'Até os 16 eu nem sabia nadar', diz Daniel Dias ao comparar carreira com o atual Brasil Paralímpico


Maior medalhista em paralimpíadas do País, nadador avalia evolução em Paris-2024 e destaca ‘virada de chave’ vivida pelo movimento paralímpico

Por Vinícius Harfush

Pela primeira vez depois de quatro Paralimpíadas, o Brasil não teve seu grande astro do esporte paralímpico vestindo verde e amarelo para representar o País na competição. O nadador Daniel Dias vive a experiência de trocar as piscinas pelo sofá e tentar encarar esse novo ‘habitat natural’ da forma menos incômoda possível. Aos 36 anos, o atleta está aposentado do esporte de alto rendimento e disputou sua última edição de Paralimpíadas em Tóquio, 2021.

“Falo que é melhor estar lá na piscina do que fora. Torcer é difícil. Vocês, torcedores, devem ter torcido por nós e sofrido. Uma coisa é você estar lá e executar, outra coisa é você torcer. Mas é bom estar aqui, de verdade. Tem sido bem bacana ver o crescimento, a continuidade do crescimento do movimento paralímpico. Isso é o que mais me alegra”, conta Dias, dono de 27 medalhas paralímpicas conquistadas entre 2008, nos Jogos de Pequim, e a edição do Japão.

Daniel Dias trocou piscinas pelos palcos para palestras onde fala de sua carreira como atleta de alto rendimento Foto: Roke Audiovisual
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Em entrevista exclusiva ao Estadão, o multimedalhista acredita que o avanço positivo do País nas modalidades paralímpicas é reflexo do amadurecimento do movimento paralímpico (já citado por ele) em boa parte do País. Na véspera do fim dos Jogos de Paris 2024, o Brasil passou, mais uma vez, na casa das 70 medalhas e ocupa a sétima posição do ranking. A marca iguala a posição de Londres 2012 e Tóquio 2021, as duas melhores campanhas do Brasil nas Paralimpíadas.

O cenário está dentro das previsões do que o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) estabeleceu em seu planejamento estratégico que inclui os ciclos de Tóquio e Paris. Para este ano, a meta era conquistar entre 70 e 90 medalhas (o recorde é 72) e ficar no top 8 de países do ranking.

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“Os fatores-chave para termos esse crescimento foi, primeiro, a visibilidade que a gente foi ganhando. Mas como que se ganha visibilidade? Através de conquistas. E como se tem conquistas? Com investimento e com uma boa gestão. Para mim, são esses fatores que foram cruciais para a gente conseguir ter tudo o que a gente alcançou no esporte paralímpico, não só eu, mas todos nós”, afirma Daniel Dias.

O atleta estabelece a construção e desenvolvimento do Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, localizado no Parque Fontes do Ipiranga, zona sul de São Paulo, como uma das grandes mudanças de patamar para a criação e preparação de paratletas no País. Criado para a edição dos Jogos do Rio, em 2016, a estrutura abrigou, desde sua inauguração, mais de 1.500 eventos paralímpicos e atende 17 modalidades, com estrutura de nível internacional.

Ao lembrar do impacto que o espaço tem na formação dos competidores, o nadador lembra de como foi o seu começo nas piscinas. Ao contrário do que acontece na maioria dos esportes, onde a prática e a aproximação com a modalidade começam desde a infância, o movimento paralímpico ainda está muito condicionado às realidade individuais de cada atleta. Daniel Dias experimentou a natação, de fato, apenas aos 16 anos de idade. Poucos anos depois, estreou em Pequim. “Eu comecei tarde no esporte, já comecei com 16 anos. E quando eu digo começar, é começar mesmo. Não sabia nem nadar”.

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Daniel Dias, maior medalhista paralímpico do Brasil, durante os Jogos de Londres, em 2012 Foto: Marcio Rodrigues/CPB

Em Paris, das 17 medalhas de ouro conquistadas até aqui, foram 13 donos diferentes. Essa “pulverização” das conquistas até poderia ser encarada como algo negativo pelo País, supostamente, ter menos dominância em determinada modalidade. Por outro lado, na visão de quem viveu e venceu (muito) nas Paralimpíadas, este é um sinal mais que positivo. É quase que o cenário ideal quando se fala desse amadurecimento do esporte e movimento paralímpico no Brasil.

“Não que hoje a gente não tenha (multi medalhistas). A gente tem os atletas que ganham cinco medalhas, mas a gente tem agora mais atletas medalhando. As nossas modalidades coletivas também estão indo muito bem e eu espero que eles consigam concretizar tudo o que foi feito nesse ciclo, concretizar nos Jogos”, afirma Dias.

