Provas de rua de A a Z

Meia de Sampa: largada atrasou 25 minutos e percursos apresentaram distâncias inferiores


Além disso, um dos corredores teve mal súbito, foi removido e morreu no hospital

Por Silvia Herrera

"Fiz 21K, pior organização que já vi na vida, atraso de 26 minutos na largada, erro de aferição da distância o meu GPS deu 20,870. MAS O PIOR, O PIOR meus amigos corredores, foi ver que no meio do pódio uma corredora desesperada subiu implorando no microfone para a organização providenciar informações do corredor que havia passado mal no KM 17-18 e a organização não estava prestando o apoio mínimo. Conversei com uma corredora (enfermeira) que interrompeu sua prova para prestar socorro junto a outros atletas, ela me disse que o resgate demorou quase meia hora e quando ele chegou, não possuíam acesso venoso e desfibrilador. O rapaz estava sem pulso, eu sinceramente desejo que ele esteja com vida ! Muito triste o ocorrido, organização sem empatia nenhuma. Não piso em uma prova da O2 enquanto não fizeram mudanças significativas, vocês não merecem credibilidade." Este é apenas um dos comentários de centenas publicados nas redes sociais sobre a Meia de Sampa, organizada pela O2 (Norte Marketing) que aconteceu na manhã do domingo, 11 de novembro na Marginal Pinheiros, na capital paulista. E, infelizmente, o corredor Marcelo Mariano da Silva, que teve mal súbito, acabou morrendo. Fica aqui registrado nossos sinceros sentimentos.

 Foto: reprodução de Instagram

Meia maratona, popularmente chamada por 21k, nomeia uma prova de atletismo que mede em qualquer lugar do mundo 21.107 metros e 50 centímetros. Mas não na Meia de Sampa, que para decepção dos corredores que pagaram a inscrição para correr uma meia maratona, a distância era menor. Havia outras modalidades, de 14 km e de 5 km. A de cinco media na verdade 4.400m. Além disso, a largada atrasou 25 minutos.  Segundo a O2, o atraso foi devido a um incidente que ocorreu na via. No entanto, minucioso relatório da Federação Paulista de Atletismo (FPA) de 46 páginas traz que o atraso foi uma falha da organização que atrasou a entrega da tenda da cronometragem, para que a empresa responsável pela cronometragem, a Chronomax, pudesse iniciar instalação e a realização dos testes dos tapetes de cronometragem que aferem os tempos de todos os atletas. O relatório não cita nenhum acidente ou incidente na via.

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Segundo a O2, Marcelo Mariano da Silva (foto abaixo) estava regularmente inscrito no evento, teve uma parada cardiorrespiratória próximo ao km 18 do percurso da meia maratona. Ele foi socorrido pela equipe médica, levado ao hospital de referência e, infelizmente, veio a falecer pouco tempo depois. A organização, assim que notificada por um dos batedores do percurso, acionou a equipe médica do evento, que deslocou uma ambulância até o local para os primeiros socorros. Após os primeiros atendimentos, seguindo protocolo de reanimação cardiopulmonar com massagem cardíaca, o atleta foi imediatamente removido ao hospital UPA - Vila Mariana, onde chegou com vida, vindo a morrer pouco tempo depois. Após o acionamento da organização, a ambulância levou 5 minutos para chegar ao local, e mais 18 minutos para levá-lo ao hospital.

 Foto: FPA

Quanto ao erro na aferição dos trajetos, tanto nos 21km quanto nos 5km, a organização mandou a seguinte resposta: "como não se trata de uma prova válida para rankings ou outras competições, não há a obrigatoriedade de aferição pela FPA." E sobre o atraso: "Devido ao incidente ocorrido na via (Marginal Pinheiros) onde se realizou o evento Meia de Sampa, a organização tendo como premissa a segurança dos atletas, optou no curto espaço de tempo, por alterar os percursos. Como já comunicado a todos, essa alteração trouxe impacto e desconformidade nas distâncias previamente estabelecidas, assim como no horário de largada. Reiteramos que a prova contava com toda a estrutura médica necessária para o porte do evento, seguindo rigorosamente as diretrizes estabelecidas pela World Athletics (Federação Internacional), assim como profissionais experientes na área esportiva. Lamentamos o ocorrido e nos colocamos à disposição para qualquer esclarecimento". Perguntada sobre qual teria sido esse incidente, a Norte Marketing não respondeu.

