Europeus do beach tennis se mudam para o Brasil, fazem dinheiro e apreciam reconhecimento


Febre do esporte traz estrangeiros, principalmente italianos, a cidades brasileiras; premiações não são astronômicas, mas atletas de elite conseguem estabilidade financeira e moram em áreas nobres

Por Bruno Accorsi
Atualização:

Criado na Itália durante a década de 1970, o beach tennis foi apropriado pelo Brasil de maneira tão intensa, especialmente depois da pandemia de covid-19, que o País se tornou o centro mundial do esporte. Não à toa, jogadores profissionais europeus estão se mudando para cidades brasileiras, onde ocorrem a maioria dos torneios do circuito da Federação Internacional de Tênis (ITF).

No calendário de 2024, de 59 competições de níveis médio e alto, que oferecem premiação em dinheiro, 34 têm sede no Brasil. Atual número 1 do mundo ao lado do brasileiro André Baran e detentor de seis títulos mundiais, o italiano Michelle Cappelletti seguiu a trilha da tendência, se mudou para São Paulo em 2022 e hoje vive em um dos condomínios de alto padrão de Alphaville.

“Me mudei depois da pandemia. O esporte cresceu demais no Brasil, explodiu. Vi que valeria a pena viver aqui por ter vários campeonatos durante o ano para poder participar. E mais atletas estão vindo para cá, a maioria italianos, mas tem também francês, espanhol...”, afirma ao Estadão.

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A italiana Sofia Cimatti (dir) e a compatriota Greta Giusti durante torneio em Brasília. Foto: Sand Series Brasília/Marcello Zambrana/DGW

Cappelletti tem como vizinha nas redondezas de Alphaville a compatriota Sofia Cimatti, 11ª colocada do ranking da ITF. A italiana de 31 anos compete no circuito desde 2010 e já foi a número 1 do mundo, mas foi só depois de mudar para o Brasil que começou a se sustentar apenas participando de competições.

“Vivo do beach tennis há dois anos. Na verdade, sempre foi o meu trabalho. Quando eu morava na Itália, tinha uma escola, dava aula o ano todo e, de vez em quando, viajava aos torneios. Agora, posso viver como atleta profissional”, conta. “Os estrangeiros que querem viver do beach tennis precisam mudar para o Brasil, pois aqui tem mais possibilidades e um reconhecimento bem maior do que na Europa.”

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O interesse pelo beach tennis ganhou tração no Brasil por causa do crescimento da prática entre amadores, que passaram a consumir as competições e o estilo de vida ligado ao esporte. A Confederação Brasileira de Tênis (CBT) estima que o número de praticantes no País está, hoje, na casa dos 1,2 milhões.

Embora seja o berço da modalidade, a Itália não observou o mesmo fenômeno. O país europeu mantém a tradição de ter atletas de destaque, como mostram os rankings masculino e feminino da ITF, com três e seis italianos cada em seus respectivos top 10. Além disso, também sedia eventos importantes do circuito, caso do Campeonato Mundial deste ano, disputado em setembro na Emília-Romanha.

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Fora isso, contudo, apenas três etapas do circuito tiveram sedes italianas. Outras nações da Europa que recebem torneios de maior importância são Portugal, Espanha, Polônia, Estônia e França. Em nenhum desses países a cultura do beach tennis foi tão difundida quanto no Brasil durante os últimos anos.

“Na Itália, depois da pandemia, ao contrário do Brasil, o beach tennis diminuiu”, conta Cimatti. “Muitas pessoas começaram a jogar padel e isso não ajudou nosso esporte. A Europa ainda tem torneios grandes como os Sand Series Gran Canária, Reunion, Saarlouis, Mundial, que são muito importantes, mas os números são bem menores do que aqui no Brasil. Seria ótimo que o beach continuasse a crescer não apenas aqui, mas em mais lugares do mundo.”

