Como Oakland se tornou uma cidade inóspita para franquias da NBA, MLB e NFL


Athletics seguem Golden State Warriors, do basquete, e Raiders, do futebol americano, e deixarão cidade sem representante nas principais modalidades dos EUA

Por Marcos Antomil
Atualização:

Oitava maior cidade do estado da Califórnia. 440 mil habitantes. Essa é Oakland, localizada na Baía de San Francisco. Antes um polo esportivo nos Estados Unidos, hoje a cidade sofre com recentes mudanças de franquias de futebol americano e basquete para outras localidades. Na semana passada, se confirmou que mais uma modalidade deve abandonar Oakland: o beisebol.

Futebol americano, basquete e beisebol são, respectivamente, os esportes mais populares dos Estados Unidos, ficando à frente do nosso futebol (Soccer por lá) e do hóquei no gelo. Oakland já assistiu a estrelas desfilarem suas habilidades em quadras e campos, mas nos últimos anos se tornou um centro inóspito para constituir fãs e fazer as franquias cresceram conforme o desejado por seus donos.

Ainda há muitas perguntas sem resposta sobre a mudança dos Athletics de Oakland. O mais provável destino é Las Vegas, no Estado de Nevada. Há um acordo de compra de um terreno de 198.000 m² onde deve ser erguido o novo estádio para sediar as partidas de beisebol. Durante mais de uma década, os Athletics buscaram um local em Oakland, mas as negociações não avançaram.

continua após a publicidade
Oakland Coliseum não tem recebido bom público nas últimas temporadas e desestimulou continuidade da franquia na cidade. Foto: Jeff Chiu/ AP

Os Athletics têm contrato com Oakland até 2024. A equipe está vinculada à cidade desde 1968, quando deixou Kansas City. Sua origem é em Filadélfia, ainda em 1901. Dono de nove títulos (último em 1989) e terceiro maior vencedor na World Series, a franquia tem um dos menores estádios da American League, com capacidade para pouco mais de 35 mil torcedores. E, mesmo assim, sobram assentos vazios. A franquia tem uma das piores médias de público, disputando a lanterna no quesito ano após ano. Na última temporada, menos de 10 mil torcedores estiveram no estádio. A participação acompanhou o rendimento da equipe, que está distante do apogeu.

Nem mesmo o filme “Moneyball”, lançado em 2011 com Brad Pitt como protagonista, foi capaz de erguer a equipe. O longa conta a história de Billy Beane, gerente do Oakland Athletics, que, para a temporada de 2002, buscou em meio aos problemas financeiros do time encontrar soluções para fortalecer a equipe por meio de dados e análise de desempenho. Beane segue na franquia, mas já lançou tentáculos no futebol, adquirindo ações do AZ Alkmaar, da Holanda, e do Barnsley, time da segunda divisão inglesa.

continua após a publicidade
Foram seis anos de trabalho árduo e honesto para levantar um estádio visionário em Oakland, mas não a procura está evoluindo da forma certa. Não conseguimos enxergar um caminho para construção de um estádio em Oakland no horizonte de sete ou oito anos.

Dave Kaval, presidente dos A’s (apelido dos Athletics) na última quinta-feira

RECORRENTE

Essa não é a primeira baixa sofrida em Oakland. Os últimos anos têm sido cruéis no relacionamento entre a cidade e o esporte. Em 2019, o Golden State Warriors, papa-títulos da NBA, estreou oficialmente em sua nova casa, Chase Center, em San Francisco, após deixar às moscas a Oracle Arena, onde atuou por 48 anos. Foram desembolsados cerca de US$ 1,5 bilhão na construção da arena. Em 2020, os Raiders se mudaram para a mesma Las Vegas, onde os os Ahtletics querem se instalar em breve. O Allegiant Stadium custou US$ 1,9 bilhão. As mudanças significaram ingressos mais caros e aumento de receitas para as duas franquias de basquete e futebol americano. O mesmo se espera com a equipe de beisebol.

