Brasileiro com ‘braço’ de US$ 1 milhão supera lesão e se aproxima da MLB


Eric Pardinho deve reforçar Toronto Blue Jays em 2 meses, 7 anos após assinar contrato milionário

Por Leonardo Catto
Atualização:

Eric Pardinho será o próximo brasileiro na Major League Baseball, a liga norte-americana e a maior do mundo no esporte. Ele vai estrear pelo Toronto Blue Jays entre julho e setembro, quatro anos após assinar o maior contrato de um atleta do Brasil na MLB, aos 16 anos, por US$ 1 milhão (R$ 5 milhões, na época). O acordo lhe rendeu o apelido de “one million arm” (braço de um milhão) na imprensa norte-americana.

Aos 23, Pardinho foi promovido ao Buffalo Bisons, no começo de junho. O time é da categoria chamada Triple A, apenas um nível abaixo em relação à MLB. O arremessador jogava no Fisher Cats, do Double A. Ambos são filias dos Blue Jays. A próxima promoção depende do desempenho do atleta no atual campeonato e é prevista para acontecer em até dois meses. Ao final da temporada, outro clube da MLB pode oferecer uma proposta ao jogador.

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Diferente das categorias de base do futebol, por exemplo, os níveis A, AA e AAA (single, double e triple A) do beisebol são divididos por nível técnico e não por idade. Por isso, é mais comum que atletas cheguem à Major League por volta dos 26 anos, bem mais tarde do que a profissionalização de um jogador do outro esporte.

Eric Pardinho, arremessador brasileiro, foi promovido ao último nível antes da MLB, a maior liga de beisebol do mundo. Foto: Kristin Basnett/Divulgação

A rotina é puxada, com apenas uma folga durante a semana. A dificuldade, maior. “A questão nem é estar bem preparado, mas sentir que o nível é diferente. A experiência dos batedores também. Muito já passaram pela Major”, conta Pardinho ao ‘Estadão’ sobre os primeiros jogos

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O momento do brasileiro é fruto de um 2023 em que ele se provou diferente. Pardinho integrou o time brasileiro que fez história ao conquistar a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Santiago. Já nos Estados Unidos, ainda disputando no Single A, ele fechou o jogo que deu o título da liga na categoria.

“Fazia sete anos que não representava o Brasil, por lesões ou por não poder ser liberado por compromissos com o time. Tinha esquecido aquele sentimento de jogar pelo Brasil. Quando fui para o Pan, representar o País, foi sensacional. Estou ansioso para ir de novo”, projeta. No final de junho, a seleção brasileira disputou dois amistosos contra a Argentina para celebrar a reinauguração do Estádio Municipal de Beisebol Mie Nishi, no Bom Retiro, em São Paulo. Pardinho não pôde participar.

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Promovido ao Double, o atleta começou 2024 com destaque na estatística mais importante para arremessadores: corridas cedidas (pontuação sofrida) a cada nove entradas (um jogo completo), o chamado ERA, na sigla em inglês. Uma entrada é contabilizada para um lançador a cada três adversários eliminados por ele. Até ser promovido aos Bisons, Pardinho tinha 26,2 entradas e somente três corridas cedidas. Isso lhe rendeu um ERA de 1,01, índice, proporcional aos melhores da posição na MLB. A melhor marca na liga é de Seth Lugo, do Kansas City Royals, com 2,17.

Pardinho integrou a seleção brasileira medalhista de prata no Pan-Americano 2023, em Santiago, no Chile. Foto: Miriam Jeske/COB

Contrato recorde, cirurgia e recuperação

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O valor pago ao garoto superou os US$ 880 mil recebidos pelo lançador brasileiro Luiz Gohara, do Seattle Mariners, em 2012. Após assinar com os Blue Jays, Pardinho foi eleito um dos 100 melhores prospectos da liga e correspondeu, no campo, nas temporadas 2018 e 2019. O momento vivido atualmente, porém, sucede uma recuperação. Ao final de 2019, o prodígio sofreu com problemas no ligamento colateral ulnar, no cotovelo, comum a arremessadores.

A solução é cirúrgica, em uma operação que ganhou o nome de Tommy John, por o lançador ter sido o primeiro a ter o tendão reconstruído, em 1974, e voltar a jogar em alto nível. Era começo de 2020 quando Pardinho passou pelo procedimento. O período de recuperação envolveu a pandemia, quando o jovem ficou sozinho, morando em um hotel, nos Estados Unidos. A volta ao esporte foi somente em 2021, mas abaixo do nível que estava antes. Mesmo em 2022, o desempenho ainda não era satisfatório.

