Como basquete brasileiro quer achar ‘próximo Embiid’ em projeto para adolescentes ‘gigantes’


Podem se inscrever meninos e meninas a partir de 1,82 m e 1,77 m, respectivamente, dos 12 aos 16 anos; Joel Embiid e Nikola Jokic são exemplos de talentos que surgiram ‘tardiamente’ no esporte

Por Leonardo Catto
Atualização:

A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) quer recrutar jovens com potencial de serem novos prodígios do esporte. Projetos permanentes vão receber inscrições de meninos e meninas altos e que ainda não treinam, com objetivo de introduzi-los em atividades. Os patronos são os atletas Bruno Caboclo e Kamilla Cardoso, ambos com mais de dois metros de altura e integrantes da seleções brasileiras. Outros países já desenvolveram ações semelhantes e viram resultados em quadra.

O Projeto Caboclo é voltado para garotos de 1,82m a 2m. Já o Projeto Kamilla recebe inscrições de meninas, a partir de 1,77m até 1,95m. Nos dois casos, as idades, entre 12 e 16 anos, são correspondentes a uma altura específica (veja abaixo). “A primeira frente de execução foi estabelecer características. O adicional é pegar esses atletas altos, atléticos, com potencial, mas que não jogam ainda, não fazem parte do ecossistema, ou até não tenham contato, e facilitar a entrada em organizações que ensinam basquete”, explica o diretor das seleções masculinas da CBB, Victor Mansure.

Segundo o dirigente, não vai haver prazo final para inscrições. A ideia é que a iniciativa seja permanente. Os inscritos passam por avaliações individuais. Até o começo desta semana, cerca de 400 jovens já haviam se cadastrado.

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Ala Bruno Caboclo é um dos destaques da seleção brasileira que vai a Paris-2024. Foto: Hendrik Osula/Fiba

Projeto Kamilla

Para meninas de:

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  • 12 anos com 1,77m
  • 13 anos com 1,80m
  • 14 anos com 1,85m
  • 15 anos com 1,89m
  • 16 anos com 1,95m

Projeto Caboclo

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Para meninos de:

  • 12 anos com 1,82m
  • 13 anos com 1,85m
  • 14 anos com 1,89m
  • 15 anos com 1,95m
  • 16 anos com 2m

Para chegar ao público dessa faixa etária, a CBB apostou no uso das redes sociais para viralizar. Ainda que divulgue conteúdos institucionais, páginas da Confederação também compartilham curiosidades, falas dos atletas das seleções masculina e feminina e chamadas para os projetos, como conta o gerente de comunicação da CBB, Thierry Gozzer: “A garotada hoje está na internet. No Tik Tok, no X, no Instagram. São nesses canais digitais que precisamos fisgá-los. Foi pensando assim que ativamos a primeira fase da campanha”.

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Mas os projetos não ficarão restritos à busca online. “Queremos levar para os ginásios onde o Brasil jogar no País. Mais tarde, para escolas públicas, com visita de atletas da seleção, comissões técnicas. E, hoje, ninguém na seleção representa melhor o biotipo de atletas que buscamos do que o Caboclo e a Kamilla”, explica Gozzer. Ele reitera que o programa é nichado e com a especificidade de jovens altos, por serem os mais facilmente descobertos pelo basquete.

“Vamos recebendo inscrições, avaliar caso a caso e viabilizar um lugar para o candidato praticar o basquete”, coloca Mansure, que conclui: “Depois, se você consegue ter uma gama de atletas que seguiram, dá para fazer um mapeamento e treinamento desse grupo. Aprender a competir e, depois, a competir para ganhar”. A cada semana, a CBB vai monitorar as inscrições feitas e, por enquanto, mapeia quem já procurou os projetos.

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O dirigente cita França, Argentina e Canadá como países que já tiveram iniciativas semelhantes. Os hermanos não vivem a melhor fase atualmente, mas foram campeões olímpicos em Atenas-2004 no masculino. Mais recentemente, vieram o bicampeonato Pan-Americano (2019 e 2023) e o título da Copa América 2022.

Os argentinos ocupam a oitava posição no ranking da Federação Internacional de Basquetebol (Fiba) entre os homens. Imediatamente acima, está o Canadá. Logo atrás, a França. Em Paris-2024, os franceses estão no mesmo grupo do Brasil, 12º no ranking. No feminino, a seleção brasileira não conseguiu a vaga.