continua após a publicidade

“Os chamados ‘esportes profissionais americanos’ são, antes de tudo, negócios. Quando Oakland deixa de oferecer condições e suporte financeiro para construção de novas arenas - o que incrementaria receitas e valor de mercado das franquias - e outras cidades oferecem o oposto, os donos das equipes não hesitam. Por isso San Francisco levou os Warriors no seu auge. E Las Vegas, com o adicional de ter um ecossistema de entretenimento robusto para potencializar resultados financeiros, atraiu os Raiders e, agora, os A’s”, afirma Armênio Neto, especialista em novos negócios da indústria do esporte.

ALÉM DO ESPORTE

Problemas sociais e econômicos não são privilégio da cidade de Oakland. A Califórnia possui o maior PIB dos Estados Unidos, de US$ 3,6 trilhões. Mas há uma situação semelhante ao Brasil: a concentração de renda. Casa de milionários, a Califórnia é cenário de uma desigualdade social das mais profundas em território americano. São poucos os que podem “viver a vida sobre as ondas”, como canta Lulu Santos. Empregos com baixa remuneração e baixa densidade de residências populares diminuem o poder de compra da maioria da população local, que estrangula a renda para arcar com o alto custo da moradia.

continua após a publicidade

“Não é de hoje que os esportes nos Estados Unidos são vistos para além de meras modalidades, elas sempre voltam seus olhos para os negócios e o entretenimento. Las Vegas se encaixa dentro de tudo isso e tem um potencial enorme e internacional de atrair novos serviços e atingir objetivos inimagináveis com lucros que se sobressaiam para outros mercados”, comenta Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa especializada em marketing esportivo.

O entretenimento, potencial de público e investimento esportivo, porém, terá de ser repartido a duras penas com os Raiders. A franquia de futebol americano, antiga vizinha em Oakland, monopoliza o setor em Las Vegas. Mark Davis, dono dos Raiders, já se mostrou contrariado e recordou rusgas de tempos californianos.

Não posso esquecer o que aprontaram com a gente. Com um contrato longo de aluguel, de dez anos, impediram qualquer ampliação ou modificação do estádio. Tudo o que eles fizeram foi f... a Bay Area (região em que fica Oakland).

Mark Davis, dono do Las Vegas Raiders

continua após a publicidade

Para se transferir para Las Vegas, uma série de tratativas são aguardas. Os acordos passam por uma parceria público privada com o governo de Nevada, além da aprovação da MLB e dos donos da franquia. Se autorizados os primeiros trâmites, a expectativa é que os Athletics só possam jogar na nova casa após 2027. Até lá, sobram incertezas sobre qual casa abrigará a franquia.

Oitava maior cidade do estado da Califórnia. 440 mil habitantes. Essa é Oakland, localizada na Baía de San Francisco. Antes um polo esportivo nos Estados Unidos, hoje a cidade sofre com recentes mudanças de franquias de futebol americano e basquete para outras localidades. Na semana passada, se confirmou que mais uma modalidade deve abandonar Oakland: o beisebol.

Futebol americano, basquete e beisebol são, respectivamente, os esportes mais populares dos Estados Unidos, ficando à frente do nosso futebol (Soccer por lá) e do hóquei no gelo. Oakland já assistiu a estrelas desfilarem suas habilidades em quadras e campos, mas nos últimos anos se tornou um centro inóspito para constituir fãs e fazer as franquias cresceram conforme o desejado por seus donos.

Ainda há muitas perguntas sem resposta sobre a mudança dos Athletics de Oakland. O mais provável destino é Las Vegas, no Estado de Nevada. Há um acordo de compra de um terreno de 198.000 m² onde deve ser erguido o novo estádio para sediar as partidas de beisebol. Durante mais de uma década, os Athletics buscaram um local em Oakland, mas as negociações não avançaram.

