Histórias, lugares e provas

Odair dá volta por cima e festeja três ouros no Mundial Paraolímpico


Por andreavelar
 Foto: Estadão
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A repórter Amanda Romanelli está na Nova Zelândia para cobrir o Mundial Paraolímpico de atletismo. De Christchurch, na costa leste do país, ela traz a história de Odair dos Santos, que se desesperou quando perdeu o pouco da visão que tinha, mas não desistiu do esporte. Confira aqui a íntegra para a edição desta sexta-feira de O Estado de S. Paulo.

Odair dos Santos postergou o quanto pôde a reclassificação. Por quase dois anos, correu entre os atletas da classe T12, destinada a aqueles que ainda possuem um resquício da visão, mesmo estando totalmente cego. Ir para a T11 não era apenas uma mudança de categoria. Significava, também, ter de aceitar que a escuridão completa havia chegado.

"Mas Deus, quando tira alguma coisa, depois manda a recompensa", refletiu o fundista de 29 anos, que ontem garantiu sua terceira medalha de ouro no Mundial Paraolímpico de Atletismo, em Christchurch, Nova Zelândia. O paulista de Osvaldo Cruz, que já havia ganhado os 10 mil e os 1.500 m (com recorde), também conquistou os 5 mil m.

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Portador de uma doença chamada retinose pigmentar, diagnosticada aos 9 anos e que causa a perda progressiva da visão, Odair não queria mudar de classe. Temia não conseguir repetir os bons desempenhos que lhe garantiram medalhas parapan-americanas, paraolímpicas e recordes mundiais. Mas, em sua primeira competição com a cegueira completa, obteve o melhor resultado de sua carreira.

"Já em Pequim (na Paraolimpíada em que ganhou bronze nos 800 m, 5 mil e 10 mil) tinham me sugerido a mudança. Eu achava que não era o momento, insisti, fiquei dando murro em ponta de faca. Até que dois anos depois caiu a ficha", admitiu o atleta, que começou a correr inspirado pelo tio, Valdivino, ainda criança. Com a mudança inevitável, Odair passou a contar com auxílio psicológico na cidade em que mora, Limeira. Além dos desafios na pista, teria também de incorporar a nova fase da doença em seu cotidiano. "É difícil superar a perda do pouco de visão que eu tinha. Sofri, chorei. Porque dentro da pista, tudo é alegria. Fora, tive de aprender a lidar com preconceito e descaso."

Já mais adaptado à atual condição, Odair busca agora a realização de um sonho: o ouro olímpico em Londres. Na Paraolimpíada do ano que vem, deve priorizar a prova dos 1.500 m, sua favorita. Também tem como meta reaver os recordes mundiais das provas de meio-fundo e fundo, que já foram dele na T12. E, por fim, Odair também quer correr uma prova de rua. "Em 1997, disputei uma São Silvestre. Ainda enxergava bem."

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A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DO COMITÊ PARAOLÍMPICO BRASILEIRO

 Foto: Estadão

A repórter Amanda Romanelli está na Nova Zelândia para cobrir o Mundial Paraolímpico de atletismo. De Christchurch, na costa leste do país, ela traz a história de Odair dos Santos, que se desesperou quando perdeu o pouco da visão que tinha, mas não desistiu do esporte. Confira aqui a íntegra para a edição desta sexta-feira de O Estado de S. Paulo.

Odair dos Santos postergou o quanto pôde a reclassificação. Por quase dois anos, correu entre os atletas da classe T12, destinada a aqueles que ainda possuem um resquício da visão, mesmo estando totalmente cego. Ir para a T11 não era apenas uma mudança de categoria. Significava, também, ter de aceitar que a escuridão completa havia chegado.

"Mas Deus, quando tira alguma coisa, depois manda a recompensa", refletiu o fundista de 29 anos, que ontem garantiu sua terceira medalha de ouro no Mundial Paraolímpico de Atletismo, em Christchurch, Nova Zelândia. O paulista de Osvaldo Cruz, que já havia ganhado os 10 mil e os 1.500 m (com recorde), também conquistou os 5 mil m.