“Nós não somos os primeiros”, diz Mansure sobre os projetos. “Para jogar a nível internacional, o jogo está muito físico. Se não começar por essa parte, estamos saindo atrás. Bruno (Cabloco) e Kamilla são exemplos de atletas dominantes, começando pelo poderio físico”, pondera.

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Kamilla Cardoso, escolhida no último draft da WNBA, disputou pré-olímpico com a seleção. Foto: Wander Roberto/Fiba

Franceses formam forte seleção e ganham destaque na NBA

Outros pontos mostram como os países citados têm se destacado no basquete. Na temporada 2023/24 da NBA, a liga americana e principal do mundo, teve 125 jogadores de fora dos Estados Unidos, vindo de 40 países diferentes. Foi a maior marca da história. O Canadá liderou, com 26 jogadores. França e Austrália dividam o segundo lugar, com nove cada. O Brasil contava um: Gui Santos, do Golden State Warriors.

A seleção francesa que o Brasil encara nos Jogos Olímpicos conta com seis nomes da NBA. O time vem de uma medalha de prata em Tóquio-2020 e tem em Victor Wembanyama (San Antonio Spurs) e Rudy Gobert (Minnesota Timberwolves) os dois principais destaques. Wembanyama tem 2,21m e foi, em 2022, primeira a escolha do draft.

Neste ano, o francês Zaccharie Risacher seguiu os passos do conterrâneo e foi o primeiro draftado. O ala de 2,06m foi selecionado pelo Atlanta Hawks. Mas quem tem expectativa de ser o “novo Webanyama” foi o segundo escolhido: Alexandre Sarr, francês de 2,16m, que foi para o Washington Wizards.

Wembanyama é o principal destaque da seleção francesa que disputa os jogos de Paris-2024. Foto: Maxime Gruss/AFP

Embiid e Jokic exemplos de astros do basquete que começaram ‘tarde’

Ainda que os projetos da CBB levem os nomes de atletas brasileiros, há dois exemplos de sucesso de jogadores estrangeiros que começaram a praticar o basquete tardiamente: o norte-americano Joel Embiid e o sérvio Nikola Jokic, ambos somam 4 prêmios de MVP da NBA.

Nascido em Camarões, Embiid tinha preferência por futebol e vôlei. Este último era visto como uma possível carreira para o jovem na Europa. Somente aos 15 anos que o basquete entrou na vida dele. O treinador, na época, lhe entregou um vídeo com lances de Hakeem Olajuwon, duas vezes campeão da NBA - e em ambas escolhido como melhor jogador das finais.

As jogadas e a história do jogador nascido na Nigéria e campeão olímpico com os Estados Unidos em Atlanta inspiraram Embiid. Aos 30 anos, hoje é ele que faz parte do Dream Team de basquete e atua no Philadelphia 76ers desde 2014, quando foi draftado.

“Meu sonho sempre foi sobre jogar nas Olimpíadas. Hakeem ter jogado pelos Estados Unidos, no momento em que você tem que tomar uma decisão, facilita, por alguém já ter feito antes. Especialmente por ser alguém com o nível dele. Sou feliz pela posição que ocupo e aproveito cada minuto”, disse Embiid em perfil divulgado pela seleção norte-americana.

Embiid integra a seleção dos Estados Unidos, que se prepara para Paris-2024. Foto: Steve Marcus/AP

A história de Jokic é diferente. O astro do Denver Nuggets começou incentivado pelo pai, aos 10 anos, mas largou a bola laranja. Ele queria ser um jóquei de corrida de cavalos e chegou até a limpar celeiros após treinos. Aos 15 anos, porém, Jokic decidiu dar uma nova chance ao basquete, inspirado por vídeos de Magic Johnson no YouTube.

Dois anos depois de retomar os treinos, o pivô estreou pelo Mega Basket, da Sérvia. Mesmo alto (hoje, aos 29, ele tem 2,11m), o jovem era fraco e precisou passar por programa de fortalecimento. Quando foi contratado pelo Denver Nuggets, da NBA, em 2015, Jokic novamente adaptou-se, mas no sentido de melhorar a alimentação e abdicar do refrigerante para emagrecer.