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E os dois nomes com mais medalhas em Paris 2024 saíram também das piscinas. Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, e Carolina Santiago têm três e cinco medalhas, respectivamente, nesta edição dos Jogos. O desempenho de Carolina, inclusive, a colocou no posto de atleta feminina com mais ouros da história, ultrapassando Adria Santos, do atletismo, que competiu entre 1988 e 2008. A nadadora chegou a cinco medalhas douradas, enquanto Adria tem quatro.

Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, levou três ouros nos Jogos de Paris-2024 Foto: Alessandra Cabral/CPB
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Fator social

Mas quando se fala em esporte, seja ele qual for e em qual parte do mundo está sendo praticado, é praticamente impossível não citar o fator do imponderável. O “dia iluminado” vivido pelo competidor ou a pitada de azar do adversário sempre fizeram e vão continuar fazendo parte das histórias de conquistas. Só que Daniel Dias não esquece do caminho traçado pelo atleta para chegar até o momento do imponderável.

Em um País onde a pessoa com deficiência encara dificuldades para a maioria de suas atividades cotidianas, o esporte paralímpico é encarado como um cenário de superação para os atletas, mas com o reconhecimento que dá, de fato, um retorno. Seja ele em estado de espírito ou pelo o que patrocinadores e a experiência do esporte paralímpico podem proporcionar.

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“Eu diria que uma das coisas que pode influenciar nesse alto rendimento é que a pessoa com deficiência sofre muito já no nosso país. Então, a gente vive hoje numa cultura preconceituosa, a gente sofre muito. E acredito que toda essa dificuldade, tudo isso que enfrentamos dá um gás e uma força de vontade para que ele possa superar tudo isso e conquistar aquela medalha. Quando se conquista aquela medalha acabamos sendo uma grande referência, um porta-voz para as pessoas com deficiência”, destaca.

Investimento no futuro

Desde que se aposentou das piscinas, Daniel Dias tem se dedicado na apresentação de palestras em diversos cantos do País e o desenvolvimento do instituto que leva seu nome. Com sedes em Curitiba e Ponta Grossa, no Paraná, e Valinhos e Hortolândia, em São Paulo, o projeto atende pouco mais de 500 crianças com deficiência.

Daniel Dias comanda aula em um dos seus institutos de natação para crianças com deficiência Foto: Roke Audiovisual

O foco vai ao encontro daquilo que foi defendido pelo nadador, dar ao esporte paralímpico brasileiro a oportunidade de ter atletas formados cada vez mais cedo e mais bem preparados para aquilo que poderão enfrentar em suas carreiras. Por mais que nem todas elas saiam do Instituto Daniel Dias com o sonho de ser medalhista paralímpico, as crianças têm a oportunidade de se enxergarem em espaço de destaque e relevância por conta do esporte.

“Quanto mais cedo essa criança com deficiência começar a praticar esporte, mais cedo a gente pode contribuir na vida dela. Não necessariamente ela vai ser um campeã no esporte, mas campeão na vida todos nós podemos ser. E nós podemos gerar essas oportunidades através de uma prática esportiva, através do instituto. Esse é o grande objetivo do instituto hoje”, completa.

Pela primeira vez depois de quatro Paralimpíadas, o Brasil não teve seu grande astro do esporte paralímpico vestindo verde e amarelo para representar o País na competição. O nadador Daniel Dias vive a experiência de trocar as piscinas pelo sofá e tentar encarar esse novo ‘habitat natural’ da forma menos incômoda possível. Aos 36 anos, o atleta está aposentado do esporte de alto rendimento e disputou sua última edição de Paralimpíadas em Tóquio, 2021.

“Falo que é melhor estar lá na piscina do que fora. Torcer é difícil. Vocês, torcedores, devem ter torcido por nós e sofrido. Uma coisa é você estar lá e executar, outra coisa é você torcer. Mas é bom estar aqui, de verdade. Tem sido bem bacana ver o crescimento, a continuidade do crescimento do movimento paralímpico. Isso é o que mais me alegra”, conta Dias, dono de 27 medalhas paralímpicas conquistadas entre 2008, nos Jogos de Pequim, e a edição do Japão.

Daniel Dias trocou piscinas pelos palcos para palestras onde fala de sua carreira como atleta de alto rendimento Foto: Roke Audiovisual

Em entrevista exclusiva ao Estadão, o multimedalhista acredita que o avanço positivo do País nas modalidades paralímpicas é reflexo do amadurecimento do movimento paralímpico (já citado por ele) em boa parte do País. Na véspera do fim dos Jogos de Paris 2024, o Brasil passou, mais uma vez, na casa das 70 medalhas e ocupa a sétima posição do ranking. A marca iguala a posição de Londres 2012 e Tóquio 2021, as duas melhores campanhas do Brasil nas Paralimpíadas.