Oakland Coliseum não tem recebido bom público nas últimas temporadas e desestimulou continuidade da franquia na cidade. Foto: Jeff Chiu/ AP

Os Athletics têm contrato com Oakland até 2024. A equipe está vinculada à cidade desde 1968, quando deixou Kansas City. Sua origem é em Filadélfia, ainda em 1901. Dono de nove títulos (último em 1989) e terceiro maior vencedor na World Series, a franquia tem um dos menores estádios da American League, com capacidade para pouco mais de 35 mil torcedores. E, mesmo assim, sobram assentos vazios. A franquia tem uma das piores médias de público, disputando a lanterna no quesito ano após ano. Na última temporada, menos de 10 mil torcedores estiveram no estádio. A participação acompanhou o rendimento da equipe, que está distante do apogeu.

Nem mesmo o filme “Moneyball”, lançado em 2011 com Brad Pitt como protagonista, foi capaz de erguer a equipe. O longa conta a história de Billy Beane, gerente do Oakland Athletics, que, para a temporada de 2002, buscou em meio aos problemas financeiros do time encontrar soluções para fortalecer a equipe por meio de dados e análise de desempenho. Beane segue na franquia, mas já lançou tentáculos no futebol, adquirindo ações do AZ Alkmaar, da Holanda, e do Barnsley, time da segunda divisão inglesa.

Foram seis anos de trabalho árduo e honesto para levantar um estádio visionário em Oakland, mas não a procura está evoluindo da forma certa. Não conseguimos enxergar um caminho para construção de um estádio em Oakland no horizonte de sete ou oito anos.

Dave Kaval, presidente dos A’s (apelido dos Athletics) na última quinta-feira

RECORRENTE

Essa não é a primeira baixa sofrida em Oakland. Os últimos anos têm sido cruéis no relacionamento entre a cidade e o esporte. Em 2019, o Golden State Warriors, papa-títulos da NBA, estreou oficialmente em sua nova casa, Chase Center, em San Francisco, após deixar às moscas a Oracle Arena, onde atuou por 48 anos. Foram desembolsados cerca de US$ 1,5 bilhão na construção da arena. Em 2020, os Raiders se mudaram para a mesma Las Vegas, onde os os Ahtletics querem se instalar em breve. O Allegiant Stadium custou US$ 1,9 bilhão. As mudanças significaram ingressos mais caros e aumento de receitas para as duas franquias de basquete e futebol americano. O mesmo se espera com a equipe de beisebol.

“Os chamados ‘esportes profissionais americanos’ são, antes de tudo, negócios. Quando Oakland deixa de oferecer condições e suporte financeiro para construção de novas arenas - o que incrementaria receitas e valor de mercado das franquias - e outras cidades oferecem o oposto, os donos das equipes não hesitam. Por isso San Francisco levou os Warriors no seu auge. E Las Vegas, com o adicional de ter um ecossistema de entretenimento robusto para potencializar resultados financeiros, atraiu os Raiders e, agora, os A’s”, afirma Armênio Neto, especialista em novos negócios da indústria do esporte.

ALÉM DO ESPORTE

Problemas sociais e econômicos não são privilégio da cidade de Oakland. A Califórnia possui o maior PIB dos Estados Unidos, de US$ 3,6 trilhões. Mas há uma situação semelhante ao Brasil: a concentração de renda. Casa de milionários, a Califórnia é cenário de uma desigualdade social das mais profundas em território americano. São poucos os que podem “viver a vida sobre as ondas”, como canta Lulu Santos. Empregos com baixa remuneração e baixa densidade de residências populares diminuem o poder de compra da maioria da população local, que estrangula a renda para arcar com o alto custo da moradia.

“Não é de hoje que os esportes nos Estados Unidos são vistos para além de meras modalidades, elas sempre voltam seus olhos para os negócios e o entretenimento. Las Vegas se encaixa dentro de tudo isso e tem um potencial enorme e internacional de atrair novos serviços e atingir objetivos inimagináveis com lucros que se sobressaiam para outros mercados”, comenta Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa especializada em marketing esportivo.