Embiid e Jokic mudaram são dois dos principais atletas da modalidade atualmente. Os dois vão se enfrentar na primeira fase dos Jogos Olímpicos de Paris. Além de Estados Unidos e Sérvia, o Grupo C conta com Sudão do Sul e Porto Rico. Em um amistoso preparatório disputado na quarta-feira, 17, os americanos venceram os sérvios por 105 a 79.

Jokic, do Denver Nuggets, está com a seleção sérvia que disputa os Jogos Olímpicos de Paris-2024. Foto: Giuseppe Cacace/AFP

Quem são Bruno Caboclo e Kamilla Cardoso

O ala do Partizan, da Sérvia, é de Pirapora do Bom Jesus, a cerca de 465 km da capital paulista. Ele começou a carreira no Pinheiros, mas teve pouco destaque em apenas 18 partidas, em 2013. Um ano depois, Caboclo estava na liga de desenvolvimento da NBA, no Raptors 905, franquia do time de Toronto que joga a liga principal.

O brasileiro entrou em quadra apenas 25 vezes e voltou para o nível de aprimoramento. O jogador assinou com o Sacramento Kings, no começo de 2018, mas seguiu na G League. Na época, ele já havia tido problemas, com um afastamento da seleção brasileira por indisciplina, mas retornou em 2019.

Após uma passagem pelo basquete francês, Caboclo voltou ao Brasil para defender o São Paulo. Ele foi um dos principais jogadores na conquista da Champions League Américas, em 2021/22. Entre outras movimentações na carreira, o brasileiro chegou ao Partizan. Aos 28 anos, ele teve média de 9,4 pontos, na temporada 2023/24.

Já Kamilla Cardoso é pivô de 22 anos recém draftada pelo Chicago Sky, da WNBA. Antes disso, ela foi bicampeã da NCAA (liga universitária) com o South Carolina. Natural de Montes Claros (MG), à 422 quilômetros de Belo Horizonte, Kamilla começou a carreira já no high school americano (nível equivalente ao Ensino Médio brasileiro), aos 15 anos.

Em seguida, veio um começo meteórico na carreira universitária, com o Boston College. No último ano na NCAA, Kamilla foi eleita a melhor jogadora do campeonato. Ela foi a terceira escolha do draft da WNBA 2024, superou Stephanie Soares, quarta escolha de 2023, e se tornou a brasileira mais bem colocada da história em seleções da liga.

Kamilla está na seleção brasileira desde 2021, quando foi bronze na Copa América de Basquetebol Feminino, em Porto Rico. O primeiro título representando o País veio em 2022, com o ouro Campeonato Sul-Americano de Basquete, em que ela foi eleita melhor jogadora, com média de 14,8 pontos, 11,4 rebotes e 2,6 bloqueios por jogo. Novamente na Copa América, ano passado, a pivô levou o Brasil ao título, mais uma vez eleita melhor do torneio e com impressionantes 20 pontos e 11 rebotes na vitória por 69 a 58 contra os Estados Unidos na final.

A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) quer recrutar jovens com potencial de serem novos prodígios do esporte. Projetos permanentes vão receber inscrições de meninos e meninas altos e que ainda não treinam, com objetivo de introduzi-los em atividades. Os patronos são os atletas Bruno Caboclo e Kamilla Cardoso, ambos com mais de dois metros de altura e integrantes da seleções brasileiras. Outros países já desenvolveram ações semelhantes e viram resultados em quadra.

O Projeto Caboclo é voltado para garotos de 1,82m a 2m. Já o Projeto Kamilla recebe inscrições de meninas, a partir de 1,77m até 1,95m. Nos dois casos, as idades, entre 12 e 16 anos, são correspondentes a uma altura específica (veja abaixo). “A primeira frente de execução foi estabelecer características. O adicional é pegar esses atletas altos, atléticos, com potencial, mas que não jogam ainda, não fazem parte do ecossistema, ou até não tenham contato, e facilitar a entrada em organizações que ensinam basquete”, explica o diretor das seleções masculinas da CBB, Victor Mansure.