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Como a prova tinha permit da FPA, entramos em contato com a entidade, que sempre faz um detalhado relatório das provas e que acaba de ser finalizado. E os fato vieram à tona. No total, na três distâncias, participaram 7.662 corredores (4.562 homens e 3.107 mulheres). A inscrição custou R$ 150 por pessoa.  Não houve categoria elite nem premiação em dinheiro. Os três primeiros de cada distância, feminino e masculino, receberam troféus. O diretor técnico da prova foi Ivan Gomes Jr (CREF - 019007-G/SP). E a corrida era um evento "Participativo e Promoção do Esporte", e recebeu recursos do Ministério do Esporte, como constava do backdrop da premiação. E por ser um evento participativo, não há a obrigação que o trajeto seja aferido pela FPA, mas o mínimo que se espera é que uma meia maratona tenha a medida de uma meia maratona.

 Foto: Nelson Evêncio

RESUMO DO RELATÓRIO DA FPA

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ORGANIZAÇÃO: faltou conhecimento técnico à empresa, prejudicando na organização do evento. Faltou liderança e coordenadores nos setores. A prova tem uma expectativa de ser umas das melhores do país, faltou lideranças de setores do qual procurávamos alguns desses lideres para solucionar os problemas e ninguém aparecia, como o próprio problema de atraso na largada, problema com a remoção do participante, não havia ninguém para dar as informações concretas, falta de banheiros na largada e no percurso, e a proibição de nos ceder as estatísticas completas do evento.

PERCURSO: não foi aferido oficialmente, a O2 usou o Google Earth. A prova foi feita 100% em asfalto. Na prova dos 5km, houve um vai e vem entre os quilômetros 2 e 3 causando constrangimentos nos participantes, além de não atingir os prováveis 5km. No decorrer do percurso também não havia banheiros como previstos em regra. Muitos dos participantes urinaram em meio a via. Percurso foi totalmente fechado por grades, cavaletes e fitas zebradas. Não houve apoio automotivo da Polícia ou dos órgãos municipais. CET fechou as vias e estava presente. Staffs estavam sem camiseta do evento ou colete de identificação. Houve compartilhamento da via com cones e fitas zebradas. Houve cortejo (acompanhar os líderes da prova) de motos no percurso. Não houve carro madrinha.

ARENA: ampla e atendeu bem a demanda. As tendas estavam identificadas e tudo bem sinalizado. Havia banheiros em quantidade suficiente e estavam limpos. Não havia vestiários. Sistema de som audível em todo espaço e com boa equalização. Número suficiente de staffs e bem orientados. Locutor excelente. Havia serviço de massagem, aferição de pressão e bioimpedância. Não houve aquecimento monitorado para os atletas. E as tendas das equipes tiveram local demarcado.

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GUARDA VOLUME: feito em tendas com quantidade adequada de staff.

LARGADA: local visível e identificado, totalmente isolado por grades e seguros, porém não havia banheiros.  FPA sugere a instalação de banheiros químicos masculinos e femininos. Pórtico atendeu bem a demanda. Houve divisão por pace e o pelotão Quênia teve uma divisão especial. Sistema de som audível. Staffs suficientes para atender a demanda. Houve atraso na primeira largada em 00:25:00, consequentemente atrasando as outra largadas. No site os horários de largadas seriam o seguinte: 21km as 06:00:00 - 14km 06:30:00 - 5km 07:00:00. Dentro das observações, a primeira prova largou as 06:25:00 - a segunda largou com mais ou menos 00:10/15:00 após, em seguida com o mesmo espaço de tempo largaram a última prova. Isso ocasionou um encontro entre os participantes dos 21km e 14km quando os participantes dos 21km tinham feito o primeiro retorno, acabaram dando de frente com os participantes dos 14km, que com isto precisou de muita agilidade dos motoqueiros e da FPA para liberar o percurso sem ocasionar nenhum acidente com os participantes.

CRONOMETRAGEM: tapete bem instalado e funcionou dentro do esperado. Porém, segundo as informações, a tenda da cronometragem foi entregue com muito atraso, por isso causando também atraso para a instalação e a realização dos testes dos tapetes atrasando a largada da prova. O relógio digital funcionou perfeitamente.

