Todos os dias um convidado especial escreve sobre o Mundial do Catar

Gilberto Amendola: Quantas Copas cabem em uma vida?


Quantas Copas você tem? Quantas viveu? Lembra da primeira? Não vale aquela que você engatinhava pela sala e ainda não juntava lé-com-cré

Por Gilberto Amendola
Atualização:

Minha estreia foi na emblemática Copa de 1982. Na época, com quase 7 anos, ainda era um torcedor desatento, mas totalmente engajado em colecionar figurinhas de chiclete e em rasgar páginas de jornal para a confecção de torrenciais chuvas de papel picado (em 82, a gente fazia essa e outras barbaridades).

Também foi em 82, quando o juiz apitou o final do jogo, decretando aquela dramática desclassificação do Brasil, que vi meu pai chorando pela primeira vez. E essa é uma das imagens mais fortes que eu ainda guardo do velho.

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Quatro anos depois, em 86, eu andava mais interessado nos discos de rock nacional que estavam saindo. Foi o ano dos Titãs (Cabeça Dinossauro) e daquele álbum ao vivo do RPM. Na minha memória essa Copa foi a da “bola que bateu na trave e nas costas do goleiro Carlos antes de entrar”. Que azar!

Garoto chora eliminação da seleção brasileira na Copa de 1982. Foto: Reginaldo Manente/ AE

Na Copa de 90, eu usava aparelho nos dentes e tinha um cabelo estilo Caniggia. Adolescente em negação, lembro de fingir que estava torcendo para a Argentina. Em 94, enfim campeão, ainda ouço o Galvão gritar “é tetra” - mas também lembro do beijo que a garota que gostava deu em um outro carinha na hora em que o nosso capitão levantou a taça. Xinguei (mentalmente) tal qual um Dunga rejeitado.

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Na de 98, eu estava no último ano da faculdade. Lembro mais das teorias da conspiração em relação ao “Brasil ter entregado a Copa” do que do evento em si - e recordo vagamente de cerveja, de muita cerveja.

Em 2002, vinte anos mais jovem, incorporei os superpoderes daquele título. O futuro, enfim, havia chegado. A vida seria dali pra frente, do Cafu em diante, do Ronaldo passando pelo Oliver Kahn em diante. Até o Murtosa que em mim sempre habitou era, naquela época, um gigante. Era Brasil-sil-sil na cabeça.

Mas o tempo passou e o rame-rame voltou. Sei lá, não teve nada nas Copas de 2006 e 2010 que tenha me causado um sobressalto. Acho que foi uma espécie de ressaca de esperança. Em 2006, o assunto era o peso dos jogadores brasileiros e a bagunça na concentração. Em 2010, teve o Felipe Melo sendo expulso no jogo contra a Holanda...

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Felizmente (sim, felizmente) veio o ‘sacode’ histórico de 2014. Apesar do sofrimento, é preciso admitir que o 7 x 1 já é parte da nossa identidade nacional. O ‘macunaímico’ placar tirou o País dos eixos. Não dá pra pensar o Brasil de hoje sem aquele ‘turning point’. Passamos vergonha, mas inauguramos a pedra fundamental do mundo dos memes. Tanto que depois, na Copa da Rússia, já estávamos escolados e pós-graduados quando imagens do menino Neymar rolando pelos gramados começaram a viralizar. A gente soube rir junto. E isso foi bom.

Mas e agora, o que o Catar nos reserva? Do que a gente vai lembrar? O que vai nos marcar? Ando ansioso. E vocês?

Minha estreia foi na emblemática Copa de 1982. Na época, com quase 7 anos, ainda era um torcedor desatento, mas totalmente engajado em colecionar figurinhas de chiclete e em rasgar páginas de jornal para a confecção de torrenciais chuvas de papel picado (em 82, a gente fazia essa e outras barbaridades).

Também foi em 82, quando o juiz apitou o final do jogo, decretando aquela dramática desclassificação do Brasil, que vi meu pai chorando pela primeira vez. E essa é uma das imagens mais fortes que eu ainda guardo do velho.

Quatro anos depois, em 86, eu andava mais interessado nos discos de rock nacional que estavam saindo. Foi o ano dos Titãs (Cabeça Dinossauro) e daquele álbum ao vivo do RPM. Na minha memória essa Copa foi a da “bola que bateu na trave e nas costas do goleiro Carlos antes de entrar”. Que azar!

