Esporte olímpico, breaking mostra força em evento na capital paulista


Decisão ocorreu em função do grande número de jovens que têm praticado esse esporte, que se mistura com a arte

Por Eugenio Goussinsky
Atualização:

Quando os jovens Nathana Venancio e Leony Pinheiro, da seleção brasileira, se aproximam para a entrevista, fica fácil perceber que o breaking é, mais do que um esporte, um estilo de vida. O olhar, o jeito de falar atualizado pelas gírias, os trajes compostos por bonés, bandanas, toucas, brincos, cabelos oxigenados, demonstram que as manobras que realizam com o corpo contam, não só a história deles, como a de grande parte dos jovens das periferias.

No caso do B-Boy (praticantes do break) Leony, a febre começou em Belém do Pará, também contagiada pela manifestação do hip-hop, iniciada nos anos 70, pelas comunidades negras e latinas dos EUA. Ele mora até hoje na cidade.

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Ao lado de estilos como popping e locking, tão difundidos pelos pés de Michael Jackson, o breaking, chamado de Break Dance como esporte, traduz com o corpo o ritmo do hip-hop. Do inglês afro-americano, existente desde o século 19, a definição de “hip” é “algo atual”. Já hop, na mesma linguagem significa um “movimento de dança”. Hip-hop, um movimento de dança que, desde os anos 70, se mantém atual.

Breaking movimenta a cidade de São Paulo Foto: Eugenio Goussinsky

“Vi em uma praça, meu primo viu a galera dançando, eu era carateca e ele era da capoeira e ele falou: vi uma galera fazendo uns movimentos, rodando a cabeça, saltando. Eu falei, vamos lá, era moleque, quanto mais perigoso melhor... Aí a gente foi ver a galera dançando na praça, me apaixonei e aí começamos a frequentar a aprender breaking”, conta Leony, de 26 anos, mostrando que o que mais atrai os jovens para essa dança, ou esporte, é a identidade.

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Diante de tamanha manifestação popular, coube ao Comitê Olímpico Internacional (COI), em dezembro de 2020, confirmar o breaking, com o nome de Brake Dance, como a maior novidade para a Olimpíada de Paris em 2024. Justamente pelo que essa prática representa, o esporte, dentro de sua própria essência, acabou se misturando com a arte.

A justificativa de Thomas Bach, presidente do COI foi de que era necessário “introduzir esportes que são particularmente populares entre as gerações mais jovens. E também levar em consideração a urbanização do esporte.”

Como ocorria muito nos antigos campinhos de terra, ou até na rua, com o futebol. O breaking, desde as escuras esquinas do Bronx, passou a ser uma forma de expressão. Uma cypher (roda de breaking) pode ser realizada em qualquer lugar: clubes, festas, estações de trem, na frente dos bares, nas esquinas esquecidas, nas quadras, em grupos na praia ou em algum cômodo em casa.

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Rivalidade saudável

O fato de o breaking ser em geral uma disputa 1 x 1, diante de uma roda que se assemelha à da capoeira diz muita coisa. É como se um participante falasse para o seu adversário: “mostre-me aí como dribla a vida, como você expressa com saltos a sua realidade”. Um observa o outro atuar. E Leony diz que, de uma maneira geral, não há, dentro da rivalidade, aquele que torce contra o outro.

“Fui ensinado que a gente tem que pedir o melhor do adversário, porque seu o adversário dá o melhor, tu é obrigado a estar melhor que ele. Não torço para ninguém cair, errar, se bater, torço para que acerte tudo, porque tenho obrigação de ser superior a ele. A rivalidade existe pra caramba eu mesmo sou rival de vários, não quero perder para eles. Mas isso fica na roda, no momento, quando sai vai comer pizza junto, tomar alguma coisa conversar. Todos sabem das dificuldades de se praticar alguma arte, que agora é esporte também”.

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Breaking movimenta a cidade de São Paulo Foto: Eugenio Goussinsky

A formalização como esporte deu ao breaking, conforme diz Leony, a necessidade de uma preparação mais disciplinada.

“Com a transformação em esporte, o que aconteceu foi essa atenção maior para o corpo. Antes não tinha muito essa coisa, era mais um rolê, mas agora como esporte tem que ter condicionamento para aguentar a competição. Antes não tinha de fazer dieta, hoje tem que comer legumes, por obrigação, tem que fazer academia. Eu não faço, acho chato, mas compenso treinando muito, o breaking é um exercício forte”, conta Leony.

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Para ele, o fato de o esporte ter se tornado olímpico ajudará os praticantes do mundo inteiro. “Por isso busco uma medalha, não acordo pensando em ganhá-la por mim, mas para o breaking brasileiro. Abrirá muitas portas”, diz.

Uma das semelhanças com esportes como o futebol, segundo Nathana, 30 anos, é justamente essa questão do treinamento. “Sou da seleção, viajamos muito para vários treinamentos, tenho um coach que todo dia faz videochamada da Espanha, tenho preparador físico, fisioterapeuta, psicólogo, é por aí, como outros esportes olímpicos, também há algumas semelhanças no treinamento”, diz.