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HIDRATAÇÃO:  cinco postos bem posicionados, com água refrigerada e suficiente para todos os participantes. No pós prova, um posto de água bem instalado próximo a chegada do evento. A quantidade de copos de água foi suficiente para atender a demanda de participantes. A água servida estava refrigerada. E além de água, também foi oferecido outras bebidas para hidratação dos corredores.

CHEGADA: local bem visível, totalmente isolado por grades e seguro, com pórtico bem posicionado e visível. Ótima comunicação visual com a logomarca dos patrocinadores. Staffs animados, incentivaram, a todo momento, os corredores que chegavam. Foram entregues medalhas a todos os concluintes, medalha esta de boa qualidade que foi elogiada pelos corredores. Na chegada dos 5km, não teve faixa para os campões. Daí os primeiros atletas não sabiam se estavam chegando ou se tinha que dar continuidade no percurso, já que o mesmo não fazia a chegada a onde as demais provas chegaram. Por isso, tiveram muitas dúvidas sobre como proceder durante a prova, tanto que uns dos primeiros colocados, passou direto para a suposta outra chegada, ele chegou até questionar que deveria ser premiado em primeiro, porque se soubesse da devida chegada, brigaria com mais eficiência.

POSTO MÉDICO: bem instalado e perto da chegada. Totalmente equipado com estrutura suficiente para atendimento emergencial aos corredores; com uma equipe multidisciplinar como médicos, enfermeiros, auxiliares, etc. Houve atendimento grave com remoção para hospital, requer acompanhamento pós evento. "Durante o desenvolvimento da prova, nós árbitros da FPA, tomamos ciências que havia ocorrido uma suposta remoção durante o evento, o qual ficamos sabendo que na altura do segundo quilômetro da prova de 14km, um participante de nome Marcelo Mariano, inscrição número 8080, havia passado mal, que foi a princípio atendido por alguns participantes da prova, que tão logo acionaram um motoqueiro socorrista chamado Bryan, que trabalhava no evento e este, através do rádio, comunicou o fato. Logo a ambulância foi até o local e prestou os primeiros socorros. Assim feito, o médico e o enfermeiro perceberam que era preciso fazer a remoção para o hospital. O paciente, segundo as informações, foi removido para a UPA DE VILA MARIANA. Posteriormente entramos em contato com o posto médico existente no evento e a equipe médica, através da Dra. Thais Castilho Santos (CRM 236849) e a Dra. Aylana Kanne Campos (CRM 261026) e a enfermeira Amanda Noveli Veloso (COREN SP 694255-ENF), informaram que até aquele exato momento não havia informações do paciente, e que estavam aguardando as informações da equipe que fez a remoção. Alguns momentos depois, ficamos sabendo, através da organização da prova pelo sr. Geoberto, que ele estava em observação, mas que estava bem. O evento contava com mais de três ambulâncias, uma UTI e moto socorristas.

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DISPERSÃO:  espaço amplo e isolado para atender a demanda de participantes. Atendeu bem a demanda de participantes.

 

 

 

"Fiz 21K, pior organização que já vi na vida, atraso de 26 minutos na largada, erro de aferição da distância o meu GPS deu 20,870. MAS O PIOR, O PIOR meus amigos corredores, foi ver que no meio do pódio uma corredora desesperada subiu implorando no microfone para a organização providenciar informações do corredor que havia passado mal no KM 17-18 e a organização não estava prestando o apoio mínimo. Conversei com uma corredora (enfermeira) que interrompeu sua prova para prestar socorro junto a outros atletas, ela me disse que o resgate demorou quase meia hora e quando ele chegou, não possuíam acesso venoso e desfibrilador. O rapaz estava sem pulso, eu sinceramente desejo que ele esteja com vida ! Muito triste o ocorrido, organização sem empatia nenhuma. Não piso em uma prova da O2 enquanto não fizeram mudanças significativas, vocês não merecem credibilidade." Este é apenas um dos comentários de centenas publicados nas redes sociais sobre a Meia de Sampa, organizada pela O2 (Norte Marketing) que aconteceu na manhã do domingo, 11 de novembro na Marginal Pinheiros, na capital paulista. E, infelizmente, o corredor Marcelo Mariano da Silva, que teve mal súbito, acabou morrendo. Fica aqui registrado nossos sinceros sentimentos.