O cenário está dentro das previsões do que o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) estabeleceu em seu planejamento estratégico que inclui os ciclos de Tóquio e Paris. Para este ano, a meta era conquistar entre 70 e 90 medalhas (o recorde é 72) e ficar no top 8 de países do ranking.

“Os fatores-chave para termos esse crescimento foi, primeiro, a visibilidade que a gente foi ganhando. Mas como que se ganha visibilidade? Através de conquistas. E como se tem conquistas? Com investimento e com uma boa gestão. Para mim, são esses fatores que foram cruciais para a gente conseguir ter tudo o que a gente alcançou no esporte paralímpico, não só eu, mas todos nós”, afirma Daniel Dias.

O atleta estabelece a construção e desenvolvimento do Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, localizado no Parque Fontes do Ipiranga, zona sul de São Paulo, como uma das grandes mudanças de patamar para a criação e preparação de paratletas no País. Criado para a edição dos Jogos do Rio, em 2016, a estrutura abrigou, desde sua inauguração, mais de 1.500 eventos paralímpicos e atende 17 modalidades, com estrutura de nível internacional.

Ao lembrar do impacto que o espaço tem na formação dos competidores, o nadador lembra de como foi o seu começo nas piscinas. Ao contrário do que acontece na maioria dos esportes, onde a prática e a aproximação com a modalidade começam desde a infância, o movimento paralímpico ainda está muito condicionado às realidade individuais de cada atleta. Daniel Dias experimentou a natação, de fato, apenas aos 16 anos de idade. Poucos anos depois, estreou em Pequim. “Eu comecei tarde no esporte, já comecei com 16 anos. E quando eu digo começar, é começar mesmo. Não sabia nem nadar”.

Daniel Dias, maior medalhista paralímpico do Brasil, durante os Jogos de Londres, em 2012 Foto: Marcio Rodrigues/CPB

Em Paris, das 17 medalhas de ouro conquistadas até aqui, foram 13 donos diferentes. Essa “pulverização” das conquistas até poderia ser encarada como algo negativo pelo País, supostamente, ter menos dominância em determinada modalidade. Por outro lado, na visão de quem viveu e venceu (muito) nas Paralimpíadas, este é um sinal mais que positivo. É quase que o cenário ideal quando se fala desse amadurecimento do esporte e movimento paralímpico no Brasil.

“Não que hoje a gente não tenha (multi medalhistas). A gente tem os atletas que ganham cinco medalhas, mas a gente tem agora mais atletas medalhando. As nossas modalidades coletivas também estão indo muito bem e eu espero que eles consigam concretizar tudo o que foi feito nesse ciclo, concretizar nos Jogos”, afirma Dias.

E os dois nomes com mais medalhas em Paris 2024 saíram também das piscinas. Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, e Carolina Santiago têm três e cinco medalhas, respectivamente, nesta edição dos Jogos. O desempenho de Carolina, inclusive, a colocou no posto de atleta feminina com mais ouros da história, ultrapassando Adria Santos, do atletismo, que competiu entre 1988 e 2008. A nadadora chegou a cinco medalhas douradas, enquanto Adria tem quatro.

Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, levou três ouros nos Jogos de Paris-2024 Foto: Alessandra Cabral/CPB

Fator social

Mas quando se fala em esporte, seja ele qual for e em qual parte do mundo está sendo praticado, é praticamente impossível não citar o fator do imponderável. O “dia iluminado” vivido pelo competidor ou a pitada de azar do adversário sempre fizeram e vão continuar fazendo parte das histórias de conquistas. Só que Daniel Dias não esquece do caminho traçado pelo atleta para chegar até o momento do imponderável.

Em um País onde a pessoa com deficiência encara dificuldades para a maioria de suas atividades cotidianas, o esporte paralímpico é encarado como um cenário de superação para os atletas, mas com o reconhecimento que dá, de fato, um retorno. Seja ele em estado de espírito ou pelo o que patrocinadores e a experiência do esporte paralímpico podem proporcionar.

“Eu diria que uma das coisas que pode influenciar nesse alto rendimento é que a pessoa com deficiência sofre muito já no nosso país. Então, a gente vive hoje numa cultura preconceituosa, a gente sofre muito. E acredito que toda essa dificuldade, tudo isso que enfrentamos dá um gás e uma força de vontade para que ele possa superar tudo isso e conquistar aquela medalha. Quando se conquista aquela medalha acabamos sendo uma grande referência, um porta-voz para as pessoas com deficiência”, destaca.

