O jogo foi equilibrado, como se previa, como havia sido o anterior, na semana passada, no Rio. Naquela oportunidade, a chuva e o campo ruim foram a explicação para o 0 a 0. Desta vez, por muito pouco o placar não se repetiu - e não havia condições ruins no gramado. Foi equivalência de forças, de erros e de acertos. Os rivais se respeitaram, não se atreveram, calcularam que o mínimo erro seria fatal. A decisão por pênaltis parecia o desfecho inevitável.
Tite, Cristovão e jogadores avaliaram de forma justa: um erro, um apenas, e ocorreria a definição. Esse vacilo surgiu quase aos 43 minutos do segundo tempo. A rigor, na única bola pelo alto perdida pela defesa do Vasco, foi decretada a sorte do clássico. Paulinho subiu alto, só, testou com força, sem chance para Fernando Prass, sem tempo para a recuperação vascaína. E no momento em que havia no ar certo conformismo pelo novo 0 a 0.
Vi um jogo tenso na etapa inicial, truncado, catimbado, com jogadores testando nervos dos adversários. Por isso, foram raras as oportunidades para marcar. Os dois meios-campos estiveram bem, atentos, um sem dar mobilidade para o outro. Alguns cartões apareceram - e foi o que de mais importante aconteceu naquela parte.
Na segunda fase, com a necessidade da definição, a partida ficou um pouco mais aberta e houve três lances de arrepiar: aos 17, Diego Souza arrancou sozinho, entrou livre na área e finalizou mal. Ele poderia ter sido o "Paulinho" dos vascaínos. Depois, aos 18 minutos, Nilton acertou o travessão e aos 32 Emerson mandou bola na trave direita. O Corinthians arriscou mais nos minutos finais - e foi premiado, com Paulinho, aquele que marca, o cão de guarda da defesa, mas o jogador versátil, que aparece para concluir quando menos se espera.
O Vasco sabia disso, o Vasco cuidou de Paulinho. No descuido solitário, pagou preço alto. O bando de loucos fez a festa, cresce, assombrará na semifinal, quem sabe contra o Santos.