 Foto: reprodução de Instagram

Meia maratona, popularmente chamada por 21k, nomeia uma prova de atletismo que mede em qualquer lugar do mundo 21.107 metros e 50 centímetros. Mas não na Meia de Sampa, que para decepção dos corredores que pagaram a inscrição para correr uma meia maratona, a distância era menor. Havia outras modalidades, de 14 km e de 5 km. A de cinco media na verdade 4.400m. Além disso, a largada atrasou 25 minutos.  Segundo a O2, o atraso foi devido a um incidente que ocorreu na via. No entanto, minucioso relatório da Federação Paulista de Atletismo (FPA) de 46 páginas traz que o atraso foi uma falha da organização que atrasou a entrega da tenda da cronometragem, para que a empresa responsável pela cronometragem, a Chronomax, pudesse iniciar instalação e a realização dos testes dos tapetes de cronometragem que aferem os tempos de todos os atletas. O relatório não cita nenhum acidente ou incidente na via.

Segundo a O2, Marcelo Mariano da Silva (foto abaixo) estava regularmente inscrito no evento, teve uma parada cardiorrespiratória próximo ao km 18 do percurso da meia maratona. Ele foi socorrido pela equipe médica, levado ao hospital de referência e, infelizmente, veio a falecer pouco tempo depois. A organização, assim que notificada por um dos batedores do percurso, acionou a equipe médica do evento, que deslocou uma ambulância até o local para os primeiros socorros. Após os primeiros atendimentos, seguindo protocolo de reanimação cardiopulmonar com massagem cardíaca, o atleta foi imediatamente removido ao hospital UPA - Vila Mariana, onde chegou com vida, vindo a morrer pouco tempo depois. Após o acionamento da organização, a ambulância levou 5 minutos para chegar ao local, e mais 18 minutos para levá-lo ao hospital.

 Foto: FPA

Quanto ao erro na aferição dos trajetos, tanto nos 21km quanto nos 5km, a organização mandou a seguinte resposta: "como não se trata de uma prova válida para rankings ou outras competições, não há a obrigatoriedade de aferição pela FPA." E sobre o atraso: "Devido ao incidente ocorrido na via (Marginal Pinheiros) onde se realizou o evento Meia de Sampa, a organização tendo como premissa a segurança dos atletas, optou no curto espaço de tempo, por alterar os percursos. Como já comunicado a todos, essa alteração trouxe impacto e desconformidade nas distâncias previamente estabelecidas, assim como no horário de largada. Reiteramos que a prova contava com toda a estrutura médica necessária para o porte do evento, seguindo rigorosamente as diretrizes estabelecidas pela World Athletics (Federação Internacional), assim como profissionais experientes na área esportiva. Lamentamos o ocorrido e nos colocamos à disposição para qualquer esclarecimento". Perguntada sobre qual teria sido esse incidente, a Norte Marketing não respondeu.

Como a prova tinha permit da FPA, entramos em contato com a entidade, que sempre faz um detalhado relatório das provas e que acaba de ser finalizado. E os fato vieram à tona. No total, na três distâncias, participaram 7.662 corredores (4.562 homens e 3.107 mulheres). A inscrição custou R$ 150 por pessoa.  Não houve categoria elite nem premiação em dinheiro. Os três primeiros de cada distância, feminino e masculino, receberam troféus. O diretor técnico da prova foi Ivan Gomes Jr (CREF - 019007-G/SP). E a corrida era um evento "Participativo e Promoção do Esporte", e recebeu recursos do Ministério do Esporte, como constava do backdrop da premiação. E por ser um evento participativo, não há a obrigação que o trajeto seja aferido pela FPA, mas o mínimo que se espera é que uma meia maratona tenha a medida de uma meia maratona.

 Foto: Nelson Evêncio

RESUMO DO RELATÓRIO DA FPA

ORGANIZAÇÃO: faltou conhecimento técnico à empresa, prejudicando na organização do evento. Faltou liderança e coordenadores nos setores. A prova tem uma expectativa de ser umas das melhores do país, faltou lideranças de setores do qual procurávamos alguns desses lideres para solucionar os problemas e ninguém aparecia, como o próprio problema de atraso na largada, problema com a remoção do participante, não havia ninguém para dar as informações concretas, falta de banheiros na largada e no percurso, e a proibição de nos ceder as estatísticas completas do evento.