Sofia Cimatti e Michelle Cappelletti durante evento em São José do Rio Preto. Foto: Mah Scaramelli
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Mesmo em território brasileiro, viver do beach tennis ainda não é uma opção que abrange tantos atletas. Fazer dinheiro a ponto de poder se dedicar apenas ao esporte está restrito àqueles que atingiram o topo na elite. “Se você estiver entre os cinco melhores dá para ganhar um dinheiro, sim, ter estabilidade financeira, sim. Não tenho outras fontes de renda”, diz Cappelletti.

No Brasil, há a vantagem de existirem empresas dispostas a patrocinarem os atletas, além eventos fora da organização da ITF, como o Circuito Nutragold, realizado em São José do Rio Preto em setembro, com a presença das estrelas para atrair público.

“As premiações ainda são muitos baixas. Se você não for para uma final já quase não compensa. Os patrocínios, comparados a quando comecei, são muito maiores e isso ajuda e nos permite fazer da nossa paixão um trabalho. De fato, só poucos jogadores podem se permitir viver como atleta profissional, sem precisar dar aula ou ter uma outra entrada fixa mensal”, comenta Cimatti.

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Nas redes sociais da italiana, é mais fácil encontrar publicações em português do que em sua língua materna, até porque ela deseja se comunicar com o público brasileiro, uma vez que atua como garota-propaganda de marcas nacionais. O mesmo se observa no perfil da também italiana Greta Giusti, parceira recorrente de Cimatti nas competições.

Quanto pagam os torneios de beach tennis?

O circuito de beach tennis da ITF tem diferentes categorias, em um sistema semelhante ao do tênis. Os torneios de menos valor são os de nível BT10, que não dá nenhum prêmio em dinheiro, e BT50, com premiação total distribuída entre os competidores de US$ 4 mil (R$ 21,82 mil) a US$ 9 mil (R$ 49,10 mil). Em todos os torneios, 20% do bolo total vai para os campeões, 12% para os vice-campeões, 5% para os semifinalistas e 2% para os quadrifinalistas.

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A premiação aumenta um pouco nas competições de nível BT100, com valores de US$ 10 mil (R$ 54,56 mil) a US$ 14 mil (R$ 76,38 mil), e sobe para entre US$ 15 mil (R$81,84 mil) e US$ 24 mil (R$ 130,94 mil) nos torneios BT200. Na próxima categoria acima, a BT400, o total em prêmios varia de US$ 35 mil (R$ 190,95 mil) a US$ 100 mil (R$ 545,58 mil).

Os torneios mais nobres do circuito pertencem à Sand Series, cuja premiação mínima permitida de US$ 50 mil (R$ 272,79 mil). Não há limite para o máximo, mas, na atual temporada, apenas a Sand Series da ilha caribenha de Aruba ofereceu um valor superior ao mínimo: US$ 75 mil (R$ 409,19 mil). O Brasil tem três eventos desse nível em 2024, com sedes em Ribeirão Preto e Brasília, já disputados, e em São Paulo, cuja disputa começa nesta segunda-feira. 7 de outubro.

Há, ainda, outras competições grandes organizadas pela ITF, porém sem definição do total de premiação. O Campeonato Mundial da Emília-Romanha, por exemplo distribuiu US$ 45 mil (R$ 245,51 mil). Já a Copa do Mundo, que será disputada de 10 a 15 de dezembro, em São Paulo, vai distribuir US$ 35 mil (R$ 190,95 mil)

Criado na Itália durante a década de 1970, o beach tennis foi apropriado pelo Brasil de maneira tão intensa, especialmente depois da pandemia de covid-19, que o País se tornou o centro mundial do esporte. Não à toa, jogadores profissionais europeus estão se mudando para cidades brasileiras, onde ocorrem a maioria dos torneios do circuito da Federação Internacional de Tênis (ITF).

No calendário de 2024, de 59 competições de níveis médio e alto, que oferecem premiação em dinheiro, 34 têm sede no Brasil. Atual número 1 do mundo ao lado do brasileiro André Baran e detentor de seis títulos mundiais, o italiano Michelle Cappelletti seguiu a trilha da tendência, se mudou para São Paulo em 2022 e hoje vive em um dos condomínios de alto padrão de Alphaville.