Investimento no futuro

Desde que se aposentou das piscinas, Daniel Dias tem se dedicado na apresentação de palestras em diversos cantos do País e o desenvolvimento do instituto que leva seu nome. Com sedes em Curitiba e Ponta Grossa, no Paraná, e Valinhos e Hortolândia, em São Paulo, o projeto atende pouco mais de 500 crianças com deficiência.

Daniel Dias comanda aula em um dos seus institutos de natação para crianças com deficiência Foto: Roke Audiovisual

O foco vai ao encontro daquilo que foi defendido pelo nadador, dar ao esporte paralímpico brasileiro a oportunidade de ter atletas formados cada vez mais cedo e mais bem preparados para aquilo que poderão enfrentar em suas carreiras. Por mais que nem todas elas saiam do Instituto Daniel Dias com o sonho de ser medalhista paralímpico, as crianças têm a oportunidade de se enxergarem em espaço de destaque e relevância por conta do esporte.

“Quanto mais cedo essa criança com deficiência começar a praticar esporte, mais cedo a gente pode contribuir na vida dela. Não necessariamente ela vai ser um campeã no esporte, mas campeão na vida todos nós podemos ser. E nós podemos gerar essas oportunidades através de uma prática esportiva, através do instituto. Esse é o grande objetivo do instituto hoje”, completa.

Pela primeira vez depois de quatro Paralimpíadas, o Brasil não teve seu grande astro do esporte paralímpico vestindo verde e amarelo para representar o País na competição. O nadador Daniel Dias vive a experiência de trocar as piscinas pelo sofá e tentar encarar esse novo ‘habitat natural’ da forma menos incômoda possível. Aos 36 anos, o atleta está aposentado do esporte de alto rendimento e disputou sua última edição de Paralimpíadas em Tóquio, 2021.

“Falo que é melhor estar lá na piscina do que fora. Torcer é difícil. Vocês, torcedores, devem ter torcido por nós e sofrido. Uma coisa é você estar lá e executar, outra coisa é você torcer. Mas é bom estar aqui, de verdade. Tem sido bem bacana ver o crescimento, a continuidade do crescimento do movimento paralímpico. Isso é o que mais me alegra”, conta Dias, dono de 27 medalhas paralímpicas conquistadas entre 2008, nos Jogos de Pequim, e a edição do Japão.

Daniel Dias trocou piscinas pelos palcos para palestras onde fala de sua carreira como atleta de alto rendimento Foto: Roke Audiovisual

Em entrevista exclusiva ao Estadão, o multimedalhista acredita que o avanço positivo do País nas modalidades paralímpicas é reflexo do amadurecimento do movimento paralímpico (já citado por ele) em boa parte do País. Na véspera do fim dos Jogos de Paris 2024, o Brasil passou, mais uma vez, na casa das 70 medalhas e ocupa a sétima posição do ranking. A marca iguala a posição de Londres 2012 e Tóquio 2021, as duas melhores campanhas do Brasil nas Paralimpíadas.

O cenário está dentro das previsões do que o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) estabeleceu em seu planejamento estratégico que inclui os ciclos de Tóquio e Paris. Para este ano, a meta era conquistar entre 70 e 90 medalhas (o recorde é 72) e ficar no top 8 de países do ranking.

“Os fatores-chave para termos esse crescimento foi, primeiro, a visibilidade que a gente foi ganhando. Mas como que se ganha visibilidade? Através de conquistas. E como se tem conquistas? Com investimento e com uma boa gestão. Para mim, são esses fatores que foram cruciais para a gente conseguir ter tudo o que a gente alcançou no esporte paralímpico, não só eu, mas todos nós”, afirma Daniel Dias.

O atleta estabelece a construção e desenvolvimento do Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, localizado no Parque Fontes do Ipiranga, zona sul de São Paulo, como uma das grandes mudanças de patamar para a criação e preparação de paratletas no País. Criado para a edição dos Jogos do Rio, em 2016, a estrutura abrigou, desde sua inauguração, mais de 1.500 eventos paralímpicos e atende 17 modalidades, com estrutura de nível internacional.

Ao lembrar do impacto que o espaço tem na formação dos competidores, o nadador lembra de como foi o seu começo nas piscinas. Ao contrário do que acontece na maioria dos esportes, onde a prática e a aproximação com a modalidade começam desde a infância, o movimento paralímpico ainda está muito condicionado às realidade individuais de cada atleta. Daniel Dias experimentou a natação, de fato, apenas aos 16 anos de idade. Poucos anos depois, estreou em Pequim. “Eu comecei tarde no esporte, já comecei com 16 anos. E quando eu digo começar, é começar mesmo. Não sabia nem nadar”.