PERCURSO: não foi aferido oficialmente, a O2 usou o Google Earth. A prova foi feita 100% em asfalto. Na prova dos 5km, houve um vai e vem entre os quilômetros 2 e 3 causando constrangimentos nos participantes, além de não atingir os prováveis 5km. No decorrer do percurso também não havia banheiros como previstos em regra. Muitos dos participantes urinaram em meio a via. Percurso foi totalmente fechado por grades, cavaletes e fitas zebradas. Não houve apoio automotivo da Polícia ou dos órgãos municipais. CET fechou as vias e estava presente. Staffs estavam sem camiseta do evento ou colete de identificação. Houve compartilhamento da via com cones e fitas zebradas. Houve cortejo (acompanhar os líderes da prova) de motos no percurso. Não houve carro madrinha.

ARENA: ampla e atendeu bem a demanda. As tendas estavam identificadas e tudo bem sinalizado. Havia banheiros em quantidade suficiente e estavam limpos. Não havia vestiários. Sistema de som audível em todo espaço e com boa equalização. Número suficiente de staffs e bem orientados. Locutor excelente. Havia serviço de massagem, aferição de pressão e bioimpedância. Não houve aquecimento monitorado para os atletas. E as tendas das equipes tiveram local demarcado.

GUARDA VOLUME: feito em tendas com quantidade adequada de staff.

LARGADA: local visível e identificado, totalmente isolado por grades e seguros, porém não havia banheiros.  FPA sugere a instalação de banheiros químicos masculinos e femininos. Pórtico atendeu bem a demanda. Houve divisão por pace e o pelotão Quênia teve uma divisão especial. Sistema de som audível. Staffs suficientes para atender a demanda. Houve atraso na primeira largada em 00:25:00, consequentemente atrasando as outra largadas. No site os horários de largadas seriam o seguinte: 21km as 06:00:00 - 14km 06:30:00 - 5km 07:00:00. Dentro das observações, a primeira prova largou as 06:25:00 - a segunda largou com mais ou menos 00:10/15:00 após, em seguida com o mesmo espaço de tempo largaram a última prova. Isso ocasionou um encontro entre os participantes dos 21km e 14km quando os participantes dos 21km tinham feito o primeiro retorno, acabaram dando de frente com os participantes dos 14km, que com isto precisou de muita agilidade dos motoqueiros e da FPA para liberar o percurso sem ocasionar nenhum acidente com os participantes.

CRONOMETRAGEM: tapete bem instalado e funcionou dentro do esperado. Porém, segundo as informações, a tenda da cronometragem foi entregue com muito atraso, por isso causando também atraso para a instalação e a realização dos testes dos tapetes atrasando a largada da prova. O relógio digital funcionou perfeitamente.

HIDRATAÇÃO:  cinco postos bem posicionados, com água refrigerada e suficiente para todos os participantes. No pós prova, um posto de água bem instalado próximo a chegada do evento. A quantidade de copos de água foi suficiente para atender a demanda de participantes. A água servida estava refrigerada. E além de água, também foi oferecido outras bebidas para hidratação dos corredores.

CHEGADA: local bem visível, totalmente isolado por grades e seguro, com pórtico bem posicionado e visível. Ótima comunicação visual com a logomarca dos patrocinadores. Staffs animados, incentivaram, a todo momento, os corredores que chegavam. Foram entregues medalhas a todos os concluintes, medalha esta de boa qualidade que foi elogiada pelos corredores. Na chegada dos 5km, não teve faixa para os campões. Daí os primeiros atletas não sabiam se estavam chegando ou se tinha que dar continuidade no percurso, já que o mesmo não fazia a chegada a onde as demais provas chegaram. Por isso, tiveram muitas dúvidas sobre como proceder durante a prova, tanto que uns dos primeiros colocados, passou direto para a suposta outra chegada, ele chegou até questionar que deveria ser premiado em primeiro, porque se soubesse da devida chegada, brigaria com mais eficiência.