Por outro lado, a graça do breaking é que, apesar de os praticantes terem de seguir algumas exigências dos patrocinadores, usando algumas peças ou símbolos, o estilo de cada um prevalece durante as provas. Na Olimpíada, elas serão de um round que dura entre 30 segundos e um minuto na primeira fase. Nas fases eliminatórias, as disputas serão de quatro rounds.

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“É a forma que a gente vive que prevalece, diferentemente do futebol, que exige uniformes. Assim como skate, cada um tem seu estilo de roupa, às vezes usa chapéu, bandana, boné, queremos estar estilosos, ao mesmo tempo que estar confortável, para que a gente se sinta bem na disputa”, ressalta Nathana.

Rumo ao Mundial

Leony e Nathana estiveram presentes na Red Bull BC One, considerada a maior competição individual de breaking, que começou na última quinta-feira (20), quando ocorreu a última seletiva regional do campeonato, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Nesta Cypher São Paulo, foram, entre 200 competidores, classificados 4 B-Boys e 4 B-Girls para a final nacional, que será realizada neste sábado (22) no mesmo local.

Esta última etapa terá 32 classificados, vindos de todo o Brasil, que lutarão por duas vagas (uma no masculino e outra no feminino) para a Etapa Mundial do BC One, uma espécie de Copa do Mundo do breaking, a ser realizada nas quadras de Roland Garros, em Paris, no próximo mês de outubro.

Segundo a assessoria da Red Bull, a classificação para a Olimpíada será definida no Pan-Americano, que ocorrerá nos próximos meses.

Já na Cypher Latam, que também terá disputas neste sábado (22), no Memorial da América Latina, representantes de países da América Latina, como Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Guatemala, Costa Rica, Bolívia e Paraguai, desde quinta-feira, também participam de uma etapa qualificatória para a final mundial do BC One. Os países participantes não tiveram seletivas regionais da competição.

No evento, estavam presentes as fotógrafas Martha Cooper e Nika Kramer, que foram fundamentais na divulgação do breaking. Em janeiro de 1980, Martha, então trabalhando no NY Post, fotografou jovens dançando no Bronx, após eles serem repreendidos por policiais, que achavam se tratar de uma briga. Ela esperou mais de um ano para, em abril de 1981, conseguir publicar as fotos em um artigo do jornal Voice.

A partir de então, o esporte ganhou maior visibilidade. Nika, por sua vez, foi fundamental para atrair mulheres para a prática, no início dos anos 2000, organizando uma rede de praticantes no mundo inteiro. As fotos de ambas fizeram parte de uma exposição dentro do evento.

Jornalistas difundiram o Breaking nos anos 80 nos Estados Unidos Foto: Eugenio Goussinsky

“No momento em que vi os jovens dançando, fiquei atraída pela prática, achei a ideia interessante, criativa, como o grafite, que também fotografei. Queria publicar isso, divulgar essa forma de expressão e insisti, porque Nova York é muito midiática, sabia que as fotos iriam ganhar visibilidade, chegar a outros lugares, sabia que o tema era impactante”, afirma, ao Estadão, Martha.

E ela completa, entusiasmada com a história que ajudou a construir.

“Ajudei a divulgar, quando o artigo foi publicado teve um grande impacto. É fantástico ver tudo isso agora na Olimpíada, esses garotos começaram algo que teve continuidade”.

Quando os jovens Nathana Venancio e Leony Pinheiro, da seleção brasileira, se aproximam para a entrevista, fica fácil perceber que o breaking é, mais do que um esporte, um estilo de vida. O olhar, o jeito de falar atualizado pelas gírias, os trajes compostos por bonés, bandanas, toucas, brincos, cabelos oxigenados, demonstram que as manobras que realizam com o corpo contam, não só a história deles, como a de grande parte dos jovens das periferias.

No caso do B-Boy (praticantes do break) Leony, a febre começou em Belém do Pará, também contagiada pela manifestação do hip-hop, iniciada nos anos 70, pelas comunidades negras e latinas dos EUA. Ele mora até hoje na cidade.

Ao lado de estilos como popping e locking, tão difundidos pelos pés de Michael Jackson, o breaking, chamado de Break Dance como esporte, traduz com o corpo o ritmo do hip-hop. Do inglês afro-americano, existente desde o século 19, a definição de “hip” é “algo atual”. Já hop, na mesma linguagem significa um “movimento de dança”. Hip-hop, um movimento de dança que, desde os anos 70, se mantém atual.

Breaking movimenta a cidade de São Paulo Foto: Eugenio Goussinsky

“Vi em uma praça, meu primo viu a galera dançando, eu era carateca e ele era da capoeira e ele falou: vi uma galera fazendo uns movimentos, rodando a cabeça, saltando. Eu falei, vamos lá, era moleque, quanto mais perigoso melhor... Aí a gente foi ver a galera dançando na praça, me apaixonei e aí começamos a frequentar a aprender breaking”, conta Leony, de 26 anos, mostrando que o que mais atrai os jovens para essa dança, ou esporte, é a identidade.

