COI abre os olhos para os eSports e planeja inclusão nos Jogos Olímpicos a partir de 2028


Entidade realizará primeira semana da categoria neste ano, em Cingapura, e ressalta que privilegiará os esportes virtuais que estimulem exercício físico para entrar no programa olímpico

Por Murillo César Alves
Atualização:

Palco para discussões há anos, os eSports estão mais próximos de entrar no ciclo olímpico do que nunca. Nesta quarta-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anuncia o programa e série de esportes eletrônicos olímpicos em 2023, com nove modalidades. Segundo o próprio COI, essa é uma oportunidade de “expandir os valores olímpicos entre os mais jovens” e incluir os eSports no programa dos Jogos.

Em apresentação reservada a poucos jornalistas na última semana, Kit McConnell, diretor de eSports, e Vincent Pereira, head de esportes virtuais e games do COI, apresentaram os planos da entidade para 2023 e o eSports Olímpicos Séries 2023. Com início a partir de março, o programa contará com a 1ª Semana Olímpica de eSports em Cingapura na metade de 2023 como palco para as finais, entre 22 e 25 de junho. É a primeira oportunidade, em escala mundial, de incluir os games em uma realidade olímpica.

“Cingapura está no auge da inovação na Ásia e é um forte parceiro do movimento olímpico há muitos anos. Eles organizaram os primeiros Jogos Olímpicos da Juventude, em 2011, e esse relacionamento é um dos motivos que nos levaram à Ásia”, afirma McConnell. Com o apoio do Ministério da Cultura, Comunidade e Juventude, Esportes de Cingapura e o Comitê Olímpico Nacional de Cingapura, o COI encontrou no Sudeste Asiático a possibilidade de iniciar esse crescimento dos eSports dentro dos Jogos Olímpicos.

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Kit McConell é CEO de eSsports do COI Foto: Divulgacao/COI

De acordo com o COI, mais de 350 milhões de pessoas ao redor do mundo consomem ou praticam algum esporte eletrônico. Em 2021, quando foi realizado a última série dos eSports olímpicos, mais de 250 mil atletas competiram. Esses números foram impulsionados pelo pandemia da covid-19 e os lockdowns impostos ao redor do mundo. Esportes virtuais, como o ciclismo, se tornaram possibilidades para os atletas manterem o preparo físico durante o isolamento.

Nesse primeiro momento, serão nove modalidades de eSports: ciclismo, beisebol, dança, caratê, xadrez, automobilismo, vela, tênis e arco e flecha. Todos têm em comum a parceria com federações internacionais e as desenvolvedoras dos jogos - Ubisoft, com o JustDance, é um dos exemplos. “Desenvolver o interesse e o crescimento dos eSports é um dos pilares da nossa agenda olímpica, de 2020 adiante”, explica Pereira.

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Confira a lista de eSports, federações e jogos parceiros do COI

  • Arco e Flecha (Federação Mudial de Tiro com Arco, Tic Tac Bow)
  • Beisebol (Confederação Mundial de Softbol de Beisebol, WBSC eBASEBALL™: POWER PROS)
  • Xadrez (Federação Internacional de Xadrez, Chess.com)
  • Ciclismo (UCI WorldTour, Zwift)
  • Vela (Federação Internacional de Vela, Virtual Regatta)
  • Tênis (Federação Internacional de Tênis, Tennis Clash)
  • Dança (World DanceSport Federation, JustDance)
  • Taekwondo (World Taekwondo, Virtual Taekwondo)
  • Automobilismo (FIA, Gran Turismo)

Em uma possível ingresso nos Jogos Olímpicos, o COI ainda prioriza eSports que incentivem a atividade física. Jogos tradicionais, como FIFA, League of Legends e CS:GO, podem participar no futuro dessa série olímpica, mas algumas mudanças seriam necessárias. Em especial, a existência de uma federação internacional que comande a modalidade. “As portas estão aberta a todas as modalidades, desde que reflitam os valores olímpicos e tenham uma federação internacional. O COI está pronto para novas parcerias”, explica Pereira ao Estadão.

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Com o cronograma para os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, já definido, os eSports podem aparecer a partir de 2028, quando Los Angeles será a sede da competição. “O caminho para a inclusão das modalidades na Olimpíada está aberto, mas somente para aquelas modalidades que estimulem a prática física”, ressalta o diretor de eSports do COI ao Estadão. Das nove modalidades, apenas o xadrez - que ainda não é considerado um esporte olímpico em sua versão original - não estimula a prática física.