O entretenimento, potencial de público e investimento esportivo, porém, terá de ser repartido a duras penas com os Raiders. A franquia de futebol americano, antiga vizinha em Oakland, monopoliza o setor em Las Vegas. Mark Davis, dono dos Raiders, já se mostrou contrariado e recordou rusgas de tempos californianos.

Não posso esquecer o que aprontaram com a gente. Com um contrato longo de aluguel, de dez anos, impediram qualquer ampliação ou modificação do estádio. Tudo o que eles fizeram foi f... a Bay Area (região em que fica Oakland).

Mark Davis, dono do Las Vegas Raiders

Para se transferir para Las Vegas, uma série de tratativas são aguardas. Os acordos passam por uma parceria público privada com o governo de Nevada, além da aprovação da MLB e dos donos da franquia. Se autorizados os primeiros trâmites, a expectativa é que os Athletics só possam jogar na nova casa após 2027. Até lá, sobram incertezas sobre qual casa abrigará a franquia.

Oitava maior cidade do estado da Califórnia. 440 mil habitantes. Essa é Oakland, localizada na Baía de San Francisco. Antes um polo esportivo nos Estados Unidos, hoje a cidade sofre com recentes mudanças de franquias de futebol americano e basquete para outras localidades. Na semana passada, se confirmou que mais uma modalidade deve abandonar Oakland: o beisebol.

Futebol americano, basquete e beisebol são, respectivamente, os esportes mais populares dos Estados Unidos, ficando à frente do nosso futebol (Soccer por lá) e do hóquei no gelo. Oakland já assistiu a estrelas desfilarem suas habilidades em quadras e campos, mas nos últimos anos se tornou um centro inóspito para constituir fãs e fazer as franquias cresceram conforme o desejado por seus donos.

Ainda há muitas perguntas sem resposta sobre a mudança dos Athletics de Oakland. O mais provável destino é Las Vegas, no Estado de Nevada. Há um acordo de compra de um terreno de 198.000 m² onde deve ser erguido o novo estádio para sediar as partidas de beisebol. Durante mais de uma década, os Athletics buscaram um local em Oakland, mas as negociações não avançaram.

Oakland Coliseum não tem recebido bom público nas últimas temporadas e desestimulou continuidade da franquia na cidade. Foto: Jeff Chiu/ AP

Os Athletics têm contrato com Oakland até 2024. A equipe está vinculada à cidade desde 1968, quando deixou Kansas City. Sua origem é em Filadélfia, ainda em 1901. Dono de nove títulos (último em 1989) e terceiro maior vencedor na World Series, a franquia tem um dos menores estádios da American League, com capacidade para pouco mais de 35 mil torcedores. E, mesmo assim, sobram assentos vazios. A franquia tem uma das piores médias de público, disputando a lanterna no quesito ano após ano. Na última temporada, menos de 10 mil torcedores estiveram no estádio. A participação acompanhou o rendimento da equipe, que está distante do apogeu.

Nem mesmo o filme “Moneyball”, lançado em 2011 com Brad Pitt como protagonista, foi capaz de erguer a equipe. O longa conta a história de Billy Beane, gerente do Oakland Athletics, que, para a temporada de 2002, buscou em meio aos problemas financeiros do time encontrar soluções para fortalecer a equipe por meio de dados e análise de desempenho. Beane segue na franquia, mas já lançou tentáculos no futebol, adquirindo ações do AZ Alkmaar, da Holanda, e do Barnsley, time da segunda divisão inglesa.

Foram seis anos de trabalho árduo e honesto para levantar um estádio visionário em Oakland, mas não a procura está evoluindo da forma certa. Não conseguimos enxergar um caminho para construção de um estádio em Oakland no horizonte de sete ou oito anos.