Diante de tamanha manifestação popular, coube ao Comitê Olímpico Internacional (COI), em dezembro de 2020, confirmar o breaking, com o nome de Brake Dance, como a maior novidade para a Olimpíada de Paris em 2024. Justamente pelo que essa prática representa, o esporte, dentro de sua própria essência, acabou se misturando com a arte.

A justificativa de Thomas Bach, presidente do COI foi de que era necessário “introduzir esportes que são particularmente populares entre as gerações mais jovens. E também levar em consideração a urbanização do esporte.”

Como ocorria muito nos antigos campinhos de terra, ou até na rua, com o futebol. O breaking, desde as escuras esquinas do Bronx, passou a ser uma forma de expressão. Uma cypher (roda de breaking) pode ser realizada em qualquer lugar: clubes, festas, estações de trem, na frente dos bares, nas esquinas esquecidas, nas quadras, em grupos na praia ou em algum cômodo em casa.

Rivalidade saudável

O fato de o breaking ser em geral uma disputa 1 x 1, diante de uma roda que se assemelha à da capoeira diz muita coisa. É como se um participante falasse para o seu adversário: “mostre-me aí como dribla a vida, como você expressa com saltos a sua realidade”. Um observa o outro atuar. E Leony diz que, de uma maneira geral, não há, dentro da rivalidade, aquele que torce contra o outro.

“Fui ensinado que a gente tem que pedir o melhor do adversário, porque seu o adversário dá o melhor, tu é obrigado a estar melhor que ele. Não torço para ninguém cair, errar, se bater, torço para que acerte tudo, porque tenho obrigação de ser superior a ele. A rivalidade existe pra caramba eu mesmo sou rival de vários, não quero perder para eles. Mas isso fica na roda, no momento, quando sai vai comer pizza junto, tomar alguma coisa conversar. Todos sabem das dificuldades de se praticar alguma arte, que agora é esporte também”.

Breaking movimenta a cidade de São Paulo Foto: Eugenio Goussinsky

A formalização como esporte deu ao breaking, conforme diz Leony, a necessidade de uma preparação mais disciplinada.

“Com a transformação em esporte, o que aconteceu foi essa atenção maior para o corpo. Antes não tinha muito essa coisa, era mais um rolê, mas agora como esporte tem que ter condicionamento para aguentar a competição. Antes não tinha de fazer dieta, hoje tem que comer legumes, por obrigação, tem que fazer academia. Eu não faço, acho chato, mas compenso treinando muito, o breaking é um exercício forte”, conta Leony.

Para ele, o fato de o esporte ter se tornado olímpico ajudará os praticantes do mundo inteiro. “Por isso busco uma medalha, não acordo pensando em ganhá-la por mim, mas para o breaking brasileiro. Abrirá muitas portas”, diz.

Uma das semelhanças com esportes como o futebol, segundo Nathana, 30 anos, é justamente essa questão do treinamento. “Sou da seleção, viajamos muito para vários treinamentos, tenho um coach que todo dia faz videochamada da Espanha, tenho preparador físico, fisioterapeuta, psicólogo, é por aí, como outros esportes olímpicos, também há algumas semelhanças no treinamento”, diz.

Por outro lado, a graça do breaking é que, apesar de os praticantes terem de seguir algumas exigências dos patrocinadores, usando algumas peças ou símbolos, o estilo de cada um prevalece durante as provas. Na Olimpíada, elas serão de um round que dura entre 30 segundos e um minuto na primeira fase. Nas fases eliminatórias, as disputas serão de quatro rounds.

“É a forma que a gente vive que prevalece, diferentemente do futebol, que exige uniformes. Assim como skate, cada um tem seu estilo de roupa, às vezes usa chapéu, bandana, boné, queremos estar estilosos, ao mesmo tempo que estar confortável, para que a gente se sinta bem na disputa”, ressalta Nathana.

Rumo ao Mundial

Leony e Nathana estiveram presentes na Red Bull BC One, considerada a maior competição individual de breaking, que começou na última quinta-feira (20), quando ocorreu a última seletiva regional do campeonato, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Nesta Cypher São Paulo, foram, entre 200 competidores, classificados 4 B-Boys e 4 B-Girls para a final nacional, que será realizada neste sábado (22) no mesmo local.

Esta última etapa terá 32 classificados, vindos de todo o Brasil, que lutarão por duas vagas (uma no masculino e outra no feminino) para a Etapa Mundial do BC One, uma espécie de Copa do Mundo do breaking, a ser realizada nas quadras de Roland Garros, em Paris, no próximo mês de outubro.

Segundo a assessoria da Red Bull, a classificação para a Olimpíada será definida no Pan-Americano, que ocorrerá nos próximos meses.

Já na Cypher Latam, que também terá disputas neste sábado (22), no Memorial da América Latina, representantes de países da América Latina, como Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Guatemala, Costa Rica, Bolívia e Paraguai, desde quinta-feira, também participam de uma etapa qualificatória para a final mundial do BC One. Os países participantes não tiveram seletivas regionais da competição.

No evento, estavam presentes as fotógrafas Martha Cooper e Nika Kramer, que foram fundamentais na divulgação do breaking. Em janeiro de 1980, Martha, então trabalhando no NY Post, fotografou jovens dançando no Bronx, após eles serem repreendidos por policiais, que achavam se tratar de uma briga. Ela esperou mais de um ano para, em abril de 1981, conseguir publicar as fotos em um artigo do jornal Voice.

