No final, os técnicos presunçosos (Maradona, Dunga, Domenech e Capello) foram atropelados pela própria positividade do jogo - que consiste em ir adiante, em tentar de tudo até o final, em sonhar com a diferença.
No final, o elegante técnico Van Marwijk (que tinha o sorriso cool e gestos que esbanjavam autocontrole), arrancou a medalha de prata do pescoço e mostrou-se um arrivista de segunda.
No final, os estereótipos nacionalistas foram demolidos pela eficiência de Gana (derrubando o rótulo de leniência da África), pela inventividade da Alemanha (os novos Meninos da Kleinstadt), pela truculência holandesa (terra outrora do futebol clássico de Cruyff e Davids), pela passividade argentina, pelo descontrole brasileiro.
No final, a arbitragem continuou frouxa, permitindo que quase tudo fosse permitido - do pescoço para baixo era canela.
No final, a disputa pelo terceiro lugar foi um jogo com mais vertigem, mais possibilidades, mais heroísmo, mais brilhantismo - e foi de lá que saíram a revelação e o melhor jogador do Mundial.
No final, por falta de alternativa, torcemos pela laboriosa Espanha.
No final, o atacante marrento que envelhece precocemente (Robben, o Benjamim Button do futebol, que tem 26 anos mas parece que tem 50) falhou na jogada em que se mostrava mais letal até então.
No final, tudo veio de onde menos se esperava: Fernando Torres, o atacante inofensivo da Espanha, regiamente patrocinado por El Corte Inglés, fez o passe que definiu o título da Copa do Mundo.
No final, um País inteiro pode soltar o grito de gol da garganta. Nós, que conhecemos tão bem a sensação, não poderíamos deixar de nos alegrar por eles.
No final, não ficamos tão decepcionados. Ficamos meio decepcionados, digamos assim.
No final, triunfou acima de tudo a perna direita do goleiro (que evitou o gol de Robben).
E que festa bonita roja em Madri, amigos!