Dave Kaval, presidente dos A’s (apelido dos Athletics) na última quinta-feira

RECORRENTE

Essa não é a primeira baixa sofrida em Oakland. Os últimos anos têm sido cruéis no relacionamento entre a cidade e o esporte. Em 2019, o Golden State Warriors, papa-títulos da NBA, estreou oficialmente em sua nova casa, Chase Center, em San Francisco, após deixar às moscas a Oracle Arena, onde atuou por 48 anos. Foram desembolsados cerca de US$ 1,5 bilhão na construção da arena. Em 2020, os Raiders se mudaram para a mesma Las Vegas, onde os os Ahtletics querem se instalar em breve. O Allegiant Stadium custou US$ 1,9 bilhão. As mudanças significaram ingressos mais caros e aumento de receitas para as duas franquias de basquete e futebol americano. O mesmo se espera com a equipe de beisebol.

“Os chamados ‘esportes profissionais americanos’ são, antes de tudo, negócios. Quando Oakland deixa de oferecer condições e suporte financeiro para construção de novas arenas - o que incrementaria receitas e valor de mercado das franquias - e outras cidades oferecem o oposto, os donos das equipes não hesitam. Por isso San Francisco levou os Warriors no seu auge. E Las Vegas, com o adicional de ter um ecossistema de entretenimento robusto para potencializar resultados financeiros, atraiu os Raiders e, agora, os A’s”, afirma Armênio Neto, especialista em novos negócios da indústria do esporte.

ALÉM DO ESPORTE

Problemas sociais e econômicos não são privilégio da cidade de Oakland. A Califórnia possui o maior PIB dos Estados Unidos, de US$ 3,6 trilhões. Mas há uma situação semelhante ao Brasil: a concentração de renda. Casa de milionários, a Califórnia é cenário de uma desigualdade social das mais profundas em território americano. São poucos os que podem “viver a vida sobre as ondas”, como canta Lulu Santos. Empregos com baixa remuneração e baixa densidade de residências populares diminuem o poder de compra da maioria da população local, que estrangula a renda para arcar com o alto custo da moradia.

“Não é de hoje que os esportes nos Estados Unidos são vistos para além de meras modalidades, elas sempre voltam seus olhos para os negócios e o entretenimento. Las Vegas se encaixa dentro de tudo isso e tem um potencial enorme e internacional de atrair novos serviços e atingir objetivos inimagináveis com lucros que se sobressaiam para outros mercados”, comenta Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa especializada em marketing esportivo.

O entretenimento, potencial de público e investimento esportivo, porém, terá de ser repartido a duras penas com os Raiders. A franquia de futebol americano, antiga vizinha em Oakland, monopoliza o setor em Las Vegas. Mark Davis, dono dos Raiders, já se mostrou contrariado e recordou rusgas de tempos californianos.

Não posso esquecer o que aprontaram com a gente. Com um contrato longo de aluguel, de dez anos, impediram qualquer ampliação ou modificação do estádio. Tudo o que eles fizeram foi f... a Bay Area (região em que fica Oakland).

Mark Davis, dono do Las Vegas Raiders

Para se transferir para Las Vegas, uma série de tratativas são aguardas. Os acordos passam por uma parceria público privada com o governo de Nevada, além da aprovação da MLB e dos donos da franquia. Se autorizados os primeiros trâmites, a expectativa é que os Athletics só possam jogar na nova casa após 2027. Até lá, sobram incertezas sobre qual casa abrigará a franquia.

Oitava maior cidade do estado da Califórnia. 440 mil habitantes. Essa é Oakland, localizada na Baía de San Francisco. Antes um polo esportivo nos Estados Unidos, hoje a cidade sofre com recentes mudanças de franquias de futebol americano e basquete para outras localidades. Na semana passada, se confirmou que mais uma modalidade deve abandonar Oakland: o beisebol.

Futebol americano, basquete e beisebol são, respectivamente, os esportes mais populares dos Estados Unidos, ficando à frente do nosso futebol (Soccer por lá) e do hóquei no gelo. Oakland já assistiu a estrelas desfilarem suas habilidades em quadras e campos, mas nos últimos anos se tornou um centro inóspito para constituir fãs e fazer as franquias cresceram conforme o desejado por seus donos.