Segundo o dirigente, não vai haver prazo final para inscrições. A ideia é que a iniciativa seja permanente. Os inscritos passam por avaliações individuais. Até o começo desta semana, cerca de 400 jovens já haviam se cadastrado.

Ala Bruno Caboclo é um dos destaques da seleção brasileira que vai a Paris-2024. Foto: Hendrik Osula/Fiba

Projeto Kamilla

Para meninas de:

  • 12 anos com 1,77m
  • 13 anos com 1,80m
  • 14 anos com 1,85m
  • 15 anos com 1,89m
  • 16 anos com 1,95m

Projeto Caboclo

Para meninos de:

  • 12 anos com 1,82m
  • 13 anos com 1,85m
  • 14 anos com 1,89m
  • 15 anos com 1,95m
  • 16 anos com 2m

Para chegar ao público dessa faixa etária, a CBB apostou no uso das redes sociais para viralizar. Ainda que divulgue conteúdos institucionais, páginas da Confederação também compartilham curiosidades, falas dos atletas das seleções masculina e feminina e chamadas para os projetos, como conta o gerente de comunicação da CBB, Thierry Gozzer: “A garotada hoje está na internet. No Tik Tok, no X, no Instagram. São nesses canais digitais que precisamos fisgá-los. Foi pensando assim que ativamos a primeira fase da campanha”.

Mas os projetos não ficarão restritos à busca online. “Queremos levar para os ginásios onde o Brasil jogar no País. Mais tarde, para escolas públicas, com visita de atletas da seleção, comissões técnicas. E, hoje, ninguém na seleção representa melhor o biotipo de atletas que buscamos do que o Caboclo e a Kamilla”, explica Gozzer. Ele reitera que o programa é nichado e com a especificidade de jovens altos, por serem os mais facilmente descobertos pelo basquete.

“Vamos recebendo inscrições, avaliar caso a caso e viabilizar um lugar para o candidato praticar o basquete”, coloca Mansure, que conclui: “Depois, se você consegue ter uma gama de atletas que seguiram, dá para fazer um mapeamento e treinamento desse grupo. Aprender a competir e, depois, a competir para ganhar”. A cada semana, a CBB vai monitorar as inscrições feitas e, por enquanto, mapeia quem já procurou os projetos.

O dirigente cita França, Argentina e Canadá como países que já tiveram iniciativas semelhantes. Os hermanos não vivem a melhor fase atualmente, mas foram campeões olímpicos em Atenas-2004 no masculino. Mais recentemente, vieram o bicampeonato Pan-Americano (2019 e 2023) e o título da Copa América 2022.

Os argentinos ocupam a oitava posição no ranking da Federação Internacional de Basquetebol (Fiba) entre os homens. Imediatamente acima, está o Canadá. Logo atrás, a França. Em Paris-2024, os franceses estão no mesmo grupo do Brasil, 12º no ranking. No feminino, a seleção brasileira não conseguiu a vaga.

“Nós não somos os primeiros”, diz Mansure sobre os projetos. “Para jogar a nível internacional, o jogo está muito físico. Se não começar por essa parte, estamos saindo atrás. Bruno (Cabloco) e Kamilla são exemplos de atletas dominantes, começando pelo poderio físico”, pondera.

Kamilla Cardoso, escolhida no último draft da WNBA, disputou pré-olímpico com a seleção. Foto: Wander Roberto/Fiba

Franceses formam forte seleção e ganham destaque na NBA

Outros pontos mostram como os países citados têm se destacado no basquete. Na temporada 2023/24 da NBA, a liga americana e principal do mundo, teve 125 jogadores de fora dos Estados Unidos, vindo de 40 países diferentes. Foi a maior marca da história. O Canadá liderou, com 26 jogadores. França e Austrália dividam o segundo lugar, com nove cada. O Brasil contava um: Gui Santos, do Golden State Warriors.

A seleção francesa que o Brasil encara nos Jogos Olímpicos conta com seis nomes da NBA. O time vem de uma medalha de prata em Tóquio-2020 e tem em Victor Wembanyama (San Antonio Spurs) e Rudy Gobert (Minnesota Timberwolves) os dois principais destaques. Wembanyama tem 2,21m e foi, em 2022, primeira a escolha do draft.