Além de valores olímpicos, é uma oportunidade de expandir os Jogos para uma nova geração. Ao longo dos últimos anos, a Olimpíada perdeu audiência na televisão e no streaming. Em 2012, 3,6 bilhões de pessoas acompanharam os Jogos de Londres; em 2021, este número caiu para pouco mais de 3 bilhões em Tóquio.

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Esportes como o beisebol, em Tóquio, e o street dance, em Paris no próximo ano, têm como objetivo atrair um público jovem ao Jogos. “As Olimpíadas continuam sendo o evento esportivo mais popular do planeta. Estamos construindo um grande sucesso, mas usando novos esportes para alcançar novos públicos. Esse foco é trazer os jovens para o movimento olímpico”, explica McConnell. O mesmo, segundo o COI, deve acontecer com os eSports. mas ainda há um obstáculo: facilitar o acesso à tecnologia, de forma semelhante, nas mais variadas partes do globo.

Simulação virtual da vela será um dos eSports do ciclo olímpico do COI. Foto: COI/Divulgação

Em países classificados pela ONU como desenvolvidos, cerca de 90% da população, em média, está conectada. Já nos países em desenvolvimento, essa taxa cai para 57%. E nos países mais vulneráveis em termos socioeconômicos — os classificados como least developed countries, ou países menos desenvolvidos —, apenas 27% da população tem acesso à internet. É o caso das Nações africanas e da própria Ásia.

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Smartphones e investimentos nas escolas

“É uma longa jornada e isso fará parte de nossa estratégia de longo prazo (incluir todos os países no programa)”, afirma McConnell. Um dos planos do COI é de, ao longo dos próximos anos, incentivar o acesso à tecnologia e, consequentemente, aos esportes eletrônicos. Alguns meios, citados pelo diretor do COI, são os smartphones e os investimentos nas escolas.

“(Os smartphones) podem ser a melhor combinação que podemos ter entre flexibilidade, inclusão e diversidade. E também é por isso que temos jogos para celular, por exemplo, que podem ser muito populares na África, onde o celular é mais acessível do que consoles e equipamentos”, afirma. Para próximas edições da série de eSports olímpicos, as federações já discutem as inclusões desses jogos.

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David Lappartient, presidente do Grupo de eSports do COI, afirmou que o movimento olímpico é uma oportunidade de unir o mundo - e os esportes virtuais se enquadram nessa esfera. “O eSports Olímpico Séries 2023 é a continuação disso, com a ambição de criar mais espaços de jogo para jogadores e fãs do campeonato de elite. Estamos ansiosos para testemunhar algumas das melhores competições do mundo, assim como explorar juntos oportunidades e lições compartilhadas – em saúde, bem-estar, treinamento e inovação”, contou.

Igor Fraga

“Ser tratado como um atleta olímpico trará mais peso para a nossa profissão.” Igor Fraga é um dos milhares de atletas de eSports. Aos 22 anos, foi um dos finalistas da série de Gran Turismo em 2021, promovida pelo COI, e competiu na Fórmula 3. Com experiência no “real e no virtual”, o piloto se mostra satisfeito com a atenção que o COI começa a dar aos eSports.

“Entre o real e o virtual, a única diferença é a questão física, porque o atleta de eSports tem o mesmo preparo mental e a dedicação que um piloto, sem contar a pressão.” Nascido no Japão, Fraga iniciou sua carreira no automobilismo ainda no kart, na infância, incentivado por seus pais.

Em uma competição de Gran Turismo, Fraga conta que realiza uma série de corridas no mesmo dia. “Na preparação, são até 10 horas para atingir o melhor rendimento possível. Geralmente são quatro corridas no mesmo dia, nas quais eu preciso ter a melhor estratégia para cada uma”, afirma ao Estadão.

Igor Fraga disputa nos eSports com o jogo Gran Turismo. Foto: Divulgação/COI

Recentemente, a ministra dos Esportes, Ana Moser, reacendeu a polêmica quanto aos eSports não serem considerados como esportes em seu governo. Para Fraga, essa visão desvaloriza sua própria profissão. “A única diferença entre os esportes é a parte física dos atletas. A gente não tá ‘brincando’ nos eSports, tem muita gente levando a sério e é muito real”, afirma. “Nós analisamos nossos erros a cada corrida, assim como um piloto da Fórmula 1 e se dedica ao máximo.”