Daniel Dias, maior medalhista paralímpico do Brasil, durante os Jogos de Londres, em 2012 Foto: Marcio Rodrigues/CPB

Em Paris, das 17 medalhas de ouro conquistadas até aqui, foram 13 donos diferentes. Essa “pulverização” das conquistas até poderia ser encarada como algo negativo pelo País, supostamente, ter menos dominância em determinada modalidade. Por outro lado, na visão de quem viveu e venceu (muito) nas Paralimpíadas, este é um sinal mais que positivo. É quase que o cenário ideal quando se fala desse amadurecimento do esporte e movimento paralímpico no Brasil.

“Não que hoje a gente não tenha (multi medalhistas). A gente tem os atletas que ganham cinco medalhas, mas a gente tem agora mais atletas medalhando. As nossas modalidades coletivas também estão indo muito bem e eu espero que eles consigam concretizar tudo o que foi feito nesse ciclo, concretizar nos Jogos”, afirma Dias.

E os dois nomes com mais medalhas em Paris 2024 saíram também das piscinas. Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, e Carolina Santiago têm três e cinco medalhas, respectivamente, nesta edição dos Jogos. O desempenho de Carolina, inclusive, a colocou no posto de atleta feminina com mais ouros da história, ultrapassando Adria Santos, do atletismo, que competiu entre 1988 e 2008. A nadadora chegou a cinco medalhas douradas, enquanto Adria tem quatro.

Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, levou três ouros nos Jogos de Paris-2024 Foto: Alessandra Cabral/CPB

Fator social

Mas quando se fala em esporte, seja ele qual for e em qual parte do mundo está sendo praticado, é praticamente impossível não citar o fator do imponderável. O “dia iluminado” vivido pelo competidor ou a pitada de azar do adversário sempre fizeram e vão continuar fazendo parte das histórias de conquistas. Só que Daniel Dias não esquece do caminho traçado pelo atleta para chegar até o momento do imponderável.

Em um País onde a pessoa com deficiência encara dificuldades para a maioria de suas atividades cotidianas, o esporte paralímpico é encarado como um cenário de superação para os atletas, mas com o reconhecimento que dá, de fato, um retorno. Seja ele em estado de espírito ou pelo o que patrocinadores e a experiência do esporte paralímpico podem proporcionar.

“Eu diria que uma das coisas que pode influenciar nesse alto rendimento é que a pessoa com deficiência sofre muito já no nosso país. Então, a gente vive hoje numa cultura preconceituosa, a gente sofre muito. E acredito que toda essa dificuldade, tudo isso que enfrentamos dá um gás e uma força de vontade para que ele possa superar tudo isso e conquistar aquela medalha. Quando se conquista aquela medalha acabamos sendo uma grande referência, um porta-voz para as pessoas com deficiência”, destaca.

Investimento no futuro

Desde que se aposentou das piscinas, Daniel Dias tem se dedicado na apresentação de palestras em diversos cantos do País e o desenvolvimento do instituto que leva seu nome. Com sedes em Curitiba e Ponta Grossa, no Paraná, e Valinhos e Hortolândia, em São Paulo, o projeto atende pouco mais de 500 crianças com deficiência.

Daniel Dias comanda aula em um dos seus institutos de natação para crianças com deficiência Foto: Roke Audiovisual

O foco vai ao encontro daquilo que foi defendido pelo nadador, dar ao esporte paralímpico brasileiro a oportunidade de ter atletas formados cada vez mais cedo e mais bem preparados para aquilo que poderão enfrentar em suas carreiras. Por mais que nem todas elas saiam do Instituto Daniel Dias com o sonho de ser medalhista paralímpico, as crianças têm a oportunidade de se enxergarem em espaço de destaque e relevância por conta do esporte.

“Quanto mais cedo essa criança com deficiência começar a praticar esporte, mais cedo a gente pode contribuir na vida dela. Não necessariamente ela vai ser um campeã no esporte, mas campeão na vida todos nós podemos ser. E nós podemos gerar essas oportunidades através de uma prática esportiva, através do instituto. Esse é o grande objetivo do instituto hoje”, completa.

Pela primeira vez depois de quatro Paralimpíadas, o Brasil não teve seu grande astro do esporte paralímpico vestindo verde e amarelo para representar o País na competição. O nadador Daniel Dias vive a experiência de trocar as piscinas pelo sofá e tentar encarar esse novo ‘habitat natural’ da forma menos incômoda possível. Aos 36 anos, o atleta está aposentado do esporte de alto rendimento e disputou sua última edição de Paralimpíadas em Tóquio, 2021.

“Falo que é melhor estar lá na piscina do que fora. Torcer é difícil. Vocês, torcedores, devem ter torcido por nós e sofrido. Uma coisa é você estar lá e executar, outra coisa é você torcer. Mas é bom estar aqui, de verdade. Tem sido bem bacana ver o crescimento, a continuidade do crescimento do movimento paralímpico. Isso é o que mais me alegra”, conta Dias, dono de 27 medalhas paralímpicas conquistadas entre 2008, nos Jogos de Pequim, e a edição do Japão.