“Me mudei depois da pandemia. O esporte cresceu demais no Brasil, explodiu. Vi que valeria a pena viver aqui por ter vários campeonatos durante o ano para poder participar. E mais atletas estão vindo para cá, a maioria italianos, mas tem também francês, espanhol...”, afirma ao Estadão.

A italiana Sofia Cimatti (dir) e a compatriota Greta Giusti durante torneio em Brasília. Foto: Sand Series Brasília/Marcello Zambrana/DGW

Cappelletti tem como vizinha nas redondezas de Alphaville a compatriota Sofia Cimatti, 11ª colocada do ranking da ITF. A italiana de 31 anos compete no circuito desde 2010 e já foi a número 1 do mundo, mas foi só depois de mudar para o Brasil que começou a se sustentar apenas participando de competições.

“Vivo do beach tennis há dois anos. Na verdade, sempre foi o meu trabalho. Quando eu morava na Itália, tinha uma escola, dava aula o ano todo e, de vez em quando, viajava aos torneios. Agora, posso viver como atleta profissional”, conta. “Os estrangeiros que querem viver do beach tennis precisam mudar para o Brasil, pois aqui tem mais possibilidades e um reconhecimento bem maior do que na Europa.”

O interesse pelo beach tennis ganhou tração no Brasil por causa do crescimento da prática entre amadores, que passaram a consumir as competições e o estilo de vida ligado ao esporte. A Confederação Brasileira de Tênis (CBT) estima que o número de praticantes no País está, hoje, na casa dos 1,2 milhões.

Embora seja o berço da modalidade, a Itália não observou o mesmo fenômeno. O país europeu mantém a tradição de ter atletas de destaque, como mostram os rankings masculino e feminino da ITF, com três e seis italianos cada em seus respectivos top 10. Além disso, também sedia eventos importantes do circuito, caso do Campeonato Mundial deste ano, disputado em setembro na Emília-Romanha.

Fora isso, contudo, apenas três etapas do circuito tiveram sedes italianas. Outras nações da Europa que recebem torneios de maior importância são Portugal, Espanha, Polônia, Estônia e França. Em nenhum desses países a cultura do beach tennis foi tão difundida quanto no Brasil durante os últimos anos.

“Na Itália, depois da pandemia, ao contrário do Brasil, o beach tennis diminuiu”, conta Cimatti. “Muitas pessoas começaram a jogar padel e isso não ajudou nosso esporte. A Europa ainda tem torneios grandes como os Sand Series Gran Canária, Reunion, Saarlouis, Mundial, que são muito importantes, mas os números são bem menores do que aqui no Brasil. Seria ótimo que o beach continuasse a crescer não apenas aqui, mas em mais lugares do mundo.”

Sofia Cimatti e Michelle Cappelletti durante evento em São José do Rio Preto. Foto: Mah Scaramelli

Mesmo em território brasileiro, viver do beach tennis ainda não é uma opção que abrange tantos atletas. Fazer dinheiro a ponto de poder se dedicar apenas ao esporte está restrito àqueles que atingiram o topo na elite. “Se você estiver entre os cinco melhores dá para ganhar um dinheiro, sim, ter estabilidade financeira, sim. Não tenho outras fontes de renda”, diz Cappelletti.

No Brasil, há a vantagem de existirem empresas dispostas a patrocinarem os atletas, além eventos fora da organização da ITF, como o Circuito Nutragold, realizado em São José do Rio Preto em setembro, com a presença das estrelas para atrair público.

“As premiações ainda são muitos baixas. Se você não for para uma final já quase não compensa. Os patrocínios, comparados a quando comecei, são muito maiores e isso ajuda e nos permite fazer da nossa paixão um trabalho. De fato, só poucos jogadores podem se permitir viver como atleta profissional, sem precisar dar aula ou ter uma outra entrada fixa mensal”, comenta Cimatti.