Igor Fraga irá competir na série de eSports do COI, que começa nesta quarta-feira. O programa completo e detalhes para os ingressos para a semana olímpica de E-sports Séries 2023, que acontece em Cingapura, serão revelados em abril pelo Comitê Olímpico Internacional.

Palco para discussões há anos, os eSports estão mais próximos de entrar no ciclo olímpico do que nunca. Nesta quarta-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anuncia o programa e série de esportes eletrônicos olímpicos em 2023, com nove modalidades. Segundo o próprio COI, essa é uma oportunidade de “expandir os valores olímpicos entre os mais jovens” e incluir os eSports no programa dos Jogos.

Em apresentação reservada a poucos jornalistas na última semana, Kit McConnell, diretor de eSports, e Vincent Pereira, head de esportes virtuais e games do COI, apresentaram os planos da entidade para 2023 e o eSports Olímpicos Séries 2023. Com início a partir de março, o programa contará com a 1ª Semana Olímpica de eSports em Cingapura na metade de 2023 como palco para as finais, entre 22 e 25 de junho. É a primeira oportunidade, em escala mundial, de incluir os games em uma realidade olímpica.

“Cingapura está no auge da inovação na Ásia e é um forte parceiro do movimento olímpico há muitos anos. Eles organizaram os primeiros Jogos Olímpicos da Juventude, em 2011, e esse relacionamento é um dos motivos que nos levaram à Ásia”, afirma McConnell. Com o apoio do Ministério da Cultura, Comunidade e Juventude, Esportes de Cingapura e o Comitê Olímpico Nacional de Cingapura, o COI encontrou no Sudeste Asiático a possibilidade de iniciar esse crescimento dos eSports dentro dos Jogos Olímpicos.

Kit McConell é CEO de eSsports do COI Foto: Divulgacao/COI

De acordo com o COI, mais de 350 milhões de pessoas ao redor do mundo consomem ou praticam algum esporte eletrônico. Em 2021, quando foi realizado a última série dos eSports olímpicos, mais de 250 mil atletas competiram. Esses números foram impulsionados pelo pandemia da covid-19 e os lockdowns impostos ao redor do mundo. Esportes virtuais, como o ciclismo, se tornaram possibilidades para os atletas manterem o preparo físico durante o isolamento.

Nesse primeiro momento, serão nove modalidades de eSports: ciclismo, beisebol, dança, caratê, xadrez, automobilismo, vela, tênis e arco e flecha. Todos têm em comum a parceria com federações internacionais e as desenvolvedoras dos jogos - Ubisoft, com o JustDance, é um dos exemplos. “Desenvolver o interesse e o crescimento dos eSports é um dos pilares da nossa agenda olímpica, de 2020 adiante”, explica Pereira.

Confira a lista de eSports, federações e jogos parceiros do COI

  • Arco e Flecha (Federação Mudial de Tiro com Arco, Tic Tac Bow)
  • Beisebol (Confederação Mundial de Softbol de Beisebol, WBSC eBASEBALL™: POWER PROS)
  • Xadrez (Federação Internacional de Xadrez, Chess.com)
  • Ciclismo (UCI WorldTour, Zwift)
  • Vela (Federação Internacional de Vela, Virtual Regatta)
  • Tênis (Federação Internacional de Tênis, Tennis Clash)
  • Dança (World DanceSport Federation, JustDance)
  • Taekwondo (World Taekwondo, Virtual Taekwondo)
  • Automobilismo (FIA, Gran Turismo)

Em uma possível ingresso nos Jogos Olímpicos, o COI ainda prioriza eSports que incentivem a atividade física. Jogos tradicionais, como FIFA, League of Legends e CS:GO, podem participar no futuro dessa série olímpica, mas algumas mudanças seriam necessárias. Em especial, a existência de uma federação internacional que comande a modalidade. “As portas estão aberta a todas as modalidades, desde que reflitam os valores olímpicos e tenham uma federação internacional. O COI está pronto para novas parcerias”, explica Pereira ao Estadão.

Com o cronograma para os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, já definido, os eSports podem aparecer a partir de 2028, quando Los Angeles será a sede da competição. “O caminho para a inclusão das modalidades na Olimpíada está aberto, mas somente para aquelas modalidades que estimulem a prática física”, ressalta o diretor de eSports do COI ao Estadão. Das nove modalidades, apenas o xadrez - que ainda não é considerado um esporte olímpico em sua versão original - não estimula a prática física.