Neste ano, o francês Zaccharie Risacher seguiu os passos do conterrâneo e foi o primeiro draftado. O ala de 2,06m foi selecionado pelo Atlanta Hawks. Mas quem tem expectativa de ser o “novo Webanyama” foi o segundo escolhido: Alexandre Sarr, francês de 2,16m, que foi para o Washington Wizards.

Wembanyama é o principal destaque da seleção francesa que disputa os jogos de Paris-2024. Foto: Maxime Gruss/AFP

Embiid e Jokic exemplos de astros do basquete que começaram ‘tarde’

Ainda que os projetos da CBB levem os nomes de atletas brasileiros, há dois exemplos de sucesso de jogadores estrangeiros que começaram a praticar o basquete tardiamente: o norte-americano Joel Embiid e o sérvio Nikola Jokic, ambos somam 4 prêmios de MVP da NBA.

Nascido em Camarões, Embiid tinha preferência por futebol e vôlei. Este último era visto como uma possível carreira para o jovem na Europa. Somente aos 15 anos que o basquete entrou na vida dele. O treinador, na época, lhe entregou um vídeo com lances de Hakeem Olajuwon, duas vezes campeão da NBA - e em ambas escolhido como melhor jogador das finais.

As jogadas e a história do jogador nascido na Nigéria e campeão olímpico com os Estados Unidos em Atlanta inspiraram Embiid. Aos 30 anos, hoje é ele que faz parte do Dream Team de basquete e atua no Philadelphia 76ers desde 2014, quando foi draftado.

“Meu sonho sempre foi sobre jogar nas Olimpíadas. Hakeem ter jogado pelos Estados Unidos, no momento em que você tem que tomar uma decisão, facilita, por alguém já ter feito antes. Especialmente por ser alguém com o nível dele. Sou feliz pela posição que ocupo e aproveito cada minuto”, disse Embiid em perfil divulgado pela seleção norte-americana.

Embiid integra a seleção dos Estados Unidos, que se prepara para Paris-2024. Foto: Steve Marcus/AP

A história de Jokic é diferente. O astro do Denver Nuggets começou incentivado pelo pai, aos 10 anos, mas largou a bola laranja. Ele queria ser um jóquei de corrida de cavalos e chegou até a limpar celeiros após treinos. Aos 15 anos, porém, Jokic decidiu dar uma nova chance ao basquete, inspirado por vídeos de Magic Johnson no YouTube.

Dois anos depois de retomar os treinos, o pivô estreou pelo Mega Basket, da Sérvia. Mesmo alto (hoje, aos 29, ele tem 2,11m), o jovem era fraco e precisou passar por programa de fortalecimento. Quando foi contratado pelo Denver Nuggets, da NBA, em 2015, Jokic novamente adaptou-se, mas no sentido de melhorar a alimentação e abdicar do refrigerante para emagrecer.

Embiid e Jokic mudaram são dois dos principais atletas da modalidade atualmente. Os dois vão se enfrentar na primeira fase dos Jogos Olímpicos de Paris. Além de Estados Unidos e Sérvia, o Grupo C conta com Sudão do Sul e Porto Rico. Em um amistoso preparatório disputado na quarta-feira, 17, os americanos venceram os sérvios por 105 a 79.

Jokic, do Denver Nuggets, está com a seleção sérvia que disputa os Jogos Olímpicos de Paris-2024. Foto: Giuseppe Cacace/AFP

Quem são Bruno Caboclo e Kamilla Cardoso

O ala do Partizan, da Sérvia, é de Pirapora do Bom Jesus, a cerca de 465 km da capital paulista. Ele começou a carreira no Pinheiros, mas teve pouco destaque em apenas 18 partidas, em 2013. Um ano depois, Caboclo estava na liga de desenvolvimento da NBA, no Raptors 905, franquia do time de Toronto que joga a liga principal.

O brasileiro entrou em quadra apenas 25 vezes e voltou para o nível de aprimoramento. O jogador assinou com o Sacramento Kings, no começo de 2018, mas seguiu na G League. Na época, ele já havia tido problemas, com um afastamento da seleção brasileira por indisciplina, mas retornou em 2019.