Garoto chora eliminação da seleção brasileira na Copa de 1982. Foto: Reginaldo Manente/ AE

Na Copa de 90, eu usava aparelho nos dentes e tinha um cabelo estilo Caniggia. Adolescente em negação, lembro de fingir que estava torcendo para a Argentina. Em 94, enfim campeão, ainda ouço o Galvão gritar “é tetra” - mas também lembro do beijo que a garota que gostava deu em um outro carinha na hora em que o nosso capitão levantou a taça. Xinguei (mentalmente) tal qual um Dunga rejeitado.

Na de 98, eu estava no último ano da faculdade. Lembro mais das teorias da conspiração em relação ao “Brasil ter entregado a Copa” do que do evento em si - e recordo vagamente de cerveja, de muita cerveja.

Em 2002, vinte anos mais jovem, incorporei os superpoderes daquele título. O futuro, enfim, havia chegado. A vida seria dali pra frente, do Cafu em diante, do Ronaldo passando pelo Oliver Kahn em diante. Até o Murtosa que em mim sempre habitou era, naquela época, um gigante. Era Brasil-sil-sil na cabeça.

Mas o tempo passou e o rame-rame voltou. Sei lá, não teve nada nas Copas de 2006 e 2010 que tenha me causado um sobressalto. Acho que foi uma espécie de ressaca de esperança. Em 2006, o assunto era o peso dos jogadores brasileiros e a bagunça na concentração. Em 2010, teve o Felipe Melo sendo expulso no jogo contra a Holanda...

Felizmente (sim, felizmente) veio o ‘sacode’ histórico de 2014. Apesar do sofrimento, é preciso admitir que o 7 x 1 já é parte da nossa identidade nacional. O ‘macunaímico’ placar tirou o País dos eixos. Não dá pra pensar o Brasil de hoje sem aquele ‘turning point’. Passamos vergonha, mas inauguramos a pedra fundamental do mundo dos memes. Tanto que depois, na Copa da Rússia, já estávamos escolados e pós-graduados quando imagens do menino Neymar rolando pelos gramados começaram a viralizar. A gente soube rir junto. E isso foi bom.

Mas e agora, o que o Catar nos reserva? Do que a gente vai lembrar? O que vai nos marcar? Ando ansioso. E vocês?

Minha estreia foi na emblemática Copa de 1982. Na época, com quase 7 anos, ainda era um torcedor desatento, mas totalmente engajado em colecionar figurinhas de chiclete e em rasgar páginas de jornal para a confecção de torrenciais chuvas de papel picado (em 82, a gente fazia essa e outras barbaridades).

Também foi em 82, quando o juiz apitou o final do jogo, decretando aquela dramática desclassificação do Brasil, que vi meu pai chorando pela primeira vez. E essa é uma das imagens mais fortes que eu ainda guardo do velho.

Quatro anos depois, em 86, eu andava mais interessado nos discos de rock nacional que estavam saindo. Foi o ano dos Titãs (Cabeça Dinossauro) e daquele álbum ao vivo do RPM. Na minha memória essa Copa foi a da “bola que bateu na trave e nas costas do goleiro Carlos antes de entrar”. Que azar!

Garoto chora eliminação da seleção brasileira na Copa de 1982. Foto: Reginaldo Manente/ AE

Na Copa de 90, eu usava aparelho nos dentes e tinha um cabelo estilo Caniggia. Adolescente em negação, lembro de fingir que estava torcendo para a Argentina. Em 94, enfim campeão, ainda ouço o Galvão gritar “é tetra” - mas também lembro do beijo que a garota que gostava deu em um outro carinha na hora em que o nosso capitão levantou a taça. Xinguei (mentalmente) tal qual um Dunga rejeitado.

Na de 98, eu estava no último ano da faculdade. Lembro mais das teorias da conspiração em relação ao “Brasil ter entregado a Copa” do que do evento em si - e recordo vagamente de cerveja, de muita cerveja.

Em 2002, vinte anos mais jovem, incorporei os superpoderes daquele título. O futuro, enfim, havia chegado. A vida seria dali pra frente, do Cafu em diante, do Ronaldo passando pelo Oliver Kahn em diante. Até o Murtosa que em mim sempre habitou era, naquela época, um gigante. Era Brasil-sil-sil na cabeça.