Além de valores olímpicos, é uma oportunidade de expandir os Jogos para uma nova geração. Ao longo dos últimos anos, a Olimpíada perdeu audiência na televisão e no streaming. Em 2012, 3,6 bilhões de pessoas acompanharam os Jogos de Londres; em 2021, este número caiu para pouco mais de 3 bilhões em Tóquio.

Esportes como o beisebol, em Tóquio, e o street dance, em Paris no próximo ano, têm como objetivo atrair um público jovem ao Jogos. “As Olimpíadas continuam sendo o evento esportivo mais popular do planeta. Estamos construindo um grande sucesso, mas usando novos esportes para alcançar novos públicos. Esse foco é trazer os jovens para o movimento olímpico”, explica McConnell. O mesmo, segundo o COI, deve acontecer com os eSports. mas ainda há um obstáculo: facilitar o acesso à tecnologia, de forma semelhante, nas mais variadas partes do globo.

Simulação virtual da vela será um dos eSports do ciclo olímpico do COI. Foto: COI/Divulgação

Em países classificados pela ONU como desenvolvidos, cerca de 90% da população, em média, está conectada. Já nos países em desenvolvimento, essa taxa cai para 57%. E nos países mais vulneráveis em termos socioeconômicos — os classificados como least developed countries, ou países menos desenvolvidos —, apenas 27% da população tem acesso à internet. É o caso das Nações africanas e da própria Ásia.

Smartphones e investimentos nas escolas

“É uma longa jornada e isso fará parte de nossa estratégia de longo prazo (incluir todos os países no programa)”, afirma McConnell. Um dos planos do COI é de, ao longo dos próximos anos, incentivar o acesso à tecnologia e, consequentemente, aos esportes eletrônicos. Alguns meios, citados pelo diretor do COI, são os smartphones e os investimentos nas escolas.

“(Os smartphones) podem ser a melhor combinação que podemos ter entre flexibilidade, inclusão e diversidade. E também é por isso que temos jogos para celular, por exemplo, que podem ser muito populares na África, onde o celular é mais acessível do que consoles e equipamentos”, afirma. Para próximas edições da série de eSports olímpicos, as federações já discutem as inclusões desses jogos.

David Lappartient, presidente do Grupo de eSports do COI, afirmou que o movimento olímpico é uma oportunidade de unir o mundo - e os esportes virtuais se enquadram nessa esfera. “O eSports Olímpico Séries 2023 é a continuação disso, com a ambição de criar mais espaços de jogo para jogadores e fãs do campeonato de elite. Estamos ansiosos para testemunhar algumas das melhores competições do mundo, assim como explorar juntos oportunidades e lições compartilhadas – em saúde, bem-estar, treinamento e inovação”, contou.

Igor Fraga

“Ser tratado como um atleta olímpico trará mais peso para a nossa profissão.” Igor Fraga é um dos milhares de atletas de eSports. Aos 22 anos, foi um dos finalistas da série de Gran Turismo em 2021, promovida pelo COI, e competiu na Fórmula 3. Com experiência no “real e no virtual”, o piloto se mostra satisfeito com a atenção que o COI começa a dar aos eSports.

“Entre o real e o virtual, a única diferença é a questão física, porque o atleta de eSports tem o mesmo preparo mental e a dedicação que um piloto, sem contar a pressão.” Nascido no Japão, Fraga iniciou sua carreira no automobilismo ainda no kart, na infância, incentivado por seus pais.

Em uma competição de Gran Turismo, Fraga conta que realiza uma série de corridas no mesmo dia. “Na preparação, são até 10 horas para atingir o melhor rendimento possível. Geralmente são quatro corridas no mesmo dia, nas quais eu preciso ter a melhor estratégia para cada uma”, afirma ao Estadão.

Igor Fraga disputa nos eSports com o jogo Gran Turismo. Foto: Divulgação/COI

Recentemente, a ministra dos Esportes, Ana Moser, reacendeu a polêmica quanto aos eSports não serem considerados como esportes em seu governo. Para Fraga, essa visão desvaloriza sua própria profissão. “A única diferença entre os esportes é a parte física dos atletas. A gente não tá ‘brincando’ nos eSports, tem muita gente levando a sério e é muito real”, afirma. “Nós analisamos nossos erros a cada corrida, assim como um piloto da Fórmula 1 e se dedica ao máximo.”

Igor Fraga irá competir na série de eSports do COI, que começa nesta quarta-feira. O programa completo e detalhes para os ingressos para a semana olímpica de E-sports Séries 2023, que acontece em Cingapura, serão revelados em abril pelo Comitê Olímpico Internacional.

