso é apenas o mais recente envolvendo o futebol brasileiro e o principado. Novas investigações também apontam que foi por Andorra que passou o pagamento de uma indenização milionária imposta a Ricardo Teixeira e João Havelange para arquivar um dos maiores caso de corrupção da Fifa. Segundo documentos da Justiça suíça, eles fraudaram a entidade em R$ 40 milhões entre 1992 e 2000 por meio de pagamentos de propinas da ISL, a empresa que vendia direitos de transmissão para a Copa de 2002 e 2006.

O caso foi mantido em sigilo, e os cartolas brasileiros pagaram multa de US$ 2,45 milhões como devolução dos recursos e forma de encerrar o caso. 

Dados obtidos pelo Estado revelam que a empresa que fez a gestão para a devolução do dinheiro na forma de multas foi a Bon Us SL. A empresa depositou os US$ 2,5 milhões do acerto entre Teixeira, Havelange e a Fifa. O dinheiro foi para a conta de Peter Nobel, o advogado pessoal de Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, quem repassou o dinheiro à instituição. Quatro dias depois, mais US$ 100 mil foram repassados de um banco em Andorra para Nobel, supostamente como honorários de advogados. Segundo as investigações, o dinheiro era entregue em bilhetes. 

Entre 2006 e 2008, a Justiça de Andorra repassou para a Justiça da Suíça as movimentações bancárias de Teixeira, o que o levou a ser acusado nos tribunais suíços em um outro caso. 

Residência – Mas a relação do dirigente brasileiro com o principado não terminou com o caso ISL. Contratos já publicados pelo Estado revelaram com Rosell transferia para Andorra a renda que obtinha por cada jogo da seleção brasileira. Em 24 partidas, ele acumulou 8 milhões de euros.

Em 2012, ano em que deixou a CBF, Teixeira oficialmente pediu residência em Andorra, país que não tem acordo de extradição com o Brasil. Para isso, fixou seu endereço em dois locais. Um deles era na Avinguda de Sant Antoni, 24, no povoado de La Massana. O outro era em Xalet Can Xiripa, Aixuverri, na minúscula cidade de Sant Julià de Lòria. 

Os trâmites para convencer as autoridades a dar a residência foram realizados graças a sócios de Rosell. Naquele momento, Joan Besoli teria auxiliado nos trâmites. Seu escritório, porém, tinha mais um sócio: o próprio Sandro Rosell. Sua sede ficava em Sant Julia Loria, justamente o povoado onde está uma das residências de Teixeira. Na terça-feira, Besoli foi preso. Além de seu trabalho como empresário, ele havia sido secretário de finanças da cidade. 

Pela lei, era necessário também que Teixeira fizesse um deposito em um banco local, no valor de 400 mil euros. Ele, porém, transferiu 4,9 milhões de euros para uma conta na Banca Privada d'Andorra como depósito inicial. O banco é liderado por Ramon Cierco, um dos diretores que Rosell trouxe ao Barcelona.

O mesmo banco foi investigado em 2015 e 2016 na Espanha por envolvimento com três grupos suspeitos: a máfia chinesa do empresário Gao Ping, o grupo mafioso da família Kainikine e com parentes da cúpula do governo da Venezuela e da estatal de petróleo do país. 

Quanto ao futebol, a realidade de Andorra é muito menos exuberante. Até hoje, dos 141 jogos disputados, Andorra venceu apenas quatro. O time passou treze anos sem uma vitória e poucos se atrevem a contar o saldo de gols. Mas nenhum torcedor do principado vai se esquecer daquele mês de junho de 1998. E nem os dirigentes.

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