Ainda há muitas perguntas sem resposta sobre a mudança dos Athletics de Oakland. O mais provável destino é Las Vegas, no Estado de Nevada. Há um acordo de compra de um terreno de 198.000 m² onde deve ser erguido o novo estádio para sediar as partidas de beisebol. Durante mais de uma década, os Athletics buscaram um local em Oakland, mas as negociações não avançaram.

Oakland Coliseum não tem recebido bom público nas últimas temporadas e desestimulou continuidade da franquia na cidade. Foto: Jeff Chiu/ AP

Os Athletics têm contrato com Oakland até 2024. A equipe está vinculada à cidade desde 1968, quando deixou Kansas City. Sua origem é em Filadélfia, ainda em 1901. Dono de nove títulos (último em 1989) e terceiro maior vencedor na World Series, a franquia tem um dos menores estádios da American League, com capacidade para pouco mais de 35 mil torcedores. E, mesmo assim, sobram assentos vazios. A franquia tem uma das piores médias de público, disputando a lanterna no quesito ano após ano. Na última temporada, menos de 10 mil torcedores estiveram no estádio. A participação acompanhou o rendimento da equipe, que está distante do apogeu.

Nem mesmo o filme “Moneyball”, lançado em 2011 com Brad Pitt como protagonista, foi capaz de erguer a equipe. O longa conta a história de Billy Beane, gerente do Oakland Athletics, que, para a temporada de 2002, buscou em meio aos problemas financeiros do time encontrar soluções para fortalecer a equipe por meio de dados e análise de desempenho. Beane segue na franquia, mas já lançou tentáculos no futebol, adquirindo ações do AZ Alkmaar, da Holanda, e do Barnsley, time da segunda divisão inglesa.

Foram seis anos de trabalho árduo e honesto para levantar um estádio visionário em Oakland, mas não a procura está evoluindo da forma certa. Não conseguimos enxergar um caminho para construção de um estádio em Oakland no horizonte de sete ou oito anos.

Dave Kaval, presidente dos A’s (apelido dos Athletics) na última quinta-feira

RECORRENTE

Essa não é a primeira baixa sofrida em Oakland. Os últimos anos têm sido cruéis no relacionamento entre a cidade e o esporte. Em 2019, o Golden State Warriors, papa-títulos da NBA, estreou oficialmente em sua nova casa, Chase Center, em San Francisco, após deixar às moscas a Oracle Arena, onde atuou por 48 anos. Foram desembolsados cerca de US$ 1,5 bilhão na construção da arena. Em 2020, os Raiders se mudaram para a mesma Las Vegas, onde os os Ahtletics querem se instalar em breve. O Allegiant Stadium custou US$ 1,9 bilhão. As mudanças significaram ingressos mais caros e aumento de receitas para as duas franquias de basquete e futebol americano. O mesmo se espera com a equipe de beisebol.

“Os chamados ‘esportes profissionais americanos’ são, antes de tudo, negócios. Quando Oakland deixa de oferecer condições e suporte financeiro para construção de novas arenas - o que incrementaria receitas e valor de mercado das franquias - e outras cidades oferecem o oposto, os donos das equipes não hesitam. Por isso San Francisco levou os Warriors no seu auge. E Las Vegas, com o adicional de ter um ecossistema de entretenimento robusto para potencializar resultados financeiros, atraiu os Raiders e, agora, os A’s”, afirma Armênio Neto, especialista em novos negócios da indústria do esporte.

ALÉM DO ESPORTE

Problemas sociais e econômicos não são privilégio da cidade de Oakland. A Califórnia possui o maior PIB dos Estados Unidos, de US$ 3,6 trilhões. Mas há uma situação semelhante ao Brasil: a concentração de renda. Casa de milionários, a Califórnia é cenário de uma desigualdade social das mais profundas em território americano. São poucos os que podem “viver a vida sobre as ondas”, como canta Lulu Santos. Empregos com baixa remuneração e baixa densidade de residências populares diminuem o poder de compra da maioria da população local, que estrangula a renda para arcar com o alto custo da moradia.