Palco para discussões há anos, os eSports estão mais próximos de entrar no ciclo olímpico do que nunca. Nesta quarta-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anuncia o programa e série de esportes eletrônicos olímpicos em 2023, com nove modalidades. Segundo o próprio COI, essa é uma oportunidade de “expandir os valores olímpicos entre os mais jovens” e incluir os eSports no programa dos Jogos.

Em apresentação reservada a poucos jornalistas na última semana, Kit McConnell, diretor de eSports, e Vincent Pereira, head de esportes virtuais e games do COI, apresentaram os planos da entidade para 2023 e o eSports Olímpicos Séries 2023. Com início a partir de março, o programa contará com a 1ª Semana Olímpica de eSports em Cingapura na metade de 2023 como palco para as finais, entre 22 e 25 de junho. É a primeira oportunidade, em escala mundial, de incluir os games em uma realidade olímpica.

“Cingapura está no auge da inovação na Ásia e é um forte parceiro do movimento olímpico há muitos anos. Eles organizaram os primeiros Jogos Olímpicos da Juventude, em 2011, e esse relacionamento é um dos motivos que nos levaram à Ásia”, afirma McConnell. Com o apoio do Ministério da Cultura, Comunidade e Juventude, Esportes de Cingapura e o Comitê Olímpico Nacional de Cingapura, o COI encontrou no Sudeste Asiático a possibilidade de iniciar esse crescimento dos eSports dentro dos Jogos Olímpicos.

Kit McConell é CEO de eSsports do COI Foto: Divulgacao/COI

De acordo com o COI, mais de 350 milhões de pessoas ao redor do mundo consomem ou praticam algum esporte eletrônico. Em 2021, quando foi realizado a última série dos eSports olímpicos, mais de 250 mil atletas competiram. Esses números foram impulsionados pelo pandemia da covid-19 e os lockdowns impostos ao redor do mundo. Esportes virtuais, como o ciclismo, se tornaram possibilidades para os atletas manterem o preparo físico durante o isolamento.

Nesse primeiro momento, serão nove modalidades de eSports: ciclismo, beisebol, dança, caratê, xadrez, automobilismo, vela, tênis e arco e flecha. Todos têm em comum a parceria com federações internacionais e as desenvolvedoras dos jogos - Ubisoft, com o JustDance, é um dos exemplos. “Desenvolver o interesse e o crescimento dos eSports é um dos pilares da nossa agenda olímpica, de 2020 adiante”, explica Pereira.

Confira a lista de eSports, federações e jogos parceiros do COI

  • Arco e Flecha (Federação Mudial de Tiro com Arco, Tic Tac Bow)
  • Beisebol (Confederação Mundial de Softbol de Beisebol, WBSC eBASEBALL™: POWER PROS)
  • Xadrez (Federação Internacional de Xadrez, Chess.com)
  • Ciclismo (UCI WorldTour, Zwift)
  • Vela (Federação Internacional de Vela, Virtual Regatta)
  • Tênis (Federação Internacional de Tênis, Tennis Clash)
  • Dança (World DanceSport Federation, JustDance)
  • Taekwondo (World Taekwondo, Virtual Taekwondo)
  • Automobilismo (FIA, Gran Turismo)

Em uma possível ingresso nos Jogos Olímpicos, o COI ainda prioriza eSports que incentivem a atividade física. Jogos tradicionais, como FIFA, League of Legends e CS:GO, podem participar no futuro dessa série olímpica, mas algumas mudanças seriam necessárias. Em especial, a existência de uma federação internacional que comande a modalidade. “As portas estão aberta a todas as modalidades, desde que reflitam os valores olímpicos e tenham uma federação internacional. O COI está pronto para novas parcerias”, explica Pereira ao Estadão.

Com o cronograma para os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, já definido, os eSports podem aparecer a partir de 2028, quando Los Angeles será a sede da competição. “O caminho para a inclusão das modalidades na Olimpíada está aberto, mas somente para aquelas modalidades que estimulem a prática física”, ressalta o diretor de eSports do COI ao Estadão. Das nove modalidades, apenas o xadrez - que ainda não é considerado um esporte olímpico em sua versão original - não estimula a prática física.