Daniel Dias trocou piscinas pelos palcos para palestras onde fala de sua carreira como atleta de alto rendimento Foto: Roke Audiovisual

Em entrevista exclusiva ao Estadão, o multimedalhista acredita que o avanço positivo do País nas modalidades paralímpicas é reflexo do amadurecimento do movimento paralímpico (já citado por ele) em boa parte do País. Na véspera do fim dos Jogos de Paris 2024, o Brasil passou, mais uma vez, na casa das 70 medalhas e ocupa a sétima posição do ranking. A marca iguala a posição de Londres 2012 e Tóquio 2021, as duas melhores campanhas do Brasil nas Paralimpíadas.

O cenário está dentro das previsões do que o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) estabeleceu em seu planejamento estratégico que inclui os ciclos de Tóquio e Paris. Para este ano, a meta era conquistar entre 70 e 90 medalhas (o recorde é 72) e ficar no top 8 de países do ranking.

“Os fatores-chave para termos esse crescimento foi, primeiro, a visibilidade que a gente foi ganhando. Mas como que se ganha visibilidade? Através de conquistas. E como se tem conquistas? Com investimento e com uma boa gestão. Para mim, são esses fatores que foram cruciais para a gente conseguir ter tudo o que a gente alcançou no esporte paralímpico, não só eu, mas todos nós”, afirma Daniel Dias.

O atleta estabelece a construção e desenvolvimento do Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, localizado no Parque Fontes do Ipiranga, zona sul de São Paulo, como uma das grandes mudanças de patamar para a criação e preparação de paratletas no País. Criado para a edição dos Jogos do Rio, em 2016, a estrutura abrigou, desde sua inauguração, mais de 1.500 eventos paralímpicos e atende 17 modalidades, com estrutura de nível internacional.

Ao lembrar do impacto que o espaço tem na formação dos competidores, o nadador lembra de como foi o seu começo nas piscinas. Ao contrário do que acontece na maioria dos esportes, onde a prática e a aproximação com a modalidade começam desde a infância, o movimento paralímpico ainda está muito condicionado às realidade individuais de cada atleta. Daniel Dias experimentou a natação, de fato, apenas aos 16 anos de idade. Poucos anos depois, estreou em Pequim. “Eu comecei tarde no esporte, já comecei com 16 anos. E quando eu digo começar, é começar mesmo. Não sabia nem nadar”.

Daniel Dias, maior medalhista paralímpico do Brasil, durante os Jogos de Londres, em 2012 Foto: Marcio Rodrigues/CPB

Em Paris, das 17 medalhas de ouro conquistadas até aqui, foram 13 donos diferentes. Essa “pulverização” das conquistas até poderia ser encarada como algo negativo pelo País, supostamente, ter menos dominância em determinada modalidade. Por outro lado, na visão de quem viveu e venceu (muito) nas Paralimpíadas, este é um sinal mais que positivo. É quase que o cenário ideal quando se fala desse amadurecimento do esporte e movimento paralímpico no Brasil.

“Não que hoje a gente não tenha (multi medalhistas). A gente tem os atletas que ganham cinco medalhas, mas a gente tem agora mais atletas medalhando. As nossas modalidades coletivas também estão indo muito bem e eu espero que eles consigam concretizar tudo o que foi feito nesse ciclo, concretizar nos Jogos”, afirma Dias.

E os dois nomes com mais medalhas em Paris 2024 saíram também das piscinas. Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, e Carolina Santiago têm três e cinco medalhas, respectivamente, nesta edição dos Jogos. O desempenho de Carolina, inclusive, a colocou no posto de atleta feminina com mais ouros da história, ultrapassando Adria Santos, do atletismo, que competiu entre 1988 e 2008. A nadadora chegou a cinco medalhas douradas, enquanto Adria tem quatro.

Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, levou três ouros nos Jogos de Paris-2024 Foto: Alessandra Cabral/CPB

Fator social

Mas quando se fala em esporte, seja ele qual for e em qual parte do mundo está sendo praticado, é praticamente impossível não citar o fator do imponderável. O “dia iluminado” vivido pelo competidor ou a pitada de azar do adversário sempre fizeram e vão continuar fazendo parte das histórias de conquistas. Só que Daniel Dias não esquece do caminho traçado pelo atleta para chegar até o momento do imponderável.

Em um País onde a pessoa com deficiência encara dificuldades para a maioria de suas atividades cotidianas, o esporte paralímpico é encarado como um cenário de superação para os atletas, mas com o reconhecimento que dá, de fato, um retorno. Seja ele em estado de espírito ou pelo o que patrocinadores e a experiência do esporte paralímpico podem proporcionar.