“Não é de hoje que os esportes nos Estados Unidos são vistos para além de meras modalidades, elas sempre voltam seus olhos para os negócios e o entretenimento. Las Vegas se encaixa dentro de tudo isso e tem um potencial enorme e internacional de atrair novos serviços e atingir objetivos inimagináveis com lucros que se sobressaiam para outros mercados”, comenta Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa especializada em marketing esportivo.

O entretenimento, potencial de público e investimento esportivo, porém, terá de ser repartido a duras penas com os Raiders. A franquia de futebol americano, antiga vizinha em Oakland, monopoliza o setor em Las Vegas. Mark Davis, dono dos Raiders, já se mostrou contrariado e recordou rusgas de tempos californianos.

Não posso esquecer o que aprontaram com a gente. Com um contrato longo de aluguel, de dez anos, impediram qualquer ampliação ou modificação do estádio. Tudo o que eles fizeram foi f... a Bay Area (região em que fica Oakland).

Mark Davis, dono do Las Vegas Raiders

Para se transferir para Las Vegas, uma série de tratativas são aguardas. Os acordos passam por uma parceria público privada com o governo de Nevada, além da aprovação da MLB e dos donos da franquia. Se autorizados os primeiros trâmites, a expectativa é que os Athletics só possam jogar na nova casa após 2027. Até lá, sobram incertezas sobre qual casa abrigará a franquia.

Oitava maior cidade do estado da Califórnia. 440 mil habitantes. Essa é Oakland, localizada na Baía de San Francisco. Antes um polo esportivo nos Estados Unidos, hoje a cidade sofre com recentes mudanças de franquias de futebol americano e basquete para outras localidades. Na semana passada, se confirmou que mais uma modalidade deve abandonar Oakland: o beisebol.

Futebol americano, basquete e beisebol são, respectivamente, os esportes mais populares dos Estados Unidos, ficando à frente do nosso futebol (Soccer por lá) e do hóquei no gelo. Oakland já assistiu a estrelas desfilarem suas habilidades em quadras e campos, mas nos últimos anos se tornou um centro inóspito para constituir fãs e fazer as franquias cresceram conforme o desejado por seus donos.

Ainda há muitas perguntas sem resposta sobre a mudança dos Athletics de Oakland. O mais provável destino é Las Vegas, no Estado de Nevada. Há um acordo de compra de um terreno de 198.000 m² onde deve ser erguido o novo estádio para sediar as partidas de beisebol. Durante mais de uma década, os Athletics buscaram um local em Oakland, mas as negociações não avançaram.

Oakland Coliseum não tem recebido bom público nas últimas temporadas e desestimulou continuidade da franquia na cidade. Foto: Jeff Chiu/ AP

Os Athletics têm contrato com Oakland até 2024. A equipe está vinculada à cidade desde 1968, quando deixou Kansas City. Sua origem é em Filadélfia, ainda em 1901. Dono de nove títulos (último em 1989) e terceiro maior vencedor na World Series, a franquia tem um dos menores estádios da American League, com capacidade para pouco mais de 35 mil torcedores. E, mesmo assim, sobram assentos vazios. A franquia tem uma das piores médias de público, disputando a lanterna no quesito ano após ano. Na última temporada, menos de 10 mil torcedores estiveram no estádio. A participação acompanhou o rendimento da equipe, que está distante do apogeu.

Nem mesmo o filme “Moneyball”, lançado em 2011 com Brad Pitt como protagonista, foi capaz de erguer a equipe. O longa conta a história de Billy Beane, gerente do Oakland Athletics, que, para a temporada de 2002, buscou em meio aos problemas financeiros do time encontrar soluções para fortalecer a equipe por meio de dados e análise de desempenho. Beane segue na franquia, mas já lançou tentáculos no futebol, adquirindo ações do AZ Alkmaar, da Holanda, e do Barnsley, time da segunda divisão inglesa.