Portador de uma doença chamada retinose pigmentar, diagnosticada aos 9 anos e que causa a perda progressiva da visão, Odair não queria mudar de classe. Temia não conseguir repetir os bons desempenhos que lhe garantiram medalhas parapan-americanas, paraolímpicas e recordes mundiais. Mas, em sua primeira competição com a cegueira completa, obteve o melhor resultado de sua carreira.

"Já em Pequim (na Paraolimpíada em que ganhou bronze nos 800 m, 5 mil e 10 mil) tinham me sugerido a mudança. Eu achava que não era o momento, insisti, fiquei dando murro em ponta de faca. Até que dois anos depois caiu a ficha", admitiu o atleta, que começou a correr inspirado pelo tio, Valdivino, ainda criança. Com a mudança inevitável, Odair passou a contar com auxílio psicológico na cidade em que mora, Limeira. Além dos desafios na pista, teria também de incorporar a nova fase da doença em seu cotidiano. "É difícil superar a perda do pouco de visão que eu tinha. Sofri, chorei. Porque dentro da pista, tudo é alegria. Fora, tive de aprender a lidar com preconceito e descaso."

Já mais adaptado à atual condição, Odair busca agora a realização de um sonho: o ouro olímpico em Londres. Na Paraolimpíada do ano que vem, deve priorizar a prova dos 1.500 m, sua favorita. Também tem como meta reaver os recordes mundiais das provas de meio-fundo e fundo, que já foram dele na T12. E, por fim, Odair também quer correr uma prova de rua. "Em 1997, disputei uma São Silvestre. Ainda enxergava bem."

A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DO COMITÊ PARAOLÍMPICO BRASILEIRO

 Foto: Estadão

A repórter Amanda Romanelli está na Nova Zelândia para cobrir o Mundial Paraolímpico de atletismo. De Christchurch, na costa leste do país, ela traz a história de Odair dos Santos, que se desesperou quando perdeu o pouco da visão que tinha, mas não desistiu do esporte. Confira aqui a íntegra para a edição desta sexta-feira de O Estado de S. Paulo.

Odair dos Santos postergou o quanto pôde a reclassificação. Por quase dois anos, correu entre os atletas da classe T12, destinada a aqueles que ainda possuem um resquício da visão, mesmo estando totalmente cego. Ir para a T11 não era apenas uma mudança de categoria. Significava, também, ter de aceitar que a escuridão completa havia chegado.

"Mas Deus, quando tira alguma coisa, depois manda a recompensa", refletiu o fundista de 29 anos, que ontem garantiu sua terceira medalha de ouro no Mundial Paraolímpico de Atletismo, em Christchurch, Nova Zelândia. O paulista de Osvaldo Cruz, que já havia ganhado os 10 mil e os 1.500 m (com recorde), também conquistou os 5 mil m.

Portador de uma doença chamada retinose pigmentar, diagnosticada aos 9 anos e que causa a perda progressiva da visão, Odair não queria mudar de classe. Temia não conseguir repetir os bons desempenhos que lhe garantiram medalhas parapan-americanas, paraolímpicas e recordes mundiais. Mas, em sua primeira competição com a cegueira completa, obteve o melhor resultado de sua carreira.

"Já em Pequim (na Paraolimpíada em que ganhou bronze nos 800 m, 5 mil e 10 mil) tinham me sugerido a mudança. Eu achava que não era o momento, insisti, fiquei dando murro em ponta de faca. Até que dois anos depois caiu a ficha", admitiu o atleta, que começou a correr inspirado pelo tio, Valdivino, ainda criança. Com a mudança inevitável, Odair passou a contar com auxílio psicológico na cidade em que mora, Limeira. Além dos desafios na pista, teria também de incorporar a nova fase da doença em seu cotidiano. "É difícil superar a perda do pouco de visão que eu tinha. Sofri, chorei. Porque dentro da pista, tudo é alegria. Fora, tive de aprender a lidar com preconceito e descaso."

Já mais adaptado à atual condição, Odair busca agora a realização de um sonho: o ouro olímpico em Londres. Na Paraolimpíada do ano que vem, deve priorizar a prova dos 1.500 m, sua favorita. Também tem como meta reaver os recordes mundiais das provas de meio-fundo e fundo, que já foram dele na T12. E, por fim, Odair também quer correr uma prova de rua. "Em 1997, disputei uma São Silvestre. Ainda enxergava bem."

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