Mas o tempo passou e o rame-rame voltou. Sei lá, não teve nada nas Copas de 2006 e 2010 que tenha me causado um sobressalto. Acho que foi uma espécie de ressaca de esperança. Em 2006, o assunto era o peso dos jogadores brasileiros e a bagunça na concentração. Em 2010, teve o Felipe Melo sendo expulso no jogo contra a Holanda...

Felizmente (sim, felizmente) veio o ‘sacode’ histórico de 2014. Apesar do sofrimento, é preciso admitir que o 7 x 1 já é parte da nossa identidade nacional. O ‘macunaímico’ placar tirou o País dos eixos. Não dá pra pensar o Brasil de hoje sem aquele ‘turning point’. Passamos vergonha, mas inauguramos a pedra fundamental do mundo dos memes. Tanto que depois, na Copa da Rússia, já estávamos escolados e pós-graduados quando imagens do menino Neymar rolando pelos gramados começaram a viralizar. A gente soube rir junto. E isso foi bom.

Mas e agora, o que o Catar nos reserva? Do que a gente vai lembrar? O que vai nos marcar? Ando ansioso. E vocês?

Minha estreia foi na emblemática Copa de 1982. Na época, com quase 7 anos, ainda era um torcedor desatento, mas totalmente engajado em colecionar figurinhas de chiclete e em rasgar páginas de jornal para a confecção de torrenciais chuvas de papel picado (em 82, a gente fazia essa e outras barbaridades).

Também foi em 82, quando o juiz apitou o final do jogo, decretando aquela dramática desclassificação do Brasil, que vi meu pai chorando pela primeira vez. E essa é uma das imagens mais fortes que eu ainda guardo do velho.

Quatro anos depois, em 86, eu andava mais interessado nos discos de rock nacional que estavam saindo. Foi o ano dos Titãs (Cabeça Dinossauro) e daquele álbum ao vivo do RPM. Na minha memória essa Copa foi a da “bola que bateu na trave e nas costas do goleiro Carlos antes de entrar”. Que azar!

Garoto chora eliminação da seleção brasileira na Copa de 1982. Foto: Reginaldo Manente/ AE

Na Copa de 90, eu usava aparelho nos dentes e tinha um cabelo estilo Caniggia. Adolescente em negação, lembro de fingir que estava torcendo para a Argentina. Em 94, enfim campeão, ainda ouço o Galvão gritar “é tetra” - mas também lembro do beijo que a garota que gostava deu em um outro carinha na hora em que o nosso capitão levantou a taça. Xinguei (mentalmente) tal qual um Dunga rejeitado.

Na de 98, eu estava no último ano da faculdade. Lembro mais das teorias da conspiração em relação ao “Brasil ter entregado a Copa” do que do evento em si - e recordo vagamente de cerveja, de muita cerveja.

Em 2002, vinte anos mais jovem, incorporei os superpoderes daquele título. O futuro, enfim, havia chegado. A vida seria dali pra frente, do Cafu em diante, do Ronaldo passando pelo Oliver Kahn em diante. Até o Murtosa que em mim sempre habitou era, naquela época, um gigante. Era Brasil-sil-sil na cabeça.

Mas o tempo passou e o rame-rame voltou. Sei lá, não teve nada nas Copas de 2006 e 2010 que tenha me causado um sobressalto. Acho que foi uma espécie de ressaca de esperança. Em 2006, o assunto era o peso dos jogadores brasileiros e a bagunça na concentração. Em 2010, teve o Felipe Melo sendo expulso no jogo contra a Holanda...

Felizmente (sim, felizmente) veio o ‘sacode’ histórico de 2014. Apesar do sofrimento, é preciso admitir que o 7 x 1 já é parte da nossa identidade nacional. O ‘macunaímico’ placar tirou o País dos eixos. Não dá pra pensar o Brasil de hoje sem aquele ‘turning point’. Passamos vergonha, mas inauguramos a pedra fundamental do mundo dos memes. Tanto que depois, na Copa da Rússia, já estávamos escolados e pós-graduados quando imagens do menino Neymar rolando pelos gramados começaram a viralizar. A gente soube rir junto. E isso foi bom.

Mas e agora, o que o Catar nos reserva? Do que a gente vai lembrar? O que vai nos marcar? Ando ansioso. E vocês?

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