Nas redes sociais da italiana, é mais fácil encontrar publicações em português do que em sua língua materna, até porque ela deseja se comunicar com o público brasileiro, uma vez que atua como garota-propaganda de marcas nacionais. O mesmo se observa no perfil da também italiana Greta Giusti, parceira recorrente de Cimatti nas competições.

Quanto pagam os torneios de beach tennis?

O circuito de beach tennis da ITF tem diferentes categorias, em um sistema semelhante ao do tênis. Os torneios de menos valor são os de nível BT10, que não dá nenhum prêmio em dinheiro, e BT50, com premiação total distribuída entre os competidores de US$ 4 mil (R$ 21,82 mil) a US$ 9 mil (R$ 49,10 mil). Em todos os torneios, 20% do bolo total vai para os campeões, 12% para os vice-campeões, 5% para os semifinalistas e 2% para os quadrifinalistas.

A premiação aumenta um pouco nas competições de nível BT100, com valores de US$ 10 mil (R$ 54,56 mil) a US$ 14 mil (R$ 76,38 mil), e sobe para entre US$ 15 mil (R$81,84 mil) e US$ 24 mil (R$ 130,94 mil) nos torneios BT200. Na próxima categoria acima, a BT400, o total em prêmios varia de US$ 35 mil (R$ 190,95 mil) a US$ 100 mil (R$ 545,58 mil).

Os torneios mais nobres do circuito pertencem à Sand Series, cuja premiação mínima permitida de US$ 50 mil (R$ 272,79 mil). Não há limite para o máximo, mas, na atual temporada, apenas a Sand Series da ilha caribenha de Aruba ofereceu um valor superior ao mínimo: US$ 75 mil (R$ 409,19 mil). O Brasil tem três eventos desse nível em 2024, com sedes em Ribeirão Preto e Brasília, já disputados, e em São Paulo, cuja disputa começa nesta segunda-feira. 7 de outubro.

Há, ainda, outras competições grandes organizadas pela ITF, porém sem definição do total de premiação. O Campeonato Mundial da Emília-Romanha, por exemplo distribuiu US$ 45 mil (R$ 245,51 mil). Já a Copa do Mundo, que será disputada de 10 a 15 de dezembro, em São Paulo, vai distribuir US$ 35 mil (R$ 190,95 mil)

Criado na Itália durante a década de 1970, o beach tennis foi apropriado pelo Brasil de maneira tão intensa, especialmente depois da pandemia de covid-19, que o País se tornou o centro mundial do esporte. Não à toa, jogadores profissionais europeus estão se mudando para cidades brasileiras, onde ocorrem a maioria dos torneios do circuito da Federação Internacional de Tênis (ITF).

No calendário de 2024, de 59 competições de níveis médio e alto, que oferecem premiação em dinheiro, 34 têm sede no Brasil. Atual número 1 do mundo ao lado do brasileiro André Baran e detentor de seis títulos mundiais, o italiano Michelle Cappelletti seguiu a trilha da tendência, se mudou para São Paulo em 2022 e hoje vive em um dos condomínios de alto padrão de Alphaville.

“Me mudei depois da pandemia. O esporte cresceu demais no Brasil, explodiu. Vi que valeria a pena viver aqui por ter vários campeonatos durante o ano para poder participar. E mais atletas estão vindo para cá, a maioria italianos, mas tem também francês, espanhol...”, afirma ao Estadão.

A italiana Sofia Cimatti (dir) e a compatriota Greta Giusti durante torneio em Brasília. Foto: Sand Series Brasília/Marcello Zambrana/DGW

Cappelletti tem como vizinha nas redondezas de Alphaville a compatriota Sofia Cimatti, 11ª colocada do ranking da ITF. A italiana de 31 anos compete no circuito desde 2010 e já foi a número 1 do mundo, mas foi só depois de mudar para o Brasil que começou a se sustentar apenas participando de competições.

“Vivo do beach tennis há dois anos. Na verdade, sempre foi o meu trabalho. Quando eu morava na Itália, tinha uma escola, dava aula o ano todo e, de vez em quando, viajava aos torneios. Agora, posso viver como atleta profissional”, conta. “Os estrangeiros que querem viver do beach tennis precisam mudar para o Brasil, pois aqui tem mais possibilidades e um reconhecimento bem maior do que na Europa.”