Após uma passagem pelo basquete francês, Caboclo voltou ao Brasil para defender o São Paulo. Ele foi um dos principais jogadores na conquista da Champions League Américas, em 2021/22. Entre outras movimentações na carreira, o brasileiro chegou ao Partizan. Aos 28 anos, ele teve média de 9,4 pontos, na temporada 2023/24.

Já Kamilla Cardoso é pivô de 22 anos recém draftada pelo Chicago Sky, da WNBA. Antes disso, ela foi bicampeã da NCAA (liga universitária) com o South Carolina. Natural de Montes Claros (MG), à 422 quilômetros de Belo Horizonte, Kamilla começou a carreira já no high school americano (nível equivalente ao Ensino Médio brasileiro), aos 15 anos.

Em seguida, veio um começo meteórico na carreira universitária, com o Boston College. No último ano na NCAA, Kamilla foi eleita a melhor jogadora do campeonato. Ela foi a terceira escolha do draft da WNBA 2024, superou Stephanie Soares, quarta escolha de 2023, e se tornou a brasileira mais bem colocada da história em seleções da liga.

Kamilla está na seleção brasileira desde 2021, quando foi bronze na Copa América de Basquetebol Feminino, em Porto Rico. O primeiro título representando o País veio em 2022, com o ouro Campeonato Sul-Americano de Basquete, em que ela foi eleita melhor jogadora, com média de 14,8 pontos, 11,4 rebotes e 2,6 bloqueios por jogo. Novamente na Copa América, ano passado, a pivô levou o Brasil ao título, mais uma vez eleita melhor do torneio e com impressionantes 20 pontos e 11 rebotes na vitória por 69 a 58 contra os Estados Unidos na final.

A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) quer recrutar jovens com potencial de serem novos prodígios do esporte. Projetos permanentes vão receber inscrições de meninos e meninas altos e que ainda não treinam, com objetivo de introduzi-los em atividades. Os patronos são os atletas Bruno Caboclo e Kamilla Cardoso, ambos com mais de dois metros de altura e integrantes da seleções brasileiras. Outros países já desenvolveram ações semelhantes e viram resultados em quadra.

O Projeto Caboclo é voltado para garotos de 1,82m a 2m. Já o Projeto Kamilla recebe inscrições de meninas, a partir de 1,77m até 1,95m. Nos dois casos, as idades, entre 12 e 16 anos, são correspondentes a uma altura específica (veja abaixo). “A primeira frente de execução foi estabelecer características. O adicional é pegar esses atletas altos, atléticos, com potencial, mas que não jogam ainda, não fazem parte do ecossistema, ou até não tenham contato, e facilitar a entrada em organizações que ensinam basquete”, explica o diretor das seleções masculinas da CBB, Victor Mansure.

Segundo o dirigente, não vai haver prazo final para inscrições. A ideia é que a iniciativa seja permanente. Os inscritos passam por avaliações individuais. Até o começo desta semana, cerca de 400 jovens já haviam se cadastrado.

Ala Bruno Caboclo é um dos destaques da seleção brasileira que vai a Paris-2024. Foto: Hendrik Osula/Fiba

Projeto Kamilla

Para meninas de:

  • 12 anos com 1,77m
  • 13 anos com 1,80m
  • 14 anos com 1,85m
  • 15 anos com 1,89m
  • 16 anos com 1,95m

Projeto Caboclo

Para meninos de:

  • 12 anos com 1,82m
  • 13 anos com 1,85m
  • 14 anos com 1,89m
  • 15 anos com 1,95m
  • 16 anos com 2m

Para chegar ao público dessa faixa etária, a CBB apostou no uso das redes sociais para viralizar. Ainda que divulgue conteúdos institucionais, páginas da Confederação também compartilham curiosidades, falas dos atletas das seleções masculina e feminina e chamadas para os projetos, como conta o gerente de comunicação da CBB, Thierry Gozzer: “A garotada hoje está na internet. No Tik Tok, no X, no Instagram. São nesses canais digitais que precisamos fisgá-los. Foi pensando assim que ativamos a primeira fase da campanha”.

Mas os projetos não ficarão restritos à busca online. “Queremos levar para os ginásios onde o Brasil jogar no País. Mais tarde, para escolas públicas, com visita de atletas da seleção, comissões técnicas. E, hoje, ninguém na seleção representa melhor o biotipo de atletas que buscamos do que o Caboclo e a Kamilla”, explica Gozzer. Ele reitera que o programa é nichado e com a especificidade de jovens altos, por serem os mais facilmente descobertos pelo basquete.