Parar não era opção. “Nunca tive plano B. Meus pais, meus amigos me ajudaram a entender que ‘vai passar’”, relembra. A descrição desses anos mostra a frustração: “No começo da temporada (2021), esperava voltar super bem da cirurgia. ‘Perdi’ dois anos e meio da minha carreira. Estava fazendo fisioterapia e academia, não jogando beisebol. Não estava sendo divertido”, lamenta.

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Expectativa é que jovem chegue ao nível profissional até setembro deste ano. Foto: Kristin Basnett/Divulgação

Hoje, ele analisa que tirou aprendizados disso. “Fui andando devagar, mas para frente. Não voltei para trás. Uma coisa nunca é mil maravilhas. Pode ter bons momentos, por um bom tempo. Mas é quando mais você tem que se preocupar. Para o tombo não ser tão grande, você estar preparado”, reflete.

‘Perdi’ dois anos e meio da minha carreira. Estava fazendo fisioterapia e academia, não jogando beisebol. Não estava sendo divertido

Eric Pardinho, promessa brasileira do beisebol, sobre lesão e cirurgia

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A virada foi a partir do ano passado, quando Pardinho voltou a figurar entre os destaques do esporte. Exemplo disso é a velocidade do arremesso. Aos 15 anos, ele já fazia a bola voar a 150 km/h (95 milhas por hora), média de um arremessador profissional. Agora, o brasileiro já bateu 159 km/h (99 milhas por hora).

Começo incentivado pelo pai

O responsável pelo início de Eric no esporte foi o pai, Evandro Pardinho. Em 2007, ele levou o filho de seis anos a um campo de beisebol. Pouco menos de 20 anos depois, o pai relata a trajetória do garoto com orgulho. Como foi no início, Evandro se coloca junto do filho.

“Cada liga que ele sobe, muda o jeito de jogar e pensar. Na liga anterior, ele dominou. Agora, tem mais dificuldade, contra mais experientes. Já traçamos metas e modelos de arremessos novos. Isso já acontece”, afirma.

O orgulho, para o pai, não será só dele quando Eric chegar à MLB, mas de todo os brasileiros fãs do esporte. “Ele está jogando bem, sabe o que quer, é inteligente, disciplinado. A dificuldade fez ele crescer muito. São sete anos nos Estados Unidos A demora que teve para voltar, o ano passado bem. É uma junção de tudo para fazer um novo recomeço. Chegando lá, ele vai fazer um papel muito importante representando nosso País”, projeta,

Até agora, foram cinco jogos com os Bisons. Em 16 de julho, ocorre o All Star Break da MLB, uma partida com os principais astros da liga. Um cenário otimista prevê que Pardinho integre o elenco profissional depois desta data. Em uma perspectiva mais conservadora, estima a promoção para setembro.

Os Blues Jays são o único clube do Canadá na liga dos Estados Unidos, o que gera mais pressão por parte da torcida. Há um clamor para que o brasileiro seja promovido logo. Ele confessa que busca evitar acompanhar os comentários nas redes sociais. Caso procurasse, veria que até mesmo quem não torce para a franquia espera vê-lo na MLB. Quando o brasileiro de fato estrear, vai ser difícil torcer contra.

Eric Pardinho será o próximo brasileiro na Major League Baseball, a liga norte-americana e a maior do mundo no esporte. Ele vai estrear pelo Toronto Blue Jays entre julho e setembro, quatro anos após assinar o maior contrato de um atleta do Brasil na MLB, aos 16 anos, por US$ 1 milhão (R$ 5 milhões, na época). O acordo lhe rendeu o apelido de “one million arm” (braço de um milhão) na imprensa norte-americana.

Aos 23, Pardinho foi promovido ao Buffalo Bisons, no começo de junho. O time é da categoria chamada Triple A, apenas um nível abaixo em relação à MLB. O arremessador jogava no Fisher Cats, do Double A. Ambos são filias dos Blue Jays. A próxima promoção depende do desempenho do atleta no atual campeonato e é prevista para acontecer em até dois meses. Ao final da temporada, outro clube da MLB pode oferecer uma proposta ao jogador.

Diferente das categorias de base do futebol, por exemplo, os níveis A, AA e AAA (single, double e triple A) do beisebol são divididos por nível técnico e não por idade. Por isso, é mais comum que atletas cheguem à Major League por volta dos 26 anos, bem mais tarde do que a profissionalização de um jogador do outro esporte.