O interesse pelo beach tennis ganhou tração no Brasil por causa do crescimento da prática entre amadores, que passaram a consumir as competições e o estilo de vida ligado ao esporte. A Confederação Brasileira de Tênis (CBT) estima que o número de praticantes no País está, hoje, na casa dos 1,2 milhões.

Embora seja o berço da modalidade, a Itália não observou o mesmo fenômeno. O país europeu mantém a tradição de ter atletas de destaque, como mostram os rankings masculino e feminino da ITF, com três e seis italianos cada em seus respectivos top 10. Além disso, também sedia eventos importantes do circuito, caso do Campeonato Mundial deste ano, disputado em setembro na Emília-Romanha.

Fora isso, contudo, apenas três etapas do circuito tiveram sedes italianas. Outras nações da Europa que recebem torneios de maior importância são Portugal, Espanha, Polônia, Estônia e França. Em nenhum desses países a cultura do beach tennis foi tão difundida quanto no Brasil durante os últimos anos.

“Na Itália, depois da pandemia, ao contrário do Brasil, o beach tennis diminuiu”, conta Cimatti. “Muitas pessoas começaram a jogar padel e isso não ajudou nosso esporte. A Europa ainda tem torneios grandes como os Sand Series Gran Canária, Reunion, Saarlouis, Mundial, que são muito importantes, mas os números são bem menores do que aqui no Brasil. Seria ótimo que o beach continuasse a crescer não apenas aqui, mas em mais lugares do mundo.”

Sofia Cimatti e Michelle Cappelletti durante evento em São José do Rio Preto. Foto: Mah Scaramelli

Mesmo em território brasileiro, viver do beach tennis ainda não é uma opção que abrange tantos atletas. Fazer dinheiro a ponto de poder se dedicar apenas ao esporte está restrito àqueles que atingiram o topo na elite. “Se você estiver entre os cinco melhores dá para ganhar um dinheiro, sim, ter estabilidade financeira, sim. Não tenho outras fontes de renda”, diz Cappelletti.

No Brasil, há a vantagem de existirem empresas dispostas a patrocinarem os atletas, além eventos fora da organização da ITF, como o Circuito Nutragold, realizado em São José do Rio Preto em setembro, com a presença das estrelas para atrair público.

“As premiações ainda são muitos baixas. Se você não for para uma final já quase não compensa. Os patrocínios, comparados a quando comecei, são muito maiores e isso ajuda e nos permite fazer da nossa paixão um trabalho. De fato, só poucos jogadores podem se permitir viver como atleta profissional, sem precisar dar aula ou ter uma outra entrada fixa mensal”, comenta Cimatti.

Nas redes sociais da italiana, é mais fácil encontrar publicações em português do que em sua língua materna, até porque ela deseja se comunicar com o público brasileiro, uma vez que atua como garota-propaganda de marcas nacionais. O mesmo se observa no perfil da também italiana Greta Giusti, parceira recorrente de Cimatti nas competições.

Quanto pagam os torneios de beach tennis?

O circuito de beach tennis da ITF tem diferentes categorias, em um sistema semelhante ao do tênis. Os torneios de menos valor são os de nível BT10, que não dá nenhum prêmio em dinheiro, e BT50, com premiação total distribuída entre os competidores de US$ 4 mil (R$ 21,82 mil) a US$ 9 mil (R$ 49,10 mil). Em todos os torneios, 20% do bolo total vai para os campeões, 12% para os vice-campeões, 5% para os semifinalistas e 2% para os quadrifinalistas.

A premiação aumenta um pouco nas competições de nível BT100, com valores de US$ 10 mil (R$ 54,56 mil) a US$ 14 mil (R$ 76,38 mil), e sobe para entre US$ 15 mil (R$81,84 mil) e US$ 24 mil (R$ 130,94 mil) nos torneios BT200. Na próxima categoria acima, a BT400, o total em prêmios varia de US$ 35 mil (R$ 190,95 mil) a US$ 100 mil (R$ 545,58 mil).