POSTO MÉDICO: bem instalado e perto da chegada. Totalmente equipado com estrutura suficiente para atendimento emergencial aos corredores; com uma equipe multidisciplinar como médicos, enfermeiros, auxiliares, etc. Houve atendimento grave com remoção para hospital, requer acompanhamento pós evento. "Durante o desenvolvimento da prova, nós árbitros da FPA, tomamos ciências que havia ocorrido uma suposta remoção durante o evento, o qual ficamos sabendo que na altura do segundo quilômetro da prova de 14km, um participante de nome Marcelo Mariano, inscrição número 8080, havia passado mal, que foi a princípio atendido por alguns participantes da prova, que tão logo acionaram um motoqueiro socorrista chamado Bryan, que trabalhava no evento e este, através do rádio, comunicou o fato. Logo a ambulância foi até o local e prestou os primeiros socorros. Assim feito, o médico e o enfermeiro perceberam que era preciso fazer a remoção para o hospital. O paciente, segundo as informações, foi removido para a UPA DE VILA MARIANA. Posteriormente entramos em contato com o posto médico existente no evento e a equipe médica, através da Dra. Thais Castilho Santos (CRM 236849) e a Dra. Aylana Kanne Campos (CRM 261026) e a enfermeira Amanda Noveli Veloso (COREN SP 694255-ENF), informaram que até aquele exato momento não havia informações do paciente, e que estavam aguardando as informações da equipe que fez a remoção. Alguns momentos depois, ficamos sabendo, através da organização da prova pelo sr. Geoberto, que ele estava em observação, mas que estava bem. O evento contava com mais de três ambulâncias, uma UTI e moto socorristas.

DISPERSÃO:  espaço amplo e isolado para atender a demanda de participantes. Atendeu bem a demanda de participantes.

 

 

 

"Fiz 21K, pior organização que já vi na vida, atraso de 26 minutos na largada, erro de aferição da distância o meu GPS deu 20,870. MAS O PIOR, O PIOR meus amigos corredores, foi ver que no meio do pódio uma corredora desesperada subiu implorando no microfone para a organização providenciar informações do corredor que havia passado mal no KM 17-18 e a organização não estava prestando o apoio mínimo. Conversei com uma corredora (enfermeira) que interrompeu sua prova para prestar socorro junto a outros atletas, ela me disse que o resgate demorou quase meia hora e quando ele chegou, não possuíam acesso venoso e desfibrilador. O rapaz estava sem pulso, eu sinceramente desejo que ele esteja com vida ! Muito triste o ocorrido, organização sem empatia nenhuma. Não piso em uma prova da O2 enquanto não fizeram mudanças significativas, vocês não merecem credibilidade." Este é apenas um dos comentários de centenas publicados nas redes sociais sobre a Meia de Sampa, organizada pela O2 (Norte Marketing) que aconteceu na manhã do domingo, 11 de novembro na Marginal Pinheiros, na capital paulista. E, infelizmente, o corredor Marcelo Mariano da Silva, que teve mal súbito, acabou morrendo. Fica aqui registrado nossos sinceros sentimentos.

 Foto: reprodução de Instagram

Meia maratona, popularmente chamada por 21k, nomeia uma prova de atletismo que mede em qualquer lugar do mundo 21.107 metros e 50 centímetros. Mas não na Meia de Sampa, que para decepção dos corredores que pagaram a inscrição para correr uma meia maratona, a distância era menor. Havia outras modalidades, de 14 km e de 5 km. A de cinco media na verdade 4.400m. Além disso, a largada atrasou 25 minutos.  Segundo a O2, o atraso foi devido a um incidente que ocorreu na via. No entanto, minucioso relatório da Federação Paulista de Atletismo (FPA) de 46 páginas traz que o atraso foi uma falha da organização que atrasou a entrega da tenda da cronometragem, para que a empresa responsável pela cronometragem, a Chronomax, pudesse iniciar instalação e a realização dos testes dos tapetes de cronometragem que aferem os tempos de todos os atletas. O relatório não cita nenhum acidente ou incidente na via.

Segundo a O2, Marcelo Mariano da Silva (foto abaixo) estava regularmente inscrito no evento, teve uma parada cardiorrespiratória próximo ao km 18 do percurso da meia maratona. Ele foi socorrido pela equipe médica, levado ao hospital de referência e, infelizmente, veio a falecer pouco tempo depois. A organização, assim que notificada por um dos batedores do percurso, acionou a equipe médica do evento, que deslocou uma ambulância até o local para os primeiros socorros. Após os primeiros atendimentos, seguindo protocolo de reanimação cardiopulmonar com massagem cardíaca, o atleta foi imediatamente removido ao hospital UPA - Vila Mariana, onde chegou com vida, vindo a morrer pouco tempo depois. Após o acionamento da organização, a ambulância levou 5 minutos para chegar ao local, e mais 18 minutos para levá-lo ao hospital.