Eric Pardinho, arremessador brasileiro, foi promovido ao último nível antes da MLB, a maior liga de beisebol do mundo. Foto: Kristin Basnett/Divulgação

A rotina é puxada, com apenas uma folga durante a semana. A dificuldade, maior. “A questão nem é estar bem preparado, mas sentir que o nível é diferente. A experiência dos batedores também. Muito já passaram pela Major”, conta Pardinho ao ‘Estadão’ sobre os primeiros jogos

O momento do brasileiro é fruto de um 2023 em que ele se provou diferente. Pardinho integrou o time brasileiro que fez história ao conquistar a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Santiago. Já nos Estados Unidos, ainda disputando no Single A, ele fechou o jogo que deu o título da liga na categoria.

“Fazia sete anos que não representava o Brasil, por lesões ou por não poder ser liberado por compromissos com o time. Tinha esquecido aquele sentimento de jogar pelo Brasil. Quando fui para o Pan, representar o País, foi sensacional. Estou ansioso para ir de novo”, projeta. No final de junho, a seleção brasileira disputou dois amistosos contra a Argentina para celebrar a reinauguração do Estádio Municipal de Beisebol Mie Nishi, no Bom Retiro, em São Paulo. Pardinho não pôde participar.

Promovido ao Double, o atleta começou 2024 com destaque na estatística mais importante para arremessadores: corridas cedidas (pontuação sofrida) a cada nove entradas (um jogo completo), o chamado ERA, na sigla em inglês. Uma entrada é contabilizada para um lançador a cada três adversários eliminados por ele. Até ser promovido aos Bisons, Pardinho tinha 26,2 entradas e somente três corridas cedidas. Isso lhe rendeu um ERA de 1,01, índice, proporcional aos melhores da posição na MLB. A melhor marca na liga é de Seth Lugo, do Kansas City Royals, com 2,17.

Pardinho integrou a seleção brasileira medalhista de prata no Pan-Americano 2023, em Santiago, no Chile. Foto: Miriam Jeske/COB

Contrato recorde, cirurgia e recuperação

O valor pago ao garoto superou os US$ 880 mil recebidos pelo lançador brasileiro Luiz Gohara, do Seattle Mariners, em 2012. Após assinar com os Blue Jays, Pardinho foi eleito um dos 100 melhores prospectos da liga e correspondeu, no campo, nas temporadas 2018 e 2019. O momento vivido atualmente, porém, sucede uma recuperação. Ao final de 2019, o prodígio sofreu com problemas no ligamento colateral ulnar, no cotovelo, comum a arremessadores.

A solução é cirúrgica, em uma operação que ganhou o nome de Tommy John, por o lançador ter sido o primeiro a ter o tendão reconstruído, em 1974, e voltar a jogar em alto nível. Era começo de 2020 quando Pardinho passou pelo procedimento. O período de recuperação envolveu a pandemia, quando o jovem ficou sozinho, morando em um hotel, nos Estados Unidos. A volta ao esporte foi somente em 2021, mas abaixo do nível que estava antes. Mesmo em 2022, o desempenho ainda não era satisfatório.

Parar não era opção. “Nunca tive plano B. Meus pais, meus amigos me ajudaram a entender que ‘vai passar’”, relembra. A descrição desses anos mostra a frustração: “No começo da temporada (2021), esperava voltar super bem da cirurgia. ‘Perdi’ dois anos e meio da minha carreira. Estava fazendo fisioterapia e academia, não jogando beisebol. Não estava sendo divertido”, lamenta.

Expectativa é que jovem chegue ao nível profissional até setembro deste ano. Foto: Kristin Basnett/Divulgação

Hoje, ele analisa que tirou aprendizados disso. “Fui andando devagar, mas para frente. Não voltei para trás. Uma coisa nunca é mil maravilhas. Pode ter bons momentos, por um bom tempo. Mas é quando mais você tem que se preocupar. Para o tombo não ser tão grande, você estar preparado”, reflete.

‘Perdi’ dois anos e meio da minha carreira. Estava fazendo fisioterapia e academia, não jogando beisebol. Não estava sendo divertido

Eric Pardinho, promessa brasileira do beisebol, sobre lesão e cirurgia

A virada foi a partir do ano passado, quando Pardinho voltou a figurar entre os destaques do esporte. Exemplo disso é a velocidade do arremesso. Aos 15 anos, ele já fazia a bola voar a 150 km/h (95 milhas por hora), média de um arremessador profissional. Agora, o brasileiro já bateu 159 km/h (99 milhas por hora).