Os torneios mais nobres do circuito pertencem à Sand Series, cuja premiação mínima permitida de US$ 50 mil (R$ 272,79 mil). Não há limite para o máximo, mas, na atual temporada, apenas a Sand Series da ilha caribenha de Aruba ofereceu um valor superior ao mínimo: US$ 75 mil (R$ 409,19 mil). O Brasil tem três eventos desse nível em 2024, com sedes em Ribeirão Preto e Brasília, já disputados, e em São Paulo, cuja disputa começa nesta segunda-feira. 7 de outubro.

Há, ainda, outras competições grandes organizadas pela ITF, porém sem definição do total de premiação. O Campeonato Mundial da Emília-Romanha, por exemplo distribuiu US$ 45 mil (R$ 245,51 mil). Já a Copa do Mundo, que será disputada de 10 a 15 de dezembro, em São Paulo, vai distribuir US$ 35 mil (R$ 190,95 mil)

Criado na Itália durante a década de 1970, o beach tennis foi apropriado pelo Brasil de maneira tão intensa, especialmente depois da pandemia de covid-19, que o País se tornou o centro mundial do esporte. Não à toa, jogadores profissionais europeus estão se mudando para cidades brasileiras, onde ocorrem a maioria dos torneios do circuito da Federação Internacional de Tênis (ITF).

No calendário de 2024, de 59 competições de níveis médio e alto, que oferecem premiação em dinheiro, 34 têm sede no Brasil. Atual número 1 do mundo ao lado do brasileiro André Baran e detentor de seis títulos mundiais, o italiano Michelle Cappelletti seguiu a trilha da tendência, se mudou para São Paulo em 2022 e hoje vive em um dos condomínios de alto padrão de Alphaville.

“Me mudei depois da pandemia. O esporte cresceu demais no Brasil, explodiu. Vi que valeria a pena viver aqui por ter vários campeonatos durante o ano para poder participar. E mais atletas estão vindo para cá, a maioria italianos, mas tem também francês, espanhol...”, afirma ao Estadão.

A italiana Sofia Cimatti (dir) e a compatriota Greta Giusti durante torneio em Brasília. Foto: Sand Series Brasília/Marcello Zambrana/DGW

Cappelletti tem como vizinha nas redondezas de Alphaville a compatriota Sofia Cimatti, 11ª colocada do ranking da ITF. A italiana de 31 anos compete no circuito desde 2010 e já foi a número 1 do mundo, mas foi só depois de mudar para o Brasil que começou a se sustentar apenas participando de competições.

“Vivo do beach tennis há dois anos. Na verdade, sempre foi o meu trabalho. Quando eu morava na Itália, tinha uma escola, dava aula o ano todo e, de vez em quando, viajava aos torneios. Agora, posso viver como atleta profissional”, conta. “Os estrangeiros que querem viver do beach tennis precisam mudar para o Brasil, pois aqui tem mais possibilidades e um reconhecimento bem maior do que na Europa.”

O interesse pelo beach tennis ganhou tração no Brasil por causa do crescimento da prática entre amadores, que passaram a consumir as competições e o estilo de vida ligado ao esporte. A Confederação Brasileira de Tênis (CBT) estima que o número de praticantes no País está, hoje, na casa dos 1,2 milhões.

Embora seja o berço da modalidade, a Itália não observou o mesmo fenômeno. O país europeu mantém a tradição de ter atletas de destaque, como mostram os rankings masculino e feminino da ITF, com três e seis italianos cada em seus respectivos top 10. Além disso, também sedia eventos importantes do circuito, caso do Campeonato Mundial deste ano, disputado em setembro na Emília-Romanha.

Fora isso, contudo, apenas três etapas do circuito tiveram sedes italianas. Outras nações da Europa que recebem torneios de maior importância são Portugal, Espanha, Polônia, Estônia e França. Em nenhum desses países a cultura do beach tennis foi tão difundida quanto no Brasil durante os últimos anos.