A partir de então, o esporte ganhou maior visibilidade. Nika, por sua vez, foi fundamental para atrair mulheres para a prática, no início dos anos 2000, organizando uma rede de praticantes no mundo inteiro. As fotos de ambas fizeram parte de uma exposição dentro do evento.

Jornalistas difundiram o Breaking nos anos 80 nos Estados Unidos Foto: Eugenio Goussinsky

“No momento em que vi os jovens dançando, fiquei atraída pela prática, achei a ideia interessante, criativa, como o grafite, que também fotografei. Queria publicar isso, divulgar essa forma de expressão e insisti, porque Nova York é muito midiática, sabia que as fotos iriam ganhar visibilidade, chegar a outros lugares, sabia que o tema era impactante”, afirma, ao Estadão, Martha.

E ela completa, entusiasmada com a história que ajudou a construir.

“Ajudei a divulgar, quando o artigo foi publicado teve um grande impacto. É fantástico ver tudo isso agora na Olimpíada, esses garotos começaram algo que teve continuidade”.

Quando os jovens Nathana Venancio e Leony Pinheiro, da seleção brasileira, se aproximam para a entrevista, fica fácil perceber que o breaking é, mais do que um esporte, um estilo de vida. O olhar, o jeito de falar atualizado pelas gírias, os trajes compostos por bonés, bandanas, toucas, brincos, cabelos oxigenados, demonstram que as manobras que realizam com o corpo contam, não só a história deles, como a de grande parte dos jovens das periferias.

No caso do B-Boy (praticantes do break) Leony, a febre começou em Belém do Pará, também contagiada pela manifestação do hip-hop, iniciada nos anos 70, pelas comunidades negras e latinas dos EUA. Ele mora até hoje na cidade.

Ao lado de estilos como popping e locking, tão difundidos pelos pés de Michael Jackson, o breaking, chamado de Break Dance como esporte, traduz com o corpo o ritmo do hip-hop. Do inglês afro-americano, existente desde o século 19, a definição de “hip” é “algo atual”. Já hop, na mesma linguagem significa um “movimento de dança”. Hip-hop, um movimento de dança que, desde os anos 70, se mantém atual.

Breaking movimenta a cidade de São Paulo Foto: Eugenio Goussinsky

“Vi em uma praça, meu primo viu a galera dançando, eu era carateca e ele era da capoeira e ele falou: vi uma galera fazendo uns movimentos, rodando a cabeça, saltando. Eu falei, vamos lá, era moleque, quanto mais perigoso melhor... Aí a gente foi ver a galera dançando na praça, me apaixonei e aí começamos a frequentar a aprender breaking”, conta Leony, de 26 anos, mostrando que o que mais atrai os jovens para essa dança, ou esporte, é a identidade.

Diante de tamanha manifestação popular, coube ao Comitê Olímpico Internacional (COI), em dezembro de 2020, confirmar o breaking, com o nome de Brake Dance, como a maior novidade para a Olimpíada de Paris em 2024. Justamente pelo que essa prática representa, o esporte, dentro de sua própria essência, acabou se misturando com a arte.

A justificativa de Thomas Bach, presidente do COI foi de que era necessário “introduzir esportes que são particularmente populares entre as gerações mais jovens. E também levar em consideração a urbanização do esporte.”

Como ocorria muito nos antigos campinhos de terra, ou até na rua, com o futebol. O breaking, desde as escuras esquinas do Bronx, passou a ser uma forma de expressão. Uma cypher (roda de breaking) pode ser realizada em qualquer lugar: clubes, festas, estações de trem, na frente dos bares, nas esquinas esquecidas, nas quadras, em grupos na praia ou em algum cômodo em casa.

Rivalidade saudável

O fato de o breaking ser em geral uma disputa 1 x 1, diante de uma roda que se assemelha à da capoeira diz muita coisa. É como se um participante falasse para o seu adversário: “mostre-me aí como dribla a vida, como você expressa com saltos a sua realidade”. Um observa o outro atuar. E Leony diz que, de uma maneira geral, não há, dentro da rivalidade, aquele que torce contra o outro.

“Fui ensinado que a gente tem que pedir o melhor do adversário, porque seu o adversário dá o melhor, tu é obrigado a estar melhor que ele. Não torço para ninguém cair, errar, se bater, torço para que acerte tudo, porque tenho obrigação de ser superior a ele. A rivalidade existe pra caramba eu mesmo sou rival de vários, não quero perder para eles. Mas isso fica na roda, no momento, quando sai vai comer pizza junto, tomar alguma coisa conversar. Todos sabem das dificuldades de se praticar alguma arte, que agora é esporte também”.

Breaking movimenta a cidade de São Paulo Foto: Eugenio Goussinsky

A formalização como esporte deu ao breaking, conforme diz Leony, a necessidade de uma preparação mais disciplinada.

