Suspenso pelo Brooklyn Nets por cinco partidas depois de divulgar um documentário com conteúdo antissemita nas redes sociais e desagradar a NBA após um pedido de desculpas considerado raso, Kyrie Irving publicou um novo texto de desculpas. Desta vez, foi mais enfático ao condenar as teorias expostas no filme, pediu perdão pela “dor causada” à comunidade judaica e disse que sua reação inicial foi “emocional”.
“Enquanto estava fazendo pesquisa sobre o YHWH (tetragrama hebraico que indica o nome próprio de Deus), eu compartilhei um documentário que apresenta algumas falsas declarações antissemitas e narrativas e linguagens inverídicas e ofensivas à raça/religião judia, e eu assumo total responsabilidade pelas minhas ações. Sou agradecido por ter uma grande plataforma para compartilhar conhecimento e gostaria de seguir adiante tendo um diálogo aberto para aprender mais e crescer a partir disso. A todas as famílias e comunidades judias que foram machucadas e afetadas pela minha postagem, eu sinto muito por ter causado sua dor e peço desculpas”, escreveu.
Irving também disse que faz questão de se posicionar contra o antissemitismo, por isso se exaltou ao ser “rotulado injustamente” como antissemita em vez de demonstrar empatia pelos judeus ofendidos. Também afirmou ter se arrependido de ter feito a publicação sem contextualizar e explicar “quais crenças específicas do documentário acreditava ou não”.
“Reagi por emoção ao ser injustamente rotulado de antissemita, em vez de focar no processo de cura dos meus irmão e irmãs judeus que foram machucados pelas declarações de ódio contidas no documentário. Eu gostaria de esclarecer qualquer confusão sobre onde me posiciono na luta contra o antissemitismo pedindo desculpas por postar o filme sem nenhum contexto e uma verdadeira explicação destacando que crenças específicas do documentário eu acreditava ou não. Não tenho nenhuma intenção de desrespeitar qualquer história cultural judia sobre o Holocausto ou perpetuar ódio”, disse.
O caso Kyrie Irving
A polêmica começou quando Irving publicou em sua página do Twitter um link para o filme “Hebrews to Negroes: Wake Up Black America”, baseado em livro com o mesmo título, do autor Ronald Dalton. A produção aponta judeus como responsáveis por uma conspiração para oprimir negros e defende que eles falsificaram a história do Holocausto para “esconder a própria natureza e proteger o status e o poder”.
Assim que a publicação foi feita, o armador recebeu muitas críticas, e o Brooklyn Nets se posicionou publicamente contra o conteúdo do filme. Irving defendeu a postagem e chegou a dizer que não iria desistir e que “a história não pode ser escondida de ninguém”. Em seguida, aceitou doar US$ 500 mil (cerca de 2,5 milhões) para fundações dedicadas ao combate à intolerância e se comprometeu a trabalhar com a Liga Antidiscriminação, ONG que luta contra o antissemitismo e outros tipos de preconceitos.
Também fez um primeiro pedido de desculpas, no qual disse “estar ciente do impacto negativo do post para a comunidade judaica” e “não querer prejudicar nenhum grupo, raça ou religião de pessoas”. A manifestação e postura do atleta foram consideradas rasas por Adam Silver, comissário da NBA, que se disse desapontado pelo fato de Irving “não ter oferecido um pedido de desculpas incondicional e não ter denunciado o vil e prejudicial conteúdo do filme”.
Pouco tempo depois da declaração de Silver, o Brooklyn Nets anunciou, na quinta-feira, a suspensão do armador por considerar que ele “não rejeitou o antissemitismo quando teve a oportunidade”. Então, Irving fez a nova publicação, em tom mais crítico ao conteúdo discriminatório do filme.