(Viramundo) Esportes daqui e dali

1950 terminou em 8 de julho de 2014


Por Antero Greco

Meu amigo, esqueça o Maracanazo. Há 64 anos, a derrota por 2 a 1 para o Uruguai, na partida de encerramento da Copa de 1950, era vista como o episódio mais triste da seleção. Uma geração de jogadores de qualidade recebeu condenação popular por trair o sonho de título, então inédito para o País. Barbosa carregou até a morte a culpa pelos gols que decretaram aquele desastre.

Pois o goleiro pode, enfim, descansar em paz, assim como todos os demais que viveram pesadelo diante de 200 mil torcedores atônitos. A equipe que entrou em campo, ontem, no Mineirão, resgatou, de maneira entortada, a memória deles, ao protagonizar a pior página da história de 100 anos de um escudo pentacampeão. 

A surra de 7 a 1 dos alemães supera o baque de 1950. Primeiro, nos números – 2 a 1 é resultado corriqueiro. Em segundo lugar, e eis o ponto importante, na diferença de nível. A decisão daquele Mundial foi equilibrada, com placar aberto até o apito final. A sova da terça-feira, 8 de julho de 2014, estava consolidada com 25 minutos de a bola a rolar. Só 25! Com 4 a 0, virou treino, com os adversários constrangidos para marcar outros três. Tiveram dó e respeito.

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Além disso, o atropelamento mostrou abismo entre duas escolas. Os germânicos evoluíram, abraçaram o futebol eficiente e que dá espetáculo, e que um dia foi marca registrada do Brasil. Os brasileiros estancaram no tempo, pendurados nas cinco estrelas e em conceitos vagos como tradição, camisa, improviso.

A comparação com 50 aparece como pano de fundo para ponderações e para honrar atletas por décadas desprezados impiedosamente. Também não pego vara de marmelo para justiçar os jovens atordoados que entraram na roda. Não foram venais, omissos, desleixados. Apenas viram exposta a limitação atual. Não os condeno, pois não mancharam a camisa por negligência, soberba ou desinteresse. 

Os atletas são peça visível de problemas mais intrincados. A lavada escancarou métodos ultrapassados, dentro e fora de campo, e que se arrastam sem solução. Depois de 2002, o futebol daqui parou, sentou no trono da supremacia, ficou na janela a ver a banda passar. E a banda tocou em outra freguesia, com maestria e afinação. 

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O joguinho de bola daqui ficou com a raspa do tacho, quando se trata de talentos, não investe em base, nem inovação de métodos de trabalho de treinadores. Muito menos na forma de agir dos cartolas. A CBF, que Parreira viu como exemplo “do Brasil que dá certo”, é a prova de que a pátria de chuteiras clama por arejamento e mudança.

Lamento que a biografia de campeões como Felipão e Parreira ganhe capítulo negativo. Mas eles têm parcela de responsabilidade, ao se apegarem a metodologia que se mostrou útil em outra época, mas hoje é defasada. Vacilaram, também, ao detectar o emocional como maior entrave para o grupo, em vez de atacarem com vigor a parte técnica. Agora é tarde – e fica fácil atirar pedras. Porém, cabem muitas reflexões. 

Meu amigo, esqueça o Maracanazo. Há 64 anos, a derrota por 2 a 1 para o Uruguai, na partida de encerramento da Copa de 1950, era vista como o episódio mais triste da seleção. Uma geração de jogadores de qualidade recebeu condenação popular por trair o sonho de título, então inédito para o País. Barbosa carregou até a morte a culpa pelos gols que decretaram aquele desastre.

Pois o goleiro pode, enfim, descansar em paz, assim como todos os demais que viveram pesadelo diante de 200 mil torcedores atônitos. A equipe que entrou em campo, ontem, no Mineirão, resgatou, de maneira entortada, a memória deles, ao protagonizar a pior página da história de 100 anos de um escudo pentacampeão. 

A surra de 7 a 1 dos alemães supera o baque de 1950. Primeiro, nos números – 2 a 1 é resultado corriqueiro. Em segundo lugar, e eis o ponto importante, na diferença de nível. A decisão daquele Mundial foi equilibrada, com placar aberto até o apito final. A sova da terça-feira, 8 de julho de 2014, estava consolidada com 25 minutos de a bola a rolar. Só 25! Com 4 a 0, virou treino, com os adversários constrangidos para marcar outros três. Tiveram dó e respeito.

Além disso, o atropelamento mostrou abismo entre duas escolas. Os germânicos evoluíram, abraçaram o futebol eficiente e que dá espetáculo, e que um dia foi marca registrada do Brasil. Os brasileiros estancaram no tempo, pendurados nas cinco estrelas e em conceitos vagos como tradição, camisa, improviso.