“Com a transformação em esporte, o que aconteceu foi essa atenção maior para o corpo. Antes não tinha muito essa coisa, era mais um rolê, mas agora como esporte tem que ter condicionamento para aguentar a competição. Antes não tinha de fazer dieta, hoje tem que comer legumes, por obrigação, tem que fazer academia. Eu não faço, acho chato, mas compenso treinando muito, o breaking é um exercício forte”, conta Leony.

Para ele, o fato de o esporte ter se tornado olímpico ajudará os praticantes do mundo inteiro. “Por isso busco uma medalha, não acordo pensando em ganhá-la por mim, mas para o breaking brasileiro. Abrirá muitas portas”, diz.

Uma das semelhanças com esportes como o futebol, segundo Nathana, 30 anos, é justamente essa questão do treinamento. “Sou da seleção, viajamos muito para vários treinamentos, tenho um coach que todo dia faz videochamada da Espanha, tenho preparador físico, fisioterapeuta, psicólogo, é por aí, como outros esportes olímpicos, também há algumas semelhanças no treinamento”, diz.

Por outro lado, a graça do breaking é que, apesar de os praticantes terem de seguir algumas exigências dos patrocinadores, usando algumas peças ou símbolos, o estilo de cada um prevalece durante as provas. Na Olimpíada, elas serão de um round que dura entre 30 segundos e um minuto na primeira fase. Nas fases eliminatórias, as disputas serão de quatro rounds.

“É a forma que a gente vive que prevalece, diferentemente do futebol, que exige uniformes. Assim como skate, cada um tem seu estilo de roupa, às vezes usa chapéu, bandana, boné, queremos estar estilosos, ao mesmo tempo que estar confortável, para que a gente se sinta bem na disputa”, ressalta Nathana.

Rumo ao Mundial

Leony e Nathana estiveram presentes na Red Bull BC One, considerada a maior competição individual de breaking, que começou na última quinta-feira (20), quando ocorreu a última seletiva regional do campeonato, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Nesta Cypher São Paulo, foram, entre 200 competidores, classificados 4 B-Boys e 4 B-Girls para a final nacional, que será realizada neste sábado (22) no mesmo local.

Esta última etapa terá 32 classificados, vindos de todo o Brasil, que lutarão por duas vagas (uma no masculino e outra no feminino) para a Etapa Mundial do BC One, uma espécie de Copa do Mundo do breaking, a ser realizada nas quadras de Roland Garros, em Paris, no próximo mês de outubro.

Segundo a assessoria da Red Bull, a classificação para a Olimpíada será definida no Pan-Americano, que ocorrerá nos próximos meses.

Já na Cypher Latam, que também terá disputas neste sábado (22), no Memorial da América Latina, representantes de países da América Latina, como Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Guatemala, Costa Rica, Bolívia e Paraguai, desde quinta-feira, também participam de uma etapa qualificatória para a final mundial do BC One. Os países participantes não tiveram seletivas regionais da competição.

No evento, estavam presentes as fotógrafas Martha Cooper e Nika Kramer, que foram fundamentais na divulgação do breaking. Em janeiro de 1980, Martha, então trabalhando no NY Post, fotografou jovens dançando no Bronx, após eles serem repreendidos por policiais, que achavam se tratar de uma briga. Ela esperou mais de um ano para, em abril de 1981, conseguir publicar as fotos em um artigo do jornal Voice.

A partir de então, o esporte ganhou maior visibilidade. Nika, por sua vez, foi fundamental para atrair mulheres para a prática, no início dos anos 2000, organizando uma rede de praticantes no mundo inteiro. As fotos de ambas fizeram parte de uma exposição dentro do evento.

Jornalistas difundiram o Breaking nos anos 80 nos Estados Unidos Foto: Eugenio Goussinsky

“No momento em que vi os jovens dançando, fiquei atraída pela prática, achei a ideia interessante, criativa, como o grafite, que também fotografei. Queria publicar isso, divulgar essa forma de expressão e insisti, porque Nova York é muito midiática, sabia que as fotos iriam ganhar visibilidade, chegar a outros lugares, sabia que o tema era impactante”, afirma, ao Estadão, Martha.

E ela completa, entusiasmada com a história que ajudou a construir.

“Ajudei a divulgar, quando o artigo foi publicado teve um grande impacto. É fantástico ver tudo isso agora na Olimpíada, esses garotos começaram algo que teve continuidade”.

Quando os jovens Nathana Venancio e Leony Pinheiro, da seleção brasileira, se aproximam para a entrevista, fica fácil perceber que o breaking é, mais do que um esporte, um estilo de vida. O olhar, o jeito de falar atualizado pelas gírias, os trajes compostos por bonés, bandanas, toucas, brincos, cabelos oxigenados, demonstram que as manobras que realizam com o corpo contam, não só a história deles, como a de grande parte dos jovens das periferias.

No caso do B-Boy (praticantes do break) Leony, a febre começou em Belém do Pará, também contagiada pela manifestação do hip-hop, iniciada nos anos 70, pelas comunidades negras e latinas dos EUA. Ele mora até hoje na cidade.

Ao lado de estilos como popping e locking, tão difundidos pelos pés de Michael Jackson, o breaking, chamado de Break Dance como esporte, traduz com o corpo o ritmo do hip-hop. Do inglês afro-americano, existente desde o século 19, a definição de “hip” é “algo atual”. Já hop, na mesma linguagem significa um “movimento de dança”. Hip-hop, um movimento de dança que, desde os anos 70, se mantém atual.