 Foto: FPA

Quanto ao erro na aferição dos trajetos, tanto nos 21km quanto nos 5km, a organização mandou a seguinte resposta: "como não se trata de uma prova válida para rankings ou outras competições, não há a obrigatoriedade de aferição pela FPA." E sobre o atraso: "Devido ao incidente ocorrido na via (Marginal Pinheiros) onde se realizou o evento Meia de Sampa, a organização tendo como premissa a segurança dos atletas, optou no curto espaço de tempo, por alterar os percursos. Como já comunicado a todos, essa alteração trouxe impacto e desconformidade nas distâncias previamente estabelecidas, assim como no horário de largada. Reiteramos que a prova contava com toda a estrutura médica necessária para o porte do evento, seguindo rigorosamente as diretrizes estabelecidas pela World Athletics (Federação Internacional), assim como profissionais experientes na área esportiva. Lamentamos o ocorrido e nos colocamos à disposição para qualquer esclarecimento". Perguntada sobre qual teria sido esse incidente, a Norte Marketing não respondeu.

Como a prova tinha permit da FPA, entramos em contato com a entidade, que sempre faz um detalhado relatório das provas e que acaba de ser finalizado. E os fato vieram à tona. No total, na três distâncias, participaram 7.662 corredores (4.562 homens e 3.107 mulheres). A inscrição custou R$ 150 por pessoa.  Não houve categoria elite nem premiação em dinheiro. Os três primeiros de cada distância, feminino e masculino, receberam troféus. O diretor técnico da prova foi Ivan Gomes Jr (CREF - 019007-G/SP). E a corrida era um evento "Participativo e Promoção do Esporte", e recebeu recursos do Ministério do Esporte, como constava do backdrop da premiação. E por ser um evento participativo, não há a obrigação que o trajeto seja aferido pela FPA, mas o mínimo que se espera é que uma meia maratona tenha a medida de uma meia maratona.

 Foto: Nelson Evêncio

RESUMO DO RELATÓRIO DA FPA

ORGANIZAÇÃO: faltou conhecimento técnico à empresa, prejudicando na organização do evento. Faltou liderança e coordenadores nos setores. A prova tem uma expectativa de ser umas das melhores do país, faltou lideranças de setores do qual procurávamos alguns desses lideres para solucionar os problemas e ninguém aparecia, como o próprio problema de atraso na largada, problema com a remoção do participante, não havia ninguém para dar as informações concretas, falta de banheiros na largada e no percurso, e a proibição de nos ceder as estatísticas completas do evento.

PERCURSO: não foi aferido oficialmente, a O2 usou o Google Earth. A prova foi feita 100% em asfalto. Na prova dos 5km, houve um vai e vem entre os quilômetros 2 e 3 causando constrangimentos nos participantes, além de não atingir os prováveis 5km. No decorrer do percurso também não havia banheiros como previstos em regra. Muitos dos participantes urinaram em meio a via. Percurso foi totalmente fechado por grades, cavaletes e fitas zebradas. Não houve apoio automotivo da Polícia ou dos órgãos municipais. CET fechou as vias e estava presente. Staffs estavam sem camiseta do evento ou colete de identificação. Houve compartilhamento da via com cones e fitas zebradas. Houve cortejo (acompanhar os líderes da prova) de motos no percurso. Não houve carro madrinha.

ARENA: ampla e atendeu bem a demanda. As tendas estavam identificadas e tudo bem sinalizado. Havia banheiros em quantidade suficiente e estavam limpos. Não havia vestiários. Sistema de som audível em todo espaço e com boa equalização. Número suficiente de staffs e bem orientados. Locutor excelente. Havia serviço de massagem, aferição de pressão e bioimpedância. Não houve aquecimento monitorado para os atletas. E as tendas das equipes tiveram local demarcado.

GUARDA VOLUME: feito em tendas com quantidade adequada de staff.