A comparação com 50 aparece como pano de fundo para ponderações e para honrar atletas por décadas desprezados impiedosamente. Também não pego vara de marmelo para justiçar os jovens atordoados que entraram na roda. Não foram venais, omissos, desleixados. Apenas viram exposta a limitação atual. Não os condeno, pois não mancharam a camisa por negligência, soberba ou desinteresse. 

Os atletas são peça visível de problemas mais intrincados. A lavada escancarou métodos ultrapassados, dentro e fora de campo, e que se arrastam sem solução. Depois de 2002, o futebol daqui parou, sentou no trono da supremacia, ficou na janela a ver a banda passar. E a banda tocou em outra freguesia, com maestria e afinação. 

O joguinho de bola daqui ficou com a raspa do tacho, quando se trata de talentos, não investe em base, nem inovação de métodos de trabalho de treinadores. Muito menos na forma de agir dos cartolas. A CBF, que Parreira viu como exemplo “do Brasil que dá certo”, é a prova de que a pátria de chuteiras clama por arejamento e mudança.

Lamento que a biografia de campeões como Felipão e Parreira ganhe capítulo negativo. Mas eles têm parcela de responsabilidade, ao se apegarem a metodologia que se mostrou útil em outra época, mas hoje é defasada. Vacilaram, também, ao detectar o emocional como maior entrave para o grupo, em vez de atacarem com vigor a parte técnica. Agora é tarde – e fica fácil atirar pedras. Porém, cabem muitas reflexões. 

Meu amigo, esqueça o Maracanazo. Há 64 anos, a derrota por 2 a 1 para o Uruguai, na partida de encerramento da Copa de 1950, era vista como o episódio mais triste da seleção. Uma geração de jogadores de qualidade recebeu condenação popular por trair o sonho de título, então inédito para o País. Barbosa carregou até a morte a culpa pelos gols que decretaram aquele desastre.

Pois o goleiro pode, enfim, descansar em paz, assim como todos os demais que viveram pesadelo diante de 200 mil torcedores atônitos. A equipe que entrou em campo, ontem, no Mineirão, resgatou, de maneira entortada, a memória deles, ao protagonizar a pior página da história de 100 anos de um escudo pentacampeão. 

A surra de 7 a 1 dos alemães supera o baque de 1950. Primeiro, nos números – 2 a 1 é resultado corriqueiro. Em segundo lugar, e eis o ponto importante, na diferença de nível. A decisão daquele Mundial foi equilibrada, com placar aberto até o apito final. A sova da terça-feira, 8 de julho de 2014, estava consolidada com 25 minutos de a bola a rolar. Só 25! Com 4 a 0, virou treino, com os adversários constrangidos para marcar outros três. Tiveram dó e respeito.

Além disso, o atropelamento mostrou abismo entre duas escolas. Os germânicos evoluíram, abraçaram o futebol eficiente e que dá espetáculo, e que um dia foi marca registrada do Brasil. Os brasileiros estancaram no tempo, pendurados nas cinco estrelas e em conceitos vagos como tradição, camisa, improviso.

A comparação com 50 aparece como pano de fundo para ponderações e para honrar atletas por décadas desprezados impiedosamente. Também não pego vara de marmelo para justiçar os jovens atordoados que entraram na roda. Não foram venais, omissos, desleixados. Apenas viram exposta a limitação atual. Não os condeno, pois não mancharam a camisa por negligência, soberba ou desinteresse. 

Os atletas são peça visível de problemas mais intrincados. A lavada escancarou métodos ultrapassados, dentro e fora de campo, e que se arrastam sem solução. Depois de 2002, o futebol daqui parou, sentou no trono da supremacia, ficou na janela a ver a banda passar. E a banda tocou em outra freguesia, com maestria e afinação. 

O joguinho de bola daqui ficou com a raspa do tacho, quando se trata de talentos, não investe em base, nem inovação de métodos de trabalho de treinadores. Muito menos na forma de agir dos cartolas. A CBF, que Parreira viu como exemplo “do Brasil que dá certo”, é a prova de que a pátria de chuteiras clama por arejamento e mudança.

Lamento que a biografia de campeões como Felipão e Parreira ganhe capítulo negativo. Mas eles têm parcela de responsabilidade, ao se apegarem a metodologia que se mostrou útil em outra época, mas hoje é defasada. Vacilaram, também, ao detectar o emocional como maior entrave para o grupo, em vez de atacarem com vigor a parte técnica. Agora é tarde – e fica fácil atirar pedras. Porém, cabem muitas reflexões. 

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