Breaking movimenta a cidade de São Paulo Foto: Eugenio Goussinsky

“Vi em uma praça, meu primo viu a galera dançando, eu era carateca e ele era da capoeira e ele falou: vi uma galera fazendo uns movimentos, rodando a cabeça, saltando. Eu falei, vamos lá, era moleque, quanto mais perigoso melhor... Aí a gente foi ver a galera dançando na praça, me apaixonei e aí começamos a frequentar a aprender breaking”, conta Leony, de 26 anos, mostrando que o que mais atrai os jovens para essa dança, ou esporte, é a identidade.

Diante de tamanha manifestação popular, coube ao Comitê Olímpico Internacional (COI), em dezembro de 2020, confirmar o breaking, com o nome de Brake Dance, como a maior novidade para a Olimpíada de Paris em 2024. Justamente pelo que essa prática representa, o esporte, dentro de sua própria essência, acabou se misturando com a arte.

A justificativa de Thomas Bach, presidente do COI foi de que era necessário “introduzir esportes que são particularmente populares entre as gerações mais jovens. E também levar em consideração a urbanização do esporte.”

Como ocorria muito nos antigos campinhos de terra, ou até na rua, com o futebol. O breaking, desde as escuras esquinas do Bronx, passou a ser uma forma de expressão. Uma cypher (roda de breaking) pode ser realizada em qualquer lugar: clubes, festas, estações de trem, na frente dos bares, nas esquinas esquecidas, nas quadras, em grupos na praia ou em algum cômodo em casa.

Rivalidade saudável

O fato de o breaking ser em geral uma disputa 1 x 1, diante de uma roda que se assemelha à da capoeira diz muita coisa. É como se um participante falasse para o seu adversário: “mostre-me aí como dribla a vida, como você expressa com saltos a sua realidade”. Um observa o outro atuar. E Leony diz que, de uma maneira geral, não há, dentro da rivalidade, aquele que torce contra o outro.

“Fui ensinado que a gente tem que pedir o melhor do adversário, porque seu o adversário dá o melhor, tu é obrigado a estar melhor que ele. Não torço para ninguém cair, errar, se bater, torço para que acerte tudo, porque tenho obrigação de ser superior a ele. A rivalidade existe pra caramba eu mesmo sou rival de vários, não quero perder para eles. Mas isso fica na roda, no momento, quando sai vai comer pizza junto, tomar alguma coisa conversar. Todos sabem das dificuldades de se praticar alguma arte, que agora é esporte também”.

Breaking movimenta a cidade de São Paulo Foto: Eugenio Goussinsky

A formalização como esporte deu ao breaking, conforme diz Leony, a necessidade de uma preparação mais disciplinada.

“Com a transformação em esporte, o que aconteceu foi essa atenção maior para o corpo. Antes não tinha muito essa coisa, era mais um rolê, mas agora como esporte tem que ter condicionamento para aguentar a competição. Antes não tinha de fazer dieta, hoje tem que comer legumes, por obrigação, tem que fazer academia. Eu não faço, acho chato, mas compenso treinando muito, o breaking é um exercício forte”, conta Leony.

Para ele, o fato de o esporte ter se tornado olímpico ajudará os praticantes do mundo inteiro. “Por isso busco uma medalha, não acordo pensando em ganhá-la por mim, mas para o breaking brasileiro. Abrirá muitas portas”, diz.

Uma das semelhanças com esportes como o futebol, segundo Nathana, 30 anos, é justamente essa questão do treinamento. “Sou da seleção, viajamos muito para vários treinamentos, tenho um coach que todo dia faz videochamada da Espanha, tenho preparador físico, fisioterapeuta, psicólogo, é por aí, como outros esportes olímpicos, também há algumas semelhanças no treinamento”, diz.

Por outro lado, a graça do breaking é que, apesar de os praticantes terem de seguir algumas exigências dos patrocinadores, usando algumas peças ou símbolos, o estilo de cada um prevalece durante as provas. Na Olimpíada, elas serão de um round que dura entre 30 segundos e um minuto na primeira fase. Nas fases eliminatórias, as disputas serão de quatro rounds.

“É a forma que a gente vive que prevalece, diferentemente do futebol, que exige uniformes. Assim como skate, cada um tem seu estilo de roupa, às vezes usa chapéu, bandana, boné, queremos estar estilosos, ao mesmo tempo que estar confortável, para que a gente se sinta bem na disputa”, ressalta Nathana.

Rumo ao Mundial

Leony e Nathana estiveram presentes na Red Bull BC One, considerada a maior competição individual de breaking, que começou na última quinta-feira (20), quando ocorreu a última seletiva regional do campeonato, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Nesta Cypher São Paulo, foram, entre 200 competidores, classificados 4 B-Boys e 4 B-Girls para a final nacional, que será realizada neste sábado (22) no mesmo local.