“Eu diria que uma das coisas que pode influenciar nesse alto rendimento é que a pessoa com deficiência sofre muito já no nosso país. Então, a gente vive hoje numa cultura preconceituosa, a gente sofre muito. E acredito que toda essa dificuldade, tudo isso que enfrentamos dá um gás e uma força de vontade para que ele possa superar tudo isso e conquistar aquela medalha. Quando se conquista aquela medalha acabamos sendo uma grande referência, um porta-voz para as pessoas com deficiência”, destaca.

Investimento no futuro

Desde que se aposentou das piscinas, Daniel Dias tem se dedicado na apresentação de palestras em diversos cantos do País e o desenvolvimento do instituto que leva seu nome. Com sedes em Curitiba e Ponta Grossa, no Paraná, e Valinhos e Hortolândia, em São Paulo, o projeto atende pouco mais de 500 crianças com deficiência.

Daniel Dias comanda aula em um dos seus institutos de natação para crianças com deficiência Foto: Roke Audiovisual

O foco vai ao encontro daquilo que foi defendido pelo nadador, dar ao esporte paralímpico brasileiro a oportunidade de ter atletas formados cada vez mais cedo e mais bem preparados para aquilo que poderão enfrentar em suas carreiras. Por mais que nem todas elas saiam do Instituto Daniel Dias com o sonho de ser medalhista paralímpico, as crianças têm a oportunidade de se enxergarem em espaço de destaque e relevância por conta do esporte.

“Quanto mais cedo essa criança com deficiência começar a praticar esporte, mais cedo a gente pode contribuir na vida dela. Não necessariamente ela vai ser um campeã no esporte, mas campeão na vida todos nós podemos ser. E nós podemos gerar essas oportunidades através de uma prática esportiva, através do instituto. Esse é o grande objetivo do instituto hoje”, completa.

Pela primeira vez depois de quatro Paralimpíadas, o Brasil não teve seu grande astro do esporte paralímpico vestindo verde e amarelo para representar o País na competição. O nadador Daniel Dias vive a experiência de trocar as piscinas pelo sofá e tentar encarar esse novo ‘habitat natural’ da forma menos incômoda possível. Aos 36 anos, o atleta está aposentado do esporte de alto rendimento e disputou sua última edição de Paralimpíadas em Tóquio, 2021.

“Falo que é melhor estar lá na piscina do que fora. Torcer é difícil. Vocês, torcedores, devem ter torcido por nós e sofrido. Uma coisa é você estar lá e executar, outra coisa é você torcer. Mas é bom estar aqui, de verdade. Tem sido bem bacana ver o crescimento, a continuidade do crescimento do movimento paralímpico. Isso é o que mais me alegra”, conta Dias, dono de 27 medalhas paralímpicas conquistadas entre 2008, nos Jogos de Pequim, e a edição do Japão.

Daniel Dias trocou piscinas pelos palcos para palestras onde fala de sua carreira como atleta de alto rendimento Foto: Roke Audiovisual

Em entrevista exclusiva ao Estadão, o multimedalhista acredita que o avanço positivo do País nas modalidades paralímpicas é reflexo do amadurecimento do movimento paralímpico (já citado por ele) em boa parte do País. Na véspera do fim dos Jogos de Paris 2024, o Brasil passou, mais uma vez, na casa das 70 medalhas e ocupa a sétima posição do ranking. A marca iguala a posição de Londres 2012 e Tóquio 2021, as duas melhores campanhas do Brasil nas Paralimpíadas.

O cenário está dentro das previsões do que o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) estabeleceu em seu planejamento estratégico que inclui os ciclos de Tóquio e Paris. Para este ano, a meta era conquistar entre 70 e 90 medalhas (o recorde é 72) e ficar no top 8 de países do ranking.

“Os fatores-chave para termos esse crescimento foi, primeiro, a visibilidade que a gente foi ganhando. Mas como que se ganha visibilidade? Através de conquistas. E como se tem conquistas? Com investimento e com uma boa gestão. Para mim, são esses fatores que foram cruciais para a gente conseguir ter tudo o que a gente alcançou no esporte paralímpico, não só eu, mas todos nós”, afirma Daniel Dias.

O atleta estabelece a construção e desenvolvimento do Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, localizado no Parque Fontes do Ipiranga, zona sul de São Paulo, como uma das grandes mudanças de patamar para a criação e preparação de paratletas no País. Criado para a edição dos Jogos do Rio, em 2016, a estrutura abrigou, desde sua inauguração, mais de 1.500 eventos paralímpicos e atende 17 modalidades, com estrutura de nível internacional.