LARGADA: local visível e identificado, totalmente isolado por grades e seguros, porém não havia banheiros.  FPA sugere a instalação de banheiros químicos masculinos e femininos. Pórtico atendeu bem a demanda. Houve divisão por pace e o pelotão Quênia teve uma divisão especial. Sistema de som audível. Staffs suficientes para atender a demanda. Houve atraso na primeira largada em 00:25:00, consequentemente atrasando as outra largadas. No site os horários de largadas seriam o seguinte: 21km as 06:00:00 - 14km 06:30:00 - 5km 07:00:00. Dentro das observações, a primeira prova largou as 06:25:00 - a segunda largou com mais ou menos 00:10/15:00 após, em seguida com o mesmo espaço de tempo largaram a última prova. Isso ocasionou um encontro entre os participantes dos 21km e 14km quando os participantes dos 21km tinham feito o primeiro retorno, acabaram dando de frente com os participantes dos 14km, que com isto precisou de muita agilidade dos motoqueiros e da FPA para liberar o percurso sem ocasionar nenhum acidente com os participantes.

CRONOMETRAGEM: tapete bem instalado e funcionou dentro do esperado. Porém, segundo as informações, a tenda da cronometragem foi entregue com muito atraso, por isso causando também atraso para a instalação e a realização dos testes dos tapetes atrasando a largada da prova. O relógio digital funcionou perfeitamente.

HIDRATAÇÃO:  cinco postos bem posicionados, com água refrigerada e suficiente para todos os participantes. No pós prova, um posto de água bem instalado próximo a chegada do evento. A quantidade de copos de água foi suficiente para atender a demanda de participantes. A água servida estava refrigerada. E além de água, também foi oferecido outras bebidas para hidratação dos corredores.

CHEGADA: local bem visível, totalmente isolado por grades e seguro, com pórtico bem posicionado e visível. Ótima comunicação visual com a logomarca dos patrocinadores. Staffs animados, incentivaram, a todo momento, os corredores que chegavam. Foram entregues medalhas a todos os concluintes, medalha esta de boa qualidade que foi elogiada pelos corredores. Na chegada dos 5km, não teve faixa para os campões. Daí os primeiros atletas não sabiam se estavam chegando ou se tinha que dar continuidade no percurso, já que o mesmo não fazia a chegada a onde as demais provas chegaram. Por isso, tiveram muitas dúvidas sobre como proceder durante a prova, tanto que uns dos primeiros colocados, passou direto para a suposta outra chegada, ele chegou até questionar que deveria ser premiado em primeiro, porque se soubesse da devida chegada, brigaria com mais eficiência.

POSTO MÉDICO: bem instalado e perto da chegada. Totalmente equipado com estrutura suficiente para atendimento emergencial aos corredores; com uma equipe multidisciplinar como médicos, enfermeiros, auxiliares, etc. Houve atendimento grave com remoção para hospital, requer acompanhamento pós evento. "Durante o desenvolvimento da prova, nós árbitros da FPA, tomamos ciências que havia ocorrido uma suposta remoção durante o evento, o qual ficamos sabendo que na altura do segundo quilômetro da prova de 14km, um participante de nome Marcelo Mariano, inscrição número 8080, havia passado mal, que foi a princípio atendido por alguns participantes da prova, que tão logo acionaram um motoqueiro socorrista chamado Bryan, que trabalhava no evento e este, através do rádio, comunicou o fato. Logo a ambulância foi até o local e prestou os primeiros socorros. Assim feito, o médico e o enfermeiro perceberam que era preciso fazer a remoção para o hospital. O paciente, segundo as informações, foi removido para a UPA DE VILA MARIANA. Posteriormente entramos em contato com o posto médico existente no evento e a equipe médica, através da Dra. Thais Castilho Santos (CRM 236849) e a Dra. Aylana Kanne Campos (CRM 261026) e a enfermeira Amanda Noveli Veloso (COREN SP 694255-ENF), informaram que até aquele exato momento não havia informações do paciente, e que estavam aguardando as informações da equipe que fez a remoção. Alguns momentos depois, ficamos sabendo, através da organização da prova pelo sr. Geoberto, que ele estava em observação, mas que estava bem. O evento contava com mais de três ambulâncias, uma UTI e moto socorristas.

DISPERSÃO:  espaço amplo e isolado para atender a demanda de participantes. Atendeu bem a demanda de participantes.

 

 

 

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