Esta última etapa terá 32 classificados, vindos de todo o Brasil, que lutarão por duas vagas (uma no masculino e outra no feminino) para a Etapa Mundial do BC One, uma espécie de Copa do Mundo do breaking, a ser realizada nas quadras de Roland Garros, em Paris, no próximo mês de outubro.

Segundo a assessoria da Red Bull, a classificação para a Olimpíada será definida no Pan-Americano, que ocorrerá nos próximos meses.

Já na Cypher Latam, que também terá disputas neste sábado (22), no Memorial da América Latina, representantes de países da América Latina, como Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Guatemala, Costa Rica, Bolívia e Paraguai, desde quinta-feira, também participam de uma etapa qualificatória para a final mundial do BC One. Os países participantes não tiveram seletivas regionais da competição.

No evento, estavam presentes as fotógrafas Martha Cooper e Nika Kramer, que foram fundamentais na divulgação do breaking. Em janeiro de 1980, Martha, então trabalhando no NY Post, fotografou jovens dançando no Bronx, após eles serem repreendidos por policiais, que achavam se tratar de uma briga. Ela esperou mais de um ano para, em abril de 1981, conseguir publicar as fotos em um artigo do jornal Voice.

A partir de então, o esporte ganhou maior visibilidade. Nika, por sua vez, foi fundamental para atrair mulheres para a prática, no início dos anos 2000, organizando uma rede de praticantes no mundo inteiro. As fotos de ambas fizeram parte de uma exposição dentro do evento.

Jornalistas difundiram o Breaking nos anos 80 nos Estados Unidos Foto: Eugenio Goussinsky

“No momento em que vi os jovens dançando, fiquei atraída pela prática, achei a ideia interessante, criativa, como o grafite, que também fotografei. Queria publicar isso, divulgar essa forma de expressão e insisti, porque Nova York é muito midiática, sabia que as fotos iriam ganhar visibilidade, chegar a outros lugares, sabia que o tema era impactante”, afirma, ao Estadão, Martha.

E ela completa, entusiasmada com a história que ajudou a construir.

“Ajudei a divulgar, quando o artigo foi publicado teve um grande impacto. É fantástico ver tudo isso agora na Olimpíada, esses garotos começaram algo que teve continuidade”.

Quando os jovens Nathana Venancio e Leony Pinheiro, da seleção brasileira, se aproximam para a entrevista, fica fácil perceber que o breaking é, mais do que um esporte, um estilo de vida. O olhar, o jeito de falar atualizado pelas gírias, os trajes compostos por bonés, bandanas, toucas, brincos, cabelos oxigenados, demonstram que as manobras que realizam com o corpo contam, não só a história deles, como a de grande parte dos jovens das periferias.

No caso do B-Boy (praticantes do break) Leony, a febre começou em Belém do Pará, também contagiada pela manifestação do hip-hop, iniciada nos anos 70, pelas comunidades negras e latinas dos EUA. Ele mora até hoje na cidade.

Ao lado de estilos como popping e locking, tão difundidos pelos pés de Michael Jackson, o breaking, chamado de Break Dance como esporte, traduz com o corpo o ritmo do hip-hop. Do inglês afro-americano, existente desde o século 19, a definição de “hip” é “algo atual”. Já hop, na mesma linguagem significa um “movimento de dança”. Hip-hop, um movimento de dança que, desde os anos 70, se mantém atual.

Breaking movimenta a cidade de São Paulo Foto: Eugenio Goussinsky

“Vi em uma praça, meu primo viu a galera dançando, eu era carateca e ele era da capoeira e ele falou: vi uma galera fazendo uns movimentos, rodando a cabeça, saltando. Eu falei, vamos lá, era moleque, quanto mais perigoso melhor... Aí a gente foi ver a galera dançando na praça, me apaixonei e aí começamos a frequentar a aprender breaking”, conta Leony, de 26 anos, mostrando que o que mais atrai os jovens para essa dança, ou esporte, é a identidade.

Diante de tamanha manifestação popular, coube ao Comitê Olímpico Internacional (COI), em dezembro de 2020, confirmar o breaking, com o nome de Brake Dance, como a maior novidade para a Olimpíada de Paris em 2024. Justamente pelo que essa prática representa, o esporte, dentro de sua própria essência, acabou se misturando com a arte.

A justificativa de Thomas Bach, presidente do COI foi de que era necessário “introduzir esportes que são particularmente populares entre as gerações mais jovens. E também levar em consideração a urbanização do esporte.”

Como ocorria muito nos antigos campinhos de terra, ou até na rua, com o futebol. O breaking, desde as escuras esquinas do Bronx, passou a ser uma forma de expressão. Uma cypher (roda de breaking) pode ser realizada em qualquer lugar: clubes, festas, estações de trem, na frente dos bares, nas esquinas esquecidas, nas quadras, em grupos na praia ou em algum cômodo em casa.

Rivalidade saudável

O fato de o breaking ser em geral uma disputa 1 x 1, diante de uma roda que se assemelha à da capoeira diz muita coisa. É como se um participante falasse para o seu adversário: “mostre-me aí como dribla a vida, como você expressa com saltos a sua realidade”. Um observa o outro atuar. E Leony diz que, de uma maneira geral, não há, dentro da rivalidade, aquele que torce contra o outro.