Começo incentivado pelo pai

O responsável pelo início de Eric no esporte foi o pai, Evandro Pardinho. Em 2007, ele levou o filho de seis anos a um campo de beisebol. Pouco menos de 20 anos depois, o pai relata a trajetória do garoto com orgulho. Como foi no início, Evandro se coloca junto do filho.

“Cada liga que ele sobe, muda o jeito de jogar e pensar. Na liga anterior, ele dominou. Agora, tem mais dificuldade, contra mais experientes. Já traçamos metas e modelos de arremessos novos. Isso já acontece”, afirma.

O orgulho, para o pai, não será só dele quando Eric chegar à MLB, mas de todo os brasileiros fãs do esporte. “Ele está jogando bem, sabe o que quer, é inteligente, disciplinado. A dificuldade fez ele crescer muito. São sete anos nos Estados Unidos A demora que teve para voltar, o ano passado bem. É uma junção de tudo para fazer um novo recomeço. Chegando lá, ele vai fazer um papel muito importante representando nosso País”, projeta,

Até agora, foram cinco jogos com os Bisons. Em 16 de julho, ocorre o All Star Break da MLB, uma partida com os principais astros da liga. Um cenário otimista prevê que Pardinho integre o elenco profissional depois desta data. Em uma perspectiva mais conservadora, estima a promoção para setembro.

Os Blues Jays são o único clube do Canadá na liga dos Estados Unidos, o que gera mais pressão por parte da torcida. Há um clamor para que o brasileiro seja promovido logo. Ele confessa que busca evitar acompanhar os comentários nas redes sociais. Caso procurasse, veria que até mesmo quem não torce para a franquia espera vê-lo na MLB. Quando o brasileiro de fato estrear, vai ser difícil torcer contra.

Eric Pardinho será o próximo brasileiro na Major League Baseball, a liga norte-americana e a maior do mundo no esporte. Ele vai estrear pelo Toronto Blue Jays entre julho e setembro, quatro anos após assinar o maior contrato de um atleta do Brasil na MLB, aos 16 anos, por US$ 1 milhão (R$ 5 milhões, na época). O acordo lhe rendeu o apelido de “one million arm” (braço de um milhão) na imprensa norte-americana.

Aos 23, Pardinho foi promovido ao Buffalo Bisons, no começo de junho. O time é da categoria chamada Triple A, apenas um nível abaixo em relação à MLB. O arremessador jogava no Fisher Cats, do Double A. Ambos são filias dos Blue Jays. A próxima promoção depende do desempenho do atleta no atual campeonato e é prevista para acontecer em até dois meses. Ao final da temporada, outro clube da MLB pode oferecer uma proposta ao jogador.

Diferente das categorias de base do futebol, por exemplo, os níveis A, AA e AAA (single, double e triple A) do beisebol são divididos por nível técnico e não por idade. Por isso, é mais comum que atletas cheguem à Major League por volta dos 26 anos, bem mais tarde do que a profissionalização de um jogador do outro esporte.

Eric Pardinho, arremessador brasileiro, foi promovido ao último nível antes da MLB, a maior liga de beisebol do mundo. Foto: Kristin Basnett/Divulgação

A rotina é puxada, com apenas uma folga durante a semana. A dificuldade, maior. “A questão nem é estar bem preparado, mas sentir que o nível é diferente. A experiência dos batedores também. Muito já passaram pela Major”, conta Pardinho ao ‘Estadão’ sobre os primeiros jogos

O momento do brasileiro é fruto de um 2023 em que ele se provou diferente. Pardinho integrou o time brasileiro que fez história ao conquistar a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Santiago. Já nos Estados Unidos, ainda disputando no Single A, ele fechou o jogo que deu o título da liga na categoria.

“Fazia sete anos que não representava o Brasil, por lesões ou por não poder ser liberado por compromissos com o time. Tinha esquecido aquele sentimento de jogar pelo Brasil. Quando fui para o Pan, representar o País, foi sensacional. Estou ansioso para ir de novo”, projeta. No final de junho, a seleção brasileira disputou dois amistosos contra a Argentina para celebrar a reinauguração do Estádio Municipal de Beisebol Mie Nishi, no Bom Retiro, em São Paulo. Pardinho não pôde participar.

Promovido ao Double, o atleta começou 2024 com destaque na estatística mais importante para arremessadores: corridas cedidas (pontuação sofrida) a cada nove entradas (um jogo completo), o chamado ERA, na sigla em inglês. Uma entrada é contabilizada para um lançador a cada três adversários eliminados por ele. Até ser promovido aos Bisons, Pardinho tinha 26,2 entradas e somente três corridas cedidas. Isso lhe rendeu um ERA de 1,01, índice, proporcional aos melhores da posição na MLB. A melhor marca na liga é de Seth Lugo, do Kansas City Royals, com 2,17.