Foram seis anos de trabalho árduo e honesto para levantar um estádio visionário em Oakland, mas não a procura está evoluindo da forma certa. Não conseguimos enxergar um caminho para construção de um estádio em Oakland no horizonte de sete ou oito anos.

Dave Kaval, presidente dos A’s (apelido dos Athletics) na última quinta-feira

RECORRENTE

Essa não é a primeira baixa sofrida em Oakland. Os últimos anos têm sido cruéis no relacionamento entre a cidade e o esporte. Em 2019, o Golden State Warriors, papa-títulos da NBA, estreou oficialmente em sua nova casa, Chase Center, em San Francisco, após deixar às moscas a Oracle Arena, onde atuou por 48 anos. Foram desembolsados cerca de US$ 1,5 bilhão na construção da arena. Em 2020, os Raiders se mudaram para a mesma Las Vegas, onde os os Ahtletics querem se instalar em breve. O Allegiant Stadium custou US$ 1,9 bilhão. As mudanças significaram ingressos mais caros e aumento de receitas para as duas franquias de basquete e futebol americano. O mesmo se espera com a equipe de beisebol.

“Os chamados ‘esportes profissionais americanos’ são, antes de tudo, negócios. Quando Oakland deixa de oferecer condições e suporte financeiro para construção de novas arenas - o que incrementaria receitas e valor de mercado das franquias - e outras cidades oferecem o oposto, os donos das equipes não hesitam. Por isso San Francisco levou os Warriors no seu auge. E Las Vegas, com o adicional de ter um ecossistema de entretenimento robusto para potencializar resultados financeiros, atraiu os Raiders e, agora, os A’s”, afirma Armênio Neto, especialista em novos negócios da indústria do esporte.

ALÉM DO ESPORTE

Problemas sociais e econômicos não são privilégio da cidade de Oakland. A Califórnia possui o maior PIB dos Estados Unidos, de US$ 3,6 trilhões. Mas há uma situação semelhante ao Brasil: a concentração de renda. Casa de milionários, a Califórnia é cenário de uma desigualdade social das mais profundas em território americano. São poucos os que podem “viver a vida sobre as ondas”, como canta Lulu Santos. Empregos com baixa remuneração e baixa densidade de residências populares diminuem o poder de compra da maioria da população local, que estrangula a renda para arcar com o alto custo da moradia.

“Não é de hoje que os esportes nos Estados Unidos são vistos para além de meras modalidades, elas sempre voltam seus olhos para os negócios e o entretenimento. Las Vegas se encaixa dentro de tudo isso e tem um potencial enorme e internacional de atrair novos serviços e atingir objetivos inimagináveis com lucros que se sobressaiam para outros mercados”, comenta Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa especializada em marketing esportivo.

O entretenimento, potencial de público e investimento esportivo, porém, terá de ser repartido a duras penas com os Raiders. A franquia de futebol americano, antiga vizinha em Oakland, monopoliza o setor em Las Vegas. Mark Davis, dono dos Raiders, já se mostrou contrariado e recordou rusgas de tempos californianos.

Não posso esquecer o que aprontaram com a gente. Com um contrato longo de aluguel, de dez anos, impediram qualquer ampliação ou modificação do estádio. Tudo o que eles fizeram foi f... a Bay Area (região em que fica Oakland).

Mark Davis, dono do Las Vegas Raiders

Para se transferir para Las Vegas, uma série de tratativas são aguardas. Os acordos passam por uma parceria público privada com o governo de Nevada, além da aprovação da MLB e dos donos da franquia. Se autorizados os primeiros trâmites, a expectativa é que os Athletics só possam jogar na nova casa após 2027. Até lá, sobram incertezas sobre qual casa abrigará a franquia.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.