“Fui ensinado que a gente tem que pedir o melhor do adversário, porque seu o adversário dá o melhor, tu é obrigado a estar melhor que ele. Não torço para ninguém cair, errar, se bater, torço para que acerte tudo, porque tenho obrigação de ser superior a ele. A rivalidade existe pra caramba eu mesmo sou rival de vários, não quero perder para eles. Mas isso fica na roda, no momento, quando sai vai comer pizza junto, tomar alguma coisa conversar. Todos sabem das dificuldades de se praticar alguma arte, que agora é esporte também”.

Breaking movimenta a cidade de São Paulo Foto: Eugenio Goussinsky

A formalização como esporte deu ao breaking, conforme diz Leony, a necessidade de uma preparação mais disciplinada.

“Com a transformação em esporte, o que aconteceu foi essa atenção maior para o corpo. Antes não tinha muito essa coisa, era mais um rolê, mas agora como esporte tem que ter condicionamento para aguentar a competição. Antes não tinha de fazer dieta, hoje tem que comer legumes, por obrigação, tem que fazer academia. Eu não faço, acho chato, mas compenso treinando muito, o breaking é um exercício forte”, conta Leony.

Para ele, o fato de o esporte ter se tornado olímpico ajudará os praticantes do mundo inteiro. “Por isso busco uma medalha, não acordo pensando em ganhá-la por mim, mas para o breaking brasileiro. Abrirá muitas portas”, diz.

Uma das semelhanças com esportes como o futebol, segundo Nathana, 30 anos, é justamente essa questão do treinamento. “Sou da seleção, viajamos muito para vários treinamentos, tenho um coach que todo dia faz videochamada da Espanha, tenho preparador físico, fisioterapeuta, psicólogo, é por aí, como outros esportes olímpicos, também há algumas semelhanças no treinamento”, diz.

Por outro lado, a graça do breaking é que, apesar de os praticantes terem de seguir algumas exigências dos patrocinadores, usando algumas peças ou símbolos, o estilo de cada um prevalece durante as provas. Na Olimpíada, elas serão de um round que dura entre 30 segundos e um minuto na primeira fase. Nas fases eliminatórias, as disputas serão de quatro rounds.

“É a forma que a gente vive que prevalece, diferentemente do futebol, que exige uniformes. Assim como skate, cada um tem seu estilo de roupa, às vezes usa chapéu, bandana, boné, queremos estar estilosos, ao mesmo tempo que estar confortável, para que a gente se sinta bem na disputa”, ressalta Nathana.

Rumo ao Mundial

Leony e Nathana estiveram presentes na Red Bull BC One, considerada a maior competição individual de breaking, que começou na última quinta-feira (20), quando ocorreu a última seletiva regional do campeonato, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Nesta Cypher São Paulo, foram, entre 200 competidores, classificados 4 B-Boys e 4 B-Girls para a final nacional, que será realizada neste sábado (22) no mesmo local.

Esta última etapa terá 32 classificados, vindos de todo o Brasil, que lutarão por duas vagas (uma no masculino e outra no feminino) para a Etapa Mundial do BC One, uma espécie de Copa do Mundo do breaking, a ser realizada nas quadras de Roland Garros, em Paris, no próximo mês de outubro.

Segundo a assessoria da Red Bull, a classificação para a Olimpíada será definida no Pan-Americano, que ocorrerá nos próximos meses.

Já na Cypher Latam, que também terá disputas neste sábado (22), no Memorial da América Latina, representantes de países da América Latina, como Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Guatemala, Costa Rica, Bolívia e Paraguai, desde quinta-feira, também participam de uma etapa qualificatória para a final mundial do BC One. Os países participantes não tiveram seletivas regionais da competição.

No evento, estavam presentes as fotógrafas Martha Cooper e Nika Kramer, que foram fundamentais na divulgação do breaking. Em janeiro de 1980, Martha, então trabalhando no NY Post, fotografou jovens dançando no Bronx, após eles serem repreendidos por policiais, que achavam se tratar de uma briga. Ela esperou mais de um ano para, em abril de 1981, conseguir publicar as fotos em um artigo do jornal Voice.

A partir de então, o esporte ganhou maior visibilidade. Nika, por sua vez, foi fundamental para atrair mulheres para a prática, no início dos anos 2000, organizando uma rede de praticantes no mundo inteiro. As fotos de ambas fizeram parte de uma exposição dentro do evento.

Jornalistas difundiram o Breaking nos anos 80 nos Estados Unidos Foto: Eugenio Goussinsky

“No momento em que vi os jovens dançando, fiquei atraída pela prática, achei a ideia interessante, criativa, como o grafite, que também fotografei. Queria publicar isso, divulgar essa forma de expressão e insisti, porque Nova York é muito midiática, sabia que as fotos iriam ganhar visibilidade, chegar a outros lugares, sabia que o tema era impactante”, afirma, ao Estadão, Martha.

E ela completa, entusiasmada com a história que ajudou a construir.

“Ajudei a divulgar, quando o artigo foi publicado teve um grande impacto. É fantástico ver tudo isso agora na Olimpíada, esses garotos começaram algo que teve continuidade”.

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