Pardinho integrou a seleção brasileira medalhista de prata no Pan-Americano 2023, em Santiago, no Chile. Foto: Miriam Jeske/COB

Contrato recorde, cirurgia e recuperação

O valor pago ao garoto superou os US$ 880 mil recebidos pelo lançador brasileiro Luiz Gohara, do Seattle Mariners, em 2012. Após assinar com os Blue Jays, Pardinho foi eleito um dos 100 melhores prospectos da liga e correspondeu, no campo, nas temporadas 2018 e 2019. O momento vivido atualmente, porém, sucede uma recuperação. Ao final de 2019, o prodígio sofreu com problemas no ligamento colateral ulnar, no cotovelo, comum a arremessadores.

A solução é cirúrgica, em uma operação que ganhou o nome de Tommy John, por o lançador ter sido o primeiro a ter o tendão reconstruído, em 1974, e voltar a jogar em alto nível. Era começo de 2020 quando Pardinho passou pelo procedimento. O período de recuperação envolveu a pandemia, quando o jovem ficou sozinho, morando em um hotel, nos Estados Unidos. A volta ao esporte foi somente em 2021, mas abaixo do nível que estava antes. Mesmo em 2022, o desempenho ainda não era satisfatório.

Parar não era opção. “Nunca tive plano B. Meus pais, meus amigos me ajudaram a entender que ‘vai passar’”, relembra. A descrição desses anos mostra a frustração: “No começo da temporada (2021), esperava voltar super bem da cirurgia. ‘Perdi’ dois anos e meio da minha carreira. Estava fazendo fisioterapia e academia, não jogando beisebol. Não estava sendo divertido”, lamenta.

Expectativa é que jovem chegue ao nível profissional até setembro deste ano. Foto: Kristin Basnett/Divulgação

Hoje, ele analisa que tirou aprendizados disso. “Fui andando devagar, mas para frente. Não voltei para trás. Uma coisa nunca é mil maravilhas. Pode ter bons momentos, por um bom tempo. Mas é quando mais você tem que se preocupar. Para o tombo não ser tão grande, você estar preparado”, reflete.

‘Perdi’ dois anos e meio da minha carreira. Estava fazendo fisioterapia e academia, não jogando beisebol. Não estava sendo divertido

Eric Pardinho, promessa brasileira do beisebol, sobre lesão e cirurgia

A virada foi a partir do ano passado, quando Pardinho voltou a figurar entre os destaques do esporte. Exemplo disso é a velocidade do arremesso. Aos 15 anos, ele já fazia a bola voar a 150 km/h (95 milhas por hora), média de um arremessador profissional. Agora, o brasileiro já bateu 159 km/h (99 milhas por hora).

Começo incentivado pelo pai

O responsável pelo início de Eric no esporte foi o pai, Evandro Pardinho. Em 2007, ele levou o filho de seis anos a um campo de beisebol. Pouco menos de 20 anos depois, o pai relata a trajetória do garoto com orgulho. Como foi no início, Evandro se coloca junto do filho.

“Cada liga que ele sobe, muda o jeito de jogar e pensar. Na liga anterior, ele dominou. Agora, tem mais dificuldade, contra mais experientes. Já traçamos metas e modelos de arremessos novos. Isso já acontece”, afirma.

O orgulho, para o pai, não será só dele quando Eric chegar à MLB, mas de todo os brasileiros fãs do esporte. “Ele está jogando bem, sabe o que quer, é inteligente, disciplinado. A dificuldade fez ele crescer muito. São sete anos nos Estados Unidos A demora que teve para voltar, o ano passado bem. É uma junção de tudo para fazer um novo recomeço. Chegando lá, ele vai fazer um papel muito importante representando nosso País”, projeta,

Até agora, foram cinco jogos com os Bisons. Em 16 de julho, ocorre o All Star Break da MLB, uma partida com os principais astros da liga. Um cenário otimista prevê que Pardinho integre o elenco profissional depois desta data. Em uma perspectiva mais conservadora, estima a promoção para setembro.

Os Blues Jays são o único clube do Canadá na liga dos Estados Unidos, o que gera mais pressão por parte da torcida. Há um clamor para que o brasileiro seja promovido logo. Ele confessa que busca evitar acompanhar os comentários nas redes sociais. Caso procurasse, veria que até mesmo quem não torce para a franquia espera vê-lo na MLB. Quando o brasileiro de fato estrear, vai ser difícil torcer contra.

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