O primeiro obstáculo foi superado, e com enorme tranqüilidade. Fabiana Murer saltou 4,50 metros, garantiu vaga na final do salto com vara e agora vai atrás da prata ou do bronze, em final marcada para amanhã. Ouro? Nem pensar. "É muito difícil a Yelena (Isinbayeva) perder o ouro", afirmou a brasileira. A briga será mesmo pelo segundo e terceiro lugares. O que já seria uma grande coisa para a campineira, de 27 anos. Nunca uma mulher ganhou medalha olímpica no atletismo brasileiro. E, dessa vez, as chances são reais. "É mais uma motivação para mim, estou confiante", afirma. A atleta está entre as melhores do mundo e pode surpreender, representando uma modalidade sem tradição no País. Mas, para isso, precisará igualar ou melhorar sua melhor marca, 4,80 metros - a terceira melhor marca mundial este ano. A norte-americana Jennifer Stuckzynski já alcançou 4,92 metros, a segunda melhor marca do ano. Fabiana exibe ótima forma e quase conseguiu saltar 4,90 metros, em junho, no Troféu Brasil, em São Paulo. Vem daí a razão de tanto otimismo. Ontem, depois de fazer 4,50 metros e parar - não havia necessidade de prosseguir saltando, pois as 12 classificadas à final já estavam definidas -, deixou a pista do Ninho de Pássaros festejando, abraçada com a colega Isinbayeva, com quem já treinou e tem boa relação. Concentrada na competição, a paulista tem saído pouco de seu quarto na Vila Olímpica. "Vejo tevê e navego na internet, nada além disso." Tem cuidado da alimentação e dormido bastante. Ontem, no entanto, seu sono foi prejudicado. Precisou acordar às 5h30, por causa da prova realizada pela manhã em Pequim. "Mas na final não terei esse problema." A final, amanhã, começará às 19h20 na China (8h20 de Brasília). PRONTA PARA O RECORDE A disputa feminina do salto com vara chama grande atenção na Olimpíada. O motivo: Yelena Isinbayeva está presente. Depois de saltar 4,60 m, em apenas uma tentativa - como se estivesse treinando no quintal de sua casa -, deixou a eliminatória sorridente. Atendeu pacientemente o batalhão de repórteres que a esperava na área de imprensa e disse confiar em quebrar mais uma vez o recorde mundial. "Estou preparada e me sentindo bem." A russa, de 26 anos, que treina com Vitaly Petrov, o mesmo treinador do ucraniano Sergei Bubka, já bateu o recorde do salto com vara mais de 20 vezes. Na última, em 29 de julho, saltou 5,04 metros, em Mônaco. Quem a acompanha no dia-a-dia não tem dúvidas de que seu limite ainda não chegou. E, novamente, ele será superado. Que seja em plena Olimpíada, no Ninho de Pássaros. Não haveria palco melhor.