Ao lembrar do impacto que o espaço tem na formação dos competidores, o nadador lembra de como foi o seu começo nas piscinas. Ao contrário do que acontece na maioria dos esportes, onde a prática e a aproximação com a modalidade começam desde a infância, o movimento paralímpico ainda está muito condicionado às realidade individuais de cada atleta. Daniel Dias experimentou a natação, de fato, apenas aos 16 anos de idade. Poucos anos depois, estreou em Pequim. “Eu comecei tarde no esporte, já comecei com 16 anos. E quando eu digo começar, é começar mesmo. Não sabia nem nadar”.

Daniel Dias, maior medalhista paralímpico do Brasil, durante os Jogos de Londres, em 2012 Foto: Marcio Rodrigues/CPB

Em Paris, das 17 medalhas de ouro conquistadas até aqui, foram 13 donos diferentes. Essa “pulverização” das conquistas até poderia ser encarada como algo negativo pelo País, supostamente, ter menos dominância em determinada modalidade. Por outro lado, na visão de quem viveu e venceu (muito) nas Paralimpíadas, este é um sinal mais que positivo. É quase que o cenário ideal quando se fala desse amadurecimento do esporte e movimento paralímpico no Brasil.

“Não que hoje a gente não tenha (multi medalhistas). A gente tem os atletas que ganham cinco medalhas, mas a gente tem agora mais atletas medalhando. As nossas modalidades coletivas também estão indo muito bem e eu espero que eles consigam concretizar tudo o que foi feito nesse ciclo, concretizar nos Jogos”, afirma Dias.

E os dois nomes com mais medalhas em Paris 2024 saíram também das piscinas. Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, e Carolina Santiago têm três e cinco medalhas, respectivamente, nesta edição dos Jogos. O desempenho de Carolina, inclusive, a colocou no posto de atleta feminina com mais ouros da história, ultrapassando Adria Santos, do atletismo, que competiu entre 1988 e 2008. A nadadora chegou a cinco medalhas douradas, enquanto Adria tem quatro.

Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, levou três ouros nos Jogos de Paris-2024 Foto: Alessandra Cabral/CPB

Fator social

Mas quando se fala em esporte, seja ele qual for e em qual parte do mundo está sendo praticado, é praticamente impossível não citar o fator do imponderável. O “dia iluminado” vivido pelo competidor ou a pitada de azar do adversário sempre fizeram e vão continuar fazendo parte das histórias de conquistas. Só que Daniel Dias não esquece do caminho traçado pelo atleta para chegar até o momento do imponderável.

Em um País onde a pessoa com deficiência encara dificuldades para a maioria de suas atividades cotidianas, o esporte paralímpico é encarado como um cenário de superação para os atletas, mas com o reconhecimento que dá, de fato, um retorno. Seja ele em estado de espírito ou pelo o que patrocinadores e a experiência do esporte paralímpico podem proporcionar.

“Eu diria que uma das coisas que pode influenciar nesse alto rendimento é que a pessoa com deficiência sofre muito já no nosso país. Então, a gente vive hoje numa cultura preconceituosa, a gente sofre muito. E acredito que toda essa dificuldade, tudo isso que enfrentamos dá um gás e uma força de vontade para que ele possa superar tudo isso e conquistar aquela medalha. Quando se conquista aquela medalha acabamos sendo uma grande referência, um porta-voz para as pessoas com deficiência”, destaca.

Investimento no futuro

Desde que se aposentou das piscinas, Daniel Dias tem se dedicado na apresentação de palestras em diversos cantos do País e o desenvolvimento do instituto que leva seu nome. Com sedes em Curitiba e Ponta Grossa, no Paraná, e Valinhos e Hortolândia, em São Paulo, o projeto atende pouco mais de 500 crianças com deficiência.

Daniel Dias comanda aula em um dos seus institutos de natação para crianças com deficiência Foto: Roke Audiovisual

O foco vai ao encontro daquilo que foi defendido pelo nadador, dar ao esporte paralímpico brasileiro a oportunidade de ter atletas formados cada vez mais cedo e mais bem preparados para aquilo que poderão enfrentar em suas carreiras. Por mais que nem todas elas saiam do Instituto Daniel Dias com o sonho de ser medalhista paralímpico, as crianças têm a oportunidade de se enxergarem em espaço de destaque e relevância por conta do esporte.

“Quanto mais cedo essa criança com deficiência começar a praticar esporte, mais cedo a gente pode contribuir na vida dela. Não necessariamente ela vai ser um campeã no esporte, mas campeão na vida todos nós podemos ser. E nós podemos gerar essas oportunidades através de uma prática esportiva, através do instituto. Esse é o grande objetivo do instituto hoje”, completa.

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