Além de valores olímpicos, é uma oportunidade de expandir os Jogos para uma nova geração. Ao longo dos últimos anos, a Olimpíada perdeu audiência na televisão e no streaming. Em 2012, 3,6 bilhões de pessoas acompanharam os Jogos de Londres; em 2021, este número caiu para pouco mais de 3 bilhões em Tóquio.

Esportes como o beisebol, em Tóquio, e o street dance, em Paris no próximo ano, têm como objetivo atrair um público jovem ao Jogos. “As Olimpíadas continuam sendo o evento esportivo mais popular do planeta. Estamos construindo um grande sucesso, mas usando novos esportes para alcançar novos públicos. Esse foco é trazer os jovens para o movimento olímpico”, explica McConnell. O mesmo, segundo o COI, deve acontecer com os eSports. mas ainda há um obstáculo: facilitar o acesso à tecnologia, de forma semelhante, nas mais variadas partes do globo.

Simulação virtual da vela será um dos eSports do ciclo olímpico do COI. Foto: COI/Divulgação

Em países classificados pela ONU como desenvolvidos, cerca de 90% da população, em média, está conectada. Já nos países em desenvolvimento, essa taxa cai para 57%. E nos países mais vulneráveis em termos socioeconômicos — os classificados como least developed countries, ou países menos desenvolvidos —, apenas 27% da população tem acesso à internet. É o caso das Nações africanas e da própria Ásia.

Smartphones e investimentos nas escolas

“É uma longa jornada e isso fará parte de nossa estratégia de longo prazo (incluir todos os países no programa)”, afirma McConnell. Um dos planos do COI é de, ao longo dos próximos anos, incentivar o acesso à tecnologia e, consequentemente, aos esportes eletrônicos. Alguns meios, citados pelo diretor do COI, são os smartphones e os investimentos nas escolas.

“(Os smartphones) podem ser a melhor combinação que podemos ter entre flexibilidade, inclusão e diversidade. E também é por isso que temos jogos para celular, por exemplo, que podem ser muito populares na África, onde o celular é mais acessível do que consoles e equipamentos”, afirma. Para próximas edições da série de eSports olímpicos, as federações já discutem as inclusões desses jogos.

David Lappartient, presidente do Grupo de eSports do COI, afirmou que o movimento olímpico é uma oportunidade de unir o mundo - e os esportes virtuais se enquadram nessa esfera. “O eSports Olímpico Séries 2023 é a continuação disso, com a ambição de criar mais espaços de jogo para jogadores e fãs do campeonato de elite. Estamos ansiosos para testemunhar algumas das melhores competições do mundo, assim como explorar juntos oportunidades e lições compartilhadas – em saúde, bem-estar, treinamento e inovação”, contou.

Igor Fraga

“Ser tratado como um atleta olímpico trará mais peso para a nossa profissão.” Igor Fraga é um dos milhares de atletas de eSports. Aos 22 anos, foi um dos finalistas da série de Gran Turismo em 2021, promovida pelo COI, e competiu na Fórmula 3. Com experiência no “real e no virtual”, o piloto se mostra satisfeito com a atenção que o COI começa a dar aos eSports.

“Entre o real e o virtual, a única diferença é a questão física, porque o atleta de eSports tem o mesmo preparo mental e a dedicação que um piloto, sem contar a pressão.” Nascido no Japão, Fraga iniciou sua carreira no automobilismo ainda no kart, na infância, incentivado por seus pais.

Em uma competição de Gran Turismo, Fraga conta que realiza uma série de corridas no mesmo dia. “Na preparação, são até 10 horas para atingir o melhor rendimento possível. Geralmente são quatro corridas no mesmo dia, nas quais eu preciso ter a melhor estratégia para cada uma”, afirma ao Estadão.

Igor Fraga disputa nos eSports com o jogo Gran Turismo. Foto: Divulgação/COI

Recentemente, a ministra dos Esportes, Ana Moser, reacendeu a polêmica quanto aos eSports não serem considerados como esportes em seu governo. Para Fraga, essa visão desvaloriza sua própria profissão. “A única diferença entre os esportes é a parte física dos atletas. A gente não tá ‘brincando’ nos eSports, tem muita gente levando a sério e é muito real”, afirma. “Nós analisamos nossos erros a cada corrida, assim como um piloto da Fórmula 1 e se dedica ao máximo.”

Igor Fraga irá competir na série de eSports do COI, que começa nesta quarta-feira. O programa completo e detalhes para os ingressos para a semana olímpica de E-sports Séries 2023, que acontece em Cingapura, serão revelados em abril pelo Comitê Olímpico Internacional.

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