Costumo treinar no final do dia, às 18h30, mas confesso que tenho antecipado para antes das 8h da manhã, ou na esteira da academia, entre 9h e 10h, para fugir do calorão e também das chuvas do final do dia. O ar-condicionado da academia é daqueles geladérrimos.
Segundo o o otorrinolaringologista do Hospital CEMA, Leandros Sotiropoulos, além das doenças respiratórias, a mudança de um ambiente frio para outro quente pode fazer a pressão sanguínea cair, por causa dos mecanismos de circulação em vasos centrais e periféricos. Na situação inversa, ou seja, do quente para o frio, a pressão pode aumentar, elevando os riscos de acidentes cardiovasculares.
Agora se o ar é melhor que o ventilador, não é tão simples assim. "Tecnicamente, o melhor é o ventilador, pois o ar-condicionado resseca as vias aéreas e, quando a pessoa faz atividade física, esse efeito é potencializado. Porém, caso o ar-condicionado conte com associação do umidificador, é uma boa opção. Atualmente, existem academias que usam ar-condicionado associado ao umidificador, inclusive, com medição da umidade do ar no âmbito da academia. Isso ajuda muito. O ar-condicionado acaba dando mais conforto, por isso, associado ao umidificador, pode ser usado também".
O médico acrescenta que o grande problema, no caso do ar-condicionado, é a falta de higienização adequada dos filtros. "A limpeza desses aparelhos é fundamental, pois evita o acúmulo de resíduos, que causam a proliferação de ácaros, fungos, mofo e bactérias, que facilitam o aparecimento de problemas respiratórios", detalha Sotiropoulos.. Por isso, o recomendável é que seja feita uma limpeza periódica do ar-condicionado.
Outra questão é o choque térmico. Para isso, o médico ensina duas medidas simples para quem tem o controle do ar. É comum que nos dias muito quentes as pessoas usem o ar-condicionado na potência máxima, mas isso não é indicado. "O ideal é programar o aparelho para temperaturas um pouco mais baixas que a externa. Se lá fora está 35 graus, não é necessário deixar a 18. Por volta de 24 graus já é o suficiente para refrescar bem", diz o médico. Essa ação também ajuda a diminuir o ressecamento das mucosas das vias respiratórias. "Vale lembrar que nosso corpo não consegue compensar as bruscas mudanças de temperatura de um minuto para outro. Isso não é comum na natureza", detalha.
Outra ação simples para que o corpo não sinta tanto a mudança de clima é desligar o ar-condicionado um pouco antes de sair do ambiente climatizado. Dessa forma, o organismo se equilibra novamente, diminuindo as chances de choque térmico.
Para quem vai encarar o calorzão das ruas, Rafael Ertner Castro (professor do curso de Educação Física da Anhanguera de Santo André - Industrial) dá algumas dicas:
HORÁRIO - durante o verão o horário ideal para atividade física ao ar livre é no início da manhã e no final da tarde, especialmente para crianças e idosos, que têm o mecanismo de regulação da temperatura corporal (termorregulação) diferente dos adultos saudáveis. Durante esse período, a temperatura mais amena contribui para um melhor rendimento durante o exercício, além de evitar problemas como a desidratação, ou em casos mais extremos, a hipertermia (aumento anormal da temperatura corporal devido às altas temperaturas externas).
RAIOS SOLARES - a incidência mais baixa dos raios solares nesses horários em específico, início da manha e fim da tarde - que é a ideal para a síntese da vitamina D em todas as pessoas, sejam elas crianças, adultas ou idosas. Mas é sempre bom lembrar do protetor solar.
HIDRATAÇÃO - ingestão de água durante a prática de exercícios também deve ser observada, inclusive após o exercício. Isso auxilia na reposição dos eletrólitos perdidos durante a transpiração, evitando assim episódios de câimbra.
ROUPAS - o uso de roupas adequadas também é fundamental. Engana-se quem pensa que quanto mais transpirar, melhor para a perda de peso ou para o ganho de condicionamento físico. As roupas para a prática de exercícios estão cada vez mais leves e confortáveis, permitindo que a transpiração resfrie o corpo de maneira eficiente, evitando assim grandes perdas de sais minerais. Por este motivo não é indicada a prática exercícios sem camiseta, uma vez que a perda de eletrólitos acontece pela transpiração em excesso, bastante comum em dias mais quentes.