“Vamos recebendo inscrições, avaliar caso a caso e viabilizar um lugar para o candidato praticar o basquete”, coloca Mansure, que conclui: “Depois, se você consegue ter uma gama de atletas que seguiram, dá para fazer um mapeamento e treinamento desse grupo. Aprender a competir e, depois, a competir para ganhar”. A cada semana, a CBB vai monitorar as inscrições feitas e, por enquanto, mapeia quem já procurou os projetos.

O dirigente cita França, Argentina e Canadá como países que já tiveram iniciativas semelhantes. Os hermanos não vivem a melhor fase atualmente, mas foram campeões olímpicos em Atenas-2004 no masculino. Mais recentemente, vieram o bicampeonato Pan-Americano (2019 e 2023) e o título da Copa América 2022.

Os argentinos ocupam a oitava posição no ranking da Federação Internacional de Basquetebol (Fiba) entre os homens. Imediatamente acima, está o Canadá. Logo atrás, a França. Em Paris-2024, os franceses estão no mesmo grupo do Brasil, 12º no ranking. No feminino, a seleção brasileira não conseguiu a vaga.

“Nós não somos os primeiros”, diz Mansure sobre os projetos. “Para jogar a nível internacional, o jogo está muito físico. Se não começar por essa parte, estamos saindo atrás. Bruno (Cabloco) e Kamilla são exemplos de atletas dominantes, começando pelo poderio físico”, pondera.

Kamilla Cardoso, escolhida no último draft da WNBA, disputou pré-olímpico com a seleção. Foto: Wander Roberto/Fiba

Franceses formam forte seleção e ganham destaque na NBA

Outros pontos mostram como os países citados têm se destacado no basquete. Na temporada 2023/24 da NBA, a liga americana e principal do mundo, teve 125 jogadores de fora dos Estados Unidos, vindo de 40 países diferentes. Foi a maior marca da história. O Canadá liderou, com 26 jogadores. França e Austrália dividam o segundo lugar, com nove cada. O Brasil contava um: Gui Santos, do Golden State Warriors.

A seleção francesa que o Brasil encara nos Jogos Olímpicos conta com seis nomes da NBA. O time vem de uma medalha de prata em Tóquio-2020 e tem em Victor Wembanyama (San Antonio Spurs) e Rudy Gobert (Minnesota Timberwolves) os dois principais destaques. Wembanyama tem 2,21m e foi, em 2022, primeira a escolha do draft.

Neste ano, o francês Zaccharie Risacher seguiu os passos do conterrâneo e foi o primeiro draftado. O ala de 2,06m foi selecionado pelo Atlanta Hawks. Mas quem tem expectativa de ser o “novo Webanyama” foi o segundo escolhido: Alexandre Sarr, francês de 2,16m, que foi para o Washington Wizards.

Wembanyama é o principal destaque da seleção francesa que disputa os jogos de Paris-2024. Foto: Maxime Gruss/AFP

Embiid e Jokic exemplos de astros do basquete que começaram ‘tarde’

Ainda que os projetos da CBB levem os nomes de atletas brasileiros, há dois exemplos de sucesso de jogadores estrangeiros que começaram a praticar o basquete tardiamente: o norte-americano Joel Embiid e o sérvio Nikola Jokic, ambos somam 4 prêmios de MVP da NBA.

Nascido em Camarões, Embiid tinha preferência por futebol e vôlei. Este último era visto como uma possível carreira para o jovem na Europa. Somente aos 15 anos que o basquete entrou na vida dele. O treinador, na época, lhe entregou um vídeo com lances de Hakeem Olajuwon, duas vezes campeão da NBA - e em ambas escolhido como melhor jogador das finais.

As jogadas e a história do jogador nascido na Nigéria e campeão olímpico com os Estados Unidos em Atlanta inspiraram Embiid. Aos 30 anos, hoje é ele que faz parte do Dream Team de basquete e atua no Philadelphia 76ers desde 2014, quando foi draftado.