“Na Itália, depois da pandemia, ao contrário do Brasil, o beach tennis diminuiu”, conta Cimatti. “Muitas pessoas começaram a jogar padel e isso não ajudou nosso esporte. A Europa ainda tem torneios grandes como os Sand Series Gran Canária, Reunion, Saarlouis, Mundial, que são muito importantes, mas os números são bem menores do que aqui no Brasil. Seria ótimo que o beach continuasse a crescer não apenas aqui, mas em mais lugares do mundo.”

Sofia Cimatti e Michelle Cappelletti durante evento em São José do Rio Preto. Foto: Mah Scaramelli

Mesmo em território brasileiro, viver do beach tennis ainda não é uma opção que abrange tantos atletas. Fazer dinheiro a ponto de poder se dedicar apenas ao esporte está restrito àqueles que atingiram o topo na elite. “Se você estiver entre os cinco melhores dá para ganhar um dinheiro, sim, ter estabilidade financeira, sim. Não tenho outras fontes de renda”, diz Cappelletti.

No Brasil, há a vantagem de existirem empresas dispostas a patrocinarem os atletas, além eventos fora da organização da ITF, como o Circuito Nutragold, realizado em São José do Rio Preto em setembro, com a presença das estrelas para atrair público.

“As premiações ainda são muitos baixas. Se você não for para uma final já quase não compensa. Os patrocínios, comparados a quando comecei, são muito maiores e isso ajuda e nos permite fazer da nossa paixão um trabalho. De fato, só poucos jogadores podem se permitir viver como atleta profissional, sem precisar dar aula ou ter uma outra entrada fixa mensal”, comenta Cimatti.

Nas redes sociais da italiana, é mais fácil encontrar publicações em português do que em sua língua materna, até porque ela deseja se comunicar com o público brasileiro, uma vez que atua como garota-propaganda de marcas nacionais. O mesmo se observa no perfil da também italiana Greta Giusti, parceira recorrente de Cimatti nas competições.

Quanto pagam os torneios de beach tennis?

O circuito de beach tennis da ITF tem diferentes categorias, em um sistema semelhante ao do tênis. Os torneios de menos valor são os de nível BT10, que não dá nenhum prêmio em dinheiro, e BT50, com premiação total distribuída entre os competidores de US$ 4 mil (R$ 21,82 mil) a US$ 9 mil (R$ 49,10 mil). Em todos os torneios, 20% do bolo total vai para os campeões, 12% para os vice-campeões, 5% para os semifinalistas e 2% para os quadrifinalistas.

A premiação aumenta um pouco nas competições de nível BT100, com valores de US$ 10 mil (R$ 54,56 mil) a US$ 14 mil (R$ 76,38 mil), e sobe para entre US$ 15 mil (R$81,84 mil) e US$ 24 mil (R$ 130,94 mil) nos torneios BT200. Na próxima categoria acima, a BT400, o total em prêmios varia de US$ 35 mil (R$ 190,95 mil) a US$ 100 mil (R$ 545,58 mil).

Os torneios mais nobres do circuito pertencem à Sand Series, cuja premiação mínima permitida de US$ 50 mil (R$ 272,79 mil). Não há limite para o máximo, mas, na atual temporada, apenas a Sand Series da ilha caribenha de Aruba ofereceu um valor superior ao mínimo: US$ 75 mil (R$ 409,19 mil). O Brasil tem três eventos desse nível em 2024, com sedes em Ribeirão Preto e Brasília, já disputados, e em São Paulo, cuja disputa começa nesta segunda-feira. 7 de outubro.

Há, ainda, outras competições grandes organizadas pela ITF, porém sem definição do total de premiação. O Campeonato Mundial da Emília-Romanha, por exemplo distribuiu US$ 45 mil (R$ 245,51 mil). Já a Copa do Mundo, que será disputada de 10 a 15 de dezembro, em São Paulo, vai distribuir US$ 35 mil (R$ 190,95 mil)

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