“Meu sonho sempre foi sobre jogar nas Olimpíadas. Hakeem ter jogado pelos Estados Unidos, no momento em que você tem que tomar uma decisão, facilita, por alguém já ter feito antes. Especialmente por ser alguém com o nível dele. Sou feliz pela posição que ocupo e aproveito cada minuto”, disse Embiid em perfil divulgado pela seleção norte-americana.

Embiid integra a seleção dos Estados Unidos, que se prepara para Paris-2024. Foto: Steve Marcus/AP

A história de Jokic é diferente. O astro do Denver Nuggets começou incentivado pelo pai, aos 10 anos, mas largou a bola laranja. Ele queria ser um jóquei de corrida de cavalos e chegou até a limpar celeiros após treinos. Aos 15 anos, porém, Jokic decidiu dar uma nova chance ao basquete, inspirado por vídeos de Magic Johnson no YouTube.

Dois anos depois de retomar os treinos, o pivô estreou pelo Mega Basket, da Sérvia. Mesmo alto (hoje, aos 29, ele tem 2,11m), o jovem era fraco e precisou passar por programa de fortalecimento. Quando foi contratado pelo Denver Nuggets, da NBA, em 2015, Jokic novamente adaptou-se, mas no sentido de melhorar a alimentação e abdicar do refrigerante para emagrecer.

Embiid e Jokic mudaram são dois dos principais atletas da modalidade atualmente. Os dois vão se enfrentar na primeira fase dos Jogos Olímpicos de Paris. Além de Estados Unidos e Sérvia, o Grupo C conta com Sudão do Sul e Porto Rico. Em um amistoso preparatório disputado na quarta-feira, 17, os americanos venceram os sérvios por 105 a 79.

Jokic, do Denver Nuggets, está com a seleção sérvia que disputa os Jogos Olímpicos de Paris-2024. Foto: Giuseppe Cacace/AFP

Quem são Bruno Caboclo e Kamilla Cardoso

O ala do Partizan, da Sérvia, é de Pirapora do Bom Jesus, a cerca de 465 km da capital paulista. Ele começou a carreira no Pinheiros, mas teve pouco destaque em apenas 18 partidas, em 2013. Um ano depois, Caboclo estava na liga de desenvolvimento da NBA, no Raptors 905, franquia do time de Toronto que joga a liga principal.

O brasileiro entrou em quadra apenas 25 vezes e voltou para o nível de aprimoramento. O jogador assinou com o Sacramento Kings, no começo de 2018, mas seguiu na G League. Na época, ele já havia tido problemas, com um afastamento da seleção brasileira por indisciplina, mas retornou em 2019.

Após uma passagem pelo basquete francês, Caboclo voltou ao Brasil para defender o São Paulo. Ele foi um dos principais jogadores na conquista da Champions League Américas, em 2021/22. Entre outras movimentações na carreira, o brasileiro chegou ao Partizan. Aos 28 anos, ele teve média de 9,4 pontos, na temporada 2023/24.

Já Kamilla Cardoso é pivô de 22 anos recém draftada pelo Chicago Sky, da WNBA. Antes disso, ela foi bicampeã da NCAA (liga universitária) com o South Carolina. Natural de Montes Claros (MG), à 422 quilômetros de Belo Horizonte, Kamilla começou a carreira já no high school americano (nível equivalente ao Ensino Médio brasileiro), aos 15 anos.

Em seguida, veio um começo meteórico na carreira universitária, com o Boston College. No último ano na NCAA, Kamilla foi eleita a melhor jogadora do campeonato. Ela foi a terceira escolha do draft da WNBA 2024, superou Stephanie Soares, quarta escolha de 2023, e se tornou a brasileira mais bem colocada da história em seleções da liga.

Kamilla está na seleção brasileira desde 2021, quando foi bronze na Copa América de Basquetebol Feminino, em Porto Rico. O primeiro título representando o País veio em 2022, com o ouro Campeonato Sul-Americano de Basquete, em que ela foi eleita melhor jogadora, com média de 14,8 pontos, 11,4 rebotes e 2,6 bloqueios por jogo. Novamente na Copa América, ano passado, a pivô levou o Brasil ao título, mais uma vez eleita melhor do torneio e com impressionantes 20 pontos e 11 rebotes na vitória por 69 a 58 contra